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Precisamos de fontes Realizamos descobertas A cada instante O percurso é longo Seguir é necessário Sendo gratificante Chegar aos resultados

É hora de avaliar O caminho percorrido Indicando possibilidades Do rumo a ser seguido

Andrea Rocha S. Filgueiras

No centro de Aracaju, temos três mercados municipais: Antônio Franco, Thales Ferraz e Albano Franco (Gina Franco). Aproveitamos para informar que, desde 20/12/2017, foi sancionada a lei, pelo prefeito Edvaldo Nogueira, que troca o nome do Mercado Albano Franco para Mercado Maria Virgínia Leite Franco (Gina Franco), atendendo à legislação que proíbe o nome de pessoas vivas em prédios públicos. Essa foi a forma encontrada de cumprir a lei e ao mesmo tempo manter a homenagem à família Franco. Albano Franco ficou satisfeito e grato pela homenagem que fizeram a sua mãe.

Em 2017, nossa intenção era realizar um estudo valorizando a cultura sergipana, nosso tema era “O Mercado Municipal como mostruário do artesanato sergipano”. Mas, como separar o artesanato em meio a tanta diversidade existente e o que seria considerado artesanato dentro deste contexto? E, assim, mudanças no projeto aconteceram, e o nosso estudo passou a ser “Construção de um Inventário de Referências Culturais: o caso do Mercado Municipal

Antônio Franco na cidade de Aracaju/Sergipe”.

O objetivo da pesquisa seria identificar e documentar os bens culturais existentes no referido mercado que projetassem para a sociedade um reconhecimento patrimonial. Demos continuidade à pesquisa. A observação do mercado in loco foi necessária, através da qual verificamos atentamente a ocupação espacial, a rotina e o funcionamento administrativo. Com isso, conseguimos nos aproximar das pessoas que compõem o mercado (comerciantes, artesãos, administradores, fiscais, pessoal de apoio, visitantes e turistas). E, pouco a pouco, o inventário estava sendo realizado, muito interessante, mas complexo, pois o ideal seria um trabalho em equipe. Avaliando o percurso, percebemos que seria inviável está concluído dentro do prazo adequado, respeitando o calendário do PROHIS. Era preciso delimitar o tema, estava extenso, hora de reavaliar a pesquisa.

Estávamos em 2018, participamos de eventos estaduais e nacionais, nos quais os resultados parciais da pesquisa estavam sendo apresentados. E, a cada apresentação, a certeza que não seria possível concluir em tão curto tempo. Surge a ideia de contar a história do Mercado, seria um novo desafio, nada fácil, novo cronograma, muitas tarefas, jornada de estudo intensa e, assim, nos organizamos para essa nova etapa dos estudos.

No início dessa nova etapa pretendíamos entender como foi a apropriação do referido espaço em cada época, a presente pesquisa foi então realizada: O MERCADO MUNICIPAL DE ARACAJU E SEUS TEMPOS: PRINCÍPIO, PERDA E REINVENÇÃO (1926-2000).

O nosso objetivo era revisitar a história do mercado e as mudanças que ali se operaram ao longo dos anos, compreendendo o seu surgimento, principais acontecimentos e reinvenção. Constatamos que o objetivo foi atendido de forma satisfatória, quando percorremos a trajetória da história dos mercados contada nos três capítulos desta dissertação que estão organizados de forma cronológica. Extrapolamos sua ocupação física para entender como as influências externas determinaram a história do local. Desta forma, conseguimos descrever a metamorfose vivida pelos mercados, suas transformações, adaptações. O mercado foi se reinventado, assumindo novas identidades.

Toda pesquisa tem os seus problemas. O primeiro a ser enfrentado estava relacionado ao marco temporal 1926 a 2000, um período longo para trabalharmos com jornais. Para encontrar as reportagens era necessário olhar edição por edição, uma média de 280 edições por ano, em uma década já seriam 2.800 edições, como trabalhamos com oito décadas, transformou- se em uma jornada quase impossível para o tempo disponível. Foram muitas e muitas horas “garimpando jornais”. No início, usamos as indicações de outras fontes que citava um acontecimento e a respectiva data seria o guia, usávamos aquele ano para verificar os jornais na íntegra. Percebemos que as edições do final de semana abordavam mais sobre tema, anos que não tinham indicações por outras fontes passamos a olhar apenas as edições de final de semana, mas o volume ainda era grande, aproximadamente 48 edições por ano. Conseguimos selecionar mais de 100 reportagens, como é possível constatar com a leitura dos capítulos.

O longo período dificultou a realização da crítica às fontes, sendo este um outro problema a ser enfrentado, lacunas existem, a reconstrução da história foi feita a partir de escolhas, outras escolhas poderiam ser realizadas, outras reportagens poderiam ser usadas.

As vezes somos contidos, não adentramos em certos temas na tentativa de permanecer em um eixo central e não se perder em outros temas interessantíssimos do mercado. A cada depoimento, a cada informação, dá vontade de ir em busca de outros detalhes para aprofundar o conhecimento. Quanto aos depoimentos dos comerciantes, selecionamos apenas alguns

trechos para utilizar, não houve possibilidade de destacar as histórias de vida de cada um, já que nossa proposta era uma história temática. Uma nova experiência foi fazer algumas entrevistas on line, bons frutos colhemos dos relatos de Alcides Melo e Sergival Silva.

Toda pesquisa tem seus limites e o pesquisador precisa ter consciência de que é necessário parar naquele momento e deixar os possíveis caminhos para outras pesquisas. O trabalho é apenas uma versão, uma etapa, outras versões podem ser construídas.

Sendo também, muito interessante pesquisar sobre os Mercados após a reinauguração. Buscando compreender: Como foi a apropriação pós inauguração? Como a população recebeu esses novos mercados? Como a população passou a ver os mercados após a revitalização? O que foi planejado foi conseguido? Como o mercado é divulgado na atualidade? Qual a sua real situação? Problemas do passado continuam no presente? Quais novos problemas são enfrentados? Como a cidade se relaciona com o mercado e vice-versa? Qual o papel do Forró Caju? O desejo de patrimonialização se realizou? O mercado se tornou um lugar de turismo? São muitos os questionamentos. O espaço é riquíssimo em diversidade cultural, são costumes e fazeres que podem ser estudados. O cenário é composto por tantos personagens: consumidores, turistas, feirantes, ambulantes, lojistas, artesãos, cordelistas, repentistas, cantores, instrumentistas, quituteiras, boêmios, políticos, etc. Retratar o Mercado no século XXI é um grande desafio. Na verdade, vários estudos podem ser realizados.

E aqui encerramos Sem ao fim chegar

Pois da história do Mercado Há muito pra contar

E a todos dos Mercados Queremos aqui homenagear E escolhemos a forma lúdica Do cordelista se expressar

Arriscando improvisar Um cordelzinho pra falar Que na zona de conforto Não devemos ficar

O que fica é a lição Para todos não esquecer

Ninguém é melhor do que ninguém Sempre podemos aprender