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CAPÍTULO III – OS ASPECTOS COMUNITÁRIOS

3.1 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os adolescentes do Canaã convivem com vários determinantes sociais que marcam o cotidiano dessa comunidade. Grande parte vem de famílias de baixa renda, o que estabelece limitadas condições financeiras necessárias ao deslocamento para outros bairros do município, restringindo o acesso a aulas de teatro, dança e música, por exemplo. Paralelo a essa realidade, poucas são as opções de esporte, lazer e arte destinadas aos moradores do bairro. Além disso, os adolescentes do Canaã convivem com outros problemas, como a violência e o tráfico de drogas, os quais, constantemente, são noticiados nos meios de comunicação, o que propaga uma visão pejorativa do bairro, gerando o preconceito de moradores de outras localidades com relação ao Canaã. Refletindo sobre tal realidade, a E. M. Dr. Gladsen Guerra de Rezende programou e desenvolveu, nos anos de 2002 a 2010, seus projetos extracurriculares, e no período de 2005 a 2007, as montagens teatrais. Ou seja, foi mediante uma preocupação comunitária que os projetos extracurriculares, e, posteriormente, as montagens teatrais, se estabeleceram na escola.

Dentro desse quadro, situo os projetos extracurriculares da Escola Municipal Dr. Gladsen Guerra de Rezende como sendo uma das poucas oportunidades de crianças e adolescentes do Canaã conhecerem e se aprofundarem em uma determinada linguagem artística. A partir dessa constatação, julgo os projetos extracurriculares do Gladsen como uma forma de inclusão artística para as crianças e adolescentes do Canaã. Ideia semelhante à do diretor e pesquisador em teatro Narciso Telles, quando se refere ao uso do teatro no desenvolvimento social:

Nas ações culturais [...] o teatro ganha, além de sua dimensão de educação estética, a dimensão sócio-política por possibilitar o acesso da maioria da população a bens simbólicos restritos apenas às classes dominantes, desencadeando um processo de democratização da cultura e a ampliação da cidadania. (TELLES, 2004, p. 21).

A partir das considerações e análise tecidas anteriormente, percebo diferenças estruturais no sentido de desenvolver projetos artísticos dentro da grade extracurricular em escolas da periferia, localizadas em bairros com poucos recursos financeiros, se comparadas a projetos semelhantes implementados em escolas, que atendem a um público vindo de uma classe privilegiada em termos financeiros, de recursos materiais. Para um adolescente de classe média, as oportunidades são vastas, ainda na infância já tem o contato com a apreciação teatral, por meio de espetáculos que vão a sua escola. Se quiserem praticar capoeira, balé,

música, ou teatro podem se matricular em uma academia ou oficina especializada. Portanto, a diferença básica é em relação à questão das oportunidades, ou melhor, da falta de oportunidades, das crianças e adolescentes, moradores das periferias dos grandes centros urbanos, como é o caso do Canaã.

Mas, para que essa inclusão artística aconteça de fato, é preciso que o poder público, implemente políticas destinadas a levar a arte e o esporte a jovens com pouco poder aquisitivo, tendo como meta a continuidade de tais ações. Para isso, penso que seria necessário que essas ações fossem asseguradas por lei, ou, no caso específico dos projetos extracurriculares de escolas públicas, que fossem inseridos no planejamento pedagógico das Secretarias Municipais de Educação, pois, caso contrário, continuaremos vivenciando a atual realidade, ou seja, uma minoria de pessoas decidindo as ações que devem ou não continuar em determinada comunidade, como foi o caso dos projetos extracurriculares do Gladsen e das Escolas Municipais de Uberlândia (MG).

No caso específico do Canaã, a decisão de acabar com os projetos extracurriculares ignorou os desejos da própria comunidade, uma vez que vinte e dois, dos vinte e quatro moradores, entrevistados na pesquisa de campo Nos Caminhos do Canaã, consideravam os projetos extracurriculares do Gladsen como um aspecto importante para o contexto do bairro. Cabe citar que, no momento da entrevista, os projetos ainda faziam parte da realidade da escola. Segundo eles, estes, por meio das várias linguagens artísticas, que até então eram oferecidas, faziam com que crianças e adolescentes se interessassem em passar todo o período do dia dentro da escola, ao invés de estarem sozinhas nas ruas, visto que, na maioria dos casos, seus pais trabalhavam em outros bairros, conforme abordado no primeiro capítulo.

Considero que esses projetos são importantes, porque ajudam a manter muitas crianças e adolescentes aqui do Canaã, na escola, ensinando algo diferente. Ocupando a cabeça deles para não fazerem coisas erradas. Aqui no bairro, não tem muitas opções para essa garotada, se não fossem as escolas, eles iriam ficar o dia todo na rua. Não que com isso eles fossem se tornar traficantes, ou marginais, mas poderiam ter contato com bandidos e com os traficantes aqui do bairro. Daí seria uma questão de sorte, ou falta de sorte, e não de opção. (Moradora 08, 2010) 109. Além da ideia de inclusão artística, os projetos extracurriculares do Gladsen apresentavam outros sentidos: espaço de socialização e tentativa de intervenção nos conflitos que marcavam o cotidiano da comunidade. Em relação ao primeiro ponto, avalio, após todo o levantamento que fiz para essa pesquisa, que os projetos extracurriculares do Gladsen foram, de fato, um espaço significativo de socialização para crianças e adolescentes do Canaã. É

109 MORADORA 08. Entrevista concedida a Wellington Menegaz de Paula. Uberlândia, 21 de fevereiro de

relevante ressaltar que esse pensamento de vivenciar suas experiências no coletivo é similar ao sentimento que move muitos adolescentes a procurar determinadas tribos urbanas e associações de jovens, que é a busca por compartilharem os conflitos do seu cotidiano e as cobranças que a sociedade lhes impinge, com pessoas de mesma faixa etária, e que vivem situações semelhantes à deles, ou como nos declara a educadora Maria Teresa de Arruda Campos, por meio das linhas de fuga criativas:

Outra possibilidade de viver o mal-estar é pelo caminho da criação, ou seja, pelo fato de o ser humano criar novas formas de subjetivar sua existência pela arte, pelo esporte e pela participação na sociedade, entre outras. Nesse sentido, os adolescentes que criam formas de interagir em suas comunidades e mudar situações – ou pelo menos de tentar mudar as condições de vida e interagir de forma ética – estariam encontrando linhas de fuga criativas para enfrentar as frustrações que a vida em sociedade produz. (CAMPOS, 2008, p.93).

Em relação ao segundo ponto, tentativa de intervenção nos conflitos que marcam a realidade do Canaã, vários apontamentos se fazem necessários. Primeiramente, não tive acesso aos dados oficiais sobre a diminuição da violência, ou do envolvimento de crianças e adolescentes do Canaã com o tráfico de drogas, no período em que os projetos extracurriculares existiram no Gladsen. Porém, na análise dos aspectos relativos à violência, é relevante assegurar que, ao entrevistar os moradores, os ex-alunos do Projeto de Teatro e alguns profissionais que atuam no Gladsen, todos consideram que, nos últimos cinco anos, os índices de violência no bairro diminuíram. A maioria dos entrevistados chegou a atribuir a intervenção do Gladsen, por intermédio dos projetos extracurriculares, como também de outras ações desenvolvidas pela escola, tais como, reuniões de pais, grêmio estudantil, parcerias com a polícia militar e com o conselho tutelar, como uma das principais causas dessa mudança de quadro.

Outro ponto que merece análise é em relação ao tráfico de drogas. Segundo os moradores do Canaã, um dos principais conflitos que marcaram a realidade do bairro foi o envolvimento de crianças e adolescentes com o comércio ilícito de drogas. Pensando nisso, durante os meses que escrevi essa dissertação, procurei analisar se os projetos extracurriculares conseguiram de fato responder a essa questão. Para ser sincero, não consegui chegar, a partir dos dados que obtive, a uma resposta definitiva sobre a diminuição do tráfico de drogas ou do envolvimento dos jovens do Canaã com o tráfico. Pude apenas traçar algumas conjecturas, desenvolvidas a partir das impressões dos moradores e dos adolescentes que participaram do Projeto de Teatro.

A primeira consideração a que cheguei é que os projetos extracurriculares do Gladsen desenvolviam suas ações com o objetivo de intervir antes da entrada dos jovens no tráfico

e/ou consumo de drogas. Ou seja, ainda na infância, ou início da adolescência, antes que esse público juvenil tivesse contato com a realidade das drogas. Esse pensamento se ancora no fato de que, após os jovens já estarem comercializando ou utilizando determinadas drogas, como é o caso do Crack, dificilmente uma ação artística isolada terá impacto nessa realidade. Pois estaríamos lidando, entre outras coisas, com um caso de saúde pública, que exigiria políticas públicas direcionadas para esse aspecto.

A segunda consideração é que, de fato, os alunos que participaram dos projetos extracurriculares conseguiram trilhar caminhos distintos de outros jovens do Canaã, da mesma faixa etária que a deles. Conforme o já mencionado, no final do ano de 2009, entrevistei dez ex-participantes do Projeto de Teatro. Além disso, tive um contato mais informal com os outros ex-integrantes do grupo, de forma que consegui conversar com, praticamente, todos que compuseram o elenco de As Mil e Uma Noites. Meu objetivo era saber como estavam esses jovens nos dias atuais. Nas entrevistas e nas conversas informais, descobri que muitos deles estavam se preparando para o vestibular, e alguns, inclusive, já estavam cursando uma Universidade. Realidade diferente da maioria dos jovens do bairro, pois poucos concluem o ensino médio.

Os projetos extracurriculares contribuíram muito na minha vida. Talvez, se eu não estivesse participado deles, eu seria uma dessas estatísticas do bairro, estaria em algum beco fumando Crack. Porque na idade que eu tinha quando comecei a freqüentar esses projetos, eu era vulnerável, poderia ter seguido qualquer caminho. Estar na escola, participando dos espetáculos, ao invés de estar na rua, foi o essencial para minha vida. Lá nos ensaios eu estava num lugar, aprendendo a lidar com pessoas, a trabalhar num grupo muito grande, com pessoas da mesma idade que eu. [...] Eu e meus colegas do elenco, não caímos no vício das drogas. Aquelas seis horas por semana que passávamos ensaiando, foram essenciais para o resto de nossas vidas. Hoje eu me preparo para o vestibular, quero fazer uma faculdade, traço minhas metas. Igual fazíamos quando ensaiávamos, tínhamos as metas a cumprir, terminar o espetáculo, apresentá-lo. (Participante 05, 2009)110.

A maioria dos ex-participantes das montagens teatrais do Gladsen atribuiu o ideal de lutar por algo em que acreditam, de traçar metas e construírem a sua própria história, às experiências que tiveram ao longo dos três anos em que participaram do Projeto de Teatro:

Quando a gente fazia teatro lá no Gladsen com você, se a gente chegasse cinco minutos atrasados não entrava. Então a gente tomou certa responsabilidade, certo pulso de conseguir controlar as coisas, de conseguir controlar o nosso tempo. Além disso, lá a gente trabalhava o tempo todo com metas, ora conversar com moradores do bairro, para pesquisar histórias e levar para os ensaios, ora a estreia no final do ano do espetáculo. Enfim várias coisas que contribuíram para o nosso aprendizado. O que eu consegui colher com esses projetos, levo até hoje para minha vida. Para

110 PARTICIPANTE 05. Entrevista concedida a Wellington Menegaz de Paula. Uberlândia, 13 de setembro de

mim o Projeto de Teatro foi acima de tudo uma escola, até mais que as escolas tradicionais. (Participante 01, 2009)111.

Numa aula de teatro, qualquer atitude tem uma consequência, por exemplo, faltar em um ensaio significa prejudicar todo o grupo no trabalho de construção de cenas, e isso gera um sentimento de responsabilidade, de algo para alcançar. Uma perspectiva em relação ao futuro, em que, a cada dia, uma nova cena se estruturava, na expectativa de que, no final do ano, o espetáculo ficaria pronto e seria apresentado para a comunidade. É imprescindível mencionar que, no ano de 2010 e 2011, alguns desses jovens começaram a cursar o ensino superior, e a frequentar cursos de História, Geografia, Educação Física, Fisioterapia e Teatro.

Tudo o que analisei acima são considerações a partir das preocupações comunitárias, que estiveram no embrião dos projetos extracurriculares, ainda na fase de idealização, e que perpassaram por todos os momentos, e reverberam ainda hoje, mesmo na ausência de tais projetos dentro do contexto do Canaã. Preocupações comunitárias, que influenciaram uma equipe de artistas, que, no início de 2005, não acreditavam na importância de tais encaminhamentos, que consideravam que o ponto central de uma arte teatral era, exclusivamente, a própria arte teatral. Que outros encaminhamentos, tais como os comunitários, poderiam desvirtuar o sentido de tais ações, passando a serem vistas como um teatro instrumental, um teatro a serviço de algo, no caso específico, a serviço de uma transformação social.

Porém, conforme nós, da equipe de direção, passávamos a ter contato com aquela comunidade, começamos a deixar com que as ideias relacionadas a uma preocupação comunitária, vindas da direção da escola, reverberassem dentro de nossos encaminhamentos metodológicos. Passamos a nos preocupar com o aluno, o adolescente do Canaã. A partir desse pensamento, retomo uma das perguntas que apresentei na introdução desta pesquisa: Quais seriam as implicações desse posicionamento, incorporação de preocupações comunitárias, para os processos artísticos?

Pondero que a maior implicação foi o redimensionamento dos aspectos artísticos, que ocorreu, conforme já mencionado, a partir do momento em que a equipe de direção voltou o seu olhar para a importância dos aspectos comunitários. Cabe destacar que esse redimensionamento implicou diversas mudanças, em relação aos três processos criativos.

A primeira delas diz respeito à entrada ou seleção dos adolescentes em cada processo criativo. No primeiro espetáculo, é perceptível que o olhar da equipe de direção não estava

111 PARTICIPANTE 01. Entrevista concedida a Wellington Menegaz de Paula. Uberlândia, 13 de setembro de

centrado no processo educacional dos adolescentes, e sim na construção do espetáculo. Para isso, fizemos um teste, conforme já mencionado, por meio do qual buscamos selecionar os participantes que considerávamos melhores para participar do espetáculo. Nesse teste, chegamos a reprovar dez adolescentes, fato esse que, no início do processo de Romeu e

Julieta na Terra Prometida, não chegou a constituir uma preocupação para a nossa equipe de

direção. Só no final do ano de 2005, com a avaliação do processo, é que refletimos o quanto essa atitude de selecionar aqueles que julgávamos melhores se distanciava dos objetivos comunitários que marcaram a razão de existir desse espetáculo.

Com isso, no ano de 2006, repensamos sobre a entrada de novos participantes, a fim de que ela se desse de maneira mais democrática. Para isso, realizamos as três etapas de seleção, abordadas no segundo capítulo, em que a participação integral era intrínseca ao aluno para que este fizesse parte do elenco. Tal ação aconteceu, pois julgávamos necessário que os adolescentes do Canaã passassem por uma seleção, queríamos que eles “lutassem” pelo direito do seu espaço no espetáculo, porém de forma não excludente, uma vez que caberia a eles a decisão de continuar ou não nas três etapas. Já no ano seguinte, o processo de escolha dos participantes para Sol Ardente e Depois Daquela Viagem não aconteceu, uma vez que estruturávamos nosso trabalho próximo a um teatro de grupo. Ou seja, todos que faziam parte do Projeto de Teatro tinham conquistado, há um ou dois anos, o direito de estar na nova montagem.

Assim, outros encaminhamentos metodológicos foram sendo incorporados na trajetória das montagens teatrais do Gladsen, como intenção de tecer processos criativos que fossem mais democráticos. Entre eles, estava a utilização das improvisações na construção das cenas. Em cada espetáculo, a presença das improvisações se deu de forma diferente: em

Romeu e Julieta na Terra Prometida, elas foram utilizadas no início do processo e esquecidas,

conforme a montagem se aproximava da estreia; já em As Mil e Uma Noites, as cenas foram criadas levando em conta não só o ponto de vista da equipe de direção, como também dos participantes; e em Sol Ardente e Depois Daquela Viajem, as improvisações permearam todo o processo colaborativo, refletindo o ponto de vista de um grupo de pessoas, que, há mais de dois anos, estavam trabalhando juntas, sobre questões presentes no cotidiano do Canaã. Ou seja, conforme os processos criativos se abriam para uma meta comunitária, as improvisações conquistavam maior espaço nos ensaios. Isso porque nós, da equipe de direção, considerávamos que por meio delas os adolescentes poderiam expor seu posicionamento e inserir diversas contribuições ao produto cênico que estava sendo construído.

Outro aspecto que passou a fazer parte dos processos criativos, a partir do ano de 2006, foi o diálogo entre professores e alunos. Conforme abordado no segundo capítulo, a avaliação ao final do espetáculo Romeu e Julieta na Terra Prometida, os profissionais, envolvidos na sua construção, detectaram que essa montagem foi marcada por um processo autoritário, o qual o diálogo entre adolescentes e professores não fez parte. Por essa constatação, a direção da escola e a equipe de encenadores decidiram que o diálogo deveria estar presente em todas as fases de construção de As Mil e Uma Noites. Construímos, no ano seguinte, a base para que pudéssemos implementar as assembleias, momento em que o grupo demonstrou sua autonomia e maturidade, em relação a abordar assuntos que marcavam o cotidiano de sua comunidade, a ponto de encená-los na montagem de Sol Ardente e Depois

Daquela Viagem.

Após a análise do percurso artístico sendo redimensionado, pelas interseções com o percurso comunitário, quero retomar outro questionamento, apresentado na introdução: em qual ponto as propostas teatrais realizadas no Gladsen se situam no percurso existente entre os aspectos artísticos e comunitários? Refletindo sobre a perspectiva artística, considero que, nos dias atuais, é difícil observar uma experiência artística pura, que não contenha interferências e objetivos distintos aos da Arte. No caso da experiência do Gladsen, a linguagem do teatro nunca foi negligenciada, conforme análises anteriores, porém em momento algum ela se desvinculou de uma perspectiva comunitária. Mesmo em Romeu e Julieta na Terra

Prometida, quando a equipe de encenadores não estava aberta para olhar as especificidades

dos participantes e de sua comunidade, havia os gestores da escola, que tinham esse olhar, e procuravam apontar esse caminho para nós que estávamos criando o espetáculo. Em relação à perspectiva comunitária, não penso que as montagens do Gladsen foram um instrumento utilizado para fins sociais, como, por exemplo, tirar os adolescentes do tráfico de drogas. Porém não serei ingênuo a ponto de ignorar que a razão principal dos projetos extracurriculares estarem presentes até o final de 2010, em várias Escolas Municipais de Uberlândia (MG), inclusive no Gladsen, fora justamente essa. Mas é importante esclarecer, que os profissionais responsáveis pela criação dos espetáculos não deixaram que tais objetivos, que se assemelham a ideia de “serviço comunitário”, ditassem os rumos dos processos criativos. Se eles fossem acontecer, deveriam ser um desdobramento do trabalho produzido.

Afinal, em qual ponto dessa polaridade se encontram as experiências teatrais do Gladsen? A resposta para essa questão não tem como ser materializada, pois não existe um espaço real delimitando essas polaridades. Entretanto considero que, se fosse possível traçar

uma linha, onde de um lado estaria a perspectiva artística e de outro a comunitária, as montagens teatrais do Gladsen estariam situadas ao longo dessa linha, estabelecendo intersecções entre esses dois polos.

Para finalizar esta pesquisa, retomarei a pergunta apresentada na introdução desta dissertação, que impulsionou a investigação de cada espetáculo: pode uma ação teatral estar comprometida com os interesses e as necessidades da comunidade sem, com isso, perder o foco nos aspectos relacionados à linguagem artística?

A partir das análises tecidas durante esta pesquisa, avalio que conseguimos dialogar como os interesses da comunidade, principalmente dos adolescentes do Canaã, que

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