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4. MATERIAIS DIDÁTICOS IMPRESSOS

4.2 Considerações Teóricas Centrais

Praticamente, até a década de 1940, não se realizaram experiências de educação assíncrona que utilizassem meios distintos do escrito. Posteriormente, o rádio passou a ser considerado um bom recurso de apoio para esta forma diferente de ensinar, e pouco a pouco foram incorporadas outras tecnologias para acompanhar o material escrito, presente em todas as ações educativas. Na realidade, a autêntica explosão da EAD se deu da década de 1960 à de 1970, e todas as instituições que nasceram nestas décadas tiveram como suporte básico de estudo para os alunos, o material impresso.

Hoje, na era da tecnologia, o material impresso continua sendo um meio fundamental para o desenvolvimento dos conteúdos de aprendizagem, se considerando como autoconstrutivo. Segundo aponta Aretio (2006), três quartos do tempo total do trabalho dos alunos eram dedicados à leitura do material escrito que, no fim da década de 1980, manifestava como componente básico dos cursos.

A EAD utiliza o modo síncrono e/ou assíncrono de comunicação. O modo síncrono permite que o aluno estabeleça comunicação em tempo real. Como

exemplo, temos as salas de bate-papo, teleconferências, mensageiros instantâneos e lousa eletrônica, onde a interação aluno-aluno, aluno-professor, aluno-tutor ocorrem simultaneamente, possibilitando trocas de informações, debates e uma maior interação entre os participantes.

No modo assíncrono, a mensagem emitida por uma pessoa é recebida posteriormente, não sendo estabelecida comunicação em tempo real. O aluno recebe algum material através da tecnologia já pré-determinada, podendo ser um material impresso, com o uso do correio eletrônico ou por meio de fórum de discussão, e ele decide onde e como realizará o que lhe for proposto, enviando o material ao professor tão logo tenha concluído.

Na construção de materiais assíncronos para EAD, utilizamos constantemente os textos didáticos. Alguns autores acham que em termos de design instrucional a tendência será abolir este tipo de mídia com a evolução da tecnologia, embora ainda hoje isso não ocorra, como afirma Filatro (2008, p. 89) "Hoje, apesar da crença de que uma boa interface extermina o texto, este permanece amplamente presente, [...]".

Sendo a Educação à Distância diferente da modalidade presencial, posto que a primeira utiliza meios e recursos distintos da segunda, seus alunos precisam ter características específicas para melhor se adequarem ao processo de ensino/aprendizagem. Segundo Aretio (2006), estes alunos devem ser pessoas adultas, automotivadas e orientadas ao êxito. Desta forma, entendemos que o autor se refere a alunos plenamente conscientes de suas responsabilidades e funções dentro de um ambiente de ensino/aprendizagem.

Este autor ainda afirma que, da mesma forma que se esperam alunos compromissados no ensino à distância, também se esperam professores com estes atributos. Ele define um bom docente em atividade como aquele que sabe motivar; lidar eficientemente com a informação; responder a questionamentos; manter um diálogo permanente com seus discentes, orientando-os; estabelecer recomendações coerentes com a proposta de trabalho; acompanhar e avaliar seus discentes (ARETIO, 2006).

Diante destas exigências de qualidade, como produzir materiais didáticos impressos para um curso à distância que atendam as especificidades consideradas?

exposição, realiza os devidos ajustes, se necessário. No ensino à distância, estes ajustes terão que ser previstos com um cuidadoso projeto e uma elaboração de base tecnológica que possa prever futuras dificuldades dos discentes, uma vez que a interação não se dá de forma imediata. Para produzir este tipo de material instrucional, voltado a um curso à distância, Aretio (2006) indica algumas categorias de qualidade que possibilitem amenizar ou extinguir futuras dificuldades provenientes da exposição do conteúdo. Tais características são organizadas em dezesseis classes:

1. Programação: trata-se de atividades planejadas, não sendo fruto de uma improvisação. O autor deve-se perguntar que recursos serão utilizados, como alcançar os objetivos com o conteúdo desejado, qual o melhor momento para utilizá-los e em que contexto de aprendizagem este deve ser inserido. Todos estes questionamentos devem ser respondidos ao planejar um material didático para a EAD;

2. Adequação: os materiais devem ser adaptados ao contexto sociocultural do discente, apropriados ao nível e natureza do curso, sem esquecer da qualidade científica, tecnológica e da prática correspondentes;

3. Precisão e atualidade: os conteúdos abordados devem representar situações de modo mais exato possível, levando em considerações as ações, os procedimentos, os princípios, os níveis, dentre outros elementos que permitam sua precisão. Devem também estar sintonizados com sua época e permitir sua atualização facilmente;

4. Integralidade: os conteúdos devem ser claros, sempre sugerindo fontes e textos complementares;

5. Integração: cada parte deste material deve completar ou complementar o todo, formando uma unidade. Não sendo interessantes unidades estanques e/ou agregadas, sem encadeamentos definidos;

6. Abertura e flexibilidade: o texto deve ser adaptado a diferentes contextos, ritmos, estilos e capacidades de aprendizagem. Não limitados, abertos a críticas, analises e questionamentos;

7. Coerência: todo o texto deve possibilitar uma ligação e harmonia entre diversas situações, acontecimentos ou idéias lógicas para que favoreça o

processo de ensino-aprendizagem. Estabelecendo uma coerência entre objetivos, conteúdos, atividades e avaliação;

8. Eficácia: o texto deve facilitar e permitir que o aluno alcance a aprendizagem prevista, proporcionando uma auto-aprendizagem e, conseqüentemente, uma auto-avaliação, permitindo ao estudante comprovar ou não se alcançou progressos e os objetivos estabelecidos;

9. Transferência e praticidade: permitir uma aprendizagem retroativa e proativa, ou seja, que consolide as aprendizagens anteriores e que facilite as aprendizagens futuras; possibilitar uma relação vertical e horizontal, ou seja, com aprendizagens de ordem superior e inferior e com aprendizagem de mesmo nível através de exemplos, contra-exemplos e outras situações propostas;

10. Interatividade: precisa estabelecer um diálogo constante com o discente, estimulando seu pensamento crítico, instigando sua curiosidade e levando-o a interligar fatos e opiniões; não ser meramente expositivo;

11. Significativos: o conteúdo deve ter sentido nele mesmo; ser interessante e exposto gradativamente, de maneira que os novos saberes possam estar sempre apoiados em conhecimentos, habilidades ou experiências facilmente entendidas por quem vai aprender;

12. Validade e confiabilidade: os conteúdos apresentados devem ser legítimos, consistentes, aprovados e utilizados pela comunidade científica;

13. Representatividade: os conteúdos precisar estar direcionados realmente para o que o aluno necessita aprender, tornando todos os blocos, unidades e atividades voltadas para representação essencial do curso. Não é possível apresentar todo o conhecimento desenvolvido pela humanidade, durante muito tempo, em um curso de duração limitada;

14. Auto-avaliação: através das análises das tarefas realizadas durante todo o curso, o aluno precisa estar apto a comprovar se realmente adquiriu aprendizagem significativa, funcional e ativa, que possibilite seu êxito ou não no curso, evitando conhecimentos memorísticos e assimilados de outros; 15. Eficiência: o investimento deve ser compensador; em termos de tempo e

custo. Ao elaborar um material, deve-se considerar que o aluno deverá alcançar sua aprendizagem em um menor espaço de tempo possível,

principalmente quando se trata de elaborar materiais de alto nível tecnológico; 16. Padronização: possuir características próprias, que permitam uma fácil

identificação por parte dos alunos, segundo um modelo preestabelecido pela equipe de trabalho.

Considerando as dezesseis exigências de qualidade sugeridas por Aretio (2006), para a elaboração do material didático impresso para EAD, verificamos que todas elas, com exceção do item sobre eficiência (custo e tempo), podem compor, sem distinção, tanto materiais para serem aplicados em um curso na modalidade presencial, quanto à distância.

Consideramos, portanto, para análise de dados de nossa pesquisa, além dos elementos teóricos já apontados, os critérios referentes a questões levantadas pelos professores autores em suas entrevistas, discutidas nesta pesquisa, tais como: sua experiência anterior na produção de materiais didáticos impressos; as dificuldades encontradas em suas produções; os critérios de seleção dos conteúdos e de organização didática; e sua compreensão pessoal acerca de como seria um material impresso ideal, que serão melhor entendidas no capítulo IV.