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A RELEVÂNCIA DAS INTERNATIONAL NEW VENTURES: UM MAPEAMENTO NO MERCADO BRASILEIRO.

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Academic year: 2021

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FACULDADE DE ECONOMIA E FINANÇAS IBMEC

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM

ADMINISTRAÇÃO E ECONOMIA

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A RELEVÂNCIA DAS INTERNATIONAL

NEW VENTURES: UM MAPEAMENTO NO

MERCADO BRASILEIRO.

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ORIENTADOR: PROF. DR. EDSON JOSÉ DALTO

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“A RELEVÂNCIA DAS INTERNATIONAL NEW VENTURES: UM MAPEAMENTO NO MERCADO BRASILEIRO.”

FERNANDO SAMPAIO PITON

Dissertação apresentada ao curso de Mestrado Profissionalizante em Administração como requisito parcial para obtenção do Grau de Mestre em Administração.

Área de Concentração: Administração geral

ORIENTADOR: PROF. DR. EDSON JOSÉ DALTO

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“A RELEVÂNCIA DAS INTERNATIONAL NEW VENTURES: UM MAPEAMENTO NO MERCADO BRASILEIRO.”

FERNANDO SAMPAIO PITON

Dissertação apresentada ao curso de Mestrado Profissionalizante em Administração como requisito parcial para obtenção do Grau de Mestre em Administração.

Área de Concentração:

Avaliação:

BANCA EXAMINADORA:

_____________________________________________________ Professor Dr. EDSON JOSÉ DALTO (Orientador)

Instituição: IBMEC - RJ

_____________________________________________________ Professor Dr. MARIA AUGUSTA SOARES MACHADO

Instituição: IBMEC – RJ

_____________________________________________________

Professor Dr. FRANCISCO MARCELO GARRITANO BARONE DO NASCIMENTO Instituição: FGV – RJ (EBAPE)

(4)

FICHA CATALOGRÁFICA

Prezado aluno (a),

Por favor, envie os dados abaixo assim que estiver com a versão definitiva, ou seja, quando não faltar mais nenhuma alteração a ser feita para o e-mail biblioteca.rj@ibmecrj.br, colocando no assunto: FICHA CATALOGRÁFICA - MESTRADO.

Enviaremos a ficha catalográfica o mais breve possível para o seu e-mail (se possível em até 72 horas).

1) Nome completo;

2) Título e subtítulo (se houver e separados);

3) Ano da defesa; 4) Área de concentração:

5) Assunto principal (contextualizado); 6) Assuntos secundários;

7) Palavras-chave, e 8) Resumo (se possível)

9) Curso (Mestrado profissionalizante em ...)

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RESUMO

A literatura tradicional sobre internacionalização de empresas se baseava no Modelo de Uppsala, até que Oviatt e McDougall (1994) apresentaram uma nova teoria de internacionalização de empresas, através das International New Ventures (INVs) ou Born Global. Segundo a teoria, estas empresas já nascem com o objetivo de terem operações internacionais e comprometem, inclusive, recursos em prol deste objetivo.

Entretanto, as publicações sobre este tema ainda são irregulares e restritas ao Journal of International Business Studies. O tema ainda está em fase de desenvolvimento na academia, e existe uma lacuna na literatura sobre o impacto destas empresas na economia global.

Portanto, o foco desta pesquisa foi no mapeamento das INVs sobre as empresas exportadoras do mercado brasileiro, chegando-se a conclusão de que cerca de 20% das empresas exportadoras brasileiras podem ser classificadas como INVs, com impacto de entre R$ 3 e 11 Bilhões sobre a economia brasileira, o que em termos percentuais ainda é praticamente irrelevante. Além disso, neste estudo foi testada a adequação das características e estratégias das INVs à realidade brasileira.

Palavras Chave: Gestão Internacional, International New Ventures, Born Global, empreendedorismo

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ABSTRACT

The traditional literature in internationalization was based on Uppsala Model, until Oviatt and McDougall (1994) presented the article “Toward a theory of International new venture” (INV), based on a concept of business organization that, from inception, seeks to derive significant competitive advantage from the use of resources and the sale of output in multiple countries.

Although, the literature on this issue is irregular and restrict to Journal of International Business Studies, the theme is developing, and no one has ever tried to reach the numbers that INVs represent in a certain country or in the world.

Thus, this research was conducted to map the INVs in Brazilian market, and the conclusion is that 20% of Brazilian exporting firms can be classified as INVs, representing aproximatelly U$2 to 5 Billion in this economy. The characteristics and strategies of INVs literature were also tested within the Brazilian case.

Key Words: International Business, Born Global, International new ventures, entrepreneurship.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Quantidade de artigos publicados por ano ... 10

Figura 2 – Modelo conceitual para performance internacional superior ... 20

Figura 3 – Modelo conceitual de Freeman, Edwards e Schroder (2006) ... 22

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Artigos sobre empreendedorismo internacional e INVs ... 9

Tabela 2 – Quantidade de artigos publicados por autor ... 11

Tabela 3 – Análise das bases de pesquisa... 35

Tabela 4 – Tabela de código das perguntas do questionário estruturado ... 38

Tabela 5 – Como sua empresa começou suas atividades internacionais? ... 39

Tabela 6 – Controle societário das INVs ... 40

Tabela 7 – Velocidade de internacionalização das candidatas à INV ... 41

Tabela 8 – A atividade comercial é a única na razão social da empresa? ... 42

Tabela 9 – Média, desvio padrão, máximo e mínimo das perguntas feitas na pesquisa ... 44

Tabela 10 – INVs por faixa de faturamento ... 45

Tabela 11 – Percentuais de exportação das INVs... 46

Tabela 12 – Utilização das redes de relacionamento dos executivos de empresas exportadoras ... 47

Tabela 13 – Utilização das redes de relacionamento dos executivos de INVs... 47

Tabela 14 – Atendimento a nichos especializados das empresas exportadoras ... 48

Tabela 15 – Atendimento a nichos especializados das INVs ... 48

Tabela 16 – Oportunidades de crescimento para empresas exportadoras ... 48

Tabela 17 – Oportunidades de crescimento para INVs ... 49

Tabela 18 – Perguntas com diferença não significativa entre INVs e exportadoras ... 49

Tabela 19 – Variáveis utilizadas na regressão com 11 variáveis preditoras ... 51

Tabela 20 – Sumário do modelo de regressão logística ... 52

Tabela 21 – Tabela de classificação através do método enter ... 52

Tabela 22 – Sumário do modelo pelo método Stepwise forward ... 53

Tabela 23 – Coeficientes das variáveis preditoras da função logística ... 55

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LISTA DE ABREVIATURAS

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

ANPAD Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração CEB Cadastro de exportadores Brasileiros

CNPJ Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica INV International New Venture

JCR Journal Citation Report

SECEX Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e comércio do Governo do Brasil

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SUMARIO

1 INTRODUÇÃO - O DESENVOLVIMENTO DO EMPREENDEDORISMO

INTERNACIONAL E A CRIAÇÃO DO CONCEITO DE INV ... 1

2 REFERENCIAL TEÓRICO ... 7

2.1 ANÁLISE DAS PUBLICAÇÕES SOBRE INVS ... 8

2.2 PRINCIPAIS DISCUSSÕES SOBRE INVs NA ACADEMIA ... 12

2.2.1 O Conceito de INV ... 12

2.2.2 Características das INVs ... 16

2.2.3 Conhecimento e experiência da direção e gestão da empresa ... 17

2.2.4 A importância das parecerias e networking para as INVs ... 18

2.2.5 Modelos conceituais sobre INVs ... 20

3 METODOLOGIA ... 25

3.1.1 Survey ... 25

3.1.2 Variáveis da pesquisa ... 26

3.1.3 População e amostra ... 26

3.1.4 Instrumento de coleta de dados ... 28

3.1.5 Hipótese da pesquisa ... 29

3.1.6 Análise dos dados ... 30

3.1.7 Limitações do método ... 32

4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS ... 34

4.1.1 Pré-análise dos resultados ... 34

4.1.2 Apresentação dos resultados ... 36

4.1.2.1 Considerações sobre as INVs encontradas ... 37

4.1.2.2 Estatística descritiva das INVs ... 43

4.1.2.3 Regressão logística e análise discriminante ... 50

5 CONCLUSÃO ... 57

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 61

APÊNDICE A – CONVITE PARA PARTICIPAÇÃO NA PESQUISA ... 65

APÊNDICE B – QUESTIONÁRIO ESTRUTURADO ... 66

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1 INTRODUÇÃO - O desenvolvimento do Empreendedorismo Internacional e a criação do conceito de INV

As publicações sobre internacionalização de empresas e estratégia internacional perfazem uma longa história no meio acadêmico. Em 1954 os Estados Unidos criaram uma associação dedicada a este fim, a Academy of International Business (AIB), o mesmo acontecendo na Europa, cerca de 20 anos depois, em 1974, a partir da criação da European International Business Academy (EIBA).

Desta forma a literatura acadêmica sobre internacionalização de empresas dedicou-se a tratar de diversos temas. Alguns autores se dedicaram a assuntos ligados às multinacionais (Teece, 2006), suas tipologias (Buckley e Casson, 1998) ou seu futuro (Buckley e Casson, 2003), enquanto outros se dedicaram a entender o funcionamento das Joint-Ventures internacionais (Beamish e Wang, 1989), as formas de entradas em novos mercados (Yigang e Tse, 2000) e outros diversos temas ligados à gestão internacional. Segundo Werner e Brouthers (2002) a gestão internacional é uma área de estudo que aborda diversas sub-áreas. Estas podem ser divididas em duas categorias, sendo a primeira relacionada às multinacionais e seu processo de internacionalização, de decisão de entrada em novos países e de administração dos recursos humanos que saem da matriz e vão trabalhar na subsidiária estrangeira, enquanto a segunda está relacionada às práticas administrativas entre as diferentes culturas (cross-cultural) e diferentes nações (cross-national).

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Segundo Dib (2008), a literatura sobre internacionalização de empresas baseava-se na premissa de que mercados em países estrangeiros eram entidades distintas, e que por isso exigiam formas de operação específicas. A literatura acadêmica focava em modos de entrada e formas de governança.

Em 1977, Johanson e Vahlne construíram um modelo que tinha por objetivo explicar as etapas básicas de um processo de internacionalização. Desta forma estes autores criaram o Modelo de Uppsala, segundo o qual as empresas fariam gradualmente a aquisição, integração e uso de conhecimentos sobre mercados e operações estrangeiras. Além disso, as empresas também fariam um comprometimento sucessivamente crescente nestes mercados. O processo de internacionalização seria, portanto, incremental e não fruto da alocação ótima de recursos mundialmente. Por fim, este modelo propõe que a internacionalização deva ocorrer a partir da saturação do mercado local, para países cuja distância psíquica fosse a menor possível quando comparada ao mercado local. O conceito de distância psíquica estaria diretamente relacionado às diferenças de idioma, cultura, sistema político e nível educacional dos mercados.

O Modelo de Uppsala foi amplamente discutido, criticado e aperfeiçoado pela academia durante os anos seguintes a sua idealização (Dib, 2008) e em 2003 os mesmos Johanson e Vahle identificaram que “os velhos modelos de internacionalização incremental não são mais válidos”, sendo a principal razão para isso o processo de globalização.

Paralelamente, Wright e Ricks (1994) apontam para o desenvolvimento de um novo tema em gestão internacional: empreendedorismo internacional. De fato, o empreendedorismo internacional começa a aparecer como tema em alguns periódicos durante os anos 90, entretanto, os 10 periódicos mais bem classificados pela JCR Business e Management só iniciaram a publicação mais robusta sobre este tema a partir do ano de 2000.

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A construção das bases conceituais para o empreendedorismo internacional é iniciada a partir da junção de dois temas exaustivamente tratados pela academia: empreendedorismo e internacionalização de empresas. Esta junção só foi efetivamente consolidada a partir do artigo de Jones e Coviello (2005) em que é apresentado um modelo em três estágios para o desenvolvimento conceitual do processo de empreendedorismo internacional. Dando continuidade, Mathews e Zander (2007) propõem um modelo de empreendedorismo internacional em 3 estágios, no qual o primeiro seria o descobrimento das novas oportunidades internacionais, o segundo seria a alocação de recursos para a exploração destas oportunidades e o terceiro seria a entrada efetiva no mercado e concorrência internacional.

Já as razões para o desenvolvimento do empreendedorismo internacional podem ser encontradas a partir do desenvolvimento da tecnologia da informação e transporte, mas também a partir da recente diminuição dos custos atrelados a estes dois segmentos, e ainda a partir da homogeneização dos mercados internacionais. Estes elementos possibilitaram o aproveitamento das oportunidades internacionais não só por empresas grandes e maduras como as multinacionais, mas também por novos empreendimentos com recursos mais limitados (McDougall e Oviatt, 2000; Freeman, Edwards e Schroder, 2006).

De fato, pode ser notada a recorrência de uma nova tipologia de empresas, possibilitando o desenvolvimento de uma nova abordagem para a gestão internacional. Isto pode ser observado através do surgimento de empresas com características globais desde seu nascimento, criando, portanto, o conceito de International New Venture (INV), ou ainda as chamadas Born Global. Para efeito deste artigo estes dois conceitos serão tratados como um só, visto que não existe qualquer indício de diferenciação entre os conceitos na literatura estudada (Fan e Phan, 2007).

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Estes empreendimentos, entendidos como internacionais desde sua concepção vêm sendo destacados pela imprensa desde o fim da década de 80. Entretanto, neste mesmo período, a pesquisa acadêmica em empreendedorismo ainda se encontrava pouco voltada para o tema, tendo três outros focos principais de estudo: (1) os impactos das políticas públicas nas exportações das micro e pequenas empresas (2) a atividade empreendedora em diversos países e (3) comparações entre pequenas empresas exportadoras e não exportadoras (McDougall e Oviatt, 2000). Esta situação começou a se modificar a partir da década de 90, quando os primeiros artigos sobre empreendedorismo internacional e INVs começaram a ser apresentados e publicados (Coviello e Munro,1992; Hoy, Pivoda e Mackrie, 1992).

Entretanto, o conceito de International New Ventures ganhou forma e estrutura a partir do artigo de Oviatt e McDougall publicado em 1994, chamado Toward a Theory of International New Ventures. Este artigo define uma INV como uma empresa que, desde a sua concepção, busca obter vantagens competitivas através do uso de recursos e venda de produtos em múltiplos países. Assim, o que distingue estas empresas é o fato de que existe o comprometimento dos recursos para o início das operações da empresa em mais de um país. Isso exclui do foco de análise empresas que se desenvolveram de firmas domésticas para multinacionais. Além disso, cabe ressaltar que este conceito de INV define um novo empreendimento a partir do comprometimento de recursos, portanto, neste momento a organização já deve ter como objetivo a venda em múltiplos países, mesmo que não existam vendas em função do tempo de desenvolvimento do produto. Por fim, cabe ressaltar também que segundo esta definição, a existência de uma INV independe do tamanho da nova organização.

Oviatt e McDougall (1994) sugerem também que o sucesso das INVs em seus empreendimentos internacionais depende dos seguintes fatores: Existência de uma visão de

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firma internacional desde o momento de sua concepção, criação de um produto ou serviço inovador vendido através de uma intensa rede internacional, e gerenciamento de poucos recursos focados em crescimento de vendas.

A partir da publicação de Oviatt e McDougall (1994) o tema passa a ganhar volume de publicação e novas discussões começam a surgir. O assunto passou, portanto a ser publicado em todos os continentes, em países desenvolvidos e em desenvolvimento, e outras teorias de empreendedorismo, estratégia e psicologia cognitiva foram utilizadas para refinar e estender o modelo inicialmente proposto (Zahra, 2005). Assim, passa a ser notória a emergência e dispersão das INVs em diversos países, mostrando a importância e universalidade deste fenômeno (Knight e Cavusgill, 2004).

O objetivo desta pesquisa é mapear a representatividade deste novo tipo de empresa na realidade do mercado brasileiro. Assim, foi feita uma survey com as empresas exportadoras brasileiras, com o objetivo de identificar o percentual delas que se enquadra no conceito de INV. Além disso, foi verificada a aplicabilidade das principais características e estratégias apresentadas pela academia nas empresas exportadoras brasileiras que se enquadram no conceito.

Muitos estudos trataram do aperfeiçoamento do conceito e das estratégias utilizadas pelas INVs, entretanto pouco se sabe sobre o real impacto destas empresas para a economia de um país. Desta forma, a principal contribuição desta pesquisa será a apresentação do real impacto deste tipo de empresa sobre a economia brasileira. Será encontrado o percentual de empresas exportadoras que podem ser classificadas como INV, bem estimado o impacto destas empresas na economia. Este estudo permitirá também que se avalie se as caracterísitcas e

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estratégias apresentadas pela academia são efetivamente utilizadas pelas INVs brasileiras, ou se estas se utilizam de outras estratégias para a expansão global.

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2 REFERENCIAL TEÓRICO

Visto o crescimento nas publicações e com o objetivo de realizar um mapeamento da evolução da produção científica sobre as International New Ventures, foi realizada uma pesquisa com os artigos publicados nas dez melhores revistas e jornais classificados pela Journal Citation Report (JCR) nos tópicos de Business e Management. A JCR é uma organização que tem por objetivo avaliar criticamente os melhores periódicos de todo o mundo através de informações estatísticas sobre citações feitas em outras publicações e por isso demonstra ser um método adequado para inferir a relevância do tema estudado. Sob este critério, foram selecionados 17 jornais. Quanto ao período dos artigos analisados não foi feita nenhuma restrição, dado o entendimento de que este tema é relativamente novo na literatura, sendo inclusive importante determinar o ponto de partida e o momento de maior desenvolvimento da discussão.

Com base na análise do título e abstract foi identificada a adequação ao tema pesquisado, e foram encontrados 23 artigos relevantes. Na primeira etapa da análise, cada um dos artigos foi classificado de acordo com o periódico e data de publicação para avaliar o desenvolvimento do tema ao longo do tempo, bem como identificados os principais expoentes sobre o tema. Na segunda etapa, foi analisado o conteúdo de cada artigo para a identificação da sua contribuição para o desenvolvimento do tema e identificação dos principais tópicos discutidos sobre as INVs e Born Globals. Como resultado, foi percebido que alguns artigos e

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autores repetitivamente referenciados não se encontravam no escopo da pesquisa, que foi, portanto, ampliado para incluir os artigos que citavam o artigo Toward a Teory of International New Ventures, publicado por Oviatt e McDougall em 1994 e que possuíam maior relevância (medida através da quantidade de citações) na base Ebsco.

2.1 ANÁLISE DAS PUBLICAÇÕES SOBRE INVS

A tabela 1, a seguir, mostra quais foram os artigos utilizados como base para a primeira análise realizada. No total, temos somente 23 artigos, número relativamente baixo visto que não foi feita nenhuma restrição de período.

Analisando-se esta tabela, repara-se que o Journal of International Business Studies publicou 16 dos 23 artigos sobre o tema, sendo o periódico com maior número de publicações dentre os periódicos pesquisados (70%). Este é um resultado parcialmente esperado em função de esta publicação ser especializada em estudos sobre negócios internacionais e o tema pesquisado estar dentro deste escopo. Outra análise pertinente deste resultado é que, dentre todos os periódicos pesquisados, num total de 17, apenas 5 tiveram pelo menos um artigo publicado sobre o tema. Isso representa um primeiro sinal de uma falta de maturidade do tema nos principais periódicos qualificados pela JCR, nos temas de business e management.

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Artigo Autor Periódico Ano Fan, Terence Phan, Phillip Zhou, Lianxi; Wu, Wei-ping Luo, Xueming Mathews, John A.; Zander, Ivo The network dynamics of international new ventures Coviello, Nicole E

Journal of International Business Studies 2006 Jones, Marian V.;

Coviello, Nicole E Creative tension: the significance of Ben Oviatt's and Patricia

McDougall's article `toward a theory of international new ventures. Autio, Erkko

Journal of International Business Studies 2005 Knight, Gary A.;

Cavusgil, S. Tamer Kotha, Suresh; Rindova, Violina P.; Rothaermel, Frank T Oviatt, Benjamin M.; McDougall, Patricia Phillips Mudambi, Ram;

Zahra, Shaker A The internationalization of entrepreneurship

Oviatt, Benjamin M.; McDougall, Patricia P

Journal of International Business Studies 2005 A theory of international new ventures: a decade of research Zahra, Shaker A

Journal of International Business Studies 2005 COLLABORATION AND PERFORMANCE IN FOREIGN MARKETS:

THE CASE OF YOUNG HIGH-TECHNOLOGY MANUFACTURING

FIRMS Shrader, Rodney C.

Academy of

Management Journal 2001 International Versus Domestic Entrepreneurship: New Venture

Strategic Behavior and Industry Structure McDougall, Patricia P

Journal of Business Venturing 1989 International entrepreneurship and geographic location: an empirical

examination of new venture internationalization

Fernhaber, Stephanie A.; Gilbert, Brett Anitra; McDougall, Patricia P

Journal of International Business Studies 2008 Ireland, R. Duane; Reutzel, Christopher R.; Webb, Justin W. Meyer, Klaus; Oviatt, Benjamin M George, Gerard; Wiklund, Johan; Zahra, Shaker A Coviello, Nicole E.; Jones, Marian V Carpenter, Mason A.; Pollock, Timothy G.; Leary, Mylene M Home base and knowledge management in international ventures Kuemmerle, Walter

Journal of Business Venturing 2002 INTERNATIONAL ENTREPRENEURSHIP: THE INTERSECTION OF

TWO RESEARCH PATHS

McDougall, Patricia Phillips; Oviatt, Benjamin M

Academy of

Management Journal 2000 A Case for Comparative Entrepreneurship: Assessing the Relevance

of Culture Thomas, Anisya S

Journal of International Business Studies 2000 TESTING A MODEL OF REASONED RISK-TAKING:

GOVERNANCE, THE EXPERIENCE OF PRINCIPALS AND AGENTS, AND GLOBAL STRATEGY IN HIGH-TECHNOLOGY IPO

Strategic Management Journal 2003 Ownership and the Internationalization of Small Firms Journal of Management 2005 Methodological issues in international entrepreneurship research

Journal of International Business Studies 2004 Entrepreneurship Research in AMJ: What Has Been Published, and

What Might the Future Hold?

Academy of

Management Journal 2005 The Handbook of Research on International Entrepreneurship/

Emerging Paradigms in International Entrepreneurship

Journal of International Business Studies 2005 Toward a theory of international new ventures.

Journal of International Business Studies 1994 The survival of international new ventures

Journal of International Business Studies 2007 Innovation, Organizational capabilities, and the born-global firm

Journal of International Business Studies 2004 Assets and Actions: Firm-Specific Factors in the Internationalization of

U.S. Internet Firms

Journal of International Business Studies 2001 The international entrepreneurial dynamics of accelerated

internationalisation

Journal of International Business Studies 2007

Internationalisation: conceptualising an entrepreneurial process of behaviour in time

Journal of International Business Studies 2005 International new ventures: revisiting the influences behind the

'born-global' firm.

Journal of International Business Studies 2007 Internationalization and the performance of born-global SMEs: the

mediating role of social networks.

Journal of International Business Studies 2007

Tabela 1 – Artigos sobre empreendedorismo internacional e INVs

Quanto ao desenvolvimento do tema, a figura 1, a seguir, apresenta a evolução anual das publicações sobre INVs e born global. Analisando-se este gráfico, pode-se perceber que apesar de existirem dois artigos lançados antes do ano de 2000, sendo um em 1989 e outro em 1994, todos os outros artigos foram publicados após esta data, mostrando que a discussão sobre o tema passou a ter maior volume nos periódicos mais bem classificados pela JCR

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apenas a partir deste ano. Este fato, que já seria interessante pelo grande intervalo entre as publicações, passa a ser ainda mais interessante, a partir do momento em que um destes artigos foi o que introduziu os principais conceitos relacionados às INVs, artigo este premiado como o melhor da década pelo jornal que o publicou e cujos conceitos foram utilizados como base para as outras pesquisas sobre o tema (Oviatt e McDougall, 1994). Diante disso, acreditamos que as primeiras discussões e respostas a este artigo possivelmente foram publicadas em periódicos não classificados entre os 10 melhores da JCR, e por isso não estavam sob o escopo desta análise.

Quantidade de artigos publicados por ano

0 1 2 3 4 5 6 7 8 1989 1994 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008

Figura 1 – Quantidade de artigos publicados por ano

Além disso, a evolução deste número de publicações demonstra grande instabilidade na quantidade, tendo alguns anos de pico sendo precedidos por anos de apenas uma publicação. Apesar disso, a quantidade média de artigos publicados desde 2000 foi de 2,3 por ano, mostrando que o tema estabeleceu regularidade mínima de publicações anual. Esta regularidade também pode ser verificada, através do fato de que desde 2000, pelo menos um artigo foi publicado em cada ano, mostrando que o tema passou a ganhar constância nos

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principais periódicos de administração, sobretudo no Journal of International Business Studies.

Para analisar e identificar os principais expoentes sobre o tema, a classificação dos autores foi feita de acordo com a quantidade de artigos publicada por autor, sendo ponderada pela quantidade de autores que participaram da publicação, ou seja, se um artigo tivesse apenas um autor, este ganharia um ponto. Caso o artigo tenha sido publicado por dois autores diferentes, cada autor ganharia meio (0,5) ponto por esta publicação. Caso o artigo tivesse 3 autores, cada um ganharia 0,33 pontos pela publicação. Dentre os artigos pesquisados, todos foram publicados por no máximo três autores. Esse critério é amplamente adotado pela academia, como se pode notar através de outros artigos publicados sobre gestão internacional, como por exemplo em Inkpen e Beamish (1994) e Bertero, Vasconcelos e Binder (2003).

A tabela 2, a seguir, apresenta a quantidade de publicações sobre INVs e Born Globals por autor usando-se a metodologia acima descrita. Através desta tabela pode-se identificar que a principal expoente do tema desta pesquisa é Patricia P McDougall, seguida de perto por Benjamin M Oviatt, co-autor de diversos trabalhos com McDougall.

Autor Quantidade McDougall, Patricia P 2,83 Oviatt, Benjamin M. 2 Coviello, Nicole E 2 Zahra, Shaker A 1,83 Autio, Erkko 1 Jones, Marian V 1 Kuemmerle, Walter 1 Shrader, Rodney C. 1 Thomas, Anisya S 1 Outros 9,34

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Analisando a tabela, podemos perceber que apenas 30% dos artigos foram publicados pelos 3 principais autores do tema, o que reflete a dispersão das publicações com relação a este quesito.

2.2 PRINCIPAIS DISCUSSÕES SOBRE INVS NA ACADEMIA

Feita a análise quantitativa sobre as publicações sobre INVs nos principais periódicos da academia, foi realizada a leitura dos artigos para a identificação dos principais temas e discussões realizadas na academia. Nesta análise, foi ampliado o escopo da pesquisa para que a discussão ganhasse maior profundidade. Desta forma, foram incluídos os artigos que citavam o artigo Toward a Teory of International New Ventures, publicado por Oviatt e McDougall em 1994 e que possuíam maior relevância (quantidade de citações) na base Ebsco, bem como outros artigos constantemente citados na literatura cuja publicação não se encontrava na lista da JCR. Esta análise determinou que a discussão tem início na própria definição do conceito de INV.

2.2.1 O Conceito de INV

O conceito de international new ventures teve sua primeira definição feita por Oviatt e McDougall (1994). Segundo estes autores, uma INV seria uma empresa que, desde a sua concepção, busca obter vantagens competitivas através do uso de recursos e venda de produtos em múltiplos países. Para melhor delineamento do conceito, os autores consideram que a concepção da empresa seria a partir do comprometimento de recursos. Além disso, os autores apontam também a existência de uma tipologia para as INVs, que podem ser distinguidos por duas vertentes: pelo número de atividades da cadeia de valor que são coordenadas e o número de países encontrados na INV. Assim, três tipos de INVs seriam possíveis de serem encontradas:

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(1) Criadores de novos mercados internacionais (New International Market

Makers). Os tipos mais antigos de INVs, são basicamente importadores e exportadores, e portanto as cadeias de valor mais utilizadas são os sistemas e a logística interna e externa.

(2) Novas empresas focadas geograficamente (Geographically focused start-ups),

são empresas que têm por objetivo o suprimento de necessidades especializadas de uma determinada região geográfica, através de recursos internacionais.

(3) Novas empresas globais (Global start-ups), é o tipo mais radical de INVs, e

apresentam extensa coordenação de atividades da cadeia de valor em diversas localidades. São, provavelmente, o tipo mais difícil de INVs a aparecer, pois requer habilidades de coordenação geográfica e de atividades.

Entretanto, poucos são os estudos que utilizam a definição de INV da mesma maneira que os criadores deste conceito.

Knight e Cavusgill (2004), por exemplo, definem INV como uma empresa que procura ter uma performance internacional superior de seus negócios desde sua fundação ou muito próximo a ela. Esta performance superior seria advinda da aplicação de conhecimento sobre a venda de produtos em múltiplos mercados.

Apesar desta descrição conceitual aparentemente mais ampla, na prática esta pesquisa restringe o conceito de INV, visto que nela são consideradas apenas as firmas exportadoras, ou seja, o primeiro tipo de INV descrito por Oviatt e McDougall (1994). Isto pode ser verificado de forma clara através de dois pontos ilustrados neste artigo: (1) Os autores se

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utilizam do conceito de “early adoption of internationalization”, ou seja, adoção da internacionalização cedo, porém sempre de forma focada na internacionalização das vendas, e não de fatores de produção ou fornecedores. (2) A própria pesquisa foi conduzida com base em unidades de empresas com foco em exportação para o principal mercado desta empresa. Esta pesquisa faz, portanto, uma análise focada no primeiro tipo de INVs, descrito por Oviatt e McDougall (1994), as “International Market Makers”. Por isso, esta pesquisa não pode ser generalizada para os demais tipos de INV.

Entretanto, na prática, a formulação do conceito segundo Knight e Cavusgill (2004) facilita a pesquisa sobre as INVs, visto que os dados sobre empresas exportadoras são normalmente mapeados pelos governos e portanto mais fáceis de serem obtidos. Outro fato que facilita as pesquisas sobre INVs é a utilização do conceito de “early adoption of internationalization”, ou seja de empresas que adotam cedo a internacionalização. Isso facilita significativamente as pesquisas, visto que a empresa passa a não precisar mais ser aberta com este objetivo, mas ter decidido cedo pela rápida internacionalização de suas atividades.

A partir desta pesquisa, seria esperado que novos estudos analisassem os diferentes tipos de INV, porém não foi esta a constatação feita por Zahra (2005). Segundo este autor, poucos foram os estudos que se dedicaram ao estudo das tipologias das INVs, em diferentes indústrias, mercados e condições ligadas ao empreendedor, e portanto esta é uma das lacunas da literatura.

Outro tema controverso na literatura sobre o conceito das INVs é o tempo para a internacionalização. A principal discussão é a partir de quando iniciar a contagem do tempo, visto que algumas empresas passam por um longo período de gestação, sem que a empresa tenha oficialmente iniciado suas operações (Zahra, 2005).

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Assim, a maioria das pesquisas simplesmente simplifica o conceito inicialmente descrito por Oviatt e McDougall (1994) no que tange ao momento de aporte de recursos na empresa, contando o tempo a partir do momento de sua fundação (como em Knight e Cavusgill, 2004) ou do início de suas operações (como em Freeman, Edwards e Scroder, 2006), ou a partir do primeiro ano de faturamento (como em Dib, 2008), todos mais fáceis de serem observados em qualquer análise, seja ela qualitativa ou quantitativa. A base de empresas da pesquisa de Knight e Cavusgill (2004), inclusive, possui a mediana de dois anos de internacionalização das atividades a partir da fundação da empresa (early adopters of internationalization), portanto considerando na análise empresas que se internacionalizaram com mais de dois anos a partir de sua fundação, modificando de forma significativa o conceito de INV.

Além disso, uma INV pode ser um spun off de outra empresa já estabelecida no mercado, e, portanto a decisão de não considerar o momento de aporte de recursos, mas sim o momento da fundação ou do início das operações beneficia estas empresas, visto que elas podem se utilizar dos recursos (rede de relacionamentos, sistemas, marca, dentre outros) da organização mãe (Zahra, 2005). Este autor, portanto, sugere cuidados ao analisar as INVs em um determinado país.

Entretanto, aparentemente, não foram verificadas diferenças significativas no resultado das pesquisas em função das diferenças conceituais estabelecidas pelos autores citados. Isso será exposto de forma clara nos próximos tópicos, quando será explorada a discussão quanto às características das INVs e os modelos propostos que refletem as principais estratégias utilizadas por este tipo de empresa.

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2.2.2 Características das INVs

Segundo Knight e Cavusgill (2004), as INVs se beneficiam de seu tamanho tipicamente menor quando comparadas às outras empresas, o que oferece, principalmente, mais flexibilidade e agilidade na tomada de decisões. Outro benefício descrito por estes autores é que o ato de entrada em um novo mercado externo é, por si só, uma atitude inovadora, o que torna as INVs mais propensas a mudanças, visto que nestas empresas é gerada uma cultura da inovação que também permeia outros aspectos da sua estratégia. Desta forma, os autores sugerem que todas as INVs são, inerentemente, empreendedoras e inovadoras. Este característica da inovação também é corroborada por Freeman, Edwards e Schroder (2006).

Autio et al.(2000) aborda este mesmo ponto de forma um pouco diferente. Para este autor, as INVs possuem uma vantagem no aprendizado em função de ser uma empresa nova (“learning advantages of newness”). Assim, as INVs se diferenciam de firmas já estabelecidas porque estas estão sujeitas as forças da inércia, que aquelas não estão, visto que acabaram de iniciar suas operações.

Esta vantagem, entretanto, é contraposta por Zahra (2005), que argumenta que empresas mais velhas também são capazes de aprender e se adaptar, já que elas possuem mais recursos e habilidades que podem ser investidos para obter tais competências. Segundo Zahra (2005), a vantagem competitiva das INVs está relacionada a 2 fatores: 1) A capacidade cognitiva de seus fundadores, que permite um rápido aproveitamento das oportunidades identificadas no mercado internacional e o desenvolvimento de novas maneiras de explorá-las e; 2) A forma organizacional, visto que formas mais simples podem permitir o aproveitamento de outras oportunidades que os concorrentes conseguem perceber, mas não possuem estrutura organizacional para aproveitar.

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Zahra (2005) aponta, sob um viés mais negativo, outras três características das INVs: (1) Elas são novas e muitas vezes inexperientes. Isso prejudica a imagem da firma perante o mercado, que acaba desconfiando de sua credibilidade e viabilidade. (2) Grande parte das INVs são pequenas, e por isso possuem escassez de recursos. (3) As INVs atuam em mercados estrangeiros, e portanto, encontram barreiras a entrada, e precisam ganhar a confiança de seus consumidores ou fornecedores.

Freeman, Edwards e Schroder (2006) possuem uma visão um pouco diferente sobre o tamanho das INVs. Estes autores não consideram o tamanho pequeno uma característica das INVs, mas sim um tipo. Segundo este trabalho, as pequenas e médias born globals seriam caracterizadas por uma cultura organizacional proativa, inovadora e propensa ao risco.

De forma geral, entretanto, percebe-se que a maior parte da literatura explora as mesmas características das INVs, mesmo que cada autor possua a sua visão do impacto de cada característica. Entendemos, portanto, que as principais características das INVs estão relacionadas ao seu tamanho pequeno, sua atitude inovadora, e estrutura flexível que se adaptam às necessidades da empresa.

2.2.3 Conhecimento e experiência da direção e gestão da empresa

Uma característica das INVs que merece diferenciação está relacionada ao conhecimento e experiência da direção da empresa. Este ponto é minuciosamente analisado por Zahra (2005). Segundo o autor, é a alta direção que irá definir a identidade, estratégia e cultura organizacional destas empresas. Além disso, as pessoas normalmente aprendem ao tratar de operações internacionais, e com isso reconhecem oportunidades que podem ser aproveitadas, tomam decisões e executam ações que irão proporcionar o aproveitamento das mesmas, para melhorar o desempenho das INVs. Assim, este autor considera a experiência da alta direção, tanto em termos de maturidade quanto de aprendizado, crucial para operar as mudanças

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estratégicas pelas quais as INVs constantemente precisam passar, conferindo a flexibilidade anteriormente citada.

Outro aspecto relativo à experiência da alta direção está relacionado à visão do mercado internacional obtida em outras empresas nas quais estas pessoas trabalharam. Diversas multinacionais têm a sua própria visão de um determinado mercado, que pode ser um entendimento etnocêntrico que não reflete a realidade do mercado, e, sendo a alta direção também composta por ex-funcionários de multinacionais, a visão da INV sobre um determinado mercado pode ser distorcida (Zahra, 2005), ou pelo menos uma visão bem específica.

O conhecimento das operações e do mercado internacional, assim como a eficiência com a qual esse conhecimento é adquirido, são fatores críticos para a performance internacional superior em novos empreendimentos (Autio et al, 2000). De fato, a capacidade de aprendizado é um fator de extrema importância para as INVs. Segundo Zahra (2005), estas empresas devem possuir uma capacidade de absorção de conhecimentos que possibilite a identificação, valorização, seleção e assimilação de conhecimentos que existem no ambiente externo, e fazer uso deles em suas operações (Cohen e Levinthal, 1990).

Reuber e Fischer (1997), também citam que outro benefício da experiência prévia internacional da alta direção da empresa é o acesso facilitado a parceiros estratégicos, que normalmente, proporcionam maiores vendas internacionais.

2.2.4 A importância das parecerias e networking para as INVs

Conforme já apresentado por Oviatt e McDougall (1994) em seu trabalho inicial, um dos principais elementos necessários para a existência das INVs é o desenvolvimento de

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estruturas alternativas de governança. Desta forma, as born global buscam a exploração de redes de relacionamentos (novas ou recuperadas da experiência anterior da direção da empresa), para expandir cedo e rápido, penetrando em segmentos globais para explorar e proteger o conhecimento que possuem. Assim, estas empresas muitas vezes obtêm a vantagem de ser a primeira a oferecer seus serviços e por isso captam primeiro os clientes, que tendem a ser fiéis, dado o custo de transação de trocar o fornecedor (lock in clients as a first mover). Entretanto, explorar estas redes de relacionamentos não é uma questão simples. Relacionamentos internacionais estão sujeitos à incerteza em função: (1) Da dificuldade de manter contratos fora da jurisdição de um país; (2) De problemas relacionados à assimetria de informações, (3) Da distância geográfica e (4) Da dificuldade de identificação das competências de um distribuidor externo (Freeman, Edwards e Schroder, 2006).

Visto por outro lado, estes relacionamentos também podem ser orientados para o lado interno destas empresas, envolvendo operações de compra de maquinário ou matérias primas. Estes tipos de operação também geram oportunidades para que a born global adquira experiência em transações no mercado externo, ficando em posição mais confortável para iniciar ou ampliar operações externas orientadas para vendas (Freeman, Edwards e Schroder, 2006).

Desta forma, a literatura pesquisada é consensual quanto à importância do conhecimento e experiência da alta direção da empresa, bem como à necessidade de desenvolvimento de relacionamento com parceiros internacionais.

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2.2.5 Modelos conceituais sobre INVs

Além das diferenças conceituais já citadas, das abordagens sobre as características destas empresas, a importância da experiência da direção da empresa e da rede de relacionamentos para o seu desenvolvimento, pode-se notar também que alguns autores desenharam modelos conceituais com os principais objetivos e estratégias adotadas pelas INVs.

Knight e Cavusgill (2004), por exemplo, estabelecem um modelo para o funcionamento das INVs segundo o qual estas empresas buscam obter performance superior em mercados internacionais. Esta busca é orientada através de objetivos financeiros e não financeiros que são atingidos através da estratégia destas empresas. O modelo, que pode ser observado na figura 2, apresenta dois aspectos da cultura organizacional das INVs, que suportam quatro estratégias de negócio, que levam a performance internacional superior, o objetivo final destas empresas.

Figura 2 – Modelo conceitual para performance internacional superior

O primeiro aspecto da culta organizacional é o que os autores chamam de international entrepreneurial orientation, ou orientação para empreendedorismo internacional. Este aspecto reflete a capacidade da firma de inovar e agir de forma pró-ativa na competição no mercado

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internacional, e está ligado à capacidade empreendedora da firma. Já o segundo aspecto, definido como international marketing orientation (orientação para o marketing internacional) estaria ligado ao paradigma gerencial que enfatiza a criação de valor para os consumidores internacionais através dos elementos de marketing. Ambos são fatores internos da INV (Knight e Cavusgill, 2004).

O modelo sugere que estes dois aspectos da cultura organizacional levem as INVs a ter as seguintes quatro estratégias empregadas na busca da performance internacional superior: (1) Desenvolvimento de tecnologia global, (2) desenvolvimento de produtos únicos, (3) foco em qualidade e (4) o desenvolvimento de distribuidores externos.

Apesar de, conforme já anteriormente colocado, o artigo de Knight e Cavusgill (2004) tratar apenas das firmas exportadoras, e, portanto apenas um dos tipos de INVs, o resultado deste modelo está em consonância com o que outros autores apresentam. O trabalho inicial de Oviatt e McDougall (1994), já apresentava elementos necessários e suficientes para a existência das INVs que estão de acordo com os apresentados por este modelo. Podemos entender, por exemplo, que os recursos únicos, colocados por Oviatt e McDougall (1994), dão resultado à estratégia de desenvolvimento de produtos únicos. De forma semelhante, as estruturas alternativas de governança descritas por Oviatt e McDougall (1994) são apresentadas por Knight e Cavusgill (2004) através da estratégia de desenvolvimento de distribuidores externos.

Outro modelo, que também apresenta características semelhantes ao acima exposto, é o proposto por Freeman, Edwards e Schroder (2006). A figura 3 retrata este modelo. Através dele, os autores procuram explicar sob quais condições ambientais internas e externas, as

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pequenas born global nascem, se desenvolvem e superam as restrições encontradas no caminho da rápida internacionalização.

Figura 3 – Modelo conceitual de Freeman, Edwards e Schroder (2006)

Os fatores ambientais seriam o tamanho do mercado, sua saturação, acessibilidade e os efeitos da globalização. Já os fatores internos estão ligados ao conhecimento da forma de relacionamento internacional, às ambições e interesses da direção, bem como seus contatos e relacionamentos no mercado e outros fatores internos da organização. Segundo os autores, os fatores específicos da firma, os chamados fatores internos possuem maior impacto na performance das INVs do que os fatores ambientais externos, normalmente ligados à indústria à qual a empresa pertence (Freeman, Edwards e Schroder 2006).

Além disso, o modelo também propõe que as principais restrições encontradas pelas INVs, seriam: 1) Inexistência de economias de escala; 2) Escassez de recursos financeiros e tecnológicos e; 3) Aversão ao risco. Já as estratégias utilizadas com o objetivo superar estas

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três restrições e conseguir a entrada rápida nos mercados internacionais seriam cinco, a saber: (1) Utilização extensiva de rede de relacionamentos pessoais dos gerentes; (2) Parcerias colaborativas com grandes fornecedores e clientes internacionais, gerenciadas através de contratos de exclusividade e pedidos grandes; (3) “Client followership”, ou seja, aproveitamento da base de clientes e fornecedores de parceiros internacionais como a própria base de clientes e fornecedores da born global; (4) Uso de tecnologia avançada; (5) Modos de entrada múltiplos nos países que estão entrando, seja através de alianças, joint ventures, subsidiárias ou “client followership”.

Esta é uma abordagem mais ampla do que a abordagem do primeiro modelo estudado neste artigo (Knight e Cavusgill 2004), visto que ela considera não só os fatores específicos da firma (traduzidos no primeiro modelo pela cultura organizacional), mas também os fatores externos. Entretanto, cabe ressaltar que os modelos são consistentes, visto que ambos dão ênfase aos fatores internos como principais causadores de impacto na performance das INVs.

De fato, estes dois modelos não só apresentam congruências entre si, mas também com os elementos inicialmente propostos por Oviatt e McDougall (1994) para a existência das INVs, visto que os três modelos dão importância à utilização e desenvolvimento de uma rede de relacionamentos internacionais, que podem ser obtidas através de estrutura de governança alternativas e da utilização de recursos únicos, normalmente obtidos através da utilização de tecnologia avançada.

Outro ponto de congruência entre estes três autores é que eles declaram que o objetivo final das INVs está ligado à melhoria de sua performance internacional. Entretanto esta parece ser uma questão controversa, visto que não foram determinados quais aspectos da performance internacional estas empresas buscam melhorar. Estaria esta melhoria da

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performance internacional ligada à proporção das receitas da empresa vindas do exterior, à dispersão da clientela internacional em maior quantitativo de países, à expansão do market share nos mercados já trabalhados ou apenas a melhoria do relacionamento com seus parceiros e fornecedores externos? Este não foi um tópico levantado pelos autores na literatura pesquisada, mas que parece ter relevância, visto que a performance destas empresas nunca foi medida ou comparada entre empresas do mesmo setor ou indústria.

Além disso, visto que as INVs escolhem projetos de pesquisa e desenvolvimento que possibilitam a entrada em novos mercados internacionais, ou ainda observam a entrada de outras empresas em novos mercados internacionais e imitam este comportamento (Knight e Cavusgill, 2004), não seria adequada a busca por uma melhoria da rentabilidade? Este estudo sugere que seria adequado entender com maior profundidade que aspecto da melhoria da performance as INVs buscam.

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3 METODOLOGIA

O objetivo deste capítulo é apresentar a metodologia utilizada no desenvolvimento desta pesquisa. Nela, optou-se pela adoção do método quantitativo, através da utilização de uma survey auto administrada, sendo a análise dos dados feita através da análise descritiva e da regressão logística.

3.1.1 Survey

A escolha da abordagem de comunicação através de uma survey para a realização desta pesquisa foi baseada na possibilidade de questionamento que este método gera, associado a um baixo custo e alta eficiência (Cooper e Schindler, 2003). Complementarmente, a survey é uma técnica adequada para o estudo do comportamento de uma população através de amostras. Desta forma, é possível descobrir a incidência relativa, distribuição e relação entre variáveis, exatamente o objetivo desta pesquisa.

O território brasileiro é bastante amplo, e por isso a realização de uma pesquisa presencial, realizada através de uma entrevista seria extremamente custosa, dada a quantidade e dispersão das empresas exportadoras brasileiras. Além disso, seria necessária a classificação destas empresas como INV antes da realização das entrevistas, e, portanto uma outra abordagem seria um pré-requisito para a realização das entrevistas, tornando a pesquisa ainda mais custosa.

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3.1.2 Variáveis da pesquisa

Neste trabalho, foi utilizada como variável dependente uma variável dummy onde o 0 significa que a empresa não pode ser classificada como INV e 1 caso ela possa. Para a empresa ser classificada como INV ela deveria atender aos seguintes critérios: ter menos de três anos de velocidade de internacionalização da empresa, medida pela diferença entre o ano de fundação da empresa e o ano de internacionalização, representados respectivamente pelo ano do primeiro faturamento e o ano do primeiro faturamento internacional; ter sido criada com o objetivo de fazer negócios no exterior; e ter controle acionário majoritariamente brasileiro.

Para as empresas identificadas como INVs, foram analisadas suas respostas quanto à aderência às características previamente estabelecidas na revisão de literatura, ou seja, tamanho pequeno, atitude inovadora e estrutura flexível, além da experiência e conhecimento da gestão e da utilização de parcerias e network no desenvolvimento das atividades internacionais.

3.1.3 População e amostra

A população alvo desta pesquisa são as empresas exportadoras brasileiras. Segundo os dados da Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Comércio do Governo Brasileiro (SECEX), o Brasil teve, em 2008, 17.426 empresas exportadoras. Nesta pesquisa, a amostra utilizada foram as empresas exportadoras que mantinham seu cadastro atualizado no Catálogo de Exportadores Brasileiros (CEB). Este catálogo conta com 11.949 empresas exportadoras, ou seja, 68% do total de empresas exportadoras do Brasil em 2008.

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Assim, os respondentes ao questionário serão os e-mails de contato das empresas exportadoras disponíveis no CEB. Este catálogo foi feito com base nos dados do Departamento de Operações de Comércio Exterior (DECEX, uma divisão da SECEX), relacionando empresas nacionais que operam com exportações e cujo valor médio exportado no biênio 2007/2008 seja de pelo menos U$100.000. A referência destes contatos, nesta base, são duas: o principal executivo da empresa, e o responsável pelas exportações. Os cargos destas pessoas nas empresas variam de acordo com o tamanho e estrutura da empresa respondente.

O cruzamento das duas bases (SECEX e CEB) teve um percentual médio de 40% de disponibilidade de contatos, o que daria uma amostra potencial de 7.033 empresas exportadoras. Entretanto, como o prazo para a pesquisa era um fator limitador, foram feitos todos os cruzamentos das duas bases de todos os estados à exceção de SP. Como SP representava a maior quantidade de empresas (9.609 registros na SECEX), foi tomada a decisão de utilizar 63% desta base. Portanto, como resultado foram cadastrados 5.656 cadastros de e-mails de empresas exportadoras brasileiras, ou cerca de 32% das empresas cadastradas na SECEX. Esta foi a amostra utilizada na pesquisa.

Foi enviado por e-mail um convite com a solicitação da participação na pesquisa e o link para o questionário para os cadastros (conforme exemplo no apêndice A). O convite foi enviado para os contatos semanalmente, com o objetivo de aumentar a taxa de retorno das respostas. Cabe ressaltar que grande parte do cadastro tinha como registro um e-mail genérico, que normalmente é filtrado por algum responsável pelo marketing da empresa. Portanto, em muitos casos eram trocados e-mails com o pesquisador para a troca do e-mail cadastrado, para a inclusão do principal executivo ou de um diretor. Procedimento similar a este foi realizado em Knight e Cavusgill (2004) com o objetivo de aumentar as taxas de

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retorno da pesquisa. Também com este mesmo objetivo, foram utilizados dois formatos de envio de e-mail: HTML e arquivos de texto.

3.1.4 Instrumento de coleta de dados

Esta pesquisa levantou novos dados primários e para tal foi utilizado o questionário estruturado disponível no apêndice B. Segundo Malhotra (2006), um questionário estruturado é feito para que os respondentes preencham de forma a elucidar informações específicas. Este questionário é uma adaptação do questionário utilizado por Dib (2008), visto que aquela pesquisa foi realizada especificadamente com a indústria de software, enquanto esta não faz qualquer diferenciação quanto aos diversos setores encontrados na economia brasileira. O questionário ficou disponível na internet por quase 2 meses (do dia 25/03/2010 à 19/05/2010), através de site específico contratado para este fim (www.surveymonkey.com). A adoção deste método trouxe dois grandes benefícios: 1) Agilidade no envio de e-mails padronizados e customizados para os respondentes, visto que este site disponibiliza ferramenta específica para este fim e 2) Agilidade na compilação dos dados, visto que os mesmos foram disponibilizados em planilha de Excel.

Foi utilizado um questionário típico, onde a maioria das perguntas é de alternativa fixa, o que exigiu que os respondentes fizessem suas escolhas num conjunto de respostas pré-determinadas. Isto conferiu a vantagem da aplicação ser simples e com dados confiáveis, visto que as respostas limitam-se às alternativas existentes. Para as perguntas abertas, com resposta esperada em ano ou em percentual, as respostas deviam respeitar o formato previamente especificado no site. Para algumas perguntas, foram usadas escalas itemizadas, que apresentem números ou breves descrições associadas a cada categoria e foram ordenadas em termos de sua posição na escala. Foram utilizadas as escalas de Likert (com 5 graus de

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concordância) e de diferencial semântico (com 5 pontos de rótulos bipolares) em algumas das perguntas do questionário estruturado (Malhotra, 2006). Para resolver qualquer problema relacionado à inflexibilidade nas respostas que este tipo de questionário confere aos respondentes, foi deixado um espaço livre para quaisquer comentários ao final do questionário. Este mesmo método também foi utilizado por Dib (2008).

O pré-teste do questionário foi realizado com três empresas exportadoras do Rio de Janeiro em março de 2010, sendo identificada a necessidade de ajustes no formulário, para que ficasse claro o que o site permitia ou não permitia que fosse preenchido. Após a realização de todos os ajustes necessários, a pesquisa foi disponibilizada na internet e os e-mails começaram a ser enviados, de acordo com as regiões brasileiras.

3.1.5 Hipótese da pesquisa

Foram utilizadas nesta pesquisa três hipóteses.

A hipótese H1 sugere que o percentual de INVs sobre as empresas exportadoras brasileiras deve ser menor do que 10%.

A hipótese H2 é de que a maioria das INVs brasileiras possuem a atividade comercial como sua única atividade na cadeia de valor realizada externamente, e portanto representam o primeiro tipo apresentado por Oviatt e McDougall (1994), entituladas “new market makers”.

A hipótese H3 é que as empresas brasileiras podem ser identificadas através das seguintes características: são inovadoras, flexíveis em sua estrutura, pequenas, e possuem executivos com conhecimento e experiência internacional; e das seguintes estratégias: utilização de parcerias e networking dos executivos e foco em qualidade do produto.

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Estas hipóteses foram construídas de forma questionadora quanto à representatividade deste fenômeno perante a economia brasileira em função de um levantamento realizado na etapa preliminar desta dissertação onde buscou-se contato com cerca de 30 empresas exportadoras do Rio de Janeiro e nenhuma delas possuía mais de uma atividade da cadeia de valor realizada internacionalmente, e portanto constituía-se de um bom exemplo de INV para um estudo de caso.

3.1.6 Análise dos dados

Nesta dissertação os dados foram analisados da seguinte forma: Primeiramente, foi feita uma análise descritiva dos dados encontrados e assim as hipóteses H1 e H2 puderam ser testadas. Para a análise da H3, além da análise descritiva, era necessária uma análise matemática mais robusta, e, portanto foram testadas as técnicas de regressão logística e a análise discriminante. O objetivo era testar se a classificação das empresas como INV poderia ou não ser predita pelas características e estratégias apresentadas por estas empresas segundo a literatura estudada. A utilização destes dois métodos seria feita com o objetivo de comparar os modelos obtidos e mostrar qual deles apresenta-se como mais adequado para esta pesquisa.

Segundo Malhotra (2006), a análise discriminante é uma técnica onde a variável dependente é categórica e as variáveis preditoras possuem natureza intervalar. Assim, esta parece ser a forma mais adequada para a análise dos dados desta pesquisa, visto que a classificação das empresas como INV é categórica, bem como as variáveis independentes são intervalares e serão medidas em sua maioria através da escalas itemizadas.

Os objetivos desta análise são cinco: (1) Estabelecer funções discriminantes, ou combinações lineares das variáveis independentes que melhor discriminem entre as categorias

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de variáveis dependentes; (2) Verificar a existência de diferenças entre os grupos, em termos das variáveis prognosticadoras; (3) Determinar as variáveis preditoras que mais contribuem para as diferenças entre grupos; (4) Enquadrar os casos em um dos grupos; (5) Avaliar a precisão da classificação (Malhotra, 2006).

Hair et al (2006) recomenda que para a execução de uma análise discriminante consistente devem ser utilizados pelo menos 5 observações por variável independente. Outra recomendação é que o tamanho do menor grupo deve exceder a quantidade de variáveis preditoras do modelo e que como regra prática cada grupo não seja menor do que 20. Segundo Dib (2008), o pesquisador deveria também considerar o tamanho relativo dos grupos, uma vez que uma diferença muito grande no tamanho das amostras dos dois grupos poderia causar impacto na estimação da função discriminante.

Outra forma de analisar os dados quando a variável dependente é categórica é pela regressão logística. Segundo Dib (2008) a regressão logística é estimada de maneira análoga à regressão múltipla, já que primeiro seria estimado um modelo para fornecer um padrão de comparação, sendo a média utilizada para se estabelecer o valor do logaritmo da verossimilhança (-2LL). Assim, podem-se estabelecer correlações parciais para cada variável e a variável mais discriminante pode ser escolhida através do critério de maior redução no valor do logaritmo da verossimilhança. A regressão logística pode também ser feita através do método passo a passo (stepwise), tanto incluindo (forward) como retirando (backward) uma variável a cada passo, ou pode ainda ser feita em uma etapa única (enter).

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3.1.7 Limitações do método

A técnica de questionamento apresenta como principal ponto fraco a dependência da disposição e capacidade dos respondentes em cooperar com a pesquisa para a qualidade e quantidade de informações obtidas (Cooper e Schindler, 2003). A acuidade desta pesquisa depende da identificação da motivação do fundador ao abrir uma empresa. Portanto, o fato da resposta ser dada pelo principal executivo da empresa ou pelo responsável pelas exportações pode não representar a real intenção do empreendedor ao fundar a empresa, visto que estas pessoas podem não ser as mesmas. Além disso, as surveys auto-administradas realizadas através da internet também permitem que qualquer outra pessoa responda ao questionário, sem que seja possível a identificação deste caso por parte do pesquisador, tornando-se assim uma limitação do método usado nesta pesquisa.

A base utilizada de contatos para esta pesquisa também se mostra uma limitação, pois ela só cadastra empresas com exportações. As INVs podem ter qualquer parte das atividades da cadeia de valor espalhadas pelos países, como, por exemplo, a produção, pesquisa, financiamento ou qualquer outra atividade. Quando restringimos a pesquisa para as empresas exportadoras, limitamos nossos resultados a empresas que tenham pelo menos a atividade de vendas como uma das atividades da cadeia de valor realizada internacionalmente. Desta forma, esta pesquisa não identifica todas as born global existentes no mercado brasileiro.

Uma outra limitação desta pesquisa é que um bom mapeamento da relevância das INVs para uma determinada economia deveria compara as INVs não só às empresas exportadoras de um país, mas também à todas as empresas existentes. Entretanto, este tipo de trabalho demandaria a identificação das INVs que possuem outra atividade realizada fora do país que

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não a de vendas, e portanto demandaria maior complexidade do questionário e outra base de pesquisa. Por isso esta simplificação não foi feita neste estudo

Além disso, como vimos no referencial teórico sobre as INVs, alguns autores consideram o tamanho uma das características das INVs. Assim, a consideração de um valor mínimo de exportações em um determinado período (U$ 100 mil em dois anos) pode limitar a identificação de micro e pequenas empresas que se enquadrem no conceito de INV.

Outra limitação a esta pesquisa é que o Brasil é um país de dimensões continentais, com um amplo mercado interno. Desta forma, a decisão de internacionalização adotada aqui pode passar por condições completamente diferentes das encontradas em outros países de tamanho diferente, com mercado interno diferente, ou que participem de outros grupos econômicos que facilitem o comércio exterior, como por exemplo, a zona do Euro. Assim, a capacidade de generalização do conteúdo desta pesquisa para outros países é reduzida aos países de condições similares às brasileiras.

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4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS

O objetivo deste capítulo é apresentar os dados obtidos no presente estudo, bem como as análises dos resultados.

4.1.1 Pré-análise dos resultados

Primeiramente, faz-se necessário realizar uma pré-analise dos resultados.

Foi encontrada grande dificuldade na obtenção de respostas ao questionário estruturado em função de dois fatores: 1) O site utilizado na pesquisa (www.surveymonkey.com) era dotado de uma ferramenta de opção de exclusão de e-mails feito diretamente com o site sem a interferência do autor. Assim, a base de pesquisa foi diminuída em 15,2% em função de e-mails que já haviam optado previamente a esta pesquisa, a não mais receberem e-e-mails do

www.surveymonkey.com (optedout previously); e 2) A falta de atualização dos dados apresentados no CEB, pois foi apurado que 8,6% dos e-mails enviados voltaram.

O resultado foi que dos 5.656 registros válidos para a pesquisa cerca de 23% da base utilizada foi descartada em função destes dois fatores. A tabela 3 abaixo, demonstra esta análise:

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