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A REINVENÇÃO DO MERCADO (DÉCADA DE 90)

3.2 Primeira fase do projeto de revitalização

construção do projeto e os problemas existentes no centro da cidade, destacando as possibilidades de aproveitamento do espaço e que foram pesquisados todos os envolvidos, comerciantes e feirantes. E, assim, apresentou detalhadamente o projeto.

Fizemos tudo para acabar com os conflitos e viabilizar uma obra que é fundamental para a cidade – disse a arquiteta, frisando que quando a obra for realizada Aracaju ficará com uma “cara” nova e antiga ao mesmo tempo porque está se resgatando a memória e ao mesmo tempo criando uma estrutura moderna. [...] “Eu já fiz a minha parte. Os políticos precisam deixar de bobagem e colocar a vaidade de lado, a fim de que o projeto deixe de ser um sonho e se transforme em realidade”. Disse ela no encerramento do debate de ontem na Assembleia. [...] (GAZETA DE SERGIPE, 27/06/1995, nº 10.947, p. 3).

Na sequência, é apresentado fervoroso debate entre os parlamentares, uns apoiado o projeto do Governo Estadual e outros do Governo Municipal. No final da matéria é afirmado que, finalmente, o projeto que preserva e mantém o mercado no centro de Aracaju foi aprovado por unanimidade. Isso nos causa uma estranheza ao lermos essa afirmação, se a própria reportagem comenta o fervoroso debate entre as partes. Seria esse debate apenas um teatro? Será que tudo já estava acordado para que houvesse a aprovação do projeto?

3.2 Primeira fase do projeto de revitalização

Estávamos em meados da década de 90. Como estava o Mercado Municipal neste momento? A seguir veremos uma imagem (FIGURA 22) que retrata todo o caos.

Para melhor visualização colocamos em tamanho maior. Na fotografia existem setas vermelhas e em cada uma dessas marcações existem frases que estão ilegíveis. Para facilitar a compreensão das áreas destacadas, numeramos os respectivos espaços demarcados por setas, realizamos as transcrições contidas na foto e colocamos a letra em negrito itálico para diferenciar dos nossos comentários.

Ao observarmos as informações, entenderemos como o espaço foi se reinventando durante a execução do projeto. É uma fotografia anterior ao início das obras do Mercado e indica as transformações que ocorreram depois.

FIGURA 22: Detalhes do Mercado Municipal 1996 (numeração nossa)

Antigo porto, onde foi construído o Mercado novo Albano Franco.

Na marcação 1, é possível visualizar o antigo Porto, assim como várias construções, entre elas, os galpões do antigo Moinho Sergipe e o Armazém do Trigo, que foram aproveitadas as suas estruturas para a construção do Mercado Albano Franco, sendo esta a primeira etapa do projeto de revitalização.

O Mercado Leite Neto foi demolido e, em seu lugar, surgiu a Praça de Eventos, que atualmente abriga o forró caju.

Na marcação 2, temos os galpões do Mercado Hortifrutigranjeiro Leite Neto, espaço que no passado abrigava a antiga estação ferroviária, sendo construído após a tragédia do vendaval do Mercado das Verduras na década de 70. Sua construção não possuía traços arquitetônicos que justificassem sua preservação, sendo este espaço transformado na Praça de Eventos Hilton Lopes. Essa etapa foi a última a ser realizada.

Fonte: Acervo Ana Libório 4 3

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Barracas e até edifícios de dois pavimentos no centro do Thales Ferraz foram demolidos e sua estrutura original restaurada.

Na marcação 3, mostra a situação caótica da ocupação da parte interna do Mercado Thales Ferraz, eram construções de madeira e alvenaria, térreas e com andar, utilizadas para comércio e como moradia. Essa situação não era restrita da parte interna, o mesmo acontecia nas áreas externas. Todos os barracos foram demolidos para que ocorresse a revitalização.

Os largos Manoel M. Cardoso e Major Misael Mendonça também foram demolidos e os comerciantes transferidos para o Mercado Albano Franco.

Na marcação 4, está indicando o espaço entre os mercados Antônio Franco e Thales Ferraz. É possível constatar a total ocupação do espaço por barracas, dificultando a acessibilidade aos mercados.

Transformar esse espaço não seria tarefa fácil, os enfrentamentos seriam complexos. A obra iniciou-se em 1997, uma parceria entre o Governo Estadual (Albano Franco) e Governo Municipal (João Augusto Gama), sendo necessária uma reformulação do projeto, devido aumento do número de feirantes, que foram então recadastrados.

Os principais pontos contemplados no projeto foram: a restauração das edificações do mercado, reestabelecendo suas condições sanitárias e a capacidade de uso; a reorganização da comercialização no interior das edificações; a criação de um novo mercado através da reciclagem do antigo moinho de Sergipe e do armazém de trigo e de áreas de carga e descarga; a recuperação do sítio urbano degradado; e estacionamento para caminhões e carroças. (PINHEIRO; SANTOS, 2013, p. 58 e 59). Era necessário dinamizar a prática turística na cidade de Aracaju. Algumas proposições para a área de turismo e lazer deveriam acontecer: preservação da memória arquitetônica; higienização do espaço; construção de restaurantes panorâmicos; construção de uma praça de eventos e de uma área específica para comercialização de artesanatos.

A preservação do centro como ponto comercial principal e a manutenção da atividade econômica tradicional nos mercados restaurados também faziam parte dos objetivos do projeto. Era intenção ainda manter e consolidar as relações de trabalho, moradia e lazer na área. Buscou-se a otimização do patrimônio arquitetônico existente, composto pelas edificações do antigo porto e mercados, aproveitando a infraestrutura urbana já instalada evitando incorrer na necessidade de desapropriações. (Relatório do IPHAN/Sergipe, p. 2).

Com a restauração, eles se tornariam pontos de atração turística e de referências históricas de Aracaju, relembrando o período áureo, mas com uma nova identidade, o Mercado Municipal deveria ser reconhecido como patrimônio cultural da capital sergipana.

O restauro foi realizado em etapas. Primeiro era necessário transferir os feirantes, desocupar as ruas, largos, calçadas e toda margem do rio. Resgatando a paisagem das margens do rio Sergipe, onde se encontra a famosa Ponte do Imperador, uma espécie de ancoradouro construído em 1859 para o desembarque de Dom Pedro II quando de sua visita a Sergipe.

Para realizar a restauração dos Mercados Antônio Franco e Talles Ferraz, era necessária a construção de um novo mercado para que ocorresse efetivamente o resgate do potencial paisagístico da área. Para esse novo mercado, eram aproveitadas partes de dois galpões abandonados, os antigos Moinho Sergipe e Armazém do Trigo, como já foi dito anteriormente. Em 01 de setembro de 1998, o jornal Gazeta de Sergipe divulga que o novo mercado será entregue até o final do mês. A informação foi dada no dia anterior pelo presidente da Empresa Municipal de Serviços Urbanos – EMSURB, Francisco Bendochi Alves. De acordo com Bendochi, o Novo Mercado de Hortifrutigranjeiros deverá comportar cerca de três mil comerciantes, entre barraqueiros e feirantes, todos devidamente cadastrados na Companhia Estadual de Habitação e Obras Públicas – CEHOP. Desta forma, o mercado antigo passará por uma completa reforma. No final de setembro de 1998, foi concluído o Mercado Albano Franco (FIGURA 23), comportando o setor de frigorífico e o hortifrutigranjeiro.

FIGURA 23: Imagem externa do Mercado Municipal Albano Franco em 1998

De acordo com a Gazeta de Sergipe de 22 de setembro de 1998, o novo mercado, inclusive com seu anel viário, mostra que é uma obra significativa, que mudará a face do centro da cidade.

A fotografia nos apresenta uma visão panorâmica do Mercado Albano Franco, com o seu entorno totalmente livre, bem diferente de como era a área ocupada anteriormente. Nesta imagem conseguimos visualizar parte do anel viário existente. Assim, inicia-se a reinvenção de uma das áreas mais tradicionais e também mais degradadas da capital sergipana.

O belo projeto arquitetônico, [...] bem como a abertura da nova avenida, transformam rapidamente a feia e suja área do mercado num local que promete ser uma das atrações de Aracaju. Mas para que o trabalho seja completo, é necessário que a prefeitura e o governo do estado tenham pique, criatividade, e principalmente coragem de tomar algumas medidas adicionais. (GAZETA DE SERGIPE, 22/09/1998, nº 11.910, p. 2).

Devemos destacar que a construção do Mercado Albano Franco é apenas o início da organização de um espaço caótico e que, para sua utilização, seria necessário todo um processo de mudanças de hábitos de uma população. A reportagem destaca alguns encaminhamentos necessários. O primeiro seria a demolição de todos os barracos, os que margeiam ao rio Sergipe e os existentes em toda a feira, processo esse de fundamental importância para a continuidade da obra. Outra medida, pós transferência dos feirantes para o novo mercado, seria a demolição do antigo mercado das verduras, o Mercado Leite Neto, pois apesar de ser o mais novo dos edifícios que compõem o Mercado Municipal, a arquitetura era pobre, apenas um galpão mal feito em um local inapropriado.

Aquele mercado só faz entulhar o que seria o local ideal para a complementação de um anel viário, compreendendo a Av. Coelho e Campos, a Rua José do Prado Franco, e a Av. João Ribeiro, sem falar nas transversais. Haverá pedidos para o monstrengo continue de pé, mas uma ação rápida certamente deixará como fato consumado. (GAZETA DE SERGIPE, 22/09/1998, nº 11.910, p. 2).

Após todo o processo de limpeza das áreas, o passo seguinte seria a revitalização dos antigos mercados, Antônio Franco e Thales Ferraz, transformando-os em centro de turismo, com artesanato e comidas típicas. Salienta-se as linhas arquitetônicas que são de grande valor histórico, e os prédios como marco da cultura aracajuana. No final da matéria, destaca a importância de uma fiscalização atuante para que tudo não volte à situação anterior. Compreendemos todas as preocupações citadas, pois não adianta estrutura, sem disciplina.

A transferência dos feirantes e comerciantes não foi realizada de imediato, tarefa que deveria ser muito bem planejada. E como era ano eleitoral, a empreitada ficou para o ano seguinte e, assim concluída a primeira etapa do projeto de revitalização, seria possível iniciar a segunda etapa. Nas eleições de 1998, Albano Franco tornou-se o primeiro governador reeleito da história política de Sergipe, derrotando o ex-governador João Alves Filho. Com isso, continuam os mesmos governantes, Augusto Gama no governo municipal e Albano Franco no governo estadual.

Em 1999, são denunciados vários problemas no processo de retirada dos feirantes dos mercados antigos e sua transferência para o novo. O processo de transferência foi bastante conturbado em função da grande quantidade de feirantes a serem retirados. Na Gazeta de

Sergipe, o tema foi exploradíssimo, em apenas dois meses, abril e maio de 1999, encontramos

21 publicações. A partir das informações dessas edições, apresentaremos o caos vivido no período que antecedeu a revitalização dos Mercados Antônio Franco e Talles Ferraz e a urbanização do seu entorno.

A Gazeta de Sergipe, de 15 de abril de 1999, explica que a ocupação do Novo Mercado seria realizada em etapas. O primeiro sorteio foi realizado na tarde do dia 14 de abril de 1999, foram 1022 boxes e a transferência prevista para o dia 17 de abril. Participaram do evento os membros da comissão (Ministério Público, Defesa Civil, PMA, CEHOP e Associação de Feirantes) responsáveis pela transferência, representante dos feirantes, vereadores e secretários municipais. O prefeito Gama destacou que a transferência era um passo para melhorar a qualidade de vida na cidade. O sorteio foi realizado a partir dos dados cadastrados pela CEHOP. Após o sorteio, houve uma reunião no estacionamento do novo mercado, para sanar as dúvidas dos feirantes sorteados.

A Gazeta de Sergipe, de 18 e 19 de abril de 1999, descreveu a confusão da transferência dos feirantes para o Novo Mercado, realizada pela Prefeitura Municipal, com o apoio da Defesa Civil, Corpo de Bombeiros e Policia Militar no dia 17 de abril de 1999.

A fotografia (FIGURA 24) apresenta uma situação de tumulto no momento da entrega dos boxes. Isso porque comerciantes que trabalhavam há mais de dez anos no antigo mercado e que não foram incluídos no sorteio reclamaram da falta de organização. Para uma maior mobilização, os feirantes contaram com o apoio do Movimento dos Sem-Terra de Sergipe que estavam em passeata há seis dias pelo sertão e naquele dia estavam na capital e pararam diante da fila para a entrega dos boxes.

FIGURA 24: Transferência de feirantes causa tumulto

Era uma tentativa de impedir a ocupação dos boxes sorteados. Os feirantes eram ameaçados. Se não conseguissem fazer a mudança, perderiam a vaga. De acordo com o presidente da Associação de Feirantes do Estado de Sergipe, José Tavares da Conceição, as irregularidades eram muitas, entre elas: o terminal de ônibus que teria de ser dentro do mercado; instalações elétricas que estavam pelo chão, colocando em risco a vida do feirante e, principalmente, a falta de comunicação para a remoção do pessoal. Como os boxes eram pequenos, não havia local para armazenar as mercadorias e ao final do dia, teriam que recolher a mercadoria para casa. Além disso, faltavam os balcões frigoríficos e o empréstimo ainda não tinha sido liberado para que os feirantes comprassem. Os feirantes não entendiam por que a mudança estava ocorrendo pela metade. Desta forma, ficariam isolados sem poder comercializar.

A ação da Emsurb permaneceu durante todo o dia no local e na Rua Santa Rosa, local de maior concentração de vendedores ambulantes na área do mercado central. Alguns comerciantes não queriam sair dos seus espaços e ir para o Mercado Albano Franco, a Emsurb determinou o corte do fornecimento de energia elétrica na área para forçar a saída dos feirantes que resistiam à medida.

Toda mudança causa um desconforto, já que não seria possível fazer a mudança de todos e o espaço não seria suficiente para abrigar todos que comercializavam no Mercado Municipal

e em seu entorno. Uma parte ficaria no Mercado Albano Franco, o restante seria colocado provisoriamente em outros locais, até a conclusão da revitalização dos outros mercados.

Revoltosos com os critérios utilizados pela prefeitura de Aracaju para a transferência ao novo mercado municipal Governador Albano Franco, feirantes realizam arrastão pelo centro da cidade. Houve princípio de quebra-quebra e duas lojas foram danificadas. Temendo prejuízos comerciantes [...] fecharam lojas. Um feirante chegou a ser preso e outros entraram em confronto com soldados da Guarda Municipal. (GAZETA DE SERGIPE, 20/04/1999, nº 12.081, p. 1).

Não havia espaço suficiente para abrigar todos e, com a destruição das barracas muitos não tinham como trabalhar, vários relatos aparecem na Gazeta de Sergipe de 20 de abril de 1999:

“ Pago todos os meses uma taxa [...] Fiz o cadastro, mas meu nome não saiu na relação. Tenho oito filhos e agora, o que irei fazer? ” (Sônia Maria dos Santos)

“ Não sei vender frutas, nunca fiz isso. O meu ramo é confecções”. (Jaci Nunes dos Santos)

“ [...] arrancaram as barracas e deixou todos sem trabalho. Acredito que essa mudança deveria ter sido gradativa diante de uma programação”. (Anderson Alves Batista)

“ Se a gente não pode trabalhar, eles também não”. (Carlos Alberto dos Santos)

“ Nós queremos trabalhar, nada mais que isso. Depois, o Governo do Estado vem dizer que gente é em primeiro lugar”. (Renato Gomes dos Santos)

A confusão era tanta no Mercado Albano Franco que a guarda municipal precisou agir para tentar conter os ânimos. Os que insistiram e entraram no novo mercado, foram expulsos a pauladas. Os manifestantes culpavam o prefeito João Augusto Gama.

Muitos feirantes tiveram suas barracas destruídas no dia 17 de abril e não adquiriram outra no Novo Mercado, por isso estavam revoltados, fizeram um arrastão pelas principais ruas do centro da cidade e depredaram lojas. Reivindicar faz parte dos direitos dos cidadãos, mas não destruindo o patrimônio seja ele público ou privado.

A Gazeta de Sergipe, de 21 e 22 de abril de 1999, noticia o ocorrido e ilustra com uma Charge (FIGURA 25), na qual aparece o prefeito Gama correndo dos manifestantes, feirantes e camelôs, que estavam reivindicando os seus direitos.

FIGURA 25: Charge - Manifestação de feirantes no centro da cidade

A Gazeta de Sergipe nos informa que a manifestação começou cedo, no dia 19 de abril de 1999. De um lado, feirantes que tinham sido sorteados aguardavam a abertura dos portões às 9h; de outro, os que não tiveram a mesma sorte, apesar de terem realizado o cadastramento. Entre os feirantes sorteados, houve problemas: havia quem comercializava carne e recebeu uma barraca para a venda de verduras; a quem confeccionava e comercializava roupas, os fiscais disseram que deveria vender frutas. Esses são apenas alguns exemplos.

A partir da leitura das notícias publicadas na Gazeta de Sergipe, foi possível constatar que a data escolhida para fazer a transferência dos feirantes, dia 17 de abril, era um sábado. De acordo com costume local, era um dia muito movimentado. Se tivessem escolhido uma data no meio da semana, os transtornos seriam minimizados? A probabilidade de um fluxo menor de pessoas indica que sim.

O novo mercado é uma necessidade imperiosa para a revitalização e urbanização do Centro de Aracaju [...] uma necessidade para a segurança da população, que fazia suas compras numa verdadeira arapuca. [...] as velhas instalações primavam pela imundice. Mas não há desculpas nem para a forma incompetente como foi feita a mudança, nem para a reação violenta dos feirantes. (GAZETA DE SERGIPE, 21 e 22/04/1999, nº 12.082, p.4).

Alguns satisfeitos, outros não, mas no dia seguinte, 20 de abril de 1999, os feirantes sorteados precisavam arrumar as mercadorias, a área concedida era menor que do antigo mercado, a orientação era dar entrada num processo na Emsurb para posterior avaliação. Outra reclamação era que novos comerciantes ganharam espaço no mercado Albano Franco e a equipe da Emsurb argumenta: “Se aconteceram falhas, a culpa foi dos líderes do mercado porque todos acompanharam de perto. Se viram nomes estranhos, deveriam ter denunciado. Fizemos um cruzamento de cadastros entre a Cehop e Emsurb”. (GAZETA DE SERGIPE, 21 e 22/04/1999, nº 12.082, p. 5).

Na sequência, a matéria nos informa que as equipes da Emsurb estiveram no mercado para dar continuidade ao cadastramento dos feirantes, pois parte dos sorteados não compareceram na data determinada. A equipe sinalizou que os problemas deveriam ser registrados, que as pessoas deveriam procurar o setor de Protocolo da empresa e preencher um requerimento. Foi enfatizado que surgiram pessoas oportunistas que passaram a vender seus produtos há cerca de um ano e não há possibilidade de serem alocadas no mercado novo.

A reportagem “PMA usa da violência com feirantes”, da Gazeta de Sergipe de 23 de abril de 1999, nos relata que o impasse entre os feirantes do Mercado Albano Franco e a Prefeitura continuava.

A reportagem informa que, durante a manhã do dia 22 de abril, o tumulto foi grande em toda área do mercado (FIGURA 26).

FIGURA 26: Barracos derrubados em frente ao Mercado Antônio Franco em 1999

Conforme foi registrado pela Gazeta de Sergipe, máquinas não paravam de fazer o seu trabalho e comerciantes choravam amargamente em ver suas economias indo de poeira a baixo. O presidente dos feirantes que atuava no Mercado, o senhor Pedro Tavares da Conceição, disse que a Prefeitura de Aracaju não cumpriu com o acordo, destruindo os barracos antes do horário acordado.

A Prefeitura de Aracaju promoveu na madrugada de ontem a demolição dos barracos de mais de 500 comerciantes do antigo mercado central. A Associação de Feirantes de Sergipe classificou a medida de abusiva e arbitrária, uma vez que a própria PMA havia dado prazo até as 14h de ontem para que os comerciantes deixassem o local. A demolição revoltou, além de feirantes, representantes de várias entidades, como a OAB-SE e o Ministério Público. (GAZETA DE SERGIPE, 23/04/1999, nº 12.083, p.1)

Ao fundo da Figura 26, temos o Mercado Municipal Antônio Franco, no qual visualizamos a famosa torre do relógio. No primeiro plano da imagem, é perceptível uma faixa de isolamento. A fotografia foi feita nas primeiras horas do dia e apresenta como ficou a frente do mercado após a demolição dos barracos que ocupavam toda a área. Na imagem, está registrada a presença de várias pessoas: fiscais, policiais e equipe de reportagem.

Diante do ocorrido, a promotora do Ministério Público, Maria Lilian Mendes de Carvalho, disse aos jornalistas que conversou com o prefeito João Augusto Gama e ele disse que foi uma decisão administrativa e prometeu arcar com todo o prejuízo dos feirantes. Ela reconhece os direitos dos trabalhadores e afirmou que o MP vai acompanhar todo o processo.

Na mesma edição, de 23 de abril de 1999, a Gazeta de Sergipe traz a matéria “Prefeito Gama esclarece a desocupação do mercado”. Ele explica que todas as medidas foram devidamente planejadas, que a limpeza da área não deixará de preservar os direitos dos feirantes. Omapeamento fotográfico feito após a derrubada dos barracos comprova que não há perdas materiais a contabilizar, caso alguém se julgue prejudicado, poderá entrar com uma reclamação junto à OAB/SE para a restituição dos prejuízos, se comprovada a ocorrência. Que o cadastramento dos feirantes a serem transferidos foram realizados pela Prefeitura e CEHOP, com acompanhamento de vários segmentos da sociedade, assim como, durante o sorteio. Gama nos diz: