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ESCRAVOS: CREDORES E DEVEDORES

CONSIDERAÇOES FINAIS

O povoamento do Sertão da Ressaca se deu através da instalação de fazendas de gado desde o século XVIII. Nessa região a criação de gado tornou-se o principal produto da economia associada a agricultura do algodão, cana-de-açúcar, mandioca, café e gêneros alimentícios. Os fazendeiros foram importantes nesse processo de ocupação e produção, configuraram-se como pessoas empreendedoras, que a princípio agiam em proveito próprio, suas ações resultaram no desenvolvimento da região, principalmente no sentido de abrir caminhos terrestres e a utilização de rotas fluviais para o escoamento de mercadorias.

Os fazendeiros, representantes da Câmara Municipal da Imperial Vila da Vitória, agiam em conjunto com Governo Provincial e com o Governo Imperial. As duas esferas tinham interesse em desenvolver o interior, dando suporte, procurando se informar da produção local, propondo o que produzir, fornecendo para isso sementes, a exemplo do algodão herbáceo, ou fornecendo cabeças de ovelhas para criação e produção de lã. Além disso, o governo solicitava à Câmara Municipal para que fiscalizasse a produção e mandasse informações sobre os progressos na agricultura, pois era de extrema importância para o desenvolvimento Imperial.

A instalação das fazendas de gado, com a produção baseada na policultura, possibilitou a fixação do homem no Sertão da Ressaca. Para desenvolver essas atividades, os fazendeiros recorreram à mão-de-obra escrava e livre. O trabalho escravo e livre era utilizado para as atividades com o manejo do gado, para o cultivo de gêneros agrícolas, para o beneficiamento e manufaturas de produtos, como a rapadura, o açúcar, a cachaça e a farinha, possibilitando uma maior margem de lucro para os fazendeiros com a comercialização desses itens.

O fazendeiro poderia vender a produção diretamente ao comerciante da vila ou através de intermediário, nesse caso o boiadeiro e o tropeiro eram os responsáveis diretos por esse comércio e transporte. Entre os inventariados donos de casas comerciais na Imperial Vila da Vitória, 99,9% deles eram também fazendeiros, revelando a tendência mercantil dos homens e mulheres sertanejos, uma vez que detectamos a presença e participação ativa das mulheres, principalmente viúvas, nas atividades produtivas e comerciais da Imperial Vila da Vitória. Ainda de acordo com a

documentação, constatamos que as casas comerciais da Vila ofereciam a população todo tipo de mercadoria e para todos os gostos e preços, desde mercadorias da produção local, até produtos finos e importados.

Os rios Pardo e das Contas foram caminhos naturais favoreceram o povoamento, produção e comércio da região representaram grande importância para a região. Os fazendeiros se beneficiaram das suas margens para a criação de gado e produção agrícola das suas águas para a navegação e transporte de pessoas e escoamento dos produtos, ligando de forma mais rápida o Sertão da Ressaca com o litoral, precisamente com as cidades de Canavieiras e Itacaré. Paralelo aos rios e seguindo seus cursos foram abertas estradas que interligavam o Sertão da Ressaca com a Província de Mina Gerais, região do São Francisco e com litoral. Por elas havia um fluxo intenso de boiadas e tropas cargueiras que impulsionavam o comércio e a circulação de bois e outros produtos, revelando a dinâmica entre interior e litoral. A troca de mercadorias da produção sertaneja e das manufaturas importadas do litoral, no ir e vir entre cidades da Província da Bahia, como Salvador, Nazareth, Valença, Aldeia, região do São Francisco, lavras Diamantina e com a província de Minas Gerais proporcionou o surgimento de pousos estruturados para atender as necessidades de boiadeiros e tropeiros e viajantes durante as longas viagens. Esses pousos se transformaram em cidades no decorrer do processo histórico.

As relações comerciais, realizadas no âmbito local, dentro da própria vila e inter regiões da Província da Bahia e com a Província de Mina Gerais, pautavam-se no crédito. Este constituía numa prática comum e necessária nas grandes e pequenas transações comerciais, na manutenção e cultivo das fazendas, até na compra de um pequeno objeto para uso doméstico, assim o crédito estava presente em todos os níveis da sociedade, dos mais ricos até aos mais pobres, inclusive com os escravos. Muitas fortunas alicerçavam-se nas atividades de crédito, ou seja, emprestando dinheiro ou comprando e vendendo a prazo, muitas vezes gerando altas dívidas, colocando a fortuna em risco. Muitas vezes, ocorria do devedor não quitar as dívidas, originando processos judiciais por parte do credor, na tentativa de sanar o prejuízo.

Enfim, no Sertão da Ressaca havia uma produção variada com criação de gado e cultivo de alimento compondo assim, uma economia dinâmica e integrada ao mercado interno. Para tanto, o trabalho de boiadeiros, tropeiros e canoeiros que juntamente com os fazendeiros agiam de forma a abrir vias terrestres como também utilizar as vias

fluviais como rotas comerciais nesse processo de circulação de produtos, proporcionado assim, o desenvolvimento do Sertão da Ressaca.

FONTES:

ARQUIVO PÚBLICO DA BAHIA (APEB) – Salvador – Ba.

APEB, Seção Colonial e Provincial. Série Legislativa. Código de Posturas. Livro 861, 1841-1889

APEB, Seção Colonial e Provincial. Série Correspondências. Maço 1463. 1840-1866 APEB. Seção Colonial e Provincial. Série Correspondências – Documentos avulsos – maço 1464. 1863-1889.

APEB. Seção Colonial e Provincial. Série Correspondências , 1858 – maço – 1463. 1840-1866.

APEB. Seção Colonial e Provincial. Série documentos avulsos, secas, 1878. Maço 1464, 1863-1889.

APEB, Seção Colonial e Provincial. Série Presidente da Província. Secas. Maço 1607, 1845-1860.

APEB. Seção Colonial e Provincial. Série Presidência da Província – Secas, Maço 1608 – 1861-1889.

APEB. Seção Colonial e Provincial. Série Governo. Atas da Câmara da Imperial Vila da Vitória: Sessão extraordinária de 10/09/1855. Correspondências. Maço 1463 – 1840- 1866.

APEB. Seção Colonial e Provincial. Série Agricultura, abastecimento, Maço 4630, 1823-1888.

APEB. Seção Colonial e Provincial. Série Agricultura, abastecimento, Maço 1430, 1823-1888.

APEB. Seção Colonial e Provincial. Série Correspondência e ofícios de Minas Gerais. Maço 1119. 1823-1870.

ARQUIVO DO FÓRUM JOÃO MANGABEIRA (AFJM) – Vitória da Conquista –

Ba.

AFJM, Caixa Inventário 1840-1841: Inventário de Agostinho Ferreira do Espírito Santo, 11/1849.

AFJM, Caixa de Inventários 1840-1841: Inventário de José Ferreira Salgado, 04/1841. AFJM, Caixa de Inventário 1840-1841: Inventário de Lourenço Gonçalves Quaresma, 09/1840.

AFJM, Caixa de Inventários 1840-1841: Inventário de Felipe Coelho Sampaio, 05/1842. AFJM, Caixa Diversos 1842: Inventário de Joaquim Ferrás de Araújo, 09/1850.

AFJM, Caixa Diversos 1842: Inventário de Maria Antonia de Carvalho, 01/1842. AFJM, Caixa Inventário 1843: Inventário de José Pedro da Silva, 08/1843.

AFJM, Caixa Diversos 1844-1846: Inventário de João da Costa Nepomuceno, 03/1845. AFJM, Caixa Diversos 1847-1848: Inventário e Testamento de Anna Senhorinha de Jesus, 06/1848.

AFJM, Caixa Diversos 1847-1848: Inventário de Testamento de Manoel José Viana, 05/1846.

AFJM, Caixa de Inventários 1847: Inventário de Thereza de Oliveira Freitas, 11/1847. AFJM, Caixa de Inventários 1847: Inventário de Constança Sancha de Jesus, 03/1847.

AFJM, Caixa de Inventários 1848: Inventário de Fortunato de Assunção de Jesus, 12/1848.

AFJM, Caixa de Inventários 1848: Inventário e Testamento do capitão João Dias de Miranda, 02/1849.

AFJM, Caixa de Inventários 1848: Inventário e testamento de Fortunato de Assunção de Jesus, 12/1848.

AFJM, Caixa de Inventários 1849: Inventário e Testamento de Agostinho Ferreira do Espírito Santo. 11/1849.

AFJM, Caixa de Inventários 1850 – 1859 nº08: Inventário de Rosaura Gonçalves da Costa, 03/1861.

AFJM, Caixa de Inventários 1850-1859, nº. 08: Inventário de Manoel José Ribeiro, 09/1850

AFJM, Caixa de Inventários 1850-1859 nº. 09: Inventário de Bernardo Lopes Moitinho, 01/1859.

AFJM, Caixa de Inventários 1850-1859: Inventário de Guintiliano José Gonçalves, 04/1857.

AFJM: Caixa Diversos 1858-1859: Ação de Crédito do Tenente José Nunes Bahiense. AFJM, Caixa Diversos 1858-1859: Petição de Sinésio Álvares Lima.

AFJM, Caixa Diversos 1855-1857: Petição de José Cardoso de Souza, 03/1859.

AFJM, Caixa de Inventários 1860 – 1861: Inventário de Manoel Ângelo de Souza, 11/1861.

AFJM, Caixa de Inventários 1860-1861: Inventário de Antonio Barboza Coelho, 03/1862.

AFJM, Caixa de Inventário 1860-1861: Inventário de Maria Viana campos, 08/1862. AFJM, Caixa de Inventários 1860-1861: Inventário de João da Motta dos Santos Coimbra, 03/1862.

AFJM, Caixa Diversos 1864: Inventário de Manoel Pereira do Amaral, 07/1863. AFJM, Caixa Diversos 1867: Inventário de Theotonio Gomes da Roseira, 02/1868. AFJM, Caixa Diversos 1867: Inventário de Maria Germana dos Santos, 06/1868.

AFJM, Caixa Diversos 1867: Inventário de Maria Clemência do Amor Divino, 07/1868. AFJM, Caixa Diversos 1870: Inventário de Pedro Paulo da Silva, 05/1870.

AFJM, Caixa Diversos 1870: Inventário de Hedivirgens Alves Barreiras, 07/1870. AFJM, Caixa Diversos 1870: Inventário do casal João Batista e Jeonima Maria de Jesus, 05/1870

AFJM, Caixa de Inventários 1871-1874: Inventário de Antonio de Oliveira Freitas, 09/1871.

AFJM, Caixa de Inventários 1871-1874: Inventário de Raimundo Xavier de Barros, 10/1871.

AFJM, Caixa Diversos 1872 – 1873: Inventário de Luiz Inácio Pereira, 07/1872. AFJM, Caixa Diversos 1872-1873: Ação de Crédito de Luiz Afonso Fernandes.

AFJM: Caixa Diversos 1874: Ação Orçamentária de Joaquim Fernandes Ribeiro, 05/1874.

AFJM, Caixa Diversos 1874: Sumário de Culpa movido por Martiniano de Souza Meira, 04/1874.

AFJM, Caixa Diversos 18874: Ação Sumaria de cobrança de Cypriano. AFJM, Caixa Diversos 1874: Ação de Embargo de Cypriano Gomes Pereira. AFJM, Caixa Diversos 1874: Ação Orçamentária de Joaquim Fernandes Ribeiro AFJM, Caixa Diversos 1874: Petição de Francisco das Chagas Gomes, 10/1864. AFJM, Caixa Diversos 1874-1878: Testamento de Manoel José Vianna, 11/1845.

AFJM, Caixa de Inventário 1875-1876: Inventário de Manoel Fernandes de Oliveira, 07/1876.

AFJM: Caixa de Inventários – 1875 – 1876: Inventário do Alferes Francisco Manoel Pereira, 05/1875.

AFJM, Caixa de Inventário 1875-1876: Inventário de Jacintho Fernandes Ribeiro. 10/1873.

AFJM, Caixa de Inventários 1875-1876: Inventário de Francisco Ferreira Campos, 03/1876.

AFJM, Caixa Diversos –1877-1879: Inventário Joaquina Fernandes de Oliveira, 10/1877.

AFJM, Caixa Diversos 1877-1879: Inventário de Marcos Ferreira Campos, 03/1879. AFJM, Caixa Diversos 1877-1879: Inventário de Manoel Cláudio de Santa Ana, 11/1877.

AFJM, Caixa de Inventário 1880-1885: Inventário de Jacintha Maria da Conceição, 02/1878.

AFJM, Caixa de Inventário 1880-1885: Inventário de Antonio Joaquim Soares, 02/1882.

AFJM, Caixa Diversos 1880-1885: Cobrança de dívida de Antonio Gomes dos santos e Cia.

AFJM: Caixa Inventários 1880-1885: Ação Sumária do capitão Baldoino Nunes Meireles.

AFJM, Caixa de Inventário 1880-1885: Ação de Libelo Cível de José Antonio dos Santos.

AFJM, Caixa de Inventário de 1881-1882 Ação Sumária do Capitão Felicíssimo Joaquim da Silva,04/1881.

AFJM, Caixa de Inventários 1881-1882: Inventário de Shofia Maria de Oliveira e Manoel Ignácio Pereira, 11/1882.

AFJM, Caixa de Inventários 1881-1882: Inventário do Capitão Sergio Balbino Lopes, 11/1883.

AFJM, Caixa Diversos 1880-1882: Sumário de Culpa movido por José Alves de Aguiar, 07/1882.

AFJM, Caixa Diversos 1880-1882: Cobrança de dívida de Estevão Prates. AFJM, Caixa de Inventários 1883: Inventário de Julia Rosa de Souza, 02/1883.

AFJM, Caixa de Inventário 1883: Inventário do Tenente Manoel José dos Santos Silva, 03/1883.

AFJM, Caixa Diversos 1883-1884: Auto de protesto de Manoel José de Oliveira. 02/1883.

AFJM, Caixa Diversos 1884: Ação Orçamentária de Raimundo Pereira de Magalhães. AFJM, Caixa Diversos 1885-1887: Execução Cível do Tesouro Provincial.

AFJM, Caixa Diversos 1888-1889: Inventário do Alferes Guilhermino dos Santos Coimbra, 07/1888.

AFJM, Caixa Diversos 1888 - 1889: Inventário de Joaquim Ferreira Souto, 10/1888.

ARQUIVO MUNICIPAL DE VITÓRIA DA CONQUISTA (AMVC) – Vitória da

Conquista – Ba

MUSEU REGIONAL DE VITÓRIA DA CONQUISTA (MRVC) – Vitória da

Conquista – Ba.

- Imagens Da Sala Ruy Medeiros.