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Considerações Sobre os Resultados

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Capítulo V – A FIDELIZAÇÃO DOS MEMBROS NAS IGREJAS EVANGÉLICAS HISTÓRICAS

3. Considerações Sobre os Resultados

Por meio da análise dos resultados mencionados acima se percebe que a comunicação interna, envolvendo ações de marketing de relacionamento e relações públicas influenciam na

fidelização dos membros das maiores igrejas evangélicas históricas de Curitiba, e que esta mesma comunicação interfere como conseqüência no aumento no número de membros das igrejas em decorrência da propaganda boca a boca.

A Igreja Luterana foi a única que mesmo apresentando resultados positivos em relação às formas de comunicação dentro da igreja, não obteve crescimento no número de membros no ano de 2006. Segundo os dados obtidos na secretaria da igreja, esta diminuição se deu por meio de mortes e mudança de cidade dos membros da igreja. Mas entre todas as igrejas pesquisadas, esta foi a que menos apresentou interesse pela comunicação dentro da igreja.

A Igreja Metodista proporciona a seus membros e freqüentadores um ambiente harmonioso, faz o visitante se sentir bem dentro da igreja e a interação social experimentada nela é muito boa. Mas, mesmo a Igreja utilizando um instrumento de coleta de dados para os visitantes, nenhuma forma de contato é realizada com eles após a primeira visita. Esta é a igreja com menor número de membros entre as quatro igrejas pesquisadas, mas possui um potencial grande em relação à comunicação para reverter este quadro. Talvez o fato da Igreja estar localizada ao lado de uma das maiores e mais conhecidas igrejas neopentecostais de Curitiba, faça com que sua expansão seja prejudicada.

A igreja Presbiteriana e a Batista foram as que mais mostraram interesse nas formas de comunicação. Já investem nesta área e no bem estar de seus freqüentadores e procuram novas formas de alcançar seus objetivos. Parece que não coincidentemente, elas são as duas maiores em número de membros entre todas as igrejas pesquisadas.

Como pôde ser visto nos capítulos anteriores, a comunicação interna, o marketing, as ações de relações públicas e outras estratégias de comunicação, são ferramentas fortes de retenção e aumento no número de membros nas igrejas. Sabendo usar todos os instrumentos disponíveis de forma adequada e adaptada ao contexto próprio, as igrejas evangélicas históricas conseguem suprir a falta de espaço na mídia e, assim, continuar em um crescimento não apenas numérico, mas também de qualidade.

CONCLUSÃO

Este trabalho nasceu da necessidade verificada pela autora de analisar as ferramentas de comunicação que estão sendo utilizadas atualmente dentro das igrejas evangélicas históricas como instrumentos de auxilio, tanto para crescimento numérico quanto para a retenção de membros e freqüentadores. Esta necessidade surgiu da constatação de que, mesmo as maiores igrejas históricas de Curitiba não possuem verba suficiente para investir em comunicação massiva. Este fato se comprova quando a proliferação de programas religiosos de igrejas evangélicas pentecostais e neopentecostais, veiculados na televisão ou em emissoras de rádios, é facilmente percebida, enquanto a programação de igrejas históricas ainda se mostra muito escassa. A partir disto surge a necessidade de se estudar outras formas de comunicação, como a comunicação interna, as ações de relações públicas e o marketing de relacionamento, muitas vezes mais acessíveis, que consigam promover as igrejas de uma forma mais dirigida e que influenciem no crescimento por meio da divulgação boca a boca.

Além do crescimento numérico nas igrejas evangélicas históricas, outro fator fundamental que despertou o interesse para a realização da pesquisa foi a possibilidade de se verificar a fidelidade de seus membros e freqüentadores, buscando, as sim, avaliar a qualidade dos “consumidores” deste “produto”. Foi verificado que, quanto maior a igreja, em número de membros, maior é o índice de membros sem fidelidade. Muitas pessoas freqüentam uma igreja grande devido ao status social ou até mesmo por sentir certa obrigação em seguir uma vida religiosa. A escolha por igrejas maiores acontece porque em uma igreja grande é fácil se manter anônimo e com um índice de fidelidade extremamente baixo sem que ninguém, ou quase ninguém, perceba. A busca por estratégias acessíveis e que auxiliassem na real fidelização dos membros dentro das maiores igrejas históricas de Curitiba e, consequentemente, no crescimento em número e em qualidade destas igrejas, foi fator determinante e norteador para a realização desta pesquisa.

Com a realização da pesquisa, esperava-se encontrar respostas para a seguinte pergunta: as estratégias de comunicação, envolvendo ações de relações públicas, comunicação interna e dirigida, e o marketing de relacionamento, influenciam na perda ou retenção de membros e no conseqüente crescimento das igrejas evangélicas históricas por meio da divulgação boca a boca?

A resposta esperada já de início, devido às observações iniciais, era positiva. Ao final da pesquisa a hipótese formulada foi realmente comprovada, mostrando que existem formas acessíveis e eficazes de se utilizar a comunicação de mercado a serviço da igreja em busca da fidelização de membros.

Os resultados mostraram que as maiores igrejas evangélicas históricas de Curitiba estão utilizando uma comunicação voltada principalmente aos públicos internos. Também foi possível verificar que as ações estão sendo realizadas de forma mais individualizadas ao utilizar os recursos que estão disponíveis para proporcionar ambientes harmoniosos e uma comunicação entre líder e liderado mais eficaz. Desta forma, o freqüentador se sente bem dentro da igreja e as chances de ocorrer uma divulgação gratuita por parte deste às pessoas que ainda não fazem parte da igreja aumentam.

Esta pesquisa proporciona dados numéricos devidamente analisados que comprovam o uso da comunicação de mercado na igreja, mesmo que de forma adaptada. Como as denominações evangélicas estão em constante crescimento21 e devido ao aumento da concorrência, as igre jas se vêem obrigadas a experimentar novas estratégias22, já citadas ao longo de todo o trabalho, capazes de reter os membros na igreja e transformá- los em “clientes” fiéis e evangelistas. Juntamente com este avanço da religião evangélica no Brasil cresce o mercado gospel, confirmando a aceitação de produtos religiosos que antes eram usados apenas dentro das igrejas, como moda junto aos públicos evangélicos, também fora do ambiente religioso. Os evangélicos estão conquistando cada vez mais rápido o seu espaço.

Percebe-se também que não são poucos os autores que defendem a idéia de que, através de uma boa estratégia de comunicação, envolvendo o marketing de relacionamento bem feito, em um esforço deliberado em incluir os "clientes" nos processos decisórios das organizações, crescem as possibilidades do número de clientes (ou freqüentadores das igrejas) aumentarem devido à força da propaganda boca a boca. Estes autores estão comprovando que clientes satisfeitos podem se tornar clientes evangelistas e propagar as idéias da empresa. Por esta razão é que muitos defendem que é preferível o tratamento interno e voltado às pessoas a investimentos grandiosos em propaganda.

21

Prova disso está nas pesquisas que mostram o avanço dos evangélicos no Brasil frente ao catolicismo, já mencionado no capítulo 1.

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Na verdade são antigas formas de comunicação que vêm sendo modificadas e melhoradas ao longo do tempo devido a uma nova necessidade emergente.

Os dados aqui mencionados mostram de forma clara o quão importante é a comunicação interna para a retenção de membros e para o crescimento das igrejas. Em especial para as que hoje encontram dificuldades em utilizar os meios de comunicação de massa como meio de divulgação principal, algumas vezes por opção de forma de atuação, outras por posição histórica ou, até mesmo, por uma postura filosófica. Mas, ainda percebe-se que há muito para ser modificado e aprimorado. Muitos líderes utilizam os instrumentos de comunicação sem ainda se convenceram da real importância deles para a sobrevivência da igreja. Então, ainda resta uma questão a ser explorada: encontrar uma maneira de conscientizar os líderes de igrejas evangélicas históricas menores que sigam os exemplos das maiores e invistam em seus membros com objetivos concretos a fim de que estas também cresçam.

Muitas igrejas estão estagnadas simplesmente porque não possuem visão estratégica de como utilizar corretamente esta comunicação emergente. Mesmo entre as maiores igrejas aqui pesquisadas, apenas duas possuem visões voltadas realmente para comunicação. Uma delas já conta com um departamento de relações púbicas e comunicação e a outra possui um plano para a implantação futura de um setor de comunicação na igreja, justamente porque percebeu esta necessidade. As outras duas apenas utilizam alguns dos instrumentos sem um planejamento adequado e sem pessoal qualificado para a realização deste trabalho. Portanto, também se constata a necessidade de profissionais da área de comunicação trabalhando nas igrejas para que possam agir de forma planejada e profissional, como vem ocorrendo, por exemplo, na Primeira Igreja Batista de Curitiba, não coincidentemente, a maior da cidade em número de membros. Pastores de igrejas históricas já têm adotado práticas de visitas e tratamentos individualizados com seus rebanhos, mas estas são realizadas devido a uma tradição de tratamento já existente dentro destas igrejas e não por ações planejadas de forma estratégica. A presença de um profissional qualificado proporcionaria resultados mensuráveis e mais completos, com objetivos claros voltados às necessidades de seus públicos.

Frente a este quadro, percebe-se que antigas técnicas de comunicação de mercado estão sendo modificadas e testadas para aplicação em território religioso, mas ainda há muita coisa a ser adaptada neste processo de inserção. O que se pode concluir é que as igrejas que estão trabalhando estrategicamente, investindo em profissionais e levando realmente a sério o uso dos mais variados tipos de instrumentos e formas de comunicação, apresentam vantagens sobre as demais, tanto em número quanto em qualidade de membros e freqüentadores. A pesquisa deixa

claro que as igrejas evangélicas históricas que realmente investem na comunicação, crescem mais e se tornam mais fortes do que as outras.

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