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Como explicitado, o presente estudo desenvolveu-se tendo como campo de pesquisa duas escolas da rede pública de educação de nosso estado e teve por objetivo discutir implicações do Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa/PNAIC na formação dos professores atuantes nos anos alfabetizadores e as contribuições da literatura infantil na aprendizagem da leitura e da escrita no processo de alfabetização e letramento.

Diante de tudo o que foi discutido até o momento, pode-se constatar que para a criança se alfabetizar se faz necessário que esteja envolvida em práticas sociais que contemplem situações de aprendizagem que façam parte de seu convívio social, trazendo significações e sentido para ela, para ampliar seu conhecimento de mundo.

Além disso, estas práticas devem permitir ao estudante refletir, buscar, provocar trocas e descobertas, possibilitando a construção e o exercício de sua autonomia, favorecendo a liberdade de expressão e de opinião por meio de diferentes linguagens, articulando as diferentes áreas do conhecimento. Levando a criança a sentir-se desafiada a resolver diferentes situações, levantando hipóteses e as relacionando, com isso, construindo e reconstruindo suas experiências, conhecimentos, aprendizagens.

Outra evidencia constatada, foi que a leitura e a escrita, surgem primeiramente como brincadeira para as crianças, criando rabiscos, escrevendo cartas ou nomes, pelo simples prazer e curiosidade em escrever. Elas brincam com as letras, vão as conhecendo, estabelecendo relações e fazendo comparações, e assim vão ampliando suas capacidades de leitura e escrita.

Com isso, a literatura se faz presente no cotidiano destas crianças, mesmo antes de frequentarem o espaço escolar ou compreenderem o sistema de escrita alfabética. Este primeiro contato com a literatura constitui o letramento, pois para uma criança manusear ou ler um livro, independe de sua idade e contexto, sua capacidade de interpretar ou ler imagens, proporciona aprendizagens, amplia seus conhecimentos.

Além disso, também evidenciou-se que o contato com a literatura em seu contexto familiar, influencia na motivação e interesse da criança em sala de aula, além do conhecimento de diferentes gêneros textuais, dos quais podemos citar, bíblia e gibis, que foram alguns dos citados pelas crianças nas entrevistas. Ainda, através das falas das crianças, pode-se observar as famílias que acompanham o trabalho desenvolvido pela escola na alfabetização de seus filhos, pois estas em seu contexto familiar buscam incentivá-las para buscar mais conhecimentos, vencer dificuldades.

As crianças citam a literatura como o recurso pedagógico com a qual têm contato e gostam de ler na escola, e, também em suas residências, assim, esta constitui-se em algo prazeroso que amplia seus conhecimentos sobre diversos assuntos, contemplando diferentes áreas, permitindo-lhes por meio da literatura a interpretação de cenas que acontecessem em sua realidade.

Por isso, a necessidade de enfatizar a ludicidade no processo de alfabetização, pois não se rompe com aquilo que a criança está vivenciando, experimentando, não se restringindo somente ao contexto escolar. Possibilitando que as crianças se expressem, a seu modo, pois aprendem levantando hipóteses, considerando o conhecimento construído nas suas vivências, e, assim, vão associando aquilo que já sabem com o que de novo aparece.

Constatou-se que a formação do PNAIC está oferecendo formação e apoio pedagógico aos docentes para fundamentar suas práticas em sala de aula. Se constituindo como uma motivação e um amparo, que permite a estes docentes avaliarem seu trabalho e modificarem o que e quando for necessário. Formando-se professores pesquisadores, reflexivos, inovadores e que acreditam nas potencialidades e capacidades de seus alunos.

Além disso, por meio das entrevistas e observações, evidenciou-se que as especificidades, particularidades e ritmos de cada criança estão sendo respeitadas, possibilitando aprendizagens significativas e a inclusão de todas as crianças no processo de alfabetização. Buscando-se práticas diferenciadas para atender as diferentes necessidades e ritmos que compõem a sala de aula,

permitindo que todas as crianças tenham a oportunidade de desenvolver-se e ampliar seus conhecimentos, superando possíveis dificuldades.

Ainda, as formações do Pacto fazem referência a importância de manter a ludicidade no processo de alfabetização, o que contata-se na fala das docentes essa preocupação em enfatizá-la. Tomando-a como referência ao planejar suas práticas, além de voltar-se para atividades prazerosas e instigantes, que despertem a curiosidade do aluno pelo mundo da leitura e da escrita. Tomando- a como metodologia de ensino, que possibilite a criança brincar, desenvolver-se, transformar e construir conhecimentos.

A literatura possibilita ao aluno viajar por diferentes lugares, transitar por diversos conhecimentos, sem sair do lugar, através da sua imaginação e criatividade. Com isso, evidencia-se que a literatura contribui para a formação intelectual da criança, ampliando sua capacidade de interpretação, repertório, vocabulário, iniciativa, exigindo atenção e concentração de quem está fazendo seu uso. Além de também ser usada para desenvolver projetos, introduzir assuntos, servindo de suporte.

Os professores alfabetizadores entrevistados utilizam a literatura em sala de aula, pois conhecem as contribuições desta na formação da criança. Reconhecem a sua importância e utilidade para desenvolver suas práticas, uma vez que ela integra e complementa suas práticas, seus projetos, seus objetivos. Também evidenciou-se que as formações do Pacto, contribuíram para que as docentes aprofundassem conceitos e concepções recorrente de sua área de atuação, dos quais podemos citar a alfabetização e letramento, criança, infância, direitos de aprendizagem. Com isso, percebe-se que as docentes enfatizam estes conceitos ao planejar suas práticas pois, antes de qualquer ação é preciso que o professor alfabetizador tenha consciência da importância que seu papel desempenha na formação destas crianças que estão sendo alfabetizadas, e com isso, reflitam sobre suas práticas e metodologias empregadas, e se necessário as reformulem, para permitir que todas as crianças tenham a possibilidade de desenvolver-se, de alfabetizar-se.

As formações do Pacto oportunizaram às docentes os conhecimentos teóricos e metodológicos necessários e possíveis para construir sua autonomia para pensar e propor suas práticas pedagógicas, tendo domínio e conhecimento sobre sua área de atuação, seguindo a perspectiva do professor pesquisador, e sempre com a mente aberta para novas concepções, práticas e metodologias para direcionar suas aulas focando na aprendizagem das crianças. Ensinando e, ao mesmo tempo, tendo abertura para aprender com aqueles que se está disposto a ensinar, pois todos têm capacidade de aprender, na mesma ótica em que todos de alguma maneira ou outra, podem ensinar.

Para tanto, como visto, a teoria e a prática andam juntas na buscam de estratégias, recursos, que se fazem necessários para atender as particularidades destes sujeitos, aprendendo a ensiná-los a aprender a partir de suas construções, nos colocando como protagonistas, mas também como espectadores.

Sendo assim, diante de tudo o que foi dito, relacionando as proposições do Pacto com o que se constatou nas falas das docentes e das crianças entrevistadas concluiu-se que alfabetização e letramento são dois processos diferentes mas indissociáveis, em que o professor alfabetizador necessita de formação consistente e reflexiva para orientar seu trabalho em sala de aula, para que promova e possibilite a construção de aprendizagens, e a alfabetização de todos os sujeitos ao final do seu ciclo. Igualmente, compreendeu-se que práticas geradoras lúdicas no uso da literatura infantil se constituem ferramentas metodológicas que possibilitam conhecimento de mundo aos sujeitos, incentivando e ampliando a capacidade de leitura e escrita. Para tanto, conclui- se que a literatura infantil se constitui como um artefato cultural que de fato possibilita a construção de aprendizagens dos sujeitos, motivando-as na busca de conhecimentos, interagindo com diferentes linguagens que a literatura infantil contempla.

REFERÊNCIAS

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Brasil. Secretaria de Educação Básica. Diretoria de Apoio à Gestão Educacional.

Pacto nacional pela alfabetização na idade certa: a aprendizagem do sistema

de escrita alfabética: ano 1: unidade 3 / Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, Diretoria de Apoio à Gestão Educacional. Brasília: MEC, SEB, 2012.

Brasil. Secretaria de Educação Básica. Diretoria de Apoio à Gestão Educacional.

Pacto nacional pela alfabetização na idade certa: a apropriação do sistema

de escrita alfabética e a consolidação do processo de alfabetização: ano 2 : unidade 3 / Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, Diretoria de Apoio à Gestão Educacional. Brasília: MEC, SEB, 2012.

Brasil. Secretaria de Educação Básica. Diretoria de Apoio à Gestão Educacional.

Pacto nacional pela alfabetização na idade certa: currículo na alfabetização:

concepções e princípios: ano 1: unidade 1 / Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, Diretoria de Apoio à Gestão Educacional. Brasília: MEC, SEB, 2012.

Brasil. Secretaria de Educação Básica. Diretoria de Apoio à Gestão Educacional.

Pacto nacional pela alfabetização na idade certa: currículo inclusivo: o direito

de ser alfabetizado: ano 3 unidade 1.Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, Diretoria de Apoio à Gestão Educacional. Brasília: MEC, SEB, 2012.

Brasil. Secretaria de Educação Básica. Diretoria de Apoio à Gestão Educacional.

Pacto nacional pela alfabetização na idade certa: currículo no ciclo de

alfabetização: consolidação e monitoramento do processo de ensino e de aprendizagem: ano 2: unidade 1 / Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, Diretoria de Apoio à Gestão Educacional. Brasília: MEC, SEB, 2012

BRASIL. Secretaria de Educação Básica. Diretoria de Apoio à Gestão Educacional. Pacto nacional pela alfabetização na idade certa: formação do professor alfabetizador: Caderno de Apresentação / Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, Diretoria de Apoio à Gestão Educacional. Brasília: MEC, SEB, 2012.

Brasil. Secretaria de Educação Básica. Diretoria de Apoio à Gestão Educacional.

ano 01, unidade 04 / Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, Diretoria de Apoio à Gestão Educacional. Brasília: MEC, SEB, 2012

Brasil. Secretaria de Educação Básica. Diretoria de Apoio à Gestão Educacional.

Pacto nacional pela alfabetização na idade certa: o trabalho com gêneros

textuais na sala de aula: ano 01, unidade 05 / Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, Diretoria de Apoio à Gestão Educacional. Brasília: MEC, SEB, 2012.

Brasil. Secretaria de Educação Básica. Diretoria de Apoio à Gestão Educacional.

Pacto nacional pela alfabetização na idade certa: planejamento escolar:

alfabetização e ensino da língua portuguesa: ano 1: unidade 2. Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, Diretoria de Apoio à Gestão Educacional. Brasília: MEC, SEB, 2012.

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