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DÍVIDAS ATIVAS E PASSIVAS DOS COMERCIANTES DA IMPERIAL VILA DA VITORIA

SERTÃO DA RESSACA DEPOIS DE

DÍVIDAS ATIVAS E PASSIVAS DOS COMERCIANTES DA IMPERIAL VILA DA VITORIA

Com o monte mor entre 44 contos a 2 contos de réis

ANO COMERCIANTE MONTE-MOR ATIVA % PASSIVA %

1840 João Martins Lima 2:935$160 2$240 0,1 270$000 9,2

1849 Agostinho F. Do Espírito Santo 12:035$910 4:560$000 38,9 6:803$685 56,5

1858 Bernardo Lopes Moitinho 18:728$648 3:078$940 16,4 991$833 5,3

1862 Antonio Barbosa Coelho 36:658$838 559$000 1,5 5:926$300 16,2

1862 João da Motta Coimbra 15:929$757 4:529$267 28,4 5:492$769 34,5

1863 Manoel Pereira do Amaral 7:600$658 1:231$780 16,2 2:134$309 28,1

1868 Rosa Maria de Jesus 36:564$722 5:479$937 15,0 3:303$000 9,0

1868 Theotonio Gomes da Roseira 36:564$722 9:¨674$362 26,5 36:257$241 99,2

1872 Manoel Militão de Brito 2:152$223 574$140 26,7 619$700 26,7

1873 Jacinto Fernandes Ribeiro 14:425$460 6:331$320 44,0 949$870 6,6

1878 Jacinta Maria da Conceição 44:877$000 16:159$000 36,0 - -

1879 Marcos Ferreira Campos 33:390$803 5:787$500 17,3 358$853 1,1

1882 Antonio Joaquim Soares 32:771$230 9:400$000 28,7 2:587$381 7,9

1883 Tenente Manoel José dos Santos

Silva

37:622$608 12:438$923 33,1 125$756 0,3

1884 Antonio da Costa Neves 24:215$438 4:105$568 16,9 - -

1884 Alferes Candido Pereira Guedes 10:998$608 4:987$924 45,4 2:066$040 18,8

1886 Cláudio de Sena Brasil 3:938$260 285$560 7,3 1:522$260 38,7

1888 Alferes Guilhermino dos Santos

Coimbra 5:170$658 3:029$458 58,6 3:842$872 74,3 Fonte: AFJM 313 Idem, p.500. 314

FURTADO, Júnia, Ferreira. Homens de Negócio: a interiorização da metrópole e do comércio na

minas setecentistas. São Paulo: Hucitec, 2006. (Estudos Históricos) p. 112.

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As dívidas ativas são aquelas que o inventariado tem a receber pela sua ação de credor e eram somadas ao monte-mor. Já as dívidas passivas são aquelas em que o inventariado tem a pagar ao seu credor, sendo este valor retirado do total do monte-mor.

NaTabela VIII estão relacionados os comerciantes da Imperial Vila da Vitória situados na faixa ente 44 contos e 2 contos de réis e suas respectivas dívidas ativas e passivas em relação ao total dos valores de suas fortunas. É importante, verificar que grande parte das fortunas desses comerciantes são compostas por suas dívidas ativas e nessa relação de comerciantes, podemos destacar os principais credores, como é o caso de Jacinta Maria da Conceição, de 1878, possuidora da maior fortuna encontrada entre os comerciantes da Imperial Vila da Vitória. Além de possuir 16:159$000 em dívidas ativas, equivalente a 36,0% do monte-mor, a quarenta e sete pessoas. Não tinha dívida passiva. Também possuía dez escravos, uma fazenda de gado, três casas, seiscentas e onze cabeças de gado, sendo um dos poucos a se encontrar dinheiro de “contado”, no valor de 4:137$000316.

O segundo maior crédito era o do comerciante tenente Manoel José dos Santos

Silva, possuidor de 12:438$923 em dívidas de rol317 e empréstimos passados,

equivalente a 33,1% do monte-mor, a duzentas e trinta e cinco pessoas. Possuía ainda três casas, tinha por herança seis partes de terra, oito escravos e noventa e seis cabeças de gado318. Já o terceiro maior credor, Antonio Joaquim Soares, possuía 2:040$740 em dinheiro “contado”, uma fazenda de gado, cinco casas, cinco escravos, uma casa de ferreiro, três roças de mandioca, dois canaviais, quatro mil pés de café, um alambique e quatrocentas e trinta e quatro cabeças de gado, fortuna diversificada, tendo dinheiro investido tanto nas atividades comerciais como na produção agropecuária. Com uma dívida ativa no valor de 9:400$000, a trinta e seis pessoas, representando assim, 28,7% do monte-mor e uma dívida passiva no valor de 2:587$381, sendo a 7,9%, da fortuna inventariada que indica ser utilizado tanto na renovação do estoque quanto no incremento das atividades agropecuárias, era o segundo maior devedor entre os comerciantes319.

O comerciante Marcos Ferreira Campos, que no quadro aparece como o quinto maior credor, tendo uma fortuna considerável, composta por dez fazendas, cinco casas, três mangas320 com plantações de mandioca, cana-de-açúcar e banana, 691 cabeças de gado, nove escravos e tendo uma dívida ativa de 5:787$000, 17,3% do monte-mor

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AFJM, Caixa de Inventários 1880 – 1885: Inventários de Jacinta Maria da Conceição, 02/1878.

317

Palavra que aparece frequentemente nos inventários coletados na Imperial Vila da Vitória e que corresponde a lista de mercadoria compradas do vendedor. “Resto de Rol”.

318

AFJM, Caixa de Inventário 1883: Inventário do tenente Manoel José dos Santos Silva, 05/1883.

319

AFJM, Caixa de Inventários 1880 – 1885: Inventário de Antonio Joaquim Soares, 07/1882.

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Manga era um lugar cercado, plantado de capim, onde o gado era solto e protegido contra uma possível investida nas roças que existiam na propriedade.

distribuídos a trinta pessoas, na qual 2:197$000 desse valor, em posse de doze pessoas, e que foram declaradas como incobráveis321 no seu inventário322. Fato que mostra os riscos que os credores assumiam, resultando em grandes prejuízos.

Dos comerciantes apresentados, somente João da Motta Coimbra apresenta uma dívida passiva bem maior do que a sua dívida ativa. Ao todo foram 5:492$769 de dívida passiva, a quatro pessoas e 4:529$627, de dívida ativa a setenta e cinco pessoas, provenientes de rol e empréstimos. Fato que ocorreu também com o Agostinho Ferreira do Espírito Santo que aparece na Tabela VIII como o segundo maior devedor, no valor de 6:803$685. Comerciante e proprietário de fazendas de gado e com plantações de algodão e cana de açúcar, Agostinho se mostra uma pessoa dinâmica e empreendedora, com contatos comerciais em vários lugares da província da Bahia, como Nazaré e região do São Francisco. Tinha tropas que utilizava também como frete à outras pessoas, como demonstra a descrição de sua dívida ativa de “1:000$000 proveniente de fazendas secas e frete de animais para Julião de tal, no Urucuia”. Assim, lucrava duas vezes, ou seja, com a venda das mercadorias e com o frete dos animais para transporta-las323.

Outro caso interessante é o do casal Teotônio Gomes da Roseira e Rosa Maria de Jesus. Comerciantes e fazendeiros, ambos são inventariados no dia 08 de fevereiro de 1868 com um monte-mor no valor de 36:564$722. Porém, apresentam descrições diferenciadas dos bens e dos seus valores. No inventário de Rosa Maria de Jesus, por exemplo, listaram cinco casas avaliadas em 10:650$000 e oito fazendas de gado no valor de 8:530$000, cinco escravos na quantia de 4:050$000 e uma lista de dívidas ativas de vinte e oito pessoas no valor de 5:479$937, mas também aparece como quarta maior devedora, no valor de 3:303$000 a sete pessoas. Já o do seu marido, apresentou 5 casas no valor de 10:800$000, sete fazendas de gado por 8:373$000 e sete escravos avaliados por 5:000$000. Mas é na relação das dívidas ativas e passivas que a diferença é maior. A sua dívida ativa era de 9:674$362 também a 28 pessoas, 4:194$425 a mais do que no inventário de sua esposa. Porém, é com sua dívida passiva que Teotônio Gomes da Rozeira desponta como principal devedor, ocupando o primeiro lugar, com 99,2%, que corresponde a um total de 36:257$341, distribuídos a 27 credores, entre eles: a Caixa Econômica na Bahia no valor de 13:340$000; a Izidoria Oliveira Santos,

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No inventário só aparece a relação dos devedores. Não há justificativas das dívidas serem incobráveis. As mais prováveis são: mudança de endereço, sem avisar ao credor e, portanto, difícil de encontrar o devedor, como também devedores que não tinham condições de quitá-las.

322

AFJM, Caixa Diversos 1877 – 1879: Inventários de Marcos Ferreira Campos, 03/1879.

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8:126$880 e o capitão João R. Guerreiro, 5:120$232, ambos da Imperial Vila da Vitória. Dessa forma, depois de pagar as dívidas, só restou do monte-mor o valor de 307$481 para ser repartido entre os seus onze herdeiros324.

Dos comerciantes com o monte-mor abaixo de 10 contos de réis o Alferes Guilhermino dos Santos Coimbra possui dívidas ativa e passivas altas. A sua dívida ativa no valor de 3:029$458 representando 58,6% de uma riqueza avaliada em

5:170$658 composta de 03 casa na vila, dezenove cabeças de gado325. É também o

segundo na tabela com a maior dívida passiva, com o percentual de 74,3% no valor de 3:842$872. Na lista de seus credores, está a casa comercial de Fortunato, Pinho, Avelar e Cia., do arraial de Aldeia, na cidade de Nazaré326.

TABELA IX

DÍVIDAS ATIVAS E PASSIVAS DOS FAZENDEIROS DA IMPERIAL VILA