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4 METODOLOGIA DE PESQUISA

4.3 Considerações finais

Com este estudo pode-se observar o comportamento do empreendedor em relação à elaboração e utilização do Plano de Negócios, sob orientação para esse fim. Ao separar a população entrevistada em dois grupos, o Grupo A com até ensino médio e o Grupo B com ensino superior, foi percebido a variação deste comportamento e o nível de entendimento dessa ferramenta de gestão.

Os módulos do programa PROPRIO: portas abertas e despertando o empresário exploram as características empreendedoras e ressaltam a importância das atitudes e talentos dos empreendedores para o sucesso da empresa (informação verbal¹). Incentivando o comprometimento do empresário com o seu empreendimento para que mantenha sua qualidade e continue crescendo. Conforme revisão bibliográfica o próprio empreendedor deve elaborar o seu Plano de Negócios, preparando com todo cuidado, trazendo dados claros, atualizados e precisos sobre a empresa. (SERVIÇO BRASILEIRO DE APOIO ÀS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS, 2002)

O planejamento é à base de qualquer empresa (PAVANI, 2011). A Tabela 17 demonstra que os empreendedores entrevistados sentiram a necessidade de uma consultoria de planejamento e esse foi um dos motivos para procurar o SEBRAE, o que pode indicar a conscientização desse empreendedor em relação ao planejamento e busca de informações.

Apesar de que ao serem questionados sobre o que é necessário saber e ou fazer para implantar um negócio, nenhum empreendedor citou o planejamento, apenas conhecimentos e comportamentos que devem ser adquiridos, como podem ser observados na Tabela 14. Logo a preocupação deste empreendedor pode ser a busca do conhecimento e de melhores atitudes para gerir sua empresa.

Dentre esses empreendedores que valorizam o planejamento se destacaram os integrantes do Grupo A, entrevistados com até o ensino médio, que obtêm maior experiência na prática de negócios, conforme Tabela 15, e essa característica poderia indicar que o empenho, entendimento e utilização do Plano de Negócios seriam maiores. Visto que esses empreendedores já vivenciaram um insucesso empresarial e de acordo com Almeida (2005, p.13 apud SILVA, 2008) uma das grandes causas da mortalidade das empresas e a falta de planejamento levando o empresário a não avaliar previamente e de forma correta, dados importantes para o sucesso do empreendimento.

O módulo Coletando Informações, do programa PROPRIO, tem por objetivo instruir os participantes a construir um roteiro para coleta de informações, conectando o empresário com as informações que irão ajuda-lo a planejar o negócio (informação verbal¹). Para realização do Plano de Negócios é necessário uma coleta de dados de boa qualidade e atualizada para que assim haja uma avaliação potencial e por consequência melhores resultados. (SERVIÇO BRASILEIRO DE APOIO ÀS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS, 2002).

Esta etapa do programa PROPRIO cobra dos participantes um estudo e aprofundamento dos conhecimentos na área e no mercado em que o empreendimento está sendo criado, nela ocorre uma grande evasão dos participantes (informação verbal)¹. Talvez esse módulo seja encarado pelo empreendedor como uma atividade de grande dificuldade, logo acabam não entendendo a importância da coleta informação e como realiza-la com qualidade.

Esses fatores podem afirmar o pensamento de Lemos et al (2007) que a falta da prática de planejamento nas micro, pequenas e médias organizações brasileiras é um problema cultural, onde ainda impera entre os empresários, em face da necessidade latente dessa prática, o velho “jeitinho brasileiro” de fazer as coisas, ou seja, tentar chegar aos objetivos pulando etapas para acelerar o processo.

Porque apesar dos entrevistados terem realizado a estruturação do Plano de Negócios, os empreendedores do Grupo A não realizaram todas as etapas de forma efetiva, logo o seu planejamento pode não ter sido concretizado com qualidade. Isso reflete na avaliação realizada pelos empreendedores em relação à funcionalidade do plano, dados da Tabela 16, onde o Grupo A se diz indiferente e insatisfeito enquanto o Grupo B relata estar satisfeito e muito satisfeito.

O Grupo B pode demonstrar um melhor preparo para utilização do plano, isso reflete na implantação onde os mesmos obtiveram uma porcentagem maior, de acordo com Tabela 26; também obteve uma melhor funcionalidade do plano e manifestou uma visão analítica podendo assim traçar estratégia, conforme Tabela 27. Isto se enquadra na ideia de Cava et al (2011) que acredita que o Plano de Negócios permite o estabelecimento da visão, posição da empresa e também para delinear as estratégias necessárias.

Foi possível observar também na Tabela 27 que 16 empreendedores ainda veem o Plano de Negócios como uma forma de organização inicial de uma empresa e não o utiliza no dia a dia. Esses dados exprimem uma deficiência na utilização do plano, que pode caracterizar a não absorção da orientação disponibilizada ou o desinteresse do empreendedor para aprofundar o estudo da ferramenta.

É importante salientar que 80% dos entrevistados, Tabela 18, não haviam realizado um plano antes do contato com o SEBRAE, o que torna este serviço pontual para os empresários e para a difusão do planejamento, então se faz necessário uma capacitação de grande qualidade e que consiga passar com clareza todas as informações necessárias para um efetivo Plano de Negócios.

Outro ponto de discussão são as informações da Tabela 22 que mostram 83% dos empresários não buscaram outro apoio para realização do Plano de Negócios, esses dados podem indicar a precariedade de informação relacionada ao plano, ou seja, o empreendedor pode ter dificuldades ao acesso à informação, de como realizar um planejamento do seu negócio e também como utilizar este de forma analítica e estratégica. Isto também demonstra que o SEBRAE pode ter se tornado a única fonte de orientação e de propagação do conceito de Plano de Negócios, mesmo para empreendedores com ensino superior incompleto ou completo.

A capacitação oferecida pelo SEBRAE é sem diferenciação, ou seja, ocorre sem distinção para toda e qualquer pessoa interessada em empreender. Mas é visível a distinção dos comportamentos e do entendimento que dependem do nível educacional formal de cada empresário.

Os últimos módulos do programa PROPRIO são: conhecendo o seu negócio e consultoria de viabilidade que tem por objetivo orientar a elaboração do Plano de Negócios através de um guia (ANEXO A) onde se organiza as informações coletadas, após esta

elaboração é realizado uma consultoria individual onde o consultor ajuda analisar a viabilidade deste plano. Este procedimento é realizado em no máximo sete horas.

Os empreendimentos dos entrevistados possuem menos de um ano de abertura, Tabela 10, este também é o tempo de finalização do plano conforme Tabela 20, logo a ferramenta de gestão foi elaborada pelos entrevistados para abertura do negócio. Mesmo sendo empresas nascentes elas devem ter metas estabelecidas, essas metas devem ser modificadas junto ao plano de acordo com o alcance ou as mudanças de objetivos dos negócios. (PAVANI, 2011)

De acordo com a Tabela 24 os respondentes afirmam ter utilizado os métodos de avaliação financeira, mercadológica e cronograma de objetivos, mas os 9 empresários do Grupo A se concentram apenas na análise financeira e 3 do mesmo grupo dizem não ter traçado as mesmas o que vai a oposição dos objetivos do plano, não gerando benefícios. Isto demonstra que os últimos módulos do programa podem ter incentivado apenas a avaliação financeira ou não ter orientado outros pontos a serem avaliados.

As metas não foram alcançadas por mais da metade dos entrevistados, 17 empreendedores, de acordo com a Tabela 25, os motivos relacionados a esses insucessos são a falta de tempo, bom planejamento e recursos. Os 9 empreendedores com o nível educacional mais baixo afirmam não saber o motivo de não ter conseguido atingir suas metas.

Nas tabelas 14, 17 e 28 o Grupo A manifestou a necessidade de se obter conhecimento técnico, soluções reais e estratégias, este pode ser um indício dos mesmos afirmarem não saber o porquê deste insucesso, pois pode demonstrar que estes entrevistados necessitam de uma orientação mais específica, que eles não devem estar conseguindo entender a área de negócios e a função do Plano de Negócios como falado anteriormente.

. O plano foi revisado apenas pelos empreendedores com nível superior de educação, Tabela 30, 11 deles não utilizaram nenhum tipo de consultoria para fazê-la, conforme Tabela 31. Isto pode demonstrar a segurança do empreendedor no seu próprio conhecimento e o alto nível de envolvimento com as informações do documento.

Diferentemente dos empreendedores com até o ensino médio completo que afirmaram não ter revisado o Plano de Negócios, dados da Tabela 30, e o motivo seria a falta de capacidade para reformula-lo conforme Tabela 32. O que pode demonstrar o

desentendimento, uma visão operacional e a deficiência no aprendizado dos empreendedores em relação à elaboração e análise do plano.

Essas foram às considerações finais da pesquisa e será tratada a seguir a conclusão deste estudo.

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