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2.2 PRINCIPAIS DISCUSSÕES SOBRE INVs NA ACADEMIA

2.2.5 Modelos conceituais sobre INVs

Além das diferenças conceituais já citadas, das abordagens sobre as características destas empresas, a importância da experiência da direção da empresa e da rede de relacionamentos para o seu desenvolvimento, pode-se notar também que alguns autores desenharam modelos conceituais com os principais objetivos e estratégias adotadas pelas INVs.

Knight e Cavusgill (2004), por exemplo, estabelecem um modelo para o funcionamento das INVs segundo o qual estas empresas buscam obter performance superior em mercados internacionais. Esta busca é orientada através de objetivos financeiros e não financeiros que são atingidos através da estratégia destas empresas. O modelo, que pode ser observado na figura 2, apresenta dois aspectos da cultura organizacional das INVs, que suportam quatro estratégias de negócio, que levam a performance internacional superior, o objetivo final destas empresas.

Figura 2 – Modelo conceitual para performance internacional superior

O primeiro aspecto da culta organizacional é o que os autores chamam de international entrepreneurial orientation, ou orientação para empreendedorismo internacional. Este aspecto reflete a capacidade da firma de inovar e agir de forma pró-ativa na competição no mercado

internacional, e está ligado à capacidade empreendedora da firma. Já o segundo aspecto, definido como international marketing orientation (orientação para o marketing internacional) estaria ligado ao paradigma gerencial que enfatiza a criação de valor para os consumidores internacionais através dos elementos de marketing. Ambos são fatores internos da INV (Knight e Cavusgill, 2004).

O modelo sugere que estes dois aspectos da cultura organizacional levem as INVs a ter as seguintes quatro estratégias empregadas na busca da performance internacional superior: (1) Desenvolvimento de tecnologia global, (2) desenvolvimento de produtos únicos, (3) foco em qualidade e (4) o desenvolvimento de distribuidores externos.

Apesar de, conforme já anteriormente colocado, o artigo de Knight e Cavusgill (2004) tratar apenas das firmas exportadoras, e, portanto apenas um dos tipos de INVs, o resultado deste modelo está em consonância com o que outros autores apresentam. O trabalho inicial de Oviatt e McDougall (1994), já apresentava elementos necessários e suficientes para a existência das INVs que estão de acordo com os apresentados por este modelo. Podemos entender, por exemplo, que os recursos únicos, colocados por Oviatt e McDougall (1994), dão resultado à estratégia de desenvolvimento de produtos únicos. De forma semelhante, as estruturas alternativas de governança descritas por Oviatt e McDougall (1994) são apresentadas por Knight e Cavusgill (2004) através da estratégia de desenvolvimento de distribuidores externos.

Outro modelo, que também apresenta características semelhantes ao acima exposto, é o proposto por Freeman, Edwards e Schroder (2006). A figura 3 retrata este modelo. Através dele, os autores procuram explicar sob quais condições ambientais internas e externas, as

pequenas born global nascem, se desenvolvem e superam as restrições encontradas no caminho da rápida internacionalização.

Figura 3 – Modelo conceitual de Freeman, Edwards e Schroder (2006)

Os fatores ambientais seriam o tamanho do mercado, sua saturação, acessibilidade e os efeitos da globalização. Já os fatores internos estão ligados ao conhecimento da forma de relacionamento internacional, às ambições e interesses da direção, bem como seus contatos e relacionamentos no mercado e outros fatores internos da organização. Segundo os autores, os fatores específicos da firma, os chamados fatores internos possuem maior impacto na performance das INVs do que os fatores ambientais externos, normalmente ligados à indústria à qual a empresa pertence (Freeman, Edwards e Schroder 2006).

Além disso, o modelo também propõe que as principais restrições encontradas pelas INVs, seriam: 1) Inexistência de economias de escala; 2) Escassez de recursos financeiros e tecnológicos e; 3) Aversão ao risco. Já as estratégias utilizadas com o objetivo superar estas

três restrições e conseguir a entrada rápida nos mercados internacionais seriam cinco, a saber: (1) Utilização extensiva de rede de relacionamentos pessoais dos gerentes; (2) Parcerias colaborativas com grandes fornecedores e clientes internacionais, gerenciadas através de contratos de exclusividade e pedidos grandes; (3) “Client followership”, ou seja, aproveitamento da base de clientes e fornecedores de parceiros internacionais como a própria base de clientes e fornecedores da born global; (4) Uso de tecnologia avançada; (5) Modos de entrada múltiplos nos países que estão entrando, seja através de alianças, joint ventures, subsidiárias ou “client followership”.

Esta é uma abordagem mais ampla do que a abordagem do primeiro modelo estudado neste artigo (Knight e Cavusgill 2004), visto que ela considera não só os fatores específicos da firma (traduzidos no primeiro modelo pela cultura organizacional), mas também os fatores externos. Entretanto, cabe ressaltar que os modelos são consistentes, visto que ambos dão ênfase aos fatores internos como principais causadores de impacto na performance das INVs.

De fato, estes dois modelos não só apresentam congruências entre si, mas também com os elementos inicialmente propostos por Oviatt e McDougall (1994) para a existência das INVs, visto que os três modelos dão importância à utilização e desenvolvimento de uma rede de relacionamentos internacionais, que podem ser obtidas através de estrutura de governança alternativas e da utilização de recursos únicos, normalmente obtidos através da utilização de tecnologia avançada.

Outro ponto de congruência entre estes três autores é que eles declaram que o objetivo final das INVs está ligado à melhoria de sua performance internacional. Entretanto esta parece ser uma questão controversa, visto que não foram determinados quais aspectos da performance internacional estas empresas buscam melhorar. Estaria esta melhoria da

performance internacional ligada à proporção das receitas da empresa vindas do exterior, à dispersão da clientela internacional em maior quantitativo de países, à expansão do market share nos mercados já trabalhados ou apenas a melhoria do relacionamento com seus parceiros e fornecedores externos? Este não foi um tópico levantado pelos autores na literatura pesquisada, mas que parece ter relevância, visto que a performance destas empresas nunca foi medida ou comparada entre empresas do mesmo setor ou indústria.

Além disso, visto que as INVs escolhem projetos de pesquisa e desenvolvimento que possibilitam a entrada em novos mercados internacionais, ou ainda observam a entrada de outras empresas em novos mercados internacionais e imitam este comportamento (Knight e Cavusgill, 2004), não seria adequada a busca por uma melhoria da rentabilidade? Este estudo sugere que seria adequado entender com maior profundidade que aspecto da melhoria da performance as INVs buscam.

3 METODOLOGIA

O objetivo deste capítulo é apresentar a metodologia utilizada no desenvolvimento desta pesquisa. Nela, optou-se pela adoção do método quantitativo, através da utilização de uma survey auto administrada, sendo a análise dos dados feita através da análise descritiva e da regressão logística.

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