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Após a submissão e aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital Universitário Onofre Lopes (HUOL), da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), sob o Parecer nº 2.809.513 de agosto de 2018, a pesquisa foi desenvolvida em três fases, contemplando oito etapas:

A) Fase de pré-intervenção:

Etapa 1 – Acordos Institucionais – Inicialmente, os Diretores Gerais e/ou Acadêmicos dos campi alvo foram informados pessoalmente e/ou por e-mail sobre a pretensão da realização desta pesquisa, ao que responderam com abertura e entusiasmo. Em seguida, por meio de servidores articuladores (como pedagogas, psicólogas e membros dos NAPNEs), foram feitos os arranjos de datas/horários e de carga horária das capacitações de acordo com o calendário e cotidiano de cada campi.

Nessa etapa foi ainda realizada a validação do questionário que atendia ao primeiro objetivo do estudo (descrever os conhecimentos dos professores sobre o TEA e conhecer suas percepções sobre a Educação Especial). A primeira versão do questionário constava de 17 itens e foi submetida à apreciação de três juízes (profissionais de áreas diversas) e foi respondido por quatro professores do IFRN que não participariam da pesquisa para sugestões e considerações sobre a inclusão e exclusão de temas e itens. A partir das considerações dos juízes e dos professores, procedeu-se às necessárias adequações dos itens para a versão final do questionário, que continuou com o mesmo número de itens, mas com questões reformuladas e com a opção de respostas abertas para os respondentes se justificarem em alguns itens. A versão final do questionário continha itens que permitiam identificar: o perfil profissional dos professores respondentes; suas concepções sobre a inclusão de alunos com necessidades educacionais especiais na sala de aula regular; suas experiências e conhecimento sobre o TEA; as características do aluno com autismo, caso possuíssem, além das dificuldades e possibilidades percebidas até então; suas necessidades de formação sobre o TEA; e, no final, havia espaço para sugestões sobre o próprio questionário.

Etapa 2 – Primeiro levantamento de dados com docentes – De acordo com o combinado na etapa anterior, foi usado um tempo das Reuniões Pedagógicas de cada campus para informar os docentes sobre os objetivos da pesquisa e convidá-los a

participar. Uma parte dos professores recebeu questionários físicos e outra, via Google Forms3, juntamente com o TCLE. Existia o contato da pesquisadora no TCLE para quaisquer dúvidas que os respondentes possuíssem. No total, 48 professores preencheram o questionário.

Etapa 3 – Primeiro levantamento de dados com discentes – Os dois discentes foram individualmente convidados a participar do estudo e, ao aceitarem e assinarem o TCLE, foram entrevistados pela pesquisadora nas salas do NAPNE ou da Psicologia do seu campus. As respostas foram gravadas e, posteriormente, transcritas. Um dos alunos, por possuir deficiência auditiva, emitiu algumas respostas escritas, as quais foram incorporadas à transcrição de sua entrevista. Esse mesmo aluno estava acompanhado da mãe, que acabou também participando das respostas de algumas perguntas.

Etapa 4 – Análise da demanda – Como dispúnhamos de dados de natureza diversa, incluindo entrevistas e questionários, distintos instrumentos de análise foram utilizados. A análise de conteúdo (MINAYO et al., 2009; GIL, 2008) foi utilizada para identificar o padrão de respostas nas duas entrevistas transcritas e nas perguntas abertas dos 49 questionários. Após a transcrição, os dados foram lidos e categorizados pela autora. Cada unidade que se encaixava numa categoria era sinalizada no corpo do texto com cores diferentes. Depois, numa outra leitura mais global, buscou-se relacionar e reagrupar as unidades nas categorias. As perguntas fechadas, provenientes dos questionários, foram tabuladas pelo próprio Google Forms.

Etapa 5 – Planejamento da capacitação – A partir dos dados analisados, a capacitação docente foi planejada em dois formatos. Um formato considerando os professores dos dois campi que possuíam os dois alunos com TEA e outro formato para aqueles professores que não tinham, ainda, discentes com esse diagnóstico4. Nessa perspectiva, as demandas eram diferentes. Para os dois grupos, ela deveria ter um caráter informativo sobre o TEA, assim como abordar as práticas de escolarização desses alunos. Para o grupo em que os docentes tinham alunos com TEA (campi 1 e

3 Google Forms é uma ferramenta de formulários on-line disponibilizada por meio de uma conta do

Google para a coleta de informações.

4 Para facilitar a discriminação das ações subsequentes, será considerado como campi 1 e 2 aqueles

2), era previsto maior aprofundamento da temática, culminando em planejamento de intervenções específicas para os dois alunos matriculados.

B) Fase de intervenção:

Etapa 6 – Capacitação – As aulas da capacitação aconteceram em cada campus de maneira diferenciada, de acordo com as especificidades de cada um. Todos os 48 professores provenientes dos três campi foram expostos, pelo menos, à primeira aula expositiva que versava sobre os aspectos gerais do TEA (história, características diagnósticas, epidemiologia, características da escolarização de pessoas com autismo), que teve duração média de 1 hora. Após essa primeira aula, a intervenção se diferenciou em cada campi, como segue:

- No campus 1, os dois professores do aluno Cícero (Mônica e Artur) se reuniam com a pesquisadora e a equipe pedagógica (formada por três profissionais do campus) em uma consultoria colaborativa voltada para a demanda de intervenções em sala de aula;

- No campus 2, devido às dificuldades no calendário, foi realizado somente a aula supracitada;

- No campus 3, os professores receberam a capacitação completa (em forma de aula) sobre o TEA e a escolarização de alunos com tal diagnóstico. O detalhamento dos conteúdos de cada aula está na seção 6.5 do presente trabalho. Vale destacar que essa capacitação estava incluída numa formação maior sobre as necessidades educacionais específicas, empreendida pela Equipe Pedagógica desse campus, em especial. Naquele momento, os professores já haviam assistido aos módulos de deficiência visual, auditiva e intelectual. Nesse campus, a formação teve caráter mais informativo sobre TEA, já que ainda não havia demandas de sala de aula.

Durante essa etapa, a pesquisadora também usou o diário de campo para registrar os relatos verbais dos professores e impressões pessoais que os instrumentos não captavam. Algumas anotações foram registradas ainda no cenário da atividade da pesquisa, outras efetivadas no espaço domiciliar, algumas horas depois da atividade de campo.

A Figura 3 mostra graficamente a realização dessa fase, especificando quais conteúdos da formação foram ministrados para cada campus:

Figura 3 – Demonstração das etapas de intervenção

Fonte: autoria própria (2018).

C) Fase de pós-intervenção:

Etapa 7 – Aplicação dos instrumentos pós-intervenção – A participação dos docentes, discentes e servidores nessa fase do estudo ocorreu de forma diferenciada:

- Os professores dos campi 1 e 3 foram convidados a avaliar as formações que receberam: no campus 1, os dois professores participantes da consultoria colaborativa foram convidados a responder à entrevista final; no campus 3, os professores foram convidados a responder ao questionário final, mas apenas 15 dos 30 professores participaram dessa etapa, que ocorreu ao final da terceira aula da formação.

- O aluno do campus 1 foi convidado a responder à entrevista final, após o término da consultoria colaborativa.

- A Psicóloga do campus 1 avaliou o impacto das intervenções propostas na consultoria, por meio de um relatório.

Etapa 8 – Análise dos dados – Da mesma maneira que na análise dos dados preliminares, foi utilizada a análise de conteúdo (MINAYO et al., 2009; GIL, 2008) para os dados provenientes do diários de campo e das entrevistas em que os docentes avaliaram as formações de que participaram, bem como para os dados colhidos na entrevista final com o aluno participante e o relato da psicóloga do campus 1.

Todos os campi (48 docentes)

Característic as do TEA

Campi 1 e 3 (32 docentes)

Escolarização de alunos com TEA na adolescência e idade adulta Práticas Baseadas em Evidências e Plano Educacional individualizado

Campus 1 (02 docentes)

7 RESULTADOS E DISCUSSÃO

O objetivo geral deste estudo foi avaliar a contribuição de um programa de capacitação no formato de consultoria colaborativa para docentes do IFRN sobre o processo de ensino e aprendizagem de educandos com autismo. A partir desse objetivo, uma questão norteou a pesquisa: quais demandas formativas são apresentadas pelos professores do IFRN diante do processo de escolarização de educandos com autismo? Responder essa pergunta era importante porque tínhamos a hipótese que os educadores têm a necessidade de conhecer mais sobre as características do TEA para que possam aprimorar os processos de escolarização de educandos com autismo na Educação Profissional.

Os resultados serão apresentados com base nas fases delineadas para a pesquisa. Os dados levantados na fase pré-intervenção trazem: a caracterização dos participantes; as opiniões dos docentes sobre a escolarização de alunos com deficiência na escola regular; e as percepções dos próprios alunos sobre suas próprias escolarizações. Os dados da etapa de intervenção trarão impressões e questionamentos da pesquisadora, registrados em diário de campo durante as capacitações. Por fim, os dados da etapa pós-intervenção trazem os resultados das capacitações implementadas no projeto de pesquisa.

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