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Assim, no sentido de concluir esta dissertação, apresenta-se como necessidade realizar uma compilação das principais ideias que retiramos da feitura deste trabalho. Pensamos que as conclusões que iremos evidenciar de seguida são as mais importantes, compreendendo também a existência de outras terminações que aqui não serão referidas:

 A “Periodização Táctica” é uma metodologia de treino assente num pensamento complexo, que observa o Mundo, o Homem e consequentemente o processo de treino de uma forma diferente do habitual. Tendo por base este pensamento, a “Periodização Táctica” valoriza de forma capital as ligações, conexões e interacções dentro da equipa. Assim sendo, a equipa é vista como um sistema complexo, segundo uma perspectiva pseudo-holista, logo a ideia de Táctica é fundamental comportando-se esta cultura Específica como a emergência da equipa (sistema). No mesmo sentido, defendemos que os jogadores se caracterizam no seu contexto, isto é, nas relações e interacções que estabelecem dentro da equipa, dentro de um determinado «jogar». Pretende-se então, optimizar as características dos jogadores de forma a elevar a qualidade da própria equipa

 No seio de um sistema caótico como o Jogo, apresenta-se como imprescindível conceder uma Organização Específica à equipa. Neste sentido, a “Periodização Táctica” é uma concepção metodológica que se organiza no desenvolvimento do modelo de jogo da equipa, sendo este o referencial de todo o método, concedendo-lhe Sentido. Assim, o processo de treino deve tender sempre para o ensino de uma forma de

jogar, possibilitando a construção de um propósito comum entre os intervenientes, no projecto colectivo de jogo. Neste sentido, mas reforçando a ideia do jogador enquanto entidade inteligente (e por isso adaptativa), defendemos que o treino deve desempenhar efeitos sobre os princípios de acção e não taxativamente sobre os movimentos a serem efectuados pois esses incluem-se na dinâmica do “aqui e agora” e para isso não há lei, logo, a operacionalização dos princípios de acção possibilita ao treinador modelar as conexões e interacções dos jogadores.

 O processo de treino incrementa vários automatismos comportamentais, de forma a edificar uma realidade interna não consciente, que possibilita actuar com mais eficácia e portanto, com mais qualidade. Assim, a precisão dos comportamentos deriva nomeadamente da intenção não consciente desenvolvida pela dinâmica organizada das interacções, que auxiliam a capacidade de intervir no “aqui e agora” do jogo.

O hábito apresenta-se como um saber alcançado na acção, na familiarização com determinados contextos que, quando relacionados a emoções positivas são mais velozmente e mais facilmente evocados., sendo que estes estão grandemente relacionados com a capacidade de antecipação e ambas são sustentadas pelos processos emocionais. Assim, o concretizar do Modelo com êxito, e consequentemente ligado a emoções positivas fortes, quer a nível individual, quer a nível colectivo, faz com que o processo de aquisição do mesmo seja mais célere e eficaz. Importa contudo frisar que os marcadores-somáticos (enquanto agentes fundamentais no associar de contextos a estados emocionais) não decidem por nós, mas funcionam como alarmes positivos na procura do “prazer”, e alarmes negativos na fuga da “dor”. Ajudam-nos a decidir quando o factor tempo é importante.

 O modelo de jogo apresenta-se como imprescindível para o processo de treino, norteando todo o trabalho realizado. Este é constituído por princípios, sub-princípios e sub-princípios de sub-princípios, para os quatro momentos do jogo (ofensivo, defensivo e respectivas transições). Os diversos princípios devem respeitar a Articulação de Sentido, para que se promova uma forma eficaz de jogar.

Para alcançar esta forma eficaz de jogar, a operacionalização do «jogar» realiza-se com exercícios Específicos que afluem para a aquisição dos princípios de acção que se ambiciona. Neste sentido, o treinador deverá construir exercícios que se comportem como bacias de atracção dos comportamentos que queremos ver de forma regular, isto é, torna-se imperativo garantir uma significativa densidade do aparecimento do contexto fundamental relativo aos princípios de jogo que se pretende exacerbar.

O treinador adopta um papel fundamental na estruturação do processo, conduzindo-o e interferindo para alcançar uma maior qualidade no desenvolvimento do modelo de jogo, logo, o treinador deverá actuar para além da configuração do exercício, intervindo antes, durante e depois do contexto propenso que criou.

O princípio metodológico da Alternância Horizontal em Especificidade ressalva a constante relação esforço-recuperação, distribuindo semanalmente distintas escalas do «jogar», bem como as sub-dinâmicas de esforço que pretende para a equipa. Assim, a estruturação metodológica desenvolve-se por níveis de organização do «jogar». Os níveis de organização desenvolvem distintas escalas do «jogar» permitindo incidir nos diferentes aspectos sem empobrecimento na operacionalização da Especificidade. A periodização do processo efectua-se no tempo que separa a competição anterior da seguinte.

Avalia os aspectos a incidir face ao que aconteceu na competição anterior e o que prevê da seguinte.

Na crescente assimilação dos Princípios de Jogo, o incremento da complexidade cumpre um papel fulcral, ou seja, o acréscimo da complexidade é uma indispensabilidade constante, uma vez que a riqueza do «jogar» nunca se esgota. Neste sentido, a imprevisibilidade enriquecedora do «jogar» é proporcionada por uma desordem ilusória que, autorizará o evoluir da equipa enquanto sistema complexo. Com vista a este objectivo, o treino dos mais jovens deverá recrear o espírito das actividades de rua, visto estas serem consideradas como fundamentais no seu desenvolvimento enquanto jogadores.

Foi nosso objectivo evidenciar que a “Periodização Táctica” não é apenas um método para o Futebol. Esta apresenta-se como uma solução para quem entende o Homem, a equipa e o Jogo enquanto entidades complexas. Se o objectivo do treinador se prender com a melhoria da qualidade de jogo da sua equipa, então esta é a resposta ao problema. Construir uma forma de jogar, construir bacias de atracção, modelar um sistema, este é trabalho dos treinadores. Assim, pretendemos que a feitura deste trabalho tenha contribuído para uma forma diferente de olhar, e por conseguinte de observar e operacionalizar o processo de treino no Basquetebol.

“Que conselhos daria a um jovem treinador Português em início de carreira?”

“Que não imite ninguém e que descubra o seu próprio caminho e o «Seu jogar». Por estar instituído que algo tem que ser assim, questione sempre o porquê. Se acredita que algo deve ser diferente do pensar geral, estude e discuta com os outros e teste a teoria.”