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2.2 PRINCIPAIS DISCUSSÕES SOBRE INVs NA ACADEMIA

4.1.2 Apresentação dos resultados

4.1.2.1 Considerações sobre as INVs encontradas

Das empresas pesquisadas, 47% responderam sim à pergunta P26 – “A empresa foi criada com o objetivo de ter vendas ou negócios internacionais?”, e, portanto declararam que foram criadas com o objetivo de ter negócios internacionais. Entretanto, apenas 35% das empresas já haviam respondido à pergunta P25 – “Como sua empresa começou suas atividades internacionais?” com a resposta “Houve a intenção de se internacionalizar desde a criação da empresa”. As outras opções de respostas e seus respectivos percentuais encontram-se na tabela 5. Esta diferença de pouco mais de 10% sugere uma inconsistência na resposta à pesquisa, possivelmente gerada em função de uma tendência de resposta dos executivos de empresas exportadoras brasileiros a aumentar o real objetivo do empreendimento inicial. Cabe ressaltar também que 34% dos exportadores brasileiros começaram suas atividades internacionais de forma reativa, após solicitação de um cliente externo.

Código Pergunta

P1 Os executivos de sua empresa possuem maior conhecimento técnico do que os executivos de empresas concorrentes.

P2 Os executivos de sua empresa se utilizaram de suas redes de relacionamento, pessoal e profissional, como facilitadores para o processo de internacionalização.

P3 A empresa atende a um nicho (ou poucos nichos) especializado(s) no mercado. P4 Existem poucos clientes para os seus produtos e eles estão espalhados por diversos países. P5 Existe interesse no crescimento internacional da empresa.

P6 As principais oportunidades de crescimento para a sua empresa estão em mercados internacionais. P7 É muito comum entre empresas de diversos setores que seus executivos se utilizem de sua rede de

relacionamento pessoal para abrir portas para os negócios.

P8 A capacidade de inovação de sua empresa é maior do que a das empresas concorrentes. P9 Sua empresa possui vantagem tecnológica quando comparada às empresas concorrentes. P10 Sua empresa possui produtos diferenciados quando comparada às empresas concorrentes. P11 A reputação de sua empresa no exterior?

P12 O conhecimento de sua empresa sobre o mercado onde atua? P13 O conhecimento técnico de sua empresa sobre o tipo de produto vendido? P14 O preço de seus produtos?

P15 A percepção do cliente sobre a qualidade e os diferenciais do seu produto? P16 Qual o ano de fundação da sua empresa? (considere o ano do primeiro faturamento): P17 Quando sua empresa iniciou suas operações internacionais (considere o ano do primeiro

faturamento)?

P18 Qual o percentual societário brasileiro de sua empresa? (em percentual) P19 Qual(is) é(são) o(s) principal(is) produto(s) comercializado(s) pela sua empresa? P20 Em que faixa, aproximadamente, se situou o faturamento de sua empresa em 2008? P21 Qual o percentual do faturamento da sua empresa que é realizado no exterior, aproximadamente? (em

percentual)

P22 Quais dos seus produtos já foram comercializados internacionalmente? P23 Com quais países sua empresa fez negócios internacionalmente? P24 Com quantos países sua empresa fez negócio nos últimos 3 anos? P25 Como sua empresa começou suas atividades internacionais? P26 A empresa foi criada com o objetivo de ter vendas ou negócios internacionais?

P27 Próprios:

P28 Terceirizados: P29 Em função executiva:

P30 Quantos executivos de sua empresa possuíam experiência de trabalho em outros países anteriormente ao início das atividades internacionais?

P31 Quantos executivos possuíam experiência anterior de trabalho em multinacionais no Brasil? P32 Quantos executivos possuíam educação superior fora do Brasil (por exemplo, cursos de graduação,

pós-graduação ou MBA)?

P33 Quanto sua empresa gasta aproximadamente em atividades de pesquisa e desenvolvimento (P&D) em relação ao total de gastos anual? (em percentual)

P34 Sua empresa já utilizou parcerias com outras empresas?

P35 Quais as seguintes formas de cooperação com outras empresas sua empresa têm utilizado? (caso necessário, assinale mais de uma resposta)

P36 Quantas parcerias sua empresa fez, no exterior, nos últimos 3 anos?

P37 Quais os métodos de atuação em mercados internacionais utilizados por sua empresa? (caso necessário, marque mais de uma alternativa)

P38 Existem outras atividades da empresa feitas no exterior além das atividades comerciais? Quais?

Tabela 4 – Tabela de código das perguntas do questionário estruturado

Outro fato interessante é que se for feita uma análise cruzada entre os respondentes destas duas perguntas (P25 e P26) serão encontradas 12 respostas inconsistentes, de empresas que declaram que iniciaram suas atividades internacionais porque havia a intenção de se internacionalizar desde a criação da empresa, porém a empresa não havia sido criada com o objetivo de ter vendas ou negócios internacionais. Isto demonstra uma das limitações da pesquisa, pois caso a intenção de participação e cooperação na busca de dados reais pelo

respondente não seja grande, visto que na maior parte destes casos as respostas não foram dadas por fundadores ou sócios das empresas. Excluindo-se estas 12 respostas inconsistentes da base de INVs chegamos à um percentual de 27% das empresas exportadoras brasileiras.

Como sua empresa começou suas atividades internacionais? Total % Concorrentes internacionais vieram para o Brasil e sentimos a necessidade de atuar

internacionalmente; 2 1%

Houve a intenção de se internacionalizar após o esgotamento do mercado doméstico; 14 9% Houve a intenção de se internacionalizar desde a criação da empresa; 56 35% Houve uma solicitação de um cliente vinda do exterior; 55 34%

Outros motivos (especificar quais). 18 11%

Seguimos o exemplo de empresas similares à nossa; 12 7% Seguimos um cliente do Brasil que começou a atuar no mercado externo; 4 2%

Total 161 100%

Tabela 5 – Como sua empresa começou suas atividades internacionais?

Quando analisadas as respostas da pesquisa quanto ao percentual do controle societário exercido na empresa (P18), podemos perceber que 15% das empresas exportadoras brasileiras possuem capital majoritariamente estrangeiro. Entretanto, se for feita a análise deste fator perante as empresas que declararam que foram criadas com o objetivo de serem internacionais, este percentual aumenta para 20%, demonstrando que algumas empresas (ou investidores) estrangeiras fizeram um investimento direto no Brasil com objetivo de se utilizar dos fatores de produção deste país possivelmente com o objetivo de comercialização em mercados internacionais. Conforme demonstrado na revisão de literatura, recomenda-se que estes dados não sejam considerados na apuração da contagem de INVs, pois eles normalmente representam interesses comerciais de empresas globais, multinacionais ou ainda de investidores internacionais já estabelecidos em outros países, e, portanto não devem ser considerados como empreendimentos novos. Desta forma, a quantidade de INVs de capital nacional a ser considerada na pesquisa passa a ser de 29% do total da amostra. A tabela 6 abaixo demonstra o controle societário das INVs.

O controle societário da empresa é majoritariamente nacional ou estrangeiro? Total % Estrangeiro 9 20%

Nacional 35 80%

Total 44 100%

Total de INVs 44 27% Tabela 6 – Controle societário das INVs

Outro aspecto considerado pela literatura na classificação de uma empresa como INV é a velocidade de internacionalização. Diversos são os autores que fazem referência a empresas de rápida internacionalização e principalmente quanto à média da velocidade de internacionalização das INVs de seus estudos. Porém, não existe consenso tanto quanto à forma de contagem, quanto ao tempo de internacionalização da empresa. Desta forma, nesta pesquisa foi adotada a diferença entre o primeiro faturamento local da empresa e o primeiro faturamento referente a vendas no exterior.

Além disso, nesta pesquisa foi considerado que poucas empresas conseguiriam manter seus recursos produtivos (entre equipamentos, estoques, funcionários e outros recursos) bem como sua estrutura física por mais do que três anos caso não tivessem uma estrutura financeira sólida estabelecida no mercado nacional, ou ainda algum sócio com capital e confiança suficiente para manter uma operação deficitária até o início das operações internacionais. Também foi considerado que o planejamento de novos empreendimentos dificilmente é feito com um prazo muito longo de retorno. Assim, nesta pesquisa foi utilizado um limitador de três anos para a internacionalização das atividades de uma INV. A análise das 35 empresas previamente classificadas como INV em relação a este aspecto encontra-se na tabela 7. Verifica-se que 26% destas empresas apresentam velocidade de internacionalização acima de 5 anos, chegando a um caso de internacionalização 24 anos após o primeiro faturamento nacional. Claramente estas empresas não podem ser classificadas como INVs e, portanto foram desconsideradas da pesquisa. Desta forma, chega-se a um total de 24 empresas classificadas como INV. Estas INVs possuem em média 0,6 anos, ou seja, sete meses de prazo

médio de velocidade para internacionalização, número consideravelmente baixo quando comparado com outros estudos sobre INVs. Cabe ressaltar também que sob esta perspectiva chegamos ao dado de que 63% das INVs brasileiras internacionalizam-se ainda no primeiro ano de faturamento no mercado doméstico.

Velocidade de internacionalização Total %

0 15 43% 1 3 9% 2 6 17% 3 2 6% 6 1 3% 9 1 3% 12 2 6% 14 1 3% 15 1 3% 16 1 3% 22 1 3% 24 1 3% Total 35 100%

Tabela 7 – Velocidade de internacionalização das candidatas à INV

Caso a análise fosse feita de acordo com os padrões tradicionalmente utilizados pela academia, sem excluir empresas cuja internacionalização efetiva não foi rápida, a média de internacionalização destas empresas seria de 4,3 anos e teríamos 35 empresas classificadas como INVs.

Ainda sobre a velocidade de internacionalização de empresas exportadoras brasileiras, cabe colocar que da amostra pesquisada 20% das empresas (do total de 161 observações) tiveram seu primeiro faturamento para o mercado exterior no mesmo ano do primeiro faturamento para o mercado doméstico.

Enfim, na amostra de 161 empresas exportadoras respondentes ao questionário apresentado nesta pesquisa, podemos concluir que existem 24 empresas que podem ser enquadradas dentro do conceito de INV. Isso representa uma média de 15% das empresas

exportadoras brasileiras, percentual este que rejeita a H1 postulada por esta pesquisa de que as INVs possuem menos de 10% de representatividade perante as empresas exportadoras brasileiras.

Para analisarmos a H2, que declara que a maioria das INVs brasileiras possuem a atividade comercial como sua única atividade na cadeia de valor realizada fora do Brasil, classificamos as INVs de acordo com a atividade descrita em sua Razão Social, extraída da base da SECEX. Os resultados desta análise estão expostos na tabela 8, que mostra que 46% das INVs brasileiras pesquisadas possuem apenas a atividade comercial em sua razão social. Apesar do elevado percentual de empresas com atividade exclusivamente comercial, não podemos desconsiderar o fato de que a quantidade de 24 empresas é pequena, e desta forma a consistência de nossa análise sobre a H2 fica prejudicada e inconclusiva.

Atividade comercial é a única na razão social? Total Total

Não 13 54%

Sim 11 46%

Total geral 24 100%

Tabela 8 – A atividade comercial é a única na razão social da empresa?

Ainda analisando a exclusividade da atividade comercial destas INVs, devemos também levar em consideração o fato de que elas podem ter sido constituídas a partir do desdobramento de outras empresas já existentes no mercado, que possuem outras atividades da cadeia de valor como sua atividade fim, e que de fato decidiram constituir um outro CNPJ para executar as atividades de comercialização internacional de sua produção. Desta forma, para se confirmar a efetividade da aplicação do conceito de INV para estas empresas, deveria ser realizada uma checagem com os sócios da existência de outras empresas no grupo que já haviam sido criadas anteriormente à INV.

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