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A Reforma Administrativa, apesar das críticas que possam ser feitas e de suas limitações, foi um passo importante dado pelo Estado brasileiro no que tange à busca por modernizar o serviço público e possibilitar a participação do cidadão no controle da administração.

Demonstrou-se que a reforma administrativa não “inventou” o princípio da eficiência, apenas o reconheceu. O legislador não possuía os pressupostos necessários para criar algo como um princípio. Princípios são frutos da história institucional de um povo ou de uma organização, tudo que cabe ao legislador é reconhecê-los.

O dever de prestação de um serviço público eficiente sempre existiu no âmbito da administração pública, e como era de se esperar, foi positivado. A eficiência administrativa, como demonstrado, constitui verdadeira norma princípio e não uma norma “álibi”, como alguns argumentaram.

Evidenciou-se, ademais, que uma administração pública eficiente contribui para a concretização dos direitos fundamentais dos administrados. Sem eficiência não existe algo como um “Direito Fundamental à Boa Administração”.

Assim, torna-se evidente que a concretização dos valores democráticos no âmbito da administração pública foi melhor possibilitada pela inserção da eficiência administrativa no rol dos princípios constitucionais.

Não se admite num Estado democrático de direito a existência de uma administração pública ineficiente e que, por consequência, preste serviços públicos de baixa qualidade, agredindo, assim, a dignidade dos cidadãos que sustentam a máquina no Estado.

Ao perseguir a concretização do princípio da eficiência administrativa, um país torna-se desenvolvido. As barreiras que limitam o exercício das nossas liberdades são removidas, e surge, assim, a materialização do ideal de desenvolvimento humano, ou, desenvolvimento seniano.

Por fim, tem-se que a eficiência, como todo e qualquer princípio possui força normativa, bem como é passível de ponderação com outros princípios, ante as inúmeras nuances da realidade fática. Tal ideia foi devidamente testada através do embate com as vozes discordantes de renomados juristas, os quais defendiam a impossibilidade de conflito entre o princípio da eficiência com os demais princípios que regem a administração pública.

Como restou evidenciado no decorrer do presente trabalho, a possibilidade de colisão é real e, em casos tais, utiliza-se a conhecida técnica da ponderação de princípios. A dedução adotada foi simples, e em um raciocínio silogístico, estruturado em três premissas, tem-se o seguinte: 1) Toda norma princípio possui força normativa capaz de

anular atos que a contrarie; sendo, todavia limitada por outros princípios, sendo que as eventuais colisões principiológicas serão solucionadas pela técnica da ponderação; 2) Toda norma princípio possui força normativa capaz de anular atos que a contrarie; sendo, todavia limitada por outros princípios, sendo que as eventuais colisões entre princípios serão solucionadas pela técnica da ponderação; e 3) A Eficiência Administrativa trata-se de uma norma princípio.

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