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5. A PRODUÇÃO DE MATERIAL DIDÁTICO IMPRESSO PARA A

5.4 Dificuldades na Construção do MDI

Outro elemento considerado em nossa análise refere-se às possíveis dificuldades surgidas quando os professores autores foram elaborar o material de suas disciplinas.

O Projeto Político Pedagógico – PPP do curso de Licenciatura em Matemática apresenta em sua proposta à prática pedagógica interacionista (UFPB, 2006, p.17), baseado na “construção humana de significados que procura fazer sentido do seu mundo”. Descreve que a aprendizagem deve ser baseada nas condições do indivíduo como bagagem hereditária, motivação e interesse. Também cita a importância do meio social, dos professores e dos próprios estudantes na formação do cidadão como um todo.

Ainda é proposta neste projeto uma aprendizagem inovadora na matemática em cursos superiores:

[...] abandonar a rigidez da “disciplina”, trabalhando por áreas do conhecimento e, assim, oferecer uma formação interdisciplinar; no momento das opções quanto aos recortes teórico-metodológicos das áreas, tendo como referencias comuns os conceitos de historicidade, identidade, interação e construção; na unidade teoria- prática; ao propor uma sólida formação teórica que possibilite a compreensão do fazer pedagógico e enraizada nas práticas pedagógicas, nos saberes profissionais, evitando-se a clássica separação entre conteúdos e as metodologias. (UFPB, 2006, p.18- 19).

Ao discutirmos se os professores tiveram dificuldades para produzirem os textos, levando em consideração os aspectos do ensino a distância, sua formação, geralmente, precária; grande espaço de tempo sem estudar e com uma metodologia que valoriza os conhecimentos sociais dos indivíduos e respeita seu “tempo” de aprendizagem, obtivemos dois tipos de relatos. Parte dos professores afirmou não ter sentido dificuldades no processo de elaboração do MDI, como verificamos abaixo:

Uma vez que já tínhamos definidos as estruturas ou os nomes das seções, tipo “construindo o conhecimento”, “situando a temática”, “problematizando” ... uma vez que esses tópicos já tinham esses nomes definidos, esse padrão, a dificuldade era de como o material (a parte teórica), encaixar nessa proposta, por exemplo: como é que eu vou problematizar a unidade um, toda a unidade um e inserir nesse tópico problematizando a temática? A dificuldade que tinha era mais essa: era reunir o material e dar ... e adequá-los a esses tópicos (PROFESSOR A).

Não, dificuldade minha não, o problema é que eu não era acostumado com esses assuntos, pois se tratava de um assunto que eu nunca tinha ensinado fazia décadas que eu não via. Mas não tive dificuldade, peguei alguns livros estudei e saiu com certa facilidade (PROFESSOR B).

Sim. De início a gente teve certa dificuldade de saber o que colocar nesse material. Já que a ementa era um pouco flexível, então a gente tinha limitações de conteúdo, que também não podia colocar muita coisa. [...] tinha uma outra que se tratava de ser a primeira vez que eu estava elaborando um material deste porte [...], tinha a limitação do tempo, cerca de um semestre para ser dado numa disciplina de sessenta horas. Tinha também uma limitação de tempo e... limitação de quantidade de páginas (PROFESSOR C).

Não. Acho que a pessoa pode ter dificuldade na elaboração de materiais impresso, basicamente, a partir de três origens: por falta de um conhecimento adequado do conteúdo; por falta de uma sensibilidade de perceber que aquilo que está sendo escrito deve ser compreendido e acha que o que está se falando e o que está escrito, são plenamente entendidos, e às vezes, não está e o terceiro é ter aptidão para escrever [...] se estes três elementos são combinados você elabora qualquer material sem grandes dificuldades (PROFESSOR D).

Não tive dificuldade ao elaborar o material em si, mas pensei muito como iria produzir um texto voltado para uma disciplina teórica para um curso de Matemática a Distância (PROFESSOR E).

Apesar de, no geral, afirmarem não ter sentido muita dificuldade no processo, os professores apontaram algumas preocupações quanto à produção do material didático impresso. De nossa experiência pessoal como aluna do curso de Matemática, na modalidade presencial, concluímos que para muitos professores da área, quanto menos explicações, exemplos e esclarecimentos forem dados, melhor esse material, ficando sob a responsabilidade do aluno ir atrás do que ficou nas “entrelinhas” do material escrito.

Em alguns livros bem conceituados de Matemática, adotados no ensino superior, são comuns frases como “é fácil ver”, referindo-se o autor a questões que muitas vezes não parecerem ter nenhum sentido para o aluno. Este precisa recorrer a um colega ou ao professor, para “ver” aquilo que deveria ser facilmente percebido por ele, mas não é o que o deixa inseguro.

Se esse tipo de texto não é adequado para a maioria dos alunos do ensino presencial, não é particularmente interessante para um aluno de um curso a distância, pois segundo Aretio (2006), Filatro (2008) e Moore (2004), o MDI tem que ser o mais auto-explicativo possível, capaz de fornecer informações claras e com uma linguagem adequada a um aluno que se encontra sozinho, distante geograficamente do professor.

Esse material didático, seja ele qual for, tem que suprir grande parte das necessidades dos alunos, prevendo dúvidas; esclarecendo idéias e conceitos; trazendo várias formas de soluções para as questões propostas; com exercícios resolvidos; possuindo uma linguagem clara e precisa e apresentando diversas atividades que contribuam para o entendimento das idéias que estão sendo trabalhadas.

Aretio (2008) afirmou em suas categorias, já discutidas no presente trabalho, várias manifestações que caracterizam um material pertinente para EAD como ser programado; ser adequado a clientela; ser preciso e atualizado; ser integral; ser aberto e flexível; ser coerente; ser eficaz, dentre outros, para que este possa suprir as necessidades inerentes no processo, ao qual se propõe o curso. Todas essas categorias devem ser conhecidas e discutidas na equipe que se propõem a elaborar textos didáticos para uma situação de EAD.

De acordo com o Coordenador do Curso, os professores autores que foram incorporados à equipe, a partir do segundo semestre letivo sentiram ainda mais dificuldades do que os “pioneiros”.

Como no primeiro volume só participaram cinco professores que já conversavam há bastante tempo, fez com que não surgissem muitas dificuldades. O problema foi aumentando quando o leque de disciplinas aumentou e dentre os professores que vieram, alguns não tinham incorporado ainda a filosofia e metodologia da EAD. Então deu certo trabalho [...], o material era produzido e quando íamos verificar dávamos sugestões de mudança de linguagem, de melhor adequação com o “espírito da EAD”, colocar de exemplos ligados ao dia-a-dia do aluno [..] então a coordenação fez e ainda faz essas observações com todos os materiais produzidos pelos professores (PROFESSOR F).

Para o Coordenador, é fundamental que o professor autor compreenda plenamente a proposta de um curso a distância, elaborando um material explicativo, contendo orientações de como estudar, de como procurar textos complementares, da forma mais simples possível, desafio que a equipe enfrenta a cada período letivo do Curso.

5.5 Perfil do aluno do Curso de Licenciatura em Matemática da UFPB Virtual na