• Nenhum resultado encontrado

3.2 | A CONSTITUIÇÃO DE 1979: A CONSOLIDAÇÃO NORMATIVA DE UM COMPROMISSO POLÍTICO

A crescente instabilidade social, económica, financeira e as veementes desesperações (dos) militares, encaminharam o PP liderado por Kofi Abrefa Busia, para a gestão de uma irreversível crise política que haveria de levar o carismático líder político, a uma (pequena) porta de não retorno político.216 É, neste contexto de extrema volubilidade política que, a 13 de Janeiro de

1972, a 2.ª República do Gana é derrubada por um inevitável (e previsível) golpe militar e policial, chefiado pelo Coronel Ignatius Kutu Acheampong e, pelos Majores Kwame Baah, Kwame Agbo e Anthony Hugh Selormey (Oquaye, 1980; Hansen, 1982; Owusu, 1975). No dia seguinte à tomada dos poderes administrativos, executivos e legislativos de Estado, é proclamada a constituição do National Redemption Council (NRC), através da National Redemption Council (Establishment) Proclamation, de 1972, que considera, também, a indigitação, pelos seus pares, enquanto Presidente do recém-instituído partido político e, enquanto responsável máximo e primeiro da gestão do Governo nacional, o reconhecidamente

lado, relativamente às questões financeiras, o mesmo decreto-lei político-administrativo, considera, no seu art.º 60 (1), que “The Minister may after consultation with the Minister responsible for Finance and the Auditor- General, issue in writing instructions, not inconsistent with this Act, for the better control and management of the financial affairs of the National House of Chiefs or the Regional House of Chiefs or Traditional Councils” (Assembly Press, 1971: 28). Salientamos, no entanto, e por último, que a promulgação por parte do Governo de Kofi Abrefa Busia do Local Administration Act (Act 359), de 1971, a respeito da manutenção/participação dos paramount chiefs nos Local Councils reforça a “ideia” política de que “This seemed to be their role, and to accord with the fact that entourage of the local chief, who in Ghanaian custom is still a man whose leadership is respected and followed, and without whose collaboration community development may be crippled” (Ayee, 1994: 86).

216De acordo com Dan-Bright Dzorgbo, o Coronel Ignatius Kutu Acheampong perpetra este golpe militar de

Estado, com o cínico objectivo político de “‘redeem’ (hence the name National Redemption Council) from its ‘problems’: arbitrary dismissals, arrests ans detention without trial, economic mismanagement and incompetence” (apud 2001: 227). Com efeito, o “factor militar” é um determinante explicativo para este novo golpe de Estado, na medida em que o novo líder político do Estado ganês, Ignatius Kutu Acheampong, acusa com veemência o Primeiro-Ministro Kofi Abrefa Busia, de interferir maliciosamente nos assuntos internos dos militares e dos polícias, ao destacar que “the first people Busia put his eyes were the Armed Forces and Police. Some Army and Police officers were dismissed under the pretext of retirement. Some Officers were put in certain positions to suit the whims of Busia and his colleagues. Then he started taking from us the few amenities and facilities which we in the Armed Forces and the Police enjoyed even under the Nkrumah regime (...)” (apud Dzorgbo, 2001: 228). Para o conhecimento do “factor tribal” na eclosão e justificação deste golpe de Estado militar, ver: (Awoonor, 1984).

ambicioso (e ganacioso) Ignatius Kutu Acheampong (Boahen, 1989). Nesta célere sequência de diacrónicos acontecimentos políticos, o NRC providencia algumas medidas regimentais com carácter de imediatismo simbólico:

the office of President of Ghana was abolished, Busia and his ministers were dismissed, the National Assembly dissolved, political parties prohibited and the Constitution suspended. Similar to the NLC Proclamation of 1966, however, the NRC Proclamation provided that, subject to any decree of the NRC, all the enactments and rules of law in force in Ghana before the coup were to continue in force, unless revoked, repealed or suspended (apud Goldschmidt, 1981: 146).

Enfim, como se pronunciou Christian Chavagneux acerca destes catárticos procedimentos políticos: “routine de coup d’État” (1997: 74). Iniciava-se, deste modo, um conturbado período histórico determinado por fragmentados ciclos de iniciativas e dinâmicas militares, que correspondem, na sua essência motivacional, à galopante voracidade que aqueles haviam revelado pelo poder político/de Estado, e, que de modo consequente, balizaram o destino político de quase toda uma década de governação política, que foi profundamente circunscrita pela errância ecónomica, pela insuficiência ideológica, pela ambiguidade administrativa e, pelo autoritarismo político (Ninsin, 1985). Nesta inaugural fase de tomada e instalação nas estruturas e orgãos do Estado, e não obstante a deliberada “colagem” ideológica às condutas e processos políticos perpetrados pelo CPP de Kwame Nkrumah – por exemplo, a implementação de uma liderança populista sob o signo da icónica “revolução nacional”, a reintrodução de um modelo económico assente na planificação do Estado (planos quinquenais) e, a afirmação no inequívoco apoio (e suporte logístico) aos movimentos de libertação do Zimbabué e da África do Sul – o regime político sustentado pelo NRC de Ignatius Kutu Acheampong, produziu tão só e simplesmente, do ponto de vista ideológico-doutrinário, uma ténue (porque incongruente) perspectiva de anti-imperialismo, uma insípida concepção de reformismo político, uma distorcida compreensão de nacionalismo e, uma provinciana percepção do pan-africanismo (Konings, 1986; Yeebo, 1991).217

Sendo assim, destacamos que será sob a cobertura de um quadro político que revela proeminentes deficiências (e, diríamos mesmo, ausências) ideológicas e indefinidos critérios de acção política, que se enquadra e se define a natureza das relações políticas que se instituíram entre um (pseudo) Estado “revolucionário”, gerido pela “navegação à vista” do NRC de

217Segundo Dan-Bright Dzorgbo “By refusing to share decision-making with civilians, the NRC seems to have

believed that societal problems were clear and their solution simple, and all that was needed were ‘the right orders’. This view led the regime to have a very simplistic and idealized perception of society as an object that could be easily moulded into a ‘good society’, which, in its view, was to return to the ‘good old days’ of Nkrumah, even though a new economic context had emerged in Ghana that seemed incapable of supporting such a generous, Nkrumah-type, redistributive socioeconomic order” (2001: 229).

Ignatius Kutu Acheampong e, os recém-revigorados (pode-se ler: “promovidos”) paramount chiefs ganeses.218 Nesta medida, no decurso deste processo político de institucionalização de uma raquítica “unidade revolucionária” e de um atrofiado “nacionalismo patriótico” (que não tinha nem a solidez ideológica nem o apoio social de Kwame Nkrumah), a cúpula militar do NRC em gestão do Estado ganês, assume, tácita e veladamente, uma cooperação necessária, ou, antes, uma prudente aliança política com os notoriamente influentes paramount chiefs ganeses, com o propósito primeiro de em “coligação” fazerem “cumprir” o socializante projecto político, económico e administrativo daquele militarizado partido político, junto das populações ganesas, sobretudo, daquelas, que maioritariamente viviam no distante e concreto “mundo” rural ganês (Konings, 1986). No entanto, a alavancada relação política de “união de facto” entre o Estado e os paramount chiefs à época, não estava isenta de “pequenas” lutas por “pequenos” trunfos políticos e financeiros, tal como nos relembra Kwame Boafo-Arthur “The National Redemption Council (NRC) that overthrew the Busia regime initially courted the chiefs to stabilize it usurpation of power but that did not blind it to the perennial problems of who controls the land and the revenues that accrue from land” (2002: 6). Situação esta, que o Supreme Military Council (SMC I) se predisporia, revolucionariamente, a “negociar”, como de seguida apuraremos, com gratificantes benefícios económicos para ambas as partes.

Nesta sequência política, acrescentamos que a 9 de Outubro, de 1975, o NRC sofre uma induzida e profunda reorganização política e militar, “renascendo”, deste modo, para o “mundo” social ganês, enquanto SMC (I), que “inaugura”, por sua vez, uma conjuntura histórica que herda e reproduz (e agrava) as “bonapartistas” dinâmicas das precedentes ganâncias políticas e sofreguidões económicas, que recaiam sobre um Estado que por si só já se encontrava moralmente doente, economicamente moribundo e politicamente corrompido (Chazan, 1983; Rothchild, 1980; Gyimah-Boadi, 1989).219 Com efeito, nesta reconfiguração “política”, o agora General Ignatius Kutu Acheampong, em nome dos ténues checks and balances que o “jogo” político e militar reclamava, substitui três dos militares-fundadores do NRC – os promovidos Coronéis Kwame Baah, Kwame Agbo e, Anthony Hugh Selormey – pelos mais “úteis” Comandantes do Exército, da Marinha, da Força-Aérea, das Forças de

218No processo de edificação de um “nacionalismo revolucionário” (e, paradoxalmente, “inclusivo”), o Coronel

Ignatius Kutu Acheampong reclamava a inclusão de grupos sociais tão díspares quanto “des étudiants, des ouvriers, des femmes, des militaires, des fonctionnaires et des chefs traditionnels” (Chavagneux, 1997: 77).

219De facto, desde os momentos iniciais da tomada do poder por parte de Ignatius Kutu Acheampong e, com o

agravar das erráticas políticas por ele tomadas, o seu “lugar” político sempre esteve sujeito a contestações e a ataques mais deliberados, pois como nos é revelado por Christian Chavagneux “entre 1972 et 1975 le NRC devra subir quatre tentatives de coup d’État: à la mi-1972 par des proches de Busia, en 1973 par d’anciens membres du CPP, en 1975 sous l’égide de l’ancien ministre des Finances de Busia, J.H. Mensah, et en 1975 a priori par des officiers Éwé” (1997: 77).

Segurança e Controlo Fronteiriço e, por último, do Inspector-Geral da Polícia ganesa, que, em conjunto, formam o hermético núcleo duro do SMC (I).220 Neste novo figurino político-militar, ao SMC (I) atribuir-se-iam as funções de natureza legislativa e administrativa e, ao Genereal Ignatius Kutu Acheampong, simultaneamente proclamado Presidente do SMC (I) e Chefe de/do Estado, ser-lhe-iam outorgadas as funções executivas que, não raras vezes, mais revelariam o “lado” político do poder que da autoridade. No caso de querermos revelar uma “fotografia” dinâmica deste período de (des)governo ideológico, político e económico do SMC (I), e à compreensão das relações políticas que este (via Estado) empreendeu com os paramount chiefs ganeses, à explicativa interpretação de Irene Korkoi Odotei devemos recorrer:

o Estado, ao perder os parcos referentes ideológicos que ainda tinha, entrou em ruína política, a anarquia económica era a regra, e a a-moralidade dos políticos e dos militares era o menor dos seus pecados. O SMC privatizou o Estado para criar e alimentar uma enorme teia de clientela política a partir dos recursos daquele. Davam quinhões do Estado (empresas estatais, projectos agrícolas, de infraestruturas, etc), para se perpetuarem no poder. O patrimonialismo e o kalabule221 eram as práticas/estratégias económicas que orientavam e dominavam todos os

objectivos políticos de gestão do Estado. O Estado existia enquanto o patrão de uma extensa e seleccionada rede de clientes que sumptuosamente enriquecia em detrimento da população comum, que chegou a passar fome. De entre estes clientes, encontravam-se os paramount chiefs. A moeda de troca destes não incidia sobre o controle de fábricas, de ministérios ou das importações. A sua moeda de troca pela “acalmia” das suas gentes, era o Acheampong não lhes controlar e retirar as receitas provenientes das stool lands nem promulgar leis que restringissem qualquer função ou prerrogativa que estava na Constituição de 1969 e do Chieftaincy Act de 1971. Em nada mexer para que os pratos da balança estivessem em equilíbrio. E assim foi feito. O SMC soube da importância deste acordo não-escrito, e respeitou-o. As permutas políticas e económicas eram o segredo do seu “negócio”. (...) quando o Acheampongtentou emendar a mão com o Union Government,222 o seu destino político já estava marcado.223

Neste cenário de corrupção política, de colapso económico e de intensificação das querelas institucionais e “empresariais” dos politizados militares, a história já se havia encarregado de definir o traçado político do moribundo SMC (I). A 5 de Julho de 1978, um bramoso golpe palaciano assume os seus contornos políticos: alguns dos dirigentes do SMC (I), insatisfeitos com a incompetência política e a inabilidade económica de Ignatius Kutu

220Efectivamente, esta reorganização do NRC acontece “sous la pression des officiers supérieurs inquiets d’une

certaine perte d’autorité, pour le transformer en un Supreme Military Council (SMC) donnant un pouvoir politique hiérarchique aux officiers supérieurs, toujours dirigé par Acheampong promu général. Une réorganisation dont il profite pour évincer les officiers Éwé en resserrant les rangs autour des Asante, ouvrant la voie à des tensions ethniques” (Chavagneux, 1997: 77).

221O kalabule, de acordo com Naomi Chazan, é fundamentalmente “the beat-the-system strategy consisted of

constructing parallelly to the formal economy, an informal one, which bred on the formal sector, diverted its resources, and set out to manipulate the state in order to serve the needs of diverse groups of persons within its boundaries” (1983: 194). Para uma análise detalhada acerca dos diversos tipos de kalabule que a autora identifica para a realidade económica ganesa, ver a mesma referência bibliográfica: (1983: 194-196).

222Numa desesperada tentativa de perpetuar o seu governo militar, Ignatius Kutu Acheampong propôs um inovador

sistema político tripartido por si designado de Union Government (UNIGOV). Neste sistema político “the army, the police and civilians would share political power. This ideia was sold to the nation with massive political campaigns. A referendum manipulated by the regime returned a victory for Unigov proposal but not before the Electoral Commissioner ran for his life when he insisted on proper electoral procedures” (Dzorgbo, 2001: 250).

223Tradução livre da entrevista realizada a Irene Korkoi Odotei (Ex-Directora do IAS/UG e Coordenadora do

Acheampong – ou, se quisermos traduzir, inconformados com dogmático poder político e com desmedido poder económico que este havia em si concentrado – exoneram o corrupto e cada vez mais incontrolável líder político (reputado de one-man-show), reformam a orgânica das hierarquias políticas cimeiras do SMC (I) e, em decorrência, nomeiam um novo chefe militar para a reconstituída plataforma política – o SMC (II) – e um novo dirigente político para o governo do Estado ganês, o Tenente-General Frederick Kwasi Akuffo (Chavagneux, 1997; Chazan, 1983; Oquaye, 1980).224

Como é sublinhado por Joseph Amanoo, à sua “chegada” ao poder de Estado, o Tenente- General Frederick Kwasi Akuffo, seria confrontado com quatro incontornáveis problemas de natureza distinta e melindrosa: “l’armée, une situation économique désastreuse, le sort de Acheampong et l’incertitude sur l’avenir politique” (1988: 47). A “fórmula” política que este experiente militar, porém, inexperiente gestor de vontades (ambições) e pressões políticas considerou ser prudente, ou, antes, ser a solução de todas estas dimensões de degradação e desagregação política, económica e social, foi o seu honroso compromisso do iniciar de um processo político democrático que culminaria com eleições livres (presidenciais e para a Assembleia Nacional), a ocorrerem a 18 de Junho de 1979, disputadas somente por partidos políticos, de matriz civil, legalmente constituídos e com exclusiva representação nacional (Jeffries, 1980).

A cobertura material deste almejado projecto político, encaixar-se-ia, na sua existência formal, na proposta do Tenente-General Frederick Kwasi Akuffo, em se oficializar a criação de uma Assembleia Constituinte, cuja incumbência primeira seria a prepararação de um draft jurídico que serviria de base política para a feitura de uma nova Constituição nacional (a entrar em vigor no dia da realização das eleições), com a supervisão e o assentimento último do colegial órgão directivo do SMC (II). Contudo, nem as beneméritas intenções constitucionais deste militar “feito” político, nem a sua “aposta” na manutenção dos “arranjos” políticos com os (seus amigos e próximos) paramount chiefs ganeses, inverteram a cruel e enraízada realidade dos factos históricos para a (sobre)vivência política do SMC (II): “they failed to check the corruption, economic mismanagement, daylight looting of the state’s coffers the ostentatious living and kalabule that were going on: nor did they deal with the indiscipline and corruption in the army” (Boahen, 1989: 20). Seria, sob a batuta de um tumultuoso e anómico ambiente

224As públicas intenções políticas deste golpe militar são muito nítidas nas palavras de Zaya Yeebo “In order to

pacify civilian and military critics, the military hierarchy wanted a convenient scapegoat on whom to blame the country’s problems, and the ills of military rule in general. General Acheampong was their obvious choise. The military hierarchy therefore decided to sacrifice General Acheampong as a way of buying time and also reassuring junior officers and other ranks and the population as a whole that the military establishment could restore order and credibility to a crumbling establishment” (1991: 21).

social, político, económico e militar, que o Tenente-General Frederick Kwasi Akuffo decreta o Estado de emergência nacional que, implacavelmente, corresponderia ao seu “canto do cisne” político e militar.225

O sangrento e, desta vez, bem-sucedido golpe militar (infrutiferamente tentado a 15 de Maio), efetivado a 4 de Junho de 1979, destitui o governo do SMC (II) e convoca uma nova administração política sob a orientação institucional do Armed Forces Revolutionary Council (AFRC) e, sob o comando político do small boy, o Tenente Piloto-Aviador Jerry John Rawlings (Jeffries, 1980; Hansen & Collins, 1980; Pieterse, 1982). O leitmotiv militar e político desta “insurreição espontânea”, representava, segundo os seus perpetradores, a “revolta” do cidadão comum ganês “against injustice, against economic hardship and against the cancer of corruption that had eaten into the fabric of Ghanaian society” (Boahen, 1989: 22).226 Nesta medida, e com

a incumbência de reparar tão maléficas dinâmicas políticas e económicas e, de regenerar a moral social de um Gana decadente, Jerry John Rawlings alicerça toda a sua motivação política sob a “orientação” dos populistas e dilacerantes slogans revolucionários de “house cleaning exercise” e de “let the blood flow” (Hansen, 1982; Okeke, 1982).227

No decurso deste processo de “higienização” política, económica e moral, o AFRC de Jerry John Rawlings, não descurou a sua promessa política de devolução do poder político a um governo civil, que resultaria da realização de eleições presidenciais e legislativas, a ocorrerem a 18 de Junho, tal como havia sido previamente anunciado durante a regência política do SMC (II). Assim, na prevista data, são realizadas as eleições das quais resultam a vitória eleitoral do People’s National Party (PNP), do qual emerge enquanto seu líder político e eleito Presidente da República, o Dr. Hilla Limann (Oquaye, 1980; Boahen, 1989). A 24 de Setembro, após a tomada de posse da nova Assembleia Nacional, o AFRC estava disponível para a “passagem” da pasta presidencial para o civil Hilla Limann, que corroboraria (com pequenos apontamentos rectificativos), tal como Jerry John Rawlings e o AFRC, a integralidade das propostas constantes no documento de feitura de uma nova Constituição Nacional, a entrar em

225Para além da incapacidade do SMC (II) combater os graves problemas acima citados, o seu Governo foi

derrubado porque “Akuffo and his new SMC members were part of the whole system of kalabule, corruption, smuggling, profiteering and indiscipline. (…) Akuffo and his SMC II spent their time not only amassing more wealth and enriching their wives and girl friends, but above all ensuring that they returned the country to civilian rule under a constitution which would guarantee their future safety, security and immunity” (Boahen, 1989: 20).

226Neste golpe militar “The ‘revolution’, as increasingly controlled and defined by Rawlings hilself, was more an

attempt at moral reformation than structural transformation, primarily concerned to reassert the principle of popular accountability in Ghanaian political and public life” (Jeffries, 1980: 297).

227Com efeito, tal como nos corrobora Piet Konings “During its ‘cleaning up’ operation, the AFRC executed eight

senior army officers, including theree former Heads of State, for allegedly committing ‘crimes against the state’, sent hundreds of corrupt senior army officers, public officials and their business accomplices to long term of imprisonment, and dismissed a number of senior civil servants and police officers” (1986: 39).

vigor no imediato político.228 Estava oficializada a génese política e constitucional da 3.ª República do Gana e, estava firmada a advertência política de Jerry John Rawlings ao PNP “that the military would follow closely the developments in the country under the PNP administration” (Konings, 1986: 40).

A classe política dirigente do novo partido político que agora controlava o poder executivo do Estado, assumia-se, do ponto de vista ideológico, enquanto os doutrinários e “espirituais” herdeiros directos do “socialismo democrático” preludiado pelo CPP e, pelo seu inolvidável líder, Kwame Nkrumah (Pellow & Chazan, 1986). No entanto, e não obstante a existência nas fileiras do PNP de saudosistas da “velha guarda” do CPP e de irreverentes “jovens Turcos”, os quadros políticos do PNP e os “gestores” políticos de Hilla Limann no “governo” do Estado, definiram, dadas as premências da conjuntura e as vantagens estruturais,

Documentos relacionados