• Nenhum resultado encontrado

7.2 OPINIÕES, CONHECIMENTOS E DEMANDAS DOS DOCENTES

7.2.2 Considerações sobre o suporte institucional aos docentes para

Em resposta à questão 16 do questionário sobre o suporte institucional para o docente (que no âmbito de um campus do IFRN seria de responsabilidade da Equipe Técnico Pedagógica e Diretores Acadêmicos e Gerais), observamos que ele é, majoritariamente (77%), percebido como parcial pelos docentes. Ainda, 15% acreditam que esse suporte não é oferecido e apenas 4% confirmam que há suporte ao docente diante dessa temática. Outros 4% não souberam opinar.

A pergunta possibilitava, ainda, a explicação de suas opiniões sobre esse suporte. Após a análise do conteúdo, foi possível extrair três conjuntos de argumentos que nos aproximam da compreensão dos dados acima.

O primeiro se refere ao fato de a equipe institucional necessitar de capacitação, para então oferecer o suporte aos professores. Isso é exemplificado nos seguintes fragmentos, extraídos dos questionários: “pois, assim como os professores, a Direção e a Pedagogia ainda não dispõem de conhecimento técnico para capacitar os docentes” (DOCENTE 6, 05/10/08); “notei que os profissionais da ETEP ainda não estão bem preparados para lidar com tais situações” (DOCENTE 10, 05/10/08).

O segundo ponto assinalado pelos respondentes é que a escola necessita de um profissional especializado no assunto para ajudar o docente, inclusive com

presença em sala de aula: “acredito que deveria haver um profissional específico para ficar dentro da sala” (DOCENTE 8, 05/10/08); “apesar da ótima estrutura física, há a necessidade de investimento em pessoal, tanto no sentido de capacitação dos professores, como também em servidores que o auxiliem ao longo das aulas” (DOCENTE 20, 07/10/08).

Com relação à demanda de um profissional de apoio em sala de aula, a Lei nº 12.764 – que institui a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista (BRASIL, 2012) –, em seu artigo 3º (dentre outras determinações), prevê o acesso à educação e ao Ensino Profissionalizante e, ainda ressalva, em parágrafo único, o direito do aluno com espectro autista incluído na rede regular de ensino em ter um acompanhante especializado em sala de aula, desde que comprovada sua necessidade (MINATEL; MATSUKURA, 2015).

Por fim, os professores acreditam que a Instituição esteja buscando atuar de acordo com as demandas, de maneira emergencial, por meio de palestras, mas é necessária também uma ação macro, como a alocação de recursos financeiros e humanos por parte da gestão para agilizar esse processo de inclusão de alunos e formação de educadores, como é expresso nas seguintes respostas: “o IFRN está buscando maneiras de ajudar o corpo docente, porém isso ainda é muito recente. A Instituição está se capacitando a esse novo cenário” (DOCENTE 44, 08/10/08); “como bem sabemos, a demanda surge e é empurrada dos órgãos superiores sem que haja recursos suficientes para aquisição de recursos humanos e infraestrutura” (DOCENTE 16, 07/10/08).

Com relação à preparação da equipe escolar para prestar suporte aos docentes e discentes, o que tem acontecido, a nível institucional, são eventos que buscam reunir, além dos setores ligados ao ensino, os responsáveis pelo acesso discente e assistência estudantil, para discussões de temas relacionados à Educação Inclusiva. Esse fenômeno é registrado no portal da Instituição, com a divulgação de eventos como o Seminário de Direitos Humanos, realizado e publicado no Portal IFRN em dezembro de 2017; um curso de capacitação sobre adequação curricular, ocorrido e publicado no Portal IFRN em outubro de 2018 – que deu origem a um grupo de trabalho com servidores interessados em atuar nessa demanda; e a Jornada de diálogos sobre Tecnologias Assistivas e Inclusão, realizada e divulgada no Portal IFRN em novembro de 2018.

7.2.3 Considerações sobre o suporte institucional aos discentes com deficiência

Foi perguntado aos docentes, na questão 17, se eles acreditavam ser ofertado suporte institucional aos discentes com necessidades educacionais específicas. As respostas assemelham-se às anteriores: 10,9% percebem que o IFRN dá suporte ao aluno com TEA; 73,9% acreditam que esse suporte ainda é parcial; 10,9% não veem qualquer suporte sendo oferecido ao aluno com TEA; e 4,3% não conseguiram opinar. Os argumentos que explicavam tais respostas também foram semelhantes, no sentido de que o Instituto está caminhando, embora timidamente, para uma educação na perspectiva inclusiva. O destaque aqui se dá pelas citações do NAPNE mais frequentes e pela visão de que o suporte ao discente é responsabilidade de um profissional à parte, como um psicólogo ou psicopedagogo.

Sobre o primeiro ponto, um professor diz: “por meio do NAPNE, mas precisa melhorar, ampliar” (DOCENTE 22, 07/10/08). Um outro complementa: “não por má vontade, mas por conta das inúmeras atribuições dos servidores. Quem é do NAPNE acumula funções” (DOCENTE 8, 05/10/08).

Em 2013, Melo e colaboradores realizaram um importante levantamento sobre a execução da Ação TecNep, a partir de pesquisas a nível de mestrado e doutorado. O objetivo era conhecer barreiras e facilitadores para a Ação TecNep na Educação Profissional e Tecnológica. Os autores concluíram que a Ação, a partir dos NAPNEs, 1) colaborou com a quebra das barreiras arquitetônicas e atitudinais; 2) levou à aquisição de equipamentos e materiais didáticos específicos; 3) incentivou pesquisas e produção de tecnologia assistiva; e 4) viabilizou discussões sobre a Educação Inclusiva dentro da Rede Federal. No entanto, nessas instituições verifica-se ainda a carência de recursos humanos, tanto do ponto de vista numérico como da qualificação necessária dos atores do processo, o que resulta em um atendimento precário para as pessoas com deficiência – isso ocorre, provavelmente, pela falta de institucionalização deles, pois, apesar das instituições pesquisadas pelos autores já possuírem o núcleo, muitas ainda não estão contemplados nos documentos. Ou seja, a despeito das exigências legais, a maioria das escolas da Rede Federal não se encontra preparada para receber pessoas com deficiência, sejam elas de quais grupos forem (MOTA, 2008; ROSA, 2001 apud MELO et al., 2013).

Fica evidenciada a necessidade de servidores com formação voltada para as práticas de inclusão no Instituto, como forma de fortalecer o trabalho do NAPNE. Todavia, mais evidente é a necessidade de uma responsabilização de toda comunidade escolar para que a inclusão não seja tarefa só de um grupo restrito de servidores, mas da Instituição como um todo, numa convergência de práticas (MENEZES, 2008). Como mostra a fala de um professor, o apoio ao discente está sendo compreendido como de responsabilidade de determinados profissionais, seja porque são especializados na área, seja porque são do NAPNE: “no campus em que atuo não existe o apoio de um psicólogo ou psicopedagogo (DOCENTE 05, 07/10/08)”.

Vitaliano (2010), ao fazer a abertura de seu livro Formação de professores para a inclusão de alunos com necessidades educacionais especiais, conta que, na década de 1990, ao ser difundida o ideal de educação para todos, precisou compreender que sua prática (ao ensinar Educação Especial nos cursos de Pedagogia) precisaria mudar, uma vez que, na época, a ideia vigente era a de que a educação dos alunos com NEE era responsabilidade de professores ou profissionais especializados, e os professores regulares ensinariam às crianças normais. Depois de 25 anos, conforme sugerem as respostas dos participantes deste estudo, ainda temos professores que permanecem seguindo essa mesma linha de raciocínio.

Documentos relacionados