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4.1 D ESCRIÇÃO DAS DIFERENTES FASES DA VIDA DA COMUNIDADE DE PRÁTICA VIRTUAL

4.1.1 A constituição da comunidade de prática

A necessidade de formação de uma comunidade de prática ou de aprendizagem, no contexto da investigação, surgiu em janeiro de 2008 com o objetivo de potenciar a interação dos professores a envolver na construção de um módulo sobre a água, destinado a alunos dos ensinos básico e secundário. Simultaneamente esta atividade deveria proporcionar, aos mesmos professores, formação em educação para o desenvolvimento sustentável.

A 15 de janeiro elaborou-se uma circular – Circular 1 (anexo 1A) – para convidar os professores a participarem na comunidade (à data identificada como comunidade de aprendizagem). Pretendia-se abranger professores de diferentes contextos geográficos e de desenvolvimento, tendo em comum a língua portuguesa. Elegeram-se como países participantes: Angola, Guiné-Bissau, Luxemburgo, Moçambique e Portugal (Continental e Região Autónoma dos Açores). O Luxemburgo, não sendo um país de língua oficial portuguesa mas tendo um elevado número de migrantes lusófonos, estaria presente pela representação de um professor da secção portuguesa da Escola Europeia. A eleição destes países justifica-se também pelo conhecimento e relação que a investigadora possui com estes locais.

Dadas as distâncias físicas entre os diferentes intervenientes criou-se um espaço numa plataforma informática75, como local virtual de interação dos membros da comunidade.

Este facto implicou também que a escolha dos professores tivesse como condição a possibilidade de aceder à rede digital, o que limitou a escolha a escolas de zonas urbanas, principalmente em África.

No convite a cada professor, além da Circular 1, era também facultado o acesso a esta plataforma, através de um nome de usuário e de uma palavra passe (anexo 2).

A tabela seguinte (Tabela 4.1) apresenta os diferentes contactos efetuados e a resposta dos professores contactados. Para manter o anonimato dos professores intervenientes os nomes não correspondem à realidade.76

75 Plataforma Odisseia Universidade Aberta. URL: http://www.odisseia1.univ- ab.pt/cursos/DesenvSustentFis.

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Data Professores contactados Países Observações Janeiro 2008 Março 2008 Abril 2008 Julho 2008 Outubro 2008 Janeiro 2009 Fevereiro 2009 Outubro 2009 Paulino Tânia Cláudia Marina Paulo Manuel Samuel Belmiro Fátima Maria Emanuel Jorge Ricardo Mariana João Moçambique Portugal Luxemburgo Portugal Angola Angola Guiné-Bissau Portugal (Açores) Portugal (Açores) Portugal Portugal Portugal Portugal Portugal Guiné-Bissau Participou na comunidade. Participou até outubro de 2010. Contactos, por e-mail, com a investigadora até março de 2009. Não aceitou participar.

Participou na comunidade. Participou na comunidade. Participou. Conhecimento da sua morte em julho 2009.

Participou na comunidade.

Demonstrou algum interesse e possibilidade de participação esporádica que nunca se realizou. Participou na comunidade. Não aceitou participar. Não aceitou participar. Não aceitou participar.

Alguma interação na plataforma mas não aceitou participar.

Participou esporadicamente na comunidade.

Tabela 4.1: Contactos efetuados para a constituição da comunidade de prática e resposta dos professores contactados.

Os professores que não aceitaram participar na comunidade evocaram razões pessoais e profissionais, nomeadamente a gestão do tempo. Para dois professores a investigação não lhes suscitava interesse profissional.

A professora do Luxemburgo manifestou grande interesse desde o início, contudo nunca conseguiu participar na plataforma. Na comunicação estabelecida com a investigadora

apresentava dificuldade em conciliar o trabalho a desenvolver na comunidade com a lecionação da disciplina de Física e Química. A sua desistência inviabilizou a representação do Luxemburgo na comunidade de prática.

Como a professora que representava Portugal Continental na comunidade apresentava uma participação irregular procurou-se, em fevereiro de 2009, convidar mais alguns elementos. Aceitou o convite uma professora (Maria) que se manteve participante até ao final do trabalho na comunidade de prática.

Em relação à Guiné-Bissau, a doença e depois a morte do professor participante levou- nos a procurar outro professor para ingressar na comunidade, o que se efetuou em outubro de 2009.

Durante a realização da investigação, foram considerados como integrantes da comunidade os seguintes professores: dois professores de Angola (Paulo e Manuel), um professor da Guiné-Bissau (primeiro o Samuel e depois o João), um professor de Moçambique (Paulino), três professores de Portugal (Tânia, Maria e Belmiro). Os professores não se conheciam entre si. A investigadora apenas conhecia o professor da escola dos Açores.

A tabela 4.2 caracteriza os professores que constituem a comunidade de prática bem como as escolas onde exerciam a docência à data da entrada na comunidade. Os dados registados foram obtidos através das respostas ao Questionário 0 (anexos 3A a 3G), do relatório do professor de Moçambique (anexo 4) e do conhecimento da realidade por parte da investigadora. Encontra-se assegurado o anonimato das escolas.7778

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Tabela 4.2: Caracterização dos professores constituintes da comunidade de prática e das escolas onde lecionavam, à data de entrada na comunidade.

Com o decorrer da investigação, e com o auxílio do suporte teórico, foi-se compreendendo que esta comunidade que se estava a constituir se aproximava mais de uma comunidade de prática. De facto, mais do que promover a aprendizagem em comum, em educação para o desenvolvimento sustentável, pretendíamos que a comunidade fosse o local e a possibilidade dessa aprendizagem. Para tal contribuiria a elaboração de um módulo sobre a água, fruto da interação regular e participativa (Wenger, 1998a) na CoP, e a sua aplicação nas escolas dos professores participantes. Assim, em janeiro de 2009, a Circular 1 foi reformulada (anexo 1B) e enviada para os novos professores que se estavam a convidar para integrarem a comunidade. Enviou-se também a Circular 2 (anexo 1C) que procurava, brevemente, fundamentar uma comunidade de prática e a razão da sua escolha nesta investigação:

Quando me perguntam o que pretendo de cada um de vós neste trabalho, tem por base isto mesmo. Que juntos possamos aprender, autoformar-nos na área do desenvolvimento sustentável, e assim podermos transmiti-lo aos nossos alunos, do presente e do futuro. Este é o nosso domínio de ação. (Circular 2, anexo 1C)

A comunidade de prática esteve ativa até final do ano de 2010.

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