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O uso da memória como reconhecimento do passado no tempo presente e aqui utilizado como requisito biográfico docente foi um recurso pedagógico que, se consistiu no devir dos professores de Língua Portuguesa do Proeja no IFPA frente ao juízo de valor da Modalidade de Ensino que se buscou elucidar, mediante reflexão sobre a história de vida docente participante do processo ensino-aprendizagem, assim como, da visão do atendimento do Programa de Língua portuguesa, como (aquilo que se pretendente fazer aprender) tendo em vista a concepção dos princípios e objetivos de uma educação que tem como uma de suas finalidades a formação integral do educando. Uma formação capaz de,

(...) proporcionar a formação de cidadãos-profissionais capazes de compreender a realidade social, econômica, política, cultural e do mundo do trabalho, para nela inserir-se e atuar de forma ética e competente, técnica e politicamente, visando a transformação da sociedade em função dos interesses sociais e coletivos especialmente os da classe trabalhadora. (BRASIL, 2007. p. 35)

A análise demonstrou com clareza, o equívoco existente sobre a maneira que a EJA/PROEJA pode ser percebida, dado sua objetividade como política pública capaz de desenvolver o pensamento critico e autônomo do cidadão para se tornar consciente de seus direitos sociais e sua compreensão e inserção no mundo do trabalho, conforme preceitua o Documento base.

A transparência na capacidade de formar conceitos inerentes ao Proeja caracteriza-se pela variabilidade de como o Programa é percebido naquilo que se pode considerar mais básico e importante, que é a função qualificadora, entendida como construção do conhecimento de sujeitos que são considerados adiantados na faixa etária em relação ao nível de ensino proposto e propiciado.

O entendimento difuso sobre o Proeja como Modalidade Educacional possibilitou verificar a maneira como se deu a visão docente em face aos argumentos de história de vida expressos numa constituição complexa, principalmente, sobre o primeiro princípio norteador do Programa, a inclusão,

que é compreendida pelo acesso dos ausentes, mas, também pela forma como é feita, produzindo exclusões.

Observa-se que os testemunhos que descrevem o entendimento sobre o Programa adquirem configurações diferenciadas, embora o conhecimento sobre a disciplina Língua Portuguesa manifestado nas narrativas possibilite a compreensão da experiência a serviço da educação de jovens e adultos como fator fundamental no desenvolvimento às atividades inerentes àquilo que se recomenda praticar.

Pode-se constatar que existe uma desarticulação na prática do desenvolvimento dos trabalhos inerente ao programa de Língua Portuguesa, aplicado aos cursos técnicos integrados do Proeja, tendo em vista a aparente metodologia caracterizada no depoimento procedimental de implementação do Programa, quando define o Proeja um processo educacional em construção em face da diversidade de público; assim como na forma de gerir (ir fazendo as coisas) dos professores, como resultado de mediações, ou, da noção diversificada de um atendimento direcionado a finalidades específicas.

A falta de unidade de conteúdo cultural e procedimental no fazer docente em conformidade com os termos utilizados nos relatos possibilitou a percepção de que o Programa de Língua Portuguesa dos cursos do Proeja não atende aquilo que se quer fazer aprender, visto que cada docente adota um ponto de vista particular na emissão de juízo sobre as formas de constituição: de conteúdos direcionados ao Proeja; da diversidade de público que ingressa; da diferença de idade entre eles; das diferentes formas de desenvolver atividades, e outras identificáveis no texto, que aplicáveis cotidianamente, visam ao desenvolvimento individual e coletivo dos educandos como forma de melhor gestar o ensino aprendizagem. Um princípio político-social que visa à democratização do saber, nos termos de Luckesi (2008):

Se nós professores, na sala de aula, não podemos dar conta da política de oferta de vagas e de acesso dos educandos à escola, podemos dar conta de um trabalho educativo significativo para aqueles que nela têm acesso. Trabalho esse que se for de boa qualidade, será um fator coadjuvante de permanência de educandos dentro do processo de aquisição do saber e consequentemente um fator dentro do processo de democratização do saber. (LUCKESI, 2008, p. 124)

Além da desarticulação, se mostra elucidativo e transparente a falta de apreço com esse nível de ensino, pois, embora, professores do IFPA de Língua Portuguesa tenham participado efetivamente do processo de educação continuada Lato sensu na modalidade educacional, é notório a não participação docente nas atividades ensinoaprendizagem concernentes ao Proeja, conforme amostra extraída das narrativas que contemplam a implementação dos cursos e a forma pela qual os sujeitos atuantes chegaram ao programa.

Os relatos de história de vida dos sujeitos participantes da pesquisa não trazem em si as histórias de família; tradições culturais da região; história de amigos; comunidades às quais estão vinculados, mas, refletem a historicidade de trabalho construída em harmonia com âmbito de vida pública. Um processo decorrente daqueles que constroem a representação dos acontecimentos que marcaram sua própria história como forma de opiniões mais aprofundadas.

Tendo em vista o resultado alcançado por esta pesquisa explicitado nestas considerações, e que “A educação é o meio pelo qual a sociedade se reproduz e de renova cultural e espiritualmente, com consequências materiais” Luckesi (2008. P. 126), faço de suas palavras as minhas,

A democratização da educação escolar, como meio do desenvolvimento do educando, do ponto de vista coletivo e individual, sustenta-se em três elementos básicos: acesso universal ao ensino; permanência na escola; qualidade satisfatória da instrução (LUCKESI, 2008. P. 122).

Este último se faz presente nas concepções do Proeja como capacidade de proporcionar educação básica sólida, harmonizando-se com a formação profissional (formação integral do educando) para a formação de cidadão “capaz de compreender a realidade social, econômica, política cultural e do mundo do trabalho, para nela inserir-se de forma ética e competente (...)”. (Brasil, 2007, p. 35). Ação que a Língua Portuguesa, como instrumento de trabalho e de comunicação, portanto, produto e produtor de interação social, mediante a leitura e construção textual, pode exercitar levando o cidadão a fazer uso efetivo da prática de ler e escrever a fim de transformar o uso da

informação recebida em conhecimento adquirido. Um processo decorrente das necessidades humanas diante dos conflitos ou desequilíbrios de qualquer natureza para resolver problemas e consequentemente adaptar-se às profundas transformações que a humanidade se vê submetida em consequência do avanço da ciência e da tecnologia.

Os problemas evidenciados sobre o entendimento do Proeja como programa educacional, e do atendimento da Língua Portuguesa, se entendido como processo de inclusão social deve envolver não somente a área de Língua portuguesa, mas, também, outras áreas como forma de valorização do aluno, envolvendo, se não todas as disciplinas (propedêuticas e técnicas), mas, algumas de maior de melhor expressão na formação humana e profissional no Proeja.

É evidente que para toda e qualquer proposta educacional alcançar sucesso e contribuir positivamente com o ensinoaprendizagem, se faz necessário a interação entre os atores que dela participam. Por isso, revela-se também, que a pesquisa contribuiu para o aprendizado da importância que a leitura, a escrita e a construção textual representa para o individuo como mecanismo de preparação de sua inserção e permanência na sociedade e no trabalho; embora, não seja ação única e nem mais importante no processo de interação mundo do trabalho e escola, para a efetivação do desenvolvimento potencial do cidadão.

FONTES Fontes orais: Entrevistados: 01. ... 02. ... 03. ... 04. ... 05. ...

Obs: As fontes são mantidas ocultas porque um dos entrevistados optou por não ser identificado. Isso contribuiu para a decisão de manter todos sob o mesmo procedimento.

Fotografias:

01. Foto: Extraída de textos assentados em placas comemorativas expostas no IFPA, Campos Belém;

02. Fotografias de Trabalhos de Conclusão de curso do Proeja em exposição no IFPA em 2007.

03. Foto: Documentos relacionados à implementação do Proeja;

04. Foto: Retirada da fachada do Prédio onde funciona o Campus Belém IFPA, e o antigo prédio da Escola Industrial, hoje, Escola de Música e Dança da UFPA.

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