Neste sucinto glossário de étimos Twi, pretendemos grafar algumas das principais palavras, expressões ou frases que foram utilizadas ao longo do presente texto. O pressuposto primeiro deste recenseamento filológico, é “traduzir” de forma simplificada, os referentes históricos, políticos, constitucionais, jurídicos, militares, simbólicos, rituais e ideológicos do grupo etnolinguístico Asante, e não tem, em momento algum, a pretensão de se constituir enquanto análise detalhada ou formal das estruturas semânticas, morfológicas, sintácticas e/ou fonéticas da língua/dialecto Twi. Neste sentido, apresentamos ainda como ressalva preambular, que a apresentação destes étimos, se encaixa mais na categoria de (“auscultadas”) hipóteses propositivas que na categoria de (“impermeáveis”) evidências linguísticas.
ABAKOMDWA | der. oba criança + koma coração + dwa tamborete = lit. “o tamborete para
a criança querida”, i.e., “o tamborete do herdeiro designado”.
ABUSUA | pl. mmusua; der. abu um prenome + sua imitar; aprender; lit: “família”, “matrilinhagem”, “parentesco matrilateral”. Esta etimologia remete para a história da fundação do clã matrilinear.
ABUSUA KESEE | pl. mmusua kesee; der. abusua + kesee grande = lit. “um grande abusua”, i.e., um clã matrilinear territorialmente disperso.
ADADUANAN | der. eda um dia + aduanan quarenta. Designa o ciclo de quarenta e dois dias
do calendário Asante, que é composto pela alternância de um ciclo ou semana de seis dias nanson seguido de um ciclo de sete dias nawotwe.
ADAE | der. da para deitar; para descansar = lit. “lugar de descanso” ou “sepultura”. O adae
corresponde aos dias de festival nos quais são feitas oferendas aos antepassados.
ADONTEN | o “corpo” principal do exército Asante. O Adontenhene é o seu comandante. AFENA | pl. mfena; uma espada, um sabre. Os mfena são as insígnias e os emblemas da
autoridade política (soberana) do Asantehene, e a maior parte deles estão intimamente ligados aos ntoro. Os afenasoafoo são os “portadores de sabres” (desfilam à frente do Asantehene em cerimónias públicas ou de Estado), os quais também servem de mensageiros do rei e, como tal, a sua pessoa é tida como sagrada; atentar à sua integridade física ou à sua vida é sinónimo de declaração de guerra.
AGYA BA | der. agya pai, progenitor (pl. agyanom) + oba criança (pl. mma) = lit. “a criança
do pai”. No parentesco Asante designa os irmãos do lado do pai em contraste, onua significa os irmãos do lado da mãe.
AHENKWAA | pl. nhenkwaa; der. ohene + akoa servidor ou auxiliar = lit. “o servidor de um
ohene”. O termo é aqui empregue para designar os “funcionários” do governo de Kumase; as suas funções não são hereditárias, e são, regra geral, nomeados pelos Asantehene.
AKOA | pl. nkoa; servidor ou auxiliar em sentido mais lato. Designa um estatuto de dependência, e neste sentido um akoa pode ser um escravo que serve um chefe ou um indivíduo livre que serve o Asantehene.
AKRABOA | pl. akrammoa; der kra + aboa animal (pl. mmoa) = lit. “o animal do kra”, i.e., o animal sagrado/interdito akyiwadee para os membros de um mesmo ntoro.
AKRADWARENI | pl. nkradwarefoo; der. kra + dware lavar, banhar. Os Nkradwarefoo têm
por função “lavar”, i.e., de purificar o kra do Asantehene. Aqueles poderão ser escravos, amigos de infância do Asantehene, ou ainda, detentores de funções oficiais. Durante a sua vida gozam de largos privilégios, no entanto, a maioria deles é morta (ou voluntaria-se a sê-lo), aquando da morte do Asantehene, com o propósito de o acompanharem ao “país dos antepassados” asamando e, de o servirem tal como o faziam em vida.
AKWAMUHENE | designa o omanhene de Akwamu, mas também o segundo comandante do
exército Asante. O Asafohene é o Akwamuhene de Kumase e, portanto, depende do Bantamahene.
AKWASIDAE | lit. o “grande adae” ou o “adae de Domingo”. É celebrado no trigésimo terceiro
dia (kurukwasie) de cada ciclo adaduanan.
AKYEMPEMHENE | der. kyem escudo + mpem lança + ohene rei = lit. “o protector, o responsável”. É o tamborete mais importante e mais antigo dos ahenemma os filhos dos ocupantes do sika dwa kofi, e o ocupante deste tamborete, o Akyempemhene, é constitucionalmente, o chefe dos ahenemma, os “príncipes” do Tamborete de Ouro.
AKYIWADEE | der. kyi proibir, abster-se, abominar + ade objecto, coisa: uma abominação, um tabu, um interdito. A transgressão de um tabu é uma acção muito grave que afecta e diz respeito a toda a comunidade.
AMAN BRE | der. omam Estado + bra/bara para fazer ou promulgar uma lei; costume de natureza jurídica que poderá ser mudado ou ajustado por actos de legislação emanados pelas instituições competentes.
AMAN MMU | der. omam Estado + mmu/mu inteiro, genuíno; costume jurídico imemorial que regula todo o Estado (e, por isso, não está sujeito a qualquer alteração ou ajuste por via de decreto ou lei).
ANKOBEAHENE | designa o chefe de uma força policial ankobea encarregue da protecção
pessoal do omanhene, do qual ele depende.
APAFRAM | expressão erroneamente utilizada pelos Europeus como sinónimo estrito de odwira (os Britânicos frequentemente traduziram como “raça de Deus”). Este étimo, é segundo algumas fontes Asante (incluindo o Asantehene Osei Agyeman Prempeh II), o suman do odwira; ainda assim, as origens e a significação deste étimo permanecem opacas e fonte de dissensões entre os Asante.
ASAMAN ou
ASAMANFOO | sing. osaman; der. sa para passar/falecer + oman nação, comunidade +
sufixo foo pessoas = lit. “os espíritos ancestrais dos mortos ou dos que partiram” (o sistema de crenças Asante conceptualiza que estes continuam a ser portadores de sentidos, tais como raiva, fome, sede, afectos etc.). Os espíritos dividem-se em múltiplas categorias de acordo com as circunstâncias da sua morte. Só aqueles que conhecem uma morte honrosa são enterrados segundo as pomposas normas rituais, juntando-se ao Asamando; os outros vagueiam e podem-se tornar muito perigosos para os vivos, aparecendo principalmente durante os sonhos.
ASAMANDO ou
ASAMANDOW | lit. o “país dos antepassados” ou “a terra dos mortos”, cuja existência é situada nos céus ou na terra.
ASANTEHENE | der. asante + ohene = o rei/soberano dos Asante. ASANTEHEMAA | der. asante + ohemaa = a rainha-mãe dos Asante.
ASANTEMANHYIAMU | der. asante + omam Estado + hyiamu reunião = lit. “a Assembleia
da nação Asante”, que é presidida pelo Asantehene e na qual participam todos os detentores de cargos políticos e institucionais de nível superior (a asantehemaa, os omahene, os anciãos de Kumase e representantes dos chefes provinciais). É igualmente o mais importante tribunal de justiça. Regra geral (salvo situações particulares de crise), o Asantemanhyiamu reúne-se uma vez por ano, durante as celebrações do festival Odwira.
ASASE YAA | der. (as)ase a terra, o solo + yaa é o nome de uma pessoa do sexo feminino nascida numa Quinta-feira = lit. a “deusa da Terra”, mais precisamente “o espírito da Terra”. A Quinta-feira é considerado um dia tabu para trabalhar a terra. A este dia estão associados um conjunto de interditos, tais como o derramamento de sangue e, em particular, os adehyee cidadãos livres/membros das famílias reais não podem trabalhar o solo: em caso de desobediência, os “transgressores” serão ritualmente estrangulados ou desmembrados.
ATOPERE | der. pere lutar, grande esforço = lit. “a dança ou o teatro da morte” (no sentido
da luta pela vida, das agonias da morte). Execução ritual que assenta no desmembramento progressivo de um indivíduo julgado como culpado pelos delitos ou ofensas mais graves.
AWUKUDAE | lit. o “pequeno adae” ou o “adae de Quarta-feira”. É celebrado no décimo quinto dia (kurudapaawukuo) de cada ciclo adaduanan.
BAKOMA | pl. mmakoma; der. oba criança + koma coração = lit. “uma criança
amada/desejada”.
BAAMU | der. ban cerca, recinto + mu = lit. “um recinto fechado”; também traduzido por “mausoléu”, sin. barim, barem. O baamu ou barem de Bantama é o lugar onde os Asantehene defuntos estão enterrados. Os Asantehene e os outros membros da família real de Kumase (Oyoko Kokoo abusua) estão enterrados nos cemitérios reais de Akyeremade e de Breman.
BAYIE | der. oba criança + yie remover, tirar = lit. “para tirar uma criança”, com um significado estrito de feitiçaria. A feitiçaria está exclusivamente operacional no interior de uma abusua e são as mulheres que detêm a exclusividade desta competência (que pode ser reforçada com o ensino de práticas específicas). A “feitiçeira-tipo” corresponde, regra geral, a uma mulher velha, que inveja os outros membros femininos do seu clã que ainda estão em idade fértil. As acusações de feitiçaria colocam frequentemente em cena o tio materno (wofa) e o seu sobrinho uterino (wofase).
BENKUM | lit. “a mão esquerda”, designa a ala esquerda do exército Asante. O Benkumhene é o seu comandante.
BEPOSOHENE | o omanhene do oman de Beposo.
BOSOMMURU | der. bosom “espírito” ou “fetiche” + mmuru o nome de um rio que tem o
sentido de “origem comum”. É um dos ntoro patrilineares Asante que se dedica à purificação e “limpeza” do kra (implica as noções de finitude, de perfeição). Diversos Asantehene pertenceram às sub-divisões Adufudee (os quais usaram os nomes de Osei e Owusu em alternância geracional) ou Asafodee (os quais usaram os nomes de Opuku e Adu em gerações alternadas). Os chefes prestam o juramento de fidelidade ao Asantehene sobre o Bosommuru afena.
BOSOMPRA | der. bosom + Pra é o nome de um rio que tem o significado de “reunidos”. É um dos ntoro patrilineares Asante que se dedica à purificação e “limpeza” do kra. Diversos Asantehene pertenceram à sub-divisão Aboadee (os quais usaram os nomes de Boakye e Akyampon em alternância geracional).
DWA | tamborete, assento. Designa, em simultâneo, os tamboretes quotidianamente utilizados
uma chefatura ou a um estatuto/cargo político ou institucional. O sika dwa kofi é o Tamborete de Ouro dos Asante.
EJISUHENE | o omanhene do oman de Ejisu.
ESEN | pl. nseniefoo ou nsenieni; são os arautos do Asantehene. Além das funções que desempenham no tribunal do rei (comandam o silêncio quando o Asantehene fala), são, por vezes, encarregados de missões diplomáticas. O chefe dos arautos é o Nseniehene.
ESONO | der. so ser grande, largo + no pronome reflexivo = lit. “o mais grande”, “o elefante”. O elefante é um dos animais munidos de um “perigoso” sasa cuja importância é traduzida no sistema de crenças e práticas rituais Asante.
FEKUO | der. afe uma pessoa + (e)kuo um grupo, uma colectividade = lit. “um grupo de pessoas”. Em Kumase, o étimo refere-se, regra geral, às diferentes unidades administrativas ou militares Asante, tais como: Adonten, Akwamu, Ankobea, Benkum, Gyaase, Kronti, Nifa, Kyidom, Oyoko e Manwere.
FIE | pl. afi; “a casa”, “o lar”, “o agregado”, o grupo de pessoas que vivem debaixo do mesmo
tecto ou domicílio.
JUABENHENE | o omanhene do oman de Juaben.
KOKOO | vermelho. Na simbólica Asante, esta cor remete para o sangue mogya e implica a noção de perigo, de impureza. Esta cor simboliza o luto no funeral de um parente.
KRA ou
OKRA | pl. akra; “a essência”, “a alma” de um indivíduo. Esta componente do indivíduo é directamente facultada à nascença por Nyame.
KRA DA | der. kra + da dia (pl. nna) = lit. “o dia no qual os Asante cumprem os ritos e os
rituais relacionados com o seu ntoro”.
KRADIN | der. kra + edin nome. É o nome sob a égide de um kra que é atribuído de acordo com o dia de nascimento e que induz na pessoa um carácter específico, i.e., define a sua personalidade.
KRA PA | der. kra + pa perfeito, ideal, verdadeiro = lit. “um kra perfeito”. Transmite-se por filiação patrilinear e realiza-se idealmente pelo casamento entre primos cruzados. O detentor de um kra pa é considerado como a reincarnação de um importante ancestral que reproduz modelarmente a fórmula psicológica e física ntoro e mogya. Só os detentores de um kra pa podem possuir os “grandes nomes” (oboadenfoo; sing. oboadeni) transmitidos em linha patrilinear.
KONTIHENE ou
KRONTIHENE | título militar que designa o Comandante-em-Chefe do exército Asante. Uma confusão frequente faz do Bantamahene o Krontihene do exército Asante no lugar do Mamponghene. Na realidade, o Bantamahene é o Krontihene de Kumase.
KUMASE | capital da região Asante; der. (o)kum: que pode ser traduzido como sendo um tipo
de árvore ou como sendo o acto de executar ou de matar + ase: que pode se traduzido “por debaixo”, “em baixo de”, i.e., o lugar debaixo da árvore/o lugar onde as execuções são realizadas.
KWAMANGHENE | o omanhene do oman de Kwamang.
KYIDOMHENE | o chefe ohene da retaguarda kyidom do exército Asante.
KYINIE | pl. nkyinie; der. kyini circular, virar, torcer = lit. “um grande guarda-sol/chuva de Estado”. Os guarda-sóis/chuvas de Estado do Asantehene representam real e metaforicamente “discernimento/frieza” e protecção.
MAMPONGHENE | o omanhene do oman de Mampong.
MANWEREHENE | é o chefe de uma divisão fekuo do palácio real que é responsável pelos tamboretes consagrados aos Asantehene defuntos.
MENA ou
MMRA | lit. “a cauda do elefante”; símbolo, insígnia ou distintivo dos abirempon, de entre os quais a posição política cimeira é ocupada pelo Asantehene.
MMAMMA | der. oba uma criança (pl. mma). Designa as crianças, em linha patrilinear,
daqueles (vivos ou antepassados) que ocupam uma função que não depende da filiação matrilinear. Os seus direitos de sucessão são aleatórios e dependem da boa vontade do Asantehene (mmamma dwa).
MMOATIA | sing. aboatia; der. aboa criatura, animal (pl. mmoa) + tia na fronteira, no limite, i.e., traduz-se frequentemente como “fadas”, “duendes”, “pessoas pequenas”. Este termo é usado para definir as pessoas que são tidas como intermediárias entre as forças sobrenaturais e o mundo dos homens e.g., os pigmeus.
MOGYA | lit. “sangue”, “o sangue” (quer do ponto de vista físico enquanto substância, quer do ponto de vista filosófico enquanto conceito). Sinónimo de abusua tal como é utilizado nas expressões “abusua baako mogya baako,”: “uma linhagem um sangue”. É um dos quatro componentes da pessoa Asante que se transmite exclusivamente em linha matrilinear e que define a personalidade social e a cidadania política. Após a morte, o mogya torna-se um asaman e aguarda a reincarnação dentro da mesma abusua.
NANA | termo de respeito que se aplica aos anciãos, aos superiores hierárquicos, mas também
aos obosom.
NIFA | lit. “a mão direita”, designa a ala direita do exército Asante. O Nifahene é o seu comandante.
NIPA KORO | der. nipa uma pessoa, um ser humano + koro una, única; lit: “uma pessoa de
um único útero” (uma “unidade corporativa” no sentido mais estrito da matrilinearidade).
NKWANKWAA | lit. “jovens”, “juventude”. Designa os homens de “boas famílias” que, em
razão do seu nascimento e da sua condição genealógica, não acalentam a esperança de aceder no futuro a um cargo político cimeiro. O Nkwankwaahene é o seu chefe.
NSUTAHENE | o omanhene do oman de Nsuta.
NTAMKESEE | der. ntam um juramento + kesee grande = lit. “o grande juramento de fidelidade”. O ntamkesee é o grande juramento de Estado pronunciado pelo Asantehene (no seu discurso de posse) ou dirigido ao Asantehene. Neste juramento, o Asantehene declara: “if i fail to continue the exploits of my ancestors and fail in my duty i contravene the Great Oath of Asante”.
NTORO | lit. “semente”, “esperma”. É um dos quatro constituintes da pessoa Asante. Transmite-se em linha patrilinear e define os traços de carácter e os nomes usados em alternância geracional no interior de um ntoro. Após a sua morte, o indivíduo aguarda a sua reincarnação num homem do mesmo ntoro.
NYAME ou
ONYAME | der. onya para obter, para alcançar + mee para ser completo = lit. “Deus”, “o criador do mundo”, i.e., o ser supremo do panteão Akan.
OBIREMPON | pl. abirempon; der. obarima um homem corajoso + pon grande, largo: lit.
“um homem grande” com conotações de poder e de riqueza. É um estatuto hereditário detido pelos omanhene e.g., Mampong, Juaben.
OBOADENI | pl. oboadenfoo; der. boa ajudar, assistir: lit: “uma pessoa famosa, reputada,
um grande nome”.
OBOSOM | pl. abosom; der. obo pedra, rocha + som servir; traduzido como “divindade” ou “totem”. Os Asante atribuem-lhes poderes de origem sobrenatural, na medida em que estes são tidos como os filhos/servos de Nyame. Cada família, linhagem, clã ou Estado possui os seus próprios obosom.
OBRAFO | pl. abrafoo; der. bra para fazer ou promulgar a lei” = lit. “os executores”, i.e.,
ODEHYEE | pl. adehyee; designa, em termos gerais, uma pessoa/cidadão livre, mas é utilizado
especificamente para considerar uma pessoa ou um cidadão de origem nobre de filiação matrilinear, i.e., que tem pretensões hereditárias à sucessão de um tamborete.
ODEKURO ou
ODIKRO | pl. adekurofoo); der. de para manter (com uma conotação de posse) + akuraa
aldeia (pl. nkuraa) = lit. “chefe de aldeia”; aquele que responde perante uma autoridade superior pela gestão dos seus negócios.
ODONKO | pl. nnonkofoo; escravo de origem estrangeira.
ADUMFOO | pl. odumfo; lit: “os carrascos do Asantehene”. Só o Asantehene possui adumfoo. ODWIRA | der. dwira lavar, purificar. Importante festival celebrado anualmente, ao qual
nenhum soberano da hierarquia política e militar Asante pode faltar. Foi frequentemente traduzido pelos europeus como “a Festa do Inhame” ou “o Grande Costume”.
OHEMAA | equivalente feminino de ohene.
OHENE | pl. ahene; rei, soberano, chefe, detentor de um comando; e.g., o chefe de uma linhagem é “Abusuahene” abusua-ohene, o rei Asante “Asantehene” asante- ohene.
OHENEBA | pl. ahenemma; der. ohene + oba criança = lit. “uma criança de um ohene é filho de rei ou de chefe”; um príncipe/princesa em linha patrilinear por oposição à odehyee (criança real cujo estatuto depende da filiação matrilinear). Este príncipe/princesa jamais poderá suceder a seu pai, em virtude das regras de sucessão do poder definidas pela filiação matrilinear.
OHENENANA | pl. ahenenana; der. ohene + nana neto = lit. “o neto de um ohene”, e, porquanto, filho de um oheneba ou princípe. Se o ohenenana é filho de primos cruzados, é possivelmente o depositário de um kra pa, e, neste sentido, será a reincarnação do seu avô.
OKOMFO | pl. akomfoo = lit. “aquele que está possuído”. Traduz-se ainda por “sacerdote” ou
“feiticeiro”. O okomfo é o “receptáculo” ou o médium de encarnação, através do qual os obosom se dirigem aos Asante.
OKYEAME | pl. akyeame; linguista, intérprete, mestre-da-palavra: o okyeame é aquele pelo
qual passam todas as palavras dirigidas ao rei ou enunciadas pelo rei.
OMAN | pl. aman; “Estado” ou “Nação” asanteman: o Estado ou a Nação Asante. Amantoo designa as principais divisões territoriais e.g., Mampong, Juaben; a expressão aman
nnum ou aman piesie nnum designa os cinco Estados “originais” Asante: Bekwai, Juaben, Kokofu, Mampong e Nsuta.
OMANHENE | oman Estado + ohene rei = o chefe ou rei de um Estado; e.g., o Mamponghene é o omahene do oman de Mampong.
OSAKO | pl. asako; der. osa da guerra + ko para lutar; é comummente traduzido por
palanquim. Só aos omanhene está reservado o direito de desfilarem em cerimónias de Estado ou rituais públicos (festivais) num palanquim.
OTROMMO | lit. “o antílope Bongo”; o mais perigoso de todos os animais sasammoa, i.e.,
possui o mais poderoso “espírito” sasa de entre todos os animais.
OTUMFUO | lit. “aquele que tem um grande poder”, i.e., o Asantehene.
OYAFUNU ou
OYAFUNU KORO | der. oyafunu barriga, útero + koro única, a mesma = lit. “o ventre”, “a
matriz da mulher”. Considera os descendentes uterinos de uma mulher (em identificação e em relação a um antepassado comum) por três, ou mais, gerações (até a um máximo de 6).
PANIN ou
PANYIN | pl. paninfoo = lit. “um velho”, “um ancião”; designa um termo de respeito. Por
vezes, pode ser um notável que desempenha um papel de conselheiro junto de um ohene.
SASABOA | pl. sasammoa; der. sasa + boa animal. Este termo designa os animais dotados
de um tumi ou de um “espírito” particularmente poderoso e perigoso. De entre estes destacam-se o antílope otrommo, o búfalo ekuo, o elefante esono, o leopardo osebo, o crocodilo odenkyem e o gato okra. Nas caçadas a estes animais, os caçadores devem (e devem sempre e, em absoluto) observar sacrifícios rituais particulares, com o objectivo de pacificar o tumi destes sasammoa.
SASABONSAM | der. sasa possuído + abonsam feitiçeiro, bruxo. Designa uma criatura predatória mítica, hostil aos homens e serva dos abosom. Esta criatura híbrida (humana/não-humana) vive nas profundezas da floresta, no topo das árvores mais altas e captura os caçadores mais incautos. Muitos contos e lendas Asante têm esta criatura como personagem principal.
SIKA | lit. “ouro”, ou de um modo mais genérico, “dinheiro”.
SIKA DWA KOFI | der. sika ouro + dwa um tamborete + kofi nome atribuído a uma pessoa do sexo masculino nascido numa Sexta-feira = lit. “o Tamborete de Ouro de Sexta-feira”. Segundo a tradição Asante, o Tamborete de Ouro desceu dos céus, neste dia da semana, graças à miraculosa acção de Okomfo Anokye. É o tamborete mais sagrado para os Asante, pois é o receptáculo do
sunsum de toda a nação Asante asanteman. O Asantehene é considerado como o seu guardião e, em simultâneo, seu súbdito.