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Capítulo 6. Conclusões

6.2. Considerações finais e sugestões

A perceção, dentro do setor agrícola, em relação aos sistemas produtivos de grande dimensão, altamente especializados e tecnologicamente avançados, está dominada pela ideia de que esses sistemas são os culpados, por excelência, do atual confronto “produtividade vs ambiente”, pois são apontados como abusivamente poluentes e delapidadores dos recursos naturais. Uma análise mais detalhada permite, no entanto, perceber que são as unidades produtivas altamente especializadas e produtivas, assim como a tecnologia melhorada ao longo do tempo, que permitem um menor custo ambiental por unidade de produto. Quando salvaguardada a regeneração dos recursos naturais, a elevada produtividade conseguida pela melhor otimização de recursos surge como um aliado à maior preservação da natureza. O denominador comum na problemática da poluição deverá ser transparente: a elevada população existente no planeta. E consequente elevada procura por alimentos vegetais e animais.

A ciência em torno do conceito da sustentabilidade e da sua avaliação deve, portanto, ser cuidadosamente sensível às interações entre as diferentes dimensões da

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sustentabilidade que são percebidas num plano geral, sem se deixar arrastar por nenhum modismo.

A avaliação da sustentabilidade que resulta deste trabalho permitiu entender as potencialidades de uma ferramenta que reserva ao avaliador margem considerável para adaptar cada caso a cada situação. É importante que uma base teoricamente sólida permita os rearranjos necessários que naturalmente deverão acontecer com o passar do tempo e com consequente alteração dos sistemas.

A forma de apresentação dos resultados possibilitou mensurar alterações entre tempos distintos sem existirem quaisquer conflitos matemáticos percebidos e alertados em outros trabalhos.

Os gráficos “amiba”, utilizados neste trabalho, mantiveram-se fiéis à sua capacidade de facultar uma perceção geral, e ao mesmo tempo específica, do sucedido em cada sistema analisado. Para além desses gráficos comummente utilizados, a adoção do uso de quadros com indicação da evolução de cada indicador e uma ligeira descrição dessa evolução, revelou permitir uma rápida perceção comparativa e detalhada dos sistemas avaliados em cada uma das dimensões.

Relativamente aos indicadores utilizados, há que advertir sobre dois deles que possivelmente poderão ser repensados para futuros trabalhos. A Resiliência, que deve ser observada cuidadosamente, pois um valor “decente” neste indicador contribuirá para um melhor Índice Global, mesmo em situações em que o indicador REF é negativo. A Resiliência revela-se como mais útil quando utilizada apenas na comparação de sistemas com REF positivos, pois de outro modo, pode deturpar, através dos Índices Globais, uma visão global da sustentabilidade. Na realidade, alguns autores apontam para o problema dos valores globais apresentarem uma informação mensurável que pode induzir em erro, e que deve existir uma compreensão mais detalhada de cada indicador isoladamente e dos valores que contribuíram para o cálculo de cada um deles. Essa limitação também foi percebida neste trabalho, pelo que, este é um ponto que poderá ser melhor explorado e aprimorado para futuro: um melhoramento dos indicadores e uma análise sistémica que permita uma fusão

165 mais aperfeiçoada dos vários dados, de modo a conseguirem um valor final que represente da forma mais objetiva possível a sustentabilidade de um sistema.

O segundo indicador a ter em conta é o Atividade Alternativas, pois embora seja implícito que a existência de outras atividades revela a incapacidade da atividade agrícola suprir as necessidades do agricultor ou família, pode também, se revelar como uma evolução natural de certos sistemas que passam de atividades principais e únicas para uma situação de, por vezes, atividades secundárias, mas conseguindo se manterem sustentáveis nessa nova conceção. Este indicador, tal como acontece com a Resiliência, não perde validade de forma isolada, apenas se questionando o seu real peso e sua forma de integração num posterior valor global. Aponta-se aqui, limitações que se acreditam existir, mas que a limitação de tempo e os objetivos do presente trabalho impossibilitariam de solucionar.

Como outra sugestão, para futuros trabalhos com avaliações longitudinais, seria de equacionar a comparação entre valores médios de triénios (ou biénios) de forma a minimizar quaisquer desvios estatísticos, em determinado ano, que não sejam ordinariamente conducentes com a realidade.

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