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Critérios Considerados quanto à Escolha da Linguagem

5. A PRODUÇÃO DE MATERIAL DIDÁTICO IMPRESSO PARA A

5.8. Critérios Considerados quanto à Escolha da Linguagem

A linguagem de um texto impresso em um material didático produzido para um curso a distância é um item de extrema importância, considerando-se que o MDI deve ter as mesmas funções de um livro convencional, acrescido de muita clareza e capacidade de provocar a motivação do aluno, como se o professor estivesse ao seu lado, explicando e sendo compreendido sem dificuldade (ARETIO, 2006).

A linguagem deve ser uma conversa instrucional, afirma Filatro (2008), com uso próprio de vocabulário que torne a comunicação significativa e interativa entre participantes. A linguagem matemática deve ser expressa através de um diálogo não formal que motive o aluno em sua aprendizagem, possibilitando uma conversa didática entre as partes envolvidas. A autora sugeriu ainda, o uso de agentes inteligentes como artifício andragógico para facilitar e motivar a aprendizagem. (FILATRO, 2008)

Também devemos propor um vocabulário familiar no MDI. Com palavras e frases breves, diretas, que fluam adequadamente, apropriadas ao nível do curso e aos conhecimentos e habilidades dos discentes. Não devemos esquecer nesse momento que existem diversas formas de linguagem (verbal e não verbal), além da escrita, das quais podemos lançar mão no momento em que estamos produzindo textos. O uso de diversos signos visuais, como gráficos, tabelas, figuras, cores e agente inteligente, dentre outros, poderão ajudar na compreensão do texto.

Quando for necessário incluir novas terminologias que não são conhecidas até então, e cuja compreensão seja importante para os alunos, deve fazê-lo sempre de maneira progressiva, utilizando sinônimos, antônimos, exemplos práticos e contra-exemplos, evidenciando sua pertinência com relação ao conteúdo estudado.

Com o sucessivo uso dessa terminologia poderá ser construído um glossário onde os alunos terão acesso à completa definição do novo termo. Podemos ainda colocar recomendações e textos complementares que auxiliem na compreensão da aprendizagem dos discentes e ampliem sua formação inicial.

O PPP do curso quando se refere ao MDI fala sobre a dialogicidade da linguagem: “O material didático: o elo de diálogo do estudante com o autor, com o tutor, com suas experiências, com sua vida [...]” (UFPB, 2006, p. 56), mas não diz como ela deve ser feita para realmente estabelecer um diálogo entre os participantes do processo, nem entre as mídias, professores e tutores.

Na construção dos MDI, os Referenciais de Qualidade do MEC (BRASIL, 2007) apontam para “[...] manter uma linguagem dialógica que promova a autonomia do discente, [..]. O fato do MDI ser utilizado por discentes que não se encontram em uma relação presencial com o professor, demandam cuidados especiais quanto à linguagem do texto impresso, produzido pelos professores autores.

Ao serem questionados acerca de tais demandas, as seguintes posições foram declaradas pelos professores:

No meu material tentei fazer com que à medida que o aluno lesse, ele fosse sentindo que o material estava sendo escrito para ele. No sentido de que ele fosse se identificando na medida em que fosse lendo. Através das próprias propostas de atividades, [...] em termos de conteúdo, fazendo uma ligação com a realidade dele, com a prática dele (PROFESSORA A).

A linguagem deveria ser acessível, mais próxima possível do aluno. É tanto que o texto não exige nenhum conhecimento prévio de nada. Por exemplo, se pensou numa pessoa totalmente inexperiente, totalmente esquecida dos assuntos. Eu queria que a pessoa entendesse. Não queria fazer um texto que fugisse do nível. Eu queria fazer algo que não dependesse de prévias (PROFESSOR B). A linguagem, no caso da matemática, a gente no pode fugir da linguagem padrão. Tem que manter o rigor da linguagem matemática, se a gente não fizer isso é arriscado induzir ao aluno [...] mas também sabíamos que muitas pessoas já haviam deixado de estudar a muito tempo, logo teria que ser uma também acessível ao aluno (PROFESSOR C).

Uma linguagem que o aluno consiga entender. Não adianta você colocar um assunto, principalmente como matemática, em termos científicos utilizando uma simbologia de notação clássica que o aluno, provavelmente, não vai compreender como não vai ter ninguém do lado traduzindo letra grega ou símbolos. Se você vai usar tem que ter a preocupação de explicar o significado de cada um, coisa que num curso presencial você faz na sala de aula, mas certamente não faria no papel, você está falando para o aluno e ele está entendendo, está anotando e o aluno a distância não tem,

infelizmente, esse recurso, então o texto tem que ser extremamente simples e explicar tudo o que você esta dizendo. Assim, a linguagem deve ser basicamente explicativa, usada na sala de aula para que o aluno possa entender (PROFESSOR D).

A linguagem deveria ser acessível, objetiva, de fácil acesso e, considerando que a gente não conhecia o aluno e considerando, na verdade, a realidade da população nordestina (PROFESSOR E).

A linguagem do texto impresso é vista pelo Coordenador do Curso como um item muito importante na aprendizagem dos discentes, defendendo que um “curso a distância requer um material diferente do que é produzido para o ensino presencial, porque começa a ser utilizada uma nova linguagem”. Esta linguagem, defende, deve ser interativa, “porque o estudante está só, do outro lado”.

Segundo ele,

Um curso a distância requer um material diferente do que é produzido para o ensino presencial. Porque começa a ser utilizada uma nova linguagem, tem que ser uma linguagem interativa porque o estudante está só lá do outro lado. Tem a máquina e tem que ter um livro para ajudá-lo a fazer essa intermediação e um linguajar, completamente diferente, que atenda as necessidades dos alunos e que facilite uma compreensão adequada dos conteúdos (PROFESSOR F).

Portanto, devemos usar linguagens diversas e diversificadas em um texto didático que possibilitem o melhor entendimento do aluno com relação ao conteúdo, para desenvolver um pensamento crítico e, por fim, a aprendizagem.