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2. ESTABILIDADE PROVISÓRIA DA GESTANTE

2.5. A Estabilidade nos Dispositivos Jurídicos Brasileiros

2.5.1. Constituição de 1824

As constituições brasileiras, desde a imperial, de 1824, dispõem sobre o princípio da igualdade.

A primeira Constituição brasileira, de 25 de março de 1824, em seu artigo 179, XIII

assim dispôs40:

A inviolabilidade dos Direitos Civis, e Políticos dos Cidadãos Brazileiros, que tem por base a liberdade, a segurança individual, e a propriedade, é garantida pela Constituição do Império, pela maneira seguinte. (...)XIII. A lei será igual para todos, quer proteja, quer castigue e recompensará em proporção dos merecimentos de cada um.

Efetivamente não se teve nessa Constituição nada que dizia respeito ao trabalho e muito menos sobre ordem econômica.

No mesmo artigo 179 em seu inciso XXIV, a constituição diz que “nenhum genero de trabalho, de cultura, industria, ou commercio póde ser prohibido, uma vez que não se opponha aos costumes publicos, á segurança, e saude dos Cidadãos”.

É importante destacar que esse dispositivo é classificado como sendo uma norma de Direito do Trabalho, pois em tese estaria se consagrando a liberdade de trabalho, porém observando de forma mais atenta a lógica dessa Constituição observa-se que em nenhum momento visa proteger o trabalhador e nem a livre escolha de trabalho.

O único sentido dessa Constituição era o da consagração das liberdades, e no caso a livre iniciativa, que é um traço marcante do Estado Liberal e do capitalismo.

40 Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constitui%C3%A7ao24.htm. Acessado em: 31/05/2013.

Com a Constituição de 1824 surgiram escolas destinadas à educação da mulher, mas ainda voltada aos trabalhos manuais, domésticos, cânticos e ensino brasileiro de instrução primária já que era vedado que mulheres frequentassem escolas masculinas, fato cerceador que consistia em uma garantia da sociedade patriarcal em afastar das mulheres a possibilidade de se inserirem no âmbito do mercado de trabalho.

Tal constituição não se referiu à questão da igualdade entre os sexos, nem fez menção ao trabalho da mulher, a mentalidade que existia quanto à inferioridade feminina fez com que fossem tolhidos diversos direitos e garantias.

A única referência feita ao gênero feminino foi demonstrada na preferência existente na sucessão imperial, pois caso estivesse no mesmo grau de um elemento do sexo masculino daria-se preferência para o homem assumir ao trono vago.

De qualquer modo, a constituição de 1824 limitou-se a assegurar a liberdade de trabalho, porém sem tratar de maneira isonômica os campos de trabalho persistindo, assim a discrepância de salários e a inexistência de respeito e valorização às funções desempenhadas pelo público feminino.

2.5.2. Constituição de 1891

Com o advento da república, uma nova ordem constitucional se instalou no país e o

texto da Constituição de 1891 passou a dispor em seu artigo 72, parágrafo 2º o que se segue41:

Art. 72 - A Constituição assegura a brasileiros e a estrangeiros residentes no País a inviolabilidade dos direitos concernentes à liberdade, à segurança individual e à propriedade, nos termos seguintes:

(...)

§2ºTodos são iguais perante a lei.

A República não admite privilégios de nascimento, desconhece foros de nobreza e extingue as ordens honoríficas existentes e todas as suas prerrogativas e regalias, bem como os títulos nobiliárquicos e de conselho.

Essa Carta Magna assegurou o princípio da igualdade, sem privilégios relativos à nobreza. No entanto, omitiu-se quanto ao tratamento igual entre gêneros, em especial em relação à mulher.

O ano de 1888 foi marcado pelo fim da escravidão, decretado pela Lei Áurea, representou um progresso tendo em vista a promulgação de uma lei que aboliu uma das

41 Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constitui%C3%A7ao91.htm. Acessado em: 31/05/2013.

formas mais desumanas e degradantes de trabalho, porém não foi tudo pois o que permaneceu na sociedade foi uma população marginalizada e sem perspectivas de socialização.

Não se pode deixar de ressaltar que, o fim da escravidão não deu garantias aos negros e negras de inserção digna na sociedade, os recém-libertos passaram por dias difícies após a libertação.

A maioria, sem acesso a terra e sem qualquer tipo de indenização por tanto tempo de trabalhos forçados, permaneceu nas fazendas em que trabalhavam, vendendo seu trabalho em troca da sobrevivência; aos negros que migraram para as cidades, só restaram os subempregos, a economia informal e o artesanato.

Com isso, aumentou de modo significativo o número de ambulantes, empregadas domésticas, quitandeiras sem qualquer tipo de assistência e garantia e assim, é notadamente possível de se verificar que se foi construindo uma nova dinâmica de relação de emprego.

Já em 1889, em decorrência da decadência da monarquia, o Brasil se tornou uma República; os trabalhadores livres passaram a ter a possibilidade de escolher onde trabalhar, houve um aumento significativo nos movimentos migratórios no país, especificamente nas regiões mais bem capitalizadas, como a região Sul.

No bojo desse fluxo migratório estavam as mulheres, cuja mão de obra era empregada em larga escala no início da industrialização, mais especificamente nos ramos de menor mecanização.

A elite dominante na época, que foi quem implementou a proclamação da república em 1889, preconizava suas ações com base em pensamentos liberais, pregava a não intervenção do Estado na economia a fim de não influenciar no equilíbrio das leis de mercado. No decorrer da história, observou-se que a ideia liberal acabou por acirrar as disputas sociais e as diferenças no âmbito trabalhista. Os trabalhadores conviviam com as mais variadas formas de exploração, com salários irrisórios e altas jornadas de trabalho.

O trabalho feminino foi aceito nas fábricas já que com a mecanização as mulheres não necessitavam mais do uso da força para desempenhar suas atividades, contudo eram contratadas com salários menores em comparação aos dos homens.

2.5.3. Constituição de 1934

A referida constituição foi a primeira a tratar sobre diversos direitos trabalhistas, tais como, a proibição de diferença de salário para um mesmo trabalho, por motivo de idade, sexo, nacionalidade ou estado civil, o salário mínimo capaz de satisfazer às necessidades normais

do trabalhador, conforme as condições de cada região, a jornada de oito horas, as férias remuneradas, entre outros.

Além disso, proibiu qualquer trabalho a menor de quatorze anos, do trabalho noturno a menor de dezesseis anos e em indústrias insalubres aos menores de dezoito anos e às mulheres.

Não se pode deixar de ressaltar que tal proibição do trabalho de mulheres em indústrias insalubres embora visasse à sua proteção também representou, de certa forma, um tolhimento da liberdade de escolha, visto que estava determinada na constituição, não cabendo posicionamento contrário por parte da trabalhadora.

É importante se questionar até que ponto o intuito de se fazer justiça não acarreta em mais injustiças e até que ponto o princípio da proteção não discrimina e desprotege ainda mais.

Em contrapartida, a constituição de 1934 dedicou atenção especial à maternidade, pois deixou claro que a licença correspondente se faz sem prejuízo do salário e do emprego, mas mediante a instituição de previdência a cargo da União, do empregador e do empregado.

Tratando-se do direito feminino de votar e alistar-se como eleitora, a constituição em análise determinou que fosse obrigatório para os homens e para as mulheres, sendo no caso feminino somente possível se exercessem função pública remunerada, sob as sanções e salvas as exceções que a lei determinasse.

Verifica-se na referida colocação a presença de mais um cerceamento do direito de cidadania, uma vez que condicionava a possibilidade de voto e alistamento ao exercício de uma função pública remunerada.

Quanto ao direito à estabilidade da gestante, a constituição federal de 1934 foi considerada uma das melhores em relação a proteção as mulheres, pois inseriu em seu texto legal dispositivos favoráveis ao gênero feminino.

As mulheres gestantes passaram a ter o direito à assistência médica e sanitária, salário maternidade e licença a maternidade, além de fazerem jus a um período de descanso antes e depois do parto.

Contudo, é importante destacar que em relação a tal ponto não foi disposto na constituição qual era o prazo referente ao período de descanso antes e após o parto, além do mais é notório perceber que a referida vantagem determinada em lei já era uma manifestação tímida do que tempos mais tarde se entenderia e se reconheceria no ordenamento jurídico brasileiro como estabilidade provisória da trabalhadora gestante.

Segue adiante a transcrição do dispositivo legal acima citado42,

Art. 121 - A lei promoverá o amparo da produção e estabelecerá as condições do trabalho, na cidade e nos campos, tendo em vista a proteção social do trabalhador e os interesses econômicos do País.

§ 1º - A legislação do trabalho observará os seguintes preceitos, além de outros que colimem melhorar as condições do trabalhador:

(...)

h) assistência médica e sanitária ao trabalhador e à gestante, assegurando a esta descanso antes e depois do parto, sem prejuízo do salário e do emprego, e instituição de previdência, mediante contribuição igual da União, do empregador e do empregado, a favor da velhice, da invalidez, da maternidade e nos casos de acidentes de trabalho ou de morte.

2.5.4. Constituição de 1937

A Constituição de 1937 foi fruto de um golpe de Estado promovido pelo então Presidente Getúlio Vargas que instituiu o Estado Novo, essa Constituição foi a que instaurou oficialmente o corporativismo que tinha como pressuposto o fortalecimento do Estado. Acreditava que todos possuindo o mesmo objetivo de fortalecimento do Estado não se teria motivos para conflitos de classes.

Para corroborar tal entendimento, o artigo 135 era a matriz da ordem econômica e assim preconizava:

Na iniciativa individual, no poder de criação, de organização e de invenção do indivíduo, exercido nos limites do bem público, funda-se a riqueza e a prosperidade nacional. A intervenção do Estado no domínio econômico só se legitima para suprir as deficiências da iniciativa individual e coordenar os fatores da produção, de maneira a evitar ou resolver os seus conflitos e introduzir no jogo das competições individuais o pensamento dos interesses da Nação, representados pelo Estado. A intervenção no domínio econômico poderá ser mediata e imediata, revestindo a forma do controle, do estimulo ou da gestão direta.

Esse artigo não visou proteger diretamente a pessoa, passando a dar um enfoque especial ao próprio Estado, dentro da ótica corporativista.

A referida Carta contemplou o preceito da igualdade formal, asseverando que todos eram iguais perante a lei. Contudo, retirou a proibição de diferença de salário por motivo de sexo e por conta dessa omissão, foi publicado no ano de 1940 o Decreto-Lei n. 2.548 que estabeleceu a possibilidade de as mulheres perceberem salários inferiores aos dos homens, autorizando uma redução de 10% em prejuízo daquelas.

42 Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constitui%C3%A7ao34.htm. Acessado em: 31/05/2013.

No Estado Novo as contradições entre retrocessos e avanços nos direitos civis, políticos e sociais, neste destacando-se o direito do trabalho, são evidentes.

Houve muitas reivindicações do movimento organizado por operários o que levou à normatização e fiscalização por parte do judiciário culminando na aprovação da Consolidação das Leis do Trabalho, em 1º de maio de 1943.

Esse foi um relevante avanço nas leis de proteção ao trabalho que ocorreu na vigência de um governo ditatorial que mantinha uma política de controle e repressão aos trabalhadores.

No referido diploma legal permaneceu a proibição do trabalho da mulher em locais insalubres, o período de descanso antes e depois do parto, porém somente sem prejuízo do salário, a garantia de emprego não foi mencionada o que permitia a dispensa da empregada grávida.

Desse modo, nota-se o retrocesso empregado na elaboração da Constituição de 1937, uma vez que suprimiu os direitos anteriormente concedidos evidenciando, assim os ideais totalitários.

2.5.5. Constituição de 1946

A Constituição de 1946 manteve o dispositivo da isonomia e em virtude disso, foi revogado o Decreto-Lei n. 2.548 de 1940 que permitia que as mulheres recebessem salários inferiores aos dos homens.

Proibiu a diferença de salário para um mesmo trabalho, por motivo de sexo, idade, nacionalidade ou estado civil, conforme também dispunha a constituição de 1934, retornou com a garantia de emprego nos casos de afastamento da mulher e com a licença-maternidade, porém não inovou sobre o trabalho da mulher.

No tocante à organização do processo eleitoral, ampliou a participação do voto feminino em oposição ao disposto na constituição anterior o qual só permitia votar as mulheres que tinham cargo público remunerado.

No contexto mundial, em 1945 ano anterior à constituição de 1946, o Brasil homologou a Carta das Nações Unidas a qual estabeleceu os princípios da igualdade de direitos do homem e da mulher, bem como a obrigação de seus signatários assegurar ao homem e à mulher a igualdade de gozo de todos os direitos econômicos, sociais, culturais, civis e políticos.

De um modo geral a Constituição de 1946 avançou já que, entre outros direitos, proibiu o trabalho noturno aos menores de dezoito anos e não somente aos de dezesseis;

reconheceu o direito de greve; instituiu a participação do trabalhador nos lucros da empresa e integrou a Justiça do Trabalho ao Poder Judiciário, pois anteriormente era considerado órgão administrativo por entenderem que assim se simplificaria e se daria mais rapidez às decisões.

2.5.6. Constituição de 1967

O regime militar, através da Constituição outorgada de 1967, governou por mais de vinte anos concentrando de forma excessiva os poderes e agindo de maneira arbitrária por meio dos Decretos-leis.

A Constituição de 1967 foi um misto de inovações positivas e negativas. Ficou proibido o uso de critérios de admissão por motivo de sexo, cor ou estado civil, no tocante à mulher, assegurou aposentadoria aos trinta anos de trabalho e com salário integral além de garantir, como na constituição anterior, o descanso remunerado da gestante, antes e depois do parto, sem prejuízo do emprego e do salário.

Asseverou a igualdade de todos perante a lei, sem distinção, de sexo, raça, trabalho, credo religioso e convicções políticas.

Em seu artigo 158, X, reduziu para doze anos a idade mínima de permissão para o trabalho e quanto ao trabalho noturno manteve a proibição a menor de dezoito anos assim como em indústrias insalubres a estes e às mulheres.

O direito de greve foi restringido, não sendo permitida a greve nos serviços públicos e nas atividades consideradas essenciais, definidas em lei. .

Em relação à estabilidade do trabalhador, o FGTS foi introduzido no Brasil ao lado da estabilidade, era permitida a coexistência dos dois regimes e dessa forma, no tocante ao despedimento do trabalhador, a constituição de 1967 garantia a estabilidade com indenização ou o fundo de garantia equivalente.

Importante destacar o conceito do FGTS e nos dizeres de Maurício Godinho

Delgado43

,

O Fundo de Garantia do Tempo de Serviço consiste em recolhimentos pecuniários mensais, em conta bancária vinculada em nome do trabalhador, conforme parâmetro de cálculo estipulado legalmente, podendo ser sacado pelo obreiro em situações tipificadas pela ordem jurídica, sem prejuízo de acréscimo percentual condicionado ao tipo de rescisão de seu contrato laborativo, formando, porém, o conjunto global e indiferenciado de depósitos um fundo social de destinação legalmente especificada.

43

Em contrapartida, na prática, ao optar pelo FGTS o trabalhador renunciava à estabilidade, assim foi suprimida significativamente, ademais tal sistema estendia-se apenas aos empregados urbanos.

A opção entre a estabilidade e o depósito do FGTS existiu até a Constituição de 1988, quando deixou de existir a estabilidade decenal para os empregados que fizeram a opção e integrou obrigatoriamente todo empregado registrado após a promulgação da Carta de 88 no regime de FGTS.

Desde então, todos os empregados que firmaram contrato de trabalho passaram a ser beneficiados única e obrigatoriamente pelo FGTS, excetuando aqueles cuja relação de emprego iniciou-se em data anterior a da Lei Maior e que ocasionalmente fossem protegidos pela estabilidade da CLT.

2.5.7. Constituição de 1988

A Constituição de 1988 garantiu a igualdade entre os brasileiros e os estrangeiros residentes no País bem como entre os homens e as mulheres, disciplinando em seu art. 5º o seguinte:

Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição.

Com essa Constituição sedimentou-se o entendimento de que os homens e as mulheres são iguais em direitos e obrigações, a Carta Magna proibiu a diferença de salários, de exercício de funções e de critérios de admissão por motivo de sexo, estado civil, idade e cor.

Impende salientar que no art. 7º, XX da referida constituição houve preocupação do legislador em proteger o mercado de trabalho da mulher mediante incentivos específicos.

A nova Constituição trouxe diversas inovações tais como, a equiparação entre trabalhadores urbanos e rurais e o FGTS estendido ao trabalhador rural passou a ser regra; extinguiu a estabilidade decenária; unificou o salário mínimo no território nacional; manteve a irredutibilidade do salário mínimo, porém destacou a possibilidade de sê-lo reduzido através de convenção ou acordo coletivo que dispusesse em contrário, a licença-maternidade foi alongada de oitenta e quatro para cento e vinte dias e introduziu-se a licença-paternidade de cinco dias.

Ademais, ao contrário do texto de 1967, retomou à exemplo das Constituições anteriores a idade de quatorze anos permitida para o trabalho, ainda assim, na condição de aprendiz que significa o contrato de trabalho especial ajustado por escrito e por prazo determinado, por meio do qual o empregador se compromete a assegurar ao maior de quatorze e menor de vinte e quatro anos, inscrito em programa de aprendizagem, formação técnico- profissional compatível com seu desenvolvimento.

Já para os maiores de quatorze e menores de dezesseis anos, só se permite a celebração de contrato de aprendizagem; a partir da idade de dezesseis anos até aos dezoito o trabalhador pode ser contratado mediante contrato de aprendizagem ou de um contrato de trabalho normal, ao completar dezoito anos o empregado torna-se capaz absolutamente.

No tocante ao trabalho da mulher, a CRFB/88 tratou por observar e assegurar tais direitos, foi mantida a estabilidade da empregada gestante desde a confirmação da gravidez até cinco meses após o parto e foi estendida também às empregadas domésticas gestantes em virtude da Lei n. 11.324/2006.

Além disso, em relação a licença-maternidade, vinte anos após a promulgação da Carta de 1988, criou-se o Programa da Empresa Cidadã pela Lei n. 11.770 de setembro de 2008 visando alongar por mais sessenta dias a licença-maternidade mediante a concessão de incentivo fiscal.

A referida prorrogação foi garantida à empregada gestante desde que houvesse adesão da empresa na qual trabalha, conforme o parágrafo primeiro do art. 1º da lei, transcrita a seguir:

Art. 1º - É instituído o Programa Empresa Cidadã, destinado a prorrogar por 60 (sessenta) dias a duração da licença-maternidade prevista no inciso XVIII do caput do art. 7o da Constituição Federal.

§ 1o A prorrogação será garantida à empregada da pessoa jurídica que aderir ao Programa, desde que a empregada a requeira até o final do primeiro mês após o parto, e concedida imediatamente após a fruição da licença-maternidade de que trata o inciso XVIII do caput do art. 7º da Constituição Federal.

Seguindo a linha de coerência do disposto no artigo 5º, I, que consagrou a igualdade de direitos e deveres entre homens e mulheres a CRFB/88, não proibiu o trabalho feminino em indústria insalubre, como ocorreu na Constituição de 1934 e assim, fez com que fosse facilitada a revogação de artigos da CLT que restringiam o campo de trabalho das mulheres.

Dessa forma, nos dizeres de Maurício Godinho Delgado44

que defende que,

A constituição de 1988, entretanto, firmemente, eliminou do Direito brasileiro qualquer prática discriminatória contra a mulher no contexto empregatício – ou que lhe pudesse restringir o mercado de trabalho -, ainda que justificada a prática jurídica pelo fundamento da proteção e da tutela. Nesse quadro, revogou inclusive alguns dispositivos da CLT que, sob o aparentemente generoso manto tutelar, produziram efeito claramente discriminatório com relação à mulher obreira.

2.6. Direito do Trabalho da Mulher na CLT e na OIT e a Revogação de Artigos

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