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4.1 D ESCRIÇÃO DAS DIFERENTES FASES DA VIDA DA COMUNIDADE DE PRÁTICA VIRTUAL

4.1.6 Modificações relativas ao projeto inicial

Na tabela seguinte (Tabela 4.3) apresentam-se as atividades previstas na investigação e as atividades realizadas.

Tabela 4.3: Atividades previstas e atividades realizadas durante a investigação.

Da análise da tabela e do que foi descrito, nas secções anteriores, sobre o percurso da comunidade de prática destaca-se que o módulo sobre a água não foi aplicado como fora planeado (anexo 8) em nenhuma escola.

Em Angola realizou-se o debate sobre a água. Em Moçambique aplicou-se o teste. Em Portugal (Alenquer) realizaram-se as atividades experimentais, o debate foi adaptado para desafios propostos aos alunos e o teste elaborado na comunidade de prática não foi aplicado. Contudo, a professora avaliou os conteúdos das atividades experimentais e dos desafios nos testes da disciplina de Ciências Físico-Químicas.

Consideramos que podem ser justificação para a não aplicação do módulo sobre a água as seguintes situações:

– A impossibilidade de realização de atividades experimentais – Este facto levou os professores a optarem por outras estratégias. No caso do Maputo o professor optou por lecionar alguns conteúdos sobre a água e o desenvolvimento sustentável nas suas aulas.

Envolveu os outros colegas de grupo disciplinar que agiram de forma análoga. No final avaliaram mediante o teste.

De forma semelhante sucedeu com a escola de Luanda. Mesmo o envio do kit de análise de água não solucionou o problema. Para solucionar a situação, com os recursos locais, os professores realizaram a atividade de campo, de educação para o desenvolvimento sustentável, no Bairro Huambo.

A impossibilidade de realização das atividades experimentais aumentou a frustração do professor de Bissau e a sua não adesão à comunidade.

– O desfasamento do tema da água com os conteúdos disciplinares a lecionar – Foi a principal razão evocada pelo professor dos Açores

A minha participação nas atividades e no fórum sofreu um forte revés no ano letivo de 2009/2010, pois neste ano letivo foram-me atribuídas turmas do 10.º ano. Assim, além de ter muito menos tempo para participar em outros projetos devido à extensão do programa e à exigência dos conteúdos, tornou-se muito mais difícil de participar com a minha turma nestes projetos porque o programa de secundário não dá margem de manobra para incluir outros conteúdos. (Belmiro, anexo 22E)

Também o professor de Bissau apresentou esta razão para justificar a impossibilidade de aplicação do módulo (anexo 22C).

– Condicionalismos impostos pela escola – A alteração na forma de realização dos Dias Abertos na escola de Alenquer impôs à professora desta escola a modificação na aplicação do módulo tal como vinha a ser construído na comunidade de prática.

Havia uma equipa que todos pensavam que seria a gestora de propostas e de espaços e horários, apenas, e quando demos conta já tinha um programa pré-determinado com horários e calendários, que estava na mão de alguns grupos disciplinares. De alguma forma estava comprometida a autonomia relativamente ao tipo de atividade a desenvolver. Acabei por conseguir vencer que a temática da nossa sala fosse a água, essencialmente, mas era colocada de parte a possibilidade de debate. (Maria, anexo 19D)

– Condicionalismos técnicos e tecnológicos – No caso de Bissau, estes condicionalismos, aliados à dificuldade de comunicação com a moderadora da

comunidade, não permitiram a inserção do professor de Bissau na vida da comunidade e, consequentemente, o empenho na realização das atividades propostas.

Estes condicionalismos também dificultaram a participação dos professores de Luanda.

– Dificuldades de comunicação – As dificuldades de acesso à plataforma e consequente interação entre todos os professores da comunidade de prática provocaram alguns condicionalismos acerca do entendimento das atividade propostas – por exemplo a aplicação do pré e pós-teste ou a forma de realização das atividades experimentais. Estas dificuldades provocaram também sucessivos atrasos na elaboração do módulo sobre a água.

– Adaptação à realidade local – A adaptação à realidade local também implicou que o módulo sobre a água não fosse aplicado como tinha sido previsto. Contudo, esta situação gerou alterações positivas e de acordo com o pretendido com a investigação. No caso de Angola, a realidade das empresas transportadoras de água, tão presente no dia a dia dos alunos, levou os professores a desenvolver e a aplicar, com sucesso, a atividade de campo ao Bairro Huambo.

Na escola de Alenquer, “sobre a proposta de debate aos alunos, estes revelaram muito entusiasmo e naturalmente as adaptações foram surgindo como resposta às reações deles. O que mais os entusiasmou foi a solicitação para que personificassem políticos” (anexo 7I).

A aplicação do pré e pós-teste, inicialmente prevista, de forma a aferir os efeitos produzidos pela aplicação do módulo sobre a água, a nível de conhecimentos, competências e atitudes, não foi realizada em nenhuma escola.

No Maputo o teste, tal como elaborado pela comunidade de prática, foi realizado como teste final. Nas outras escolas, consideramos que os trabalhos apresentados pelos alunos – poemas, respostas aos desafios, e outros – realizaram também o objetivo previsto de aferição dos efeitos de aplicação do módulo sobre a água.

Quanto aos professores, os segundos questionários foram substituídos pela proposta final da elaboração de uma narrativa reflexiva, no sentido de uma breve “história de vida”, enquanto membro da comunidade. Considerámos a elaboração desta narrativa mais adequada à vida de uma comunidade de prática, no âmbito da educação para o

desenvolvimento sustentável, onde se pretendeu que os professores intervenientes atuassem como profissionais reflexivos e agentes da sua própria formação.

Assim, ao revisitar e revalorizar a sua experiência pessoal e ao transpô-la para a narrativa, cada professor torna-se um produtor de saberes e não um mero consumidor de conhecimentos (Ribeiro, 2003).

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