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O presente trabalho pretendeu compreender o alcance do poder contratual pela referência dos usuários de um serviço substitutivo em saúde mental. O título “Se eu puder soltar a voz...” remete ao desejo de escuta da voz dos sujeitos em severo sofrimento psíquico. O artigo refere-se à compreensão dos usuários do Caps acerca do processo de retomada da contratualidade.

No intuito de compreender o processo de alcance do poder contratual, após a coleta de dados, tornou-se necessário elencar o resultado da pesquisa em três quadros relacionados aos objetivos específicos do trabalho. O primeiro quadro se constituiu como Processos de funcionamento do Caps, no qual os usuários referiram sobre a dinâmica funcional do serviço, com as categorias que denotam o significado do serviço e a função do mesmo na vida dos usuários, bem como sobre as estratégias terapêuticas oferecidas, formando categorias e subcategorias de análise; o segundo quadro demonstra A construção do projeto terapêutico, onde os usuários relataram sobre a participação nas atividades propostas pelo serviço e as possibilidades de atuação; enfim, o terceiro quadro diz respeito à Caracterização do modelo assistencial comunitário, no qual a partir das falas dos participantes da pesquisa,

foram evidenciadas mudanças ocorridas na vida dos usuários após o ingresso no Caps, bem como as atividades que eles desempenham fora do serviço, e o ingresso no Caps, de que maneira os usuários chegaram ao serviço.

Considera-se um fator facilitador a pesquisadora estar no campo, sendo estagiária no Caps II do município de Palhoça, desenvolvendo oficinas de mosaico com usuários do serviço de saúde mental. Tal inserção facilitou a aproximação do fenômeno investigado, o poder contratual. As dificuldades encontradas se referem à consolidação de uma rede de atenção psicossocial, na qual o paradigma da desinstitucionalização poderia ser vislumbrado de forma mais direta, e de modo a ser mais aprofundado.

O que é posto como pensamento crítico, e sugerido como objeto de estudo para próximas pesquisas, é a articulação em rede ainda estar sendo consolidada. Tal fato impossibilita um movimento maior a favor da contratualidade do sujeito, restringe à permanência no Caps. A consolidação da rede de atenção psicossocial poderia promover maior número de espaços para que o sujeito transite e se implique, no sentido de estratégias disponíveis para o aumento de poder contratual, pelos usuários do serviço. Problematiza-se o Caps como principal articulador da rede de saúde mental, de maneira abrangente e promovendo a desinstitucionalização dos sujeitos em sofrimento psíquico. Salienta-se a possibilidade de aumento do poder contratual, enquanto um processo desenvolvido nas negociações e decisões dos usuários, em direção ao mercado de trabalho e nos âmbitos socioculturais, com maior visibilidade.

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APÊNDICE A- Instrumento de coleta de conteúdo

Roteiro para entrevista semi-estruturada:

Local da entrevista: Caps II Palhoça - SC Data da entrevista: Dados do participante: Idade: Sexo: Estado civil: Naturalidade: Escolaridade: Quantas Internações:

Quanto tempo freqüenta o Caps?

1. Como foi sua entrada aqui no Caps? Foi por encaminhamento? 2. O que é o Caps pra você? Para que serve?

3. Você participa de atividades no Caps? Quais? 4. Como é para você ser usuário (a) do Caps?

5. Você participa na construção do seu projeto terapêutico? Como? 6. Você participa de atividades fora do Caps? Quais?

APÊNDICE B – Quadros referentes às categorias e subcategorias de análises

QUADRO 1- Processos de funcionamento do Caps

Categorias Unidade de Contexto Elementar Ocorrência

Apoio, Cuidado e Acolhimento

“[...] O Caps é muita coisa! [...] Cada um dando a atenção necessária. [...]” (Frida)

“O Caps é um apoio que a gente tem! [...]” (Clarice) “O Caps agora é um apoio pra mim, graças ao Caps agora eu me considero gente!” (Alice)

“[...] Isso aqui é muito bom, eu nunca mais fui internado no IPQ. E graças ao tratamento aqui no Caps.” (Salvador Dali)

“[...] Se o Caps não me levantasse eu não tinha mais nem minha família, e o Caps me ajudou, me levantou!” (Alice)

“[...] A gente vem se cuidar aqui!” (Raul Seixas) “[...] Aqui no Caps eles acolhem a gente, quando a gente precisa ser acolhido!” (Alice)

7

Liberdade de Escolha

“[...] Eu acho assim, eu gosto de fazer tal coisa, eu me sinto bem naquilo, eu, por exemplo, como faço sempre, eu passo na minha psicóloga. [...]” (Frida)

“[...] Vou na psicóloga individual, só com ela, porque se fosse junto, assim coletivo, eu não ia gostar, não de falar assim, e aí vou só com ela. [...]” (Clarice). “[...] Eles são bem conivente com isso, porque tem dias que a gente não ta bem também, não adianta também não querer participar, aí é mais pra ser acolhido.” (Alice).

“[...] Desenhar o que a gente quiser, depois falar pro grupo, se quiser, do que aquele desenho significa pra gente, e eu gosto! [...]” (Salvador Dalí)

“[...] Quando to achando que é muito remédio, eu venho falo com o médico, às vezes eu dou uma parada. [...]” (Raul Seixas)

“[...] Eu gosto de analisar as coisas pra depois a gente levar pra mesa, pra associação, pra poder ver, a gente refletir junto, porque é tudo direitos nossos!” (Frida) “[...] E eu tenho chance de voltar para a oficina.” (Frida)

7

Categorias Subcategorias Unidade de Contexto Elementar Ocorrência

Estratégias terapêuticas

Atendimento Psiquiátrico

“Com o médico também eu tenho consulta [...]” (Frida) “[...] Eu venho no psiquiatra.” (Clarice)

“[...] Eu venho no psiquiatra [...] (Alice)

“[...] Eu venho no psiquiatra a cada dois meses. (Salvador Dalí)

“[...] Venho só no psiquiatra.” (Raul Seixas)

“[...] Tem a medicação que a gente precisa [...]” (Clarice)

6

Atendimento Psicológico

“[...] Eu venho na psicóloga toda semana.” (Frida) “[...] psicóloga individual [...]” (Clarice)

“[...] A psicóloga que eu venho [...]” (Alice)

“Eu participo de grupos de conversa com a psicóloga [...], venho na psicóloga só em grupo, particular não [...]” (Salvador Dalí)

“Eu participo do grupo de giz com a psicóloga [...],

mas eu não venho na psicóloga individual [...]” (Raul Seixas)

“[...] Tem psicóloga que a gente tem [...]” (Clarice)

Oficinas Terapêuticas

“Da minha participação na associação. [...] Atividades da Unisul. [...] Me colocaram na reciclagem [...]” (Frida)

“Eu participo do crochê, da naturologia, do mosaico [...]” (Clarice)

“Todas que tiver disponível eu participo. Tudo! Oficinas quase todas... é de giz, bisqui, crochê, horta, mosaico, eu faço tudo que aparece!” (Alice)

“[...] Do grupo de giz [...], venho nas sextas no grupo PALAVRAS, que é um grupo fechado.” (Salvador Dalí)

“[...] Quando tem atividade legal pra gente ir, como o mosaico e a naturologia, aí eu participo [...]” (Raul Seixas)

5

Fonte: Elaboração da autora, 2013.

QUADRO 2- A construção do projeto terapêutico

Categorias Unidade de Contexto Elementar Ocorrênc

ia

A Participação nas Atividades

“[...] É assim oh: se abriu o caderno [de atividades] e tem esse, se eu não me enquadro, é assim, eu não acho certo! (Frida)

“[...] Não é chegar e dizer qual é, ou tem só isso ou só isso, entendeu? Tem que fazer um desses, é um ultimato! Não acho certo! (Frida)

“[...] Eu tenho sim que entrar [na atividade], e eu tenho sim capacidade pra aprender!” (Frida)

“Eu tenho chance de voltar [...], chance é poder entrar, ou não veio hoje, fiquei doente, poder voltar.” (Frida)

“[...] Isso aí eu acho que assim tu quer participar de tal coisa, às vezes as portas vão ta abertas pra tu entrar, ou fechadas, às vezes tu quer e vai e falam não, ta cheio, não pode. Tem algumas coisas que eu quis mais fazer aqui não posso, e ter que fazer outras que eu não me agrado.” (Clarice)

“[...] Outras atividades são as da Unisul, o pessoal da naturologia, com cromoterapia e aquelas massagens, com as coisas pro bem-estar, então são essas atividades que mais me ajudam!” (Clarice)

“[...] O que eu quero fazer eu faço, e o que eu não quero, também não faço!” (Alice)

“[...] Eu gosto de participar de todas as atividades até porque a minha cabeça fica melhor, aí eu me sinto melhor!” (Alice)

“[...] Todo ano a gente faz o projeto terapêutico, e eu participo, eu... eu queria vir mais, queria vir quatro vezes na semana, mas venho duas, porque eu não to assim, intensivo, é não-intensivo, então eu posso vir duas vezes na semana.” (Salvador Dalí)

“Eu participo só quando é pra fazer as atividades.” (Raul Seixas)

10

“[...] Cada um dando a atenção necessária, e tudo... e assim, nós temos que ter o nosso limite né.” (Frida)

Categorias Unidade de Contexto Elementar Ocorrência

Encaminhamento Psiquiátrico

“[...] Eu vim encaminhada do IPQ pra cá, pro Caps.” (Frida)

“[...] Eu já ia no psiquiatra no Hospital Regional [...], aí eu fui num psicólogo lá e ele me encaminhou pra cá, pro Caps.” (Clarice)

“Encaminhada do hospital.” (Alice)

“Foi por encaminhamento do IPQ pra cá, foi em 2006 que eu consegui entrar aqui no Caps.” (Salvador Dalí) “Eu vim encaminhado do IPQ.” (Raul Seixas)

Possibilidades de Atuação

“[...] Porque daí a gente pode debater entre nós, porque da associação, somos nós, usuários, são todos usuários, então um entende o outro, lutar pelos nossos direitos.” (Frida)

“[...] Tem um monte de usuário igual a mim, que também tão muito por fora, eu penso também que eu tenho que estar ajudando... porque agora eu penso que eu vou ficar, e vou batalhar mais um pouco, eu vou teimar, e vou ficar!” (Frida)

“[...] Tu fica ali pra fazer um grupo, é quase uma terapia, tu fica pra fazer, pra tirar os pensamentos ruins da cabeça [...].” (Clarice)

“[...] Eu participo desses grupos duas vezes na semana, mas eu gostaria de vir quatro vezes na semana, porque tem um dia que é reunião de equipe.” (Salvador Dalí)

[...] Ali na frente tem aquela nossa plaquinha, de quantos dias sem internação psiquiátrica, nosso recorde é de 78 dias sem internação, do pessoal que participa aqui do Caps, é importante, porque, por exemplo, se não tivesse o Caps, o que eu ia fazer?”(Salvador Dalí)

“[...] Eu vindo nos grupos eu saiu de casa, e eu penso!” (Salvador Dalí)

7

Fonte: Elaboração da autora, 2013.

QUADRO 3- Caracterização do modelo assistencial comunitário

Categorias Unidade de Contexto Elementar Ocorrência

Mudanças na vida dos usuários após a entrada no Caps

“[...] Eu... eu, to lutando, to lutando pelo, eu to mudando o meu jeito de pensar, eu tenho que mudar mesmo, e até minha filha ta estranhando, porque eu to mudando [...]” (Frida)

“[...] Eu acho que ainda tem que ter bastante melhoria, é... bastante! Eu vejo que ainda tem coisinhas assim, picadinhos que ainda tem que juntar![...]” (Frida)

“[...] No começo eu vi que eu melhorei aqui, mas neste momento, eu vejo que eu to só piorando! [...]” (Clarice)

“[...] Meus filhos me tratam mais carinhosamente! Agora eu posso caminhar sozinha, e antes eu era só tachada como louca! Eu era tachada como uma louca, uma doida varrida! [...]” (Alice)

“[...] Agora eu já consigo escrever numa linha reta, e nem meu nome eu tava mais conseguindo fazer! [...]”

(Alice)

“[...] Eu já me sinto melhor! Já saiu daqui ajudada!” (Alice)

“Olha... eu faz oito anos que eu não tenho internação, e eu vou te dizer que hoje eu não tenho motivo pra cair em depressão [...]” (Salvador Dalí)

“[...] Eu não fico mais assim, irritado, ansioso, agressivo, e antes como eu não me cuidava, eu tinha esquizofrenia e não tomava os remédios, e não me cuidava, eu tinha a doença e não sabia [...]” (Raul Seixas)

“Eu era um farrapo humano quando eu cheguei e agora eu consigo caminhar sozinha, e consigo andar sem ninguém me carregar, sem ninguém estar me segurando!” (Alice)

“[...] Eu me sinto mudada, porque eu sinto, eu to conseguindo falar, porque antes eu não falava. Não to tão tola como eu tava no começo[...].” (Frida)

9

(CONTINUAÇÃO)

Atividades fora do Caps

Circulação em Espaços Públicos

“Eu saio pra caminhar com meu namorado, e ele gosta muito de andar de bicicleta, e quando ele vê que eu to estressada, assim, com meus pensamentos, ele pega a bicicleta, eu saio e a gente passa o dia todo, eu gosto mais de caminhar, mas ele de bicicleta [...].” (Clarice)

“Eu vou na igreja [...]” (Alice)

“[...] Eu posso até um dia voltar a trabalhar... porque eu gosto sabe?! Eu poderia assim... ser ajudante de padeiro, voltar a trabalhar numa padaria... voltar a aprender!” (Salvador Dalí) “Eu gosto de ir na oficina mecânica dos meus amigos, e gosto assim de ler livro, gosto de evitar brigas, assim, confusão, pra não ser internado de novo[...]”. (Raul Seixas)

“[...] Eu tenho amigos na oficina, fico lá, vendo eles mexer com o carro. Meus amigos, fico lá, posso ajudar eles, fico conversando com eles.” (Raul Seixas) 5 Atividades Domésticas

“[...] Eu fico mais é em casa, se deixar eu fico uma semana, duas, se eu não vir aqui no Caps, eu também não saiu.” (Frida)

“Eu tenho um quartinho só pra mim ficar, então eu prefiro ficar ali, então a minha atividade é no quartinho, é ficar ali quietinha, eu fico ali!” (Frida) “[...] Eu só ajudo a mãe em casa [...]” (Salvador Dalí)

“[...] Eu consigo estender uma roupa, lavar uma louça, fazer uma comida, eu consigo! Aí eu cuido dos meus netos, porque eu vou lá e brinco com meus netos, e eles me amam, e eu amo eles [...].” (Alice)

4

Como chegou ao Serviço de Saúde Mental

“Eu cheguei aqui no Caps anorexa, com anorexia [...] Há um ano mais ou menos eu estava de cama.” (Frida)

“Eu cheguei bem mau, com crise, eu tinha tentado suicídio, eu cheguei bem mau aqui, sem consciência nenhuma!” (Clarice)

“Ah! Eu cheguei aqui carregada pelos outros... eu chegava a babar, eu não era eu! Parecia que eu não era uma pessoa humana! (Alice)

“Aí, quando eu cheguei aqui eu me sentia assim... como, intoxicado de remédio [...] a minha mente ela não „sentimentava‟, e o coração também não tinha sentimento, a minha mente era só medicação.” (Raul Seixas)

4

APÊNDICE C – Quadros referentes aos participantes da pesquisa

Participantes Frida Kahlo Clarice Lispector Alice no País

das Maravilhas Salvador Dalí Raul Seixas

Sexo Feminino Feminino Feminino Masculino Masculino

Idade 46 anos 31 anos 49 anos 39 anos 33 anos

Estado Civil Casada União Estável “Tico-tico no

fubá” Solteiro Solteiro

Naturalidade

Palhoça-SC Florianópolis-SC Monte Castelo-

SC Novos-SC Campos Florianópolis-SC

Escolaridade

Ensino Fundamental

Completo

Sétima Série do

Ensino Fundamental Sexta Série do Ensino Fundamental Ensino Fundamental Completo Ensino Fundamental Completo Quantas Internações Psiquiátricas Uma de quarenta

dias Uma de trinta dias Duas, ou três Vinte Três

Quanto tempo

frequenta o Caps Seis anos Seis anos Mais de cinco anos Sete anos Três anos Fonte: Elaboração da autora, 2013.

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