• Nenhum resultado encontrado

1.1| FORMAS DE ORGANIZAÇÃO POLÍTICA EM CONTEXTO PRÉ-COLONIAL: ENTRE O CLÃ E O

ESTADO

No Gana, em “tempos” pré-coloniais, coexistia um vastíssimo complexo de formas de organização política, que compreendia uma heterogeneidade política que oscilava entre as sociedades políticas “segmentárias” e as sociedades políticas “estatais”, as quais diferiam entre si, pela “compleição” da sua extensão territorial, das suas estruturas de filiação e parentesco, dos seus organogramas de governação e gestão política, da sua morfologia social, dos seus modelos de produção económica, dos seus aparatos burocráticos e administrativos, e, também, dos procedimentos rituais e das referências cosmológicas que mantinham com o mundo dos antepassados (Boahen, 1975; Kimble, 1963).148 Ou seja, de acordo com o sinóptico e categorizador “arrolamento” político que nos é proposto por Daryll Forde, estas formas de organização política poderão ser sumariamente descritas do seguinte modo:

first, there were the small-scale, politically autonomous local communities, whose social world was to be numbered in hundreds. Their isolation was progressively broken down in colonial times. Secondly, there were dispersed tribal societies, without any central organs of government, where a large number of local communities, often extending over a considerable area, were linked to another traditions of kinship and related religious dogmas and social exchanges supporting the moral values of kinship. This was caracteristic of some parts of the Northern Territories. Thirdly, the archaic State system – a politically centralized State, subject to the authority of the Chief – was to be found in various forms among the Akan peoples, notably the Ashantis, and also the Dagombas and others to the north (1953: 473).

Em conformidade com uma arrogada postura de “benefício” ou, se preferirmos, de “eficiência” heurística, referimos que neste capítulo centraremos o nosso enfoque expositivo em torno das sociedades políticas “estatais” que maior relevo político, territorial e/ou simbólico “reivindicaram” na História política do Gana pré-colonial.149 Assim, com o intento científico

de obtermos um acurado enquadramento descritivo destas formas de organização política,

148Neste ponto, gostaríamos de fazer um pequeno apontamento distintivo que pode levar a alguma confusão

histórica e política: quando falamos de Gana pré-colonial, estamos a referir-nos aos territórios da designada Costa do Ouro e, não ao antigo “império” do Gana que ocupou, entre (aproximadamente) o século sete e (aproximadamente) o século treze, os actuais territórios a Sudeste da Mauritânia e a Oeste do Mali. Em relação a este último, ver: (Levtzion, 1973; Patricia & Fredrick McKissack, 1994).

149O fundamento justificativo desta “postura” de selecção assenta no facto de, por um lado, dada a extensa

policefalia e pulverização das ditas sociedades políticas “segmentárias” existentes no Gana pré-colonial, e por estas, na integralidade dos casos, se terem enquadrado ou terem sido “absorvidas” pelos Estados “primitivos” que iremos descrever e, por outro lado, por a forma de organização política que iremos centrar a nossa análise ser o “Estado” Asante, pensamos ser analiticamente pertinente, assumirmos apenas a detalhada descrição das sociedades políticas “estatais”, que com aquele revelam algumas semelhanças ao nível das estruturas e dinâmicas políticas e, ainda, que com aquele se relacionaram do ponto de vista político, diplomático e/ou militar.

assentámos colocar à disposição deste capítulo as seguintes indagações: como se designavam do ponto de vista etnolinguístico? Quais as coordenadas da sua “geografia” política? Quais são as circunstâncias históricas da sua etnogénese política? A história política do Gana pré-colonial é, na sua mais íntima e realística essência diacrónica, a história política da ascenção militar e declínio territorial de um dilatado compósito de primigénias e, nalguns casos, proeminentes sociedades políticas “estatais”. O parâmetro linguístico, é o critério primeiro a ser convocado pelos mais distintos estudiosos deste período histórico do Gana, para a analítica “diferenciação” que estabelecem entre aquelas centralizadas formas de organização política (Ward, 1966; Fage, 1959; Amenumey, 2008). Neste sentido, e de acordo com a proposta de análise etnolinguística de Albert Boahen:

linguistically, the people of Gana are composed of two principal sub-families. These are the Gur and the Kwa groups of languages found to the north and south of the river Volta respectively. The Kwa group, is further divided into the Akan, the Ga-Adangbe and the Ewe sub-groups. Among the Akan-speaking there are: Asante, Fante, Ahanta, Guan, Bono, Akyem, Akwamu, Kwahu, Akuapem, Sefwi and Nzema. Among the Ga-Adangbe, are the Ga, Shai, Ada and the Krobo. The Ewe constitute a single linguistic group. To the area north of the Volta are the Gur languages. This group is subdivided into three, namely, Gurma, Grusi and Mole-Dagbani. The largest of these groups, the Mole-Dagbani, is further made up of the following peoples: Nanumba, Dagomba, Mamprusi, Gonja, Wala, Bruilsa, Frafra, Talensi ans Kusasi (1975: 1-2).150

De entre estes grupos etnolinguísticos, “brotaram” alguns dos mais antigos, poderosos e perduráveis “Estados” pré-coloniais ganeses, cuja importância territorial e influência política se estende até aos dias de hoje.151 Nesta sequência descritiva, convoquemos para o nosso texto, algumas dessas “clássicas” formas de organização política. Sublinhamos, desta forma, que as primeiras sociedade políticas “estatais” a serem “erigidas” no Gana pré-colonial, de entre as quais destacamos os “Estados” de Mamprusi, Dagomba, Nanumba e de Mossi, situavam-se no designado Protectorado Britânico dos Territórios do Norte, e projectavam a “jurisdição” da sua hegemonia política no espaço geográfico das savanas do Norte, que se estendia entre o rio Volta Preto, a Sul, e, os rios Volta Vermelho e Volta Branco, a Norte (Skinner, 1964; Levtzion, 1968; Wilks, 1971).

150Para uma compreensão mais detalhada das diferenças etnolinguísticas dos grupos sóciopolíticos acima

enunciados, ver: (Painter, 1966a; Mauny, 1954; Fage, 1961; Addo-Fening, 1988).

151O mapa dos “Estados” tradicionais existentes na Costa do Ouro, em 1946, revela a existência de cento e oito

“Estados”, dos quais treze localizavam-se no Protectorado Britânico dos Territórios do Norte, vinte e quatro na Colónia Britânica dos Ashanti e, cerca de setenta e quatro, na Colónia Britânica da Costa do Ouro (Boahen, 1975: 7). Com efeito, o citado autor robustece a magnitude política de alguns destes “Estados”, ao salientar que “the principal northern states of Dagomba, Mamprusi, Nanumba, Gonja and Wa, the Asante states of Adansi, Mampon, Kumawu, Edweso, Ofinso, Tekyiman, Domaa, Gyaamar, Dwaben, Nsuta, and Kumasi all of which then formed the Asante Confederacy, and the southern states of Akyem, Sefwi, Wassa, Komenda, Agaafo, Nkusukum, Ekumfi, Gomoa, Akuapem, Ga, Grobo, and the Ewe states of Asogli, Anlo, Ho and Peki were all in existence” (Boahen, 1975: 7).

Neste contexto histórico, sublinhamos que a data da etnogénese dos “Estados” de Mamprusi, de Dagomba, de Mossi e de Nanumba, de acordo com algumas fontes históricas escritas e fontes históricas orais, está oscilantemente “fixada” entre o primeiro quartel do século XI e os finais do século XIV (Rattray, 1932a, 1932b; Boahen, 1975; Ward, 1967). Para John Fage, estes antigos “Estados” do Gana pré-colonial, que partilhavam fundacionais laços clânicos, linguísticos, religiosos, políticos e territoriais, apresentam como ponto geográfico das suas (prováveis) vagas emigratórias preludiais, a região compreendida entre a mercantil “Hausalândia” e o rio Chade, num “momento” histórico que se “conjectura” estar intimamente relacionado com as pressões comerciais, económicas, militares e territoriais consequentes de um longo processo histórico de formação, ascensão e consolidação política dos preeminentes “Estados” Hausa do Norte da Nigéria e, do sudeste do Níger (1959: 22).152 Registemos, ainda,

nesta nossa “incursão” descritiva pelos “Estados” do Norte, a existência de uma sociedade política “estatal” não tão antiga quanto as anteriores, mas igualmente importante do ponto de vista político quanto as precedentes: o “Estado” de Gonja (Braimah, 1972; Jones, 1962; Daaku, 1969). A história política deste influente “Estado” do Norte, é-nos sumariamente narrada por Albert Boahen, ao sobrelevar o facto de que:

the founders of Gonja were also an invading group originating from the area of the Niger bend, where the earlier empires of Mali and Shonghai existed. It seems clear that Gonja was not founded until the second half of the sixteenth century. In the seventeenth century, particularly under the most famous of its kings, Lata or Ndewura Jakpa of Gonja (1623-4–1666-7), the kingdom extended its sway not only in the area of the confluence of the White and Black Volta, but further eastwards as far as the borders of Nanumba, thereby pushing the Dagomba further north and east. Indeed, it was as a result of the pressure being exerted on them by the Gonja that the Dagomba moved their ancient capital from Yendi-Dabari in western Dagomba to the present site of Yendi in eastern Dagomba (1975: 10).153

A Sul destes islamizados “Estados” do Norte, na área geográfica correspondente à Colónia Britânica dos Ashanti, localizavam-se os “Estados” Akan (Accanny, Akanny ou Acanij), ou, ainda como eram designados, os centralizados e comerciantes “Estados” da floresta (Van Dantzig, 1980).154 De entre os “Estados” que emergiram, ocuparam e dominaram esta

152De acordo com Albert Boahen “these invaders came into northern Ghana from the east (probably Hausaland)

or north-east under the leadership of a chief called Tohajiye, the Red Hunter, and settled first in Gambaga or Nalerigu where they easily established political sway over the indigenous stateless peoples and thus founded the state of Mamprusi. Quarrels over sucession among the sons of the late Chief Na Gbewa or Na Bawa of Mamprusi led to the migration of some of these sons, one of whom, Sitobu, founded Dagomba, while the second, Ngomantambu, founded Nanumba south of Dagomba. It would appear from this evidence, which has been confirmed by linguistic and other ethnographic data, that the founders of the northern centralised states of Mamprusi, Dagomba, Nanumba, Wa, as well as those Mossi states, all belonged to the same group” (1975: 9). Em relação à história política destes “Estados” do Norte, ver ainda: (Ward, 1967; Ferguson & Wilks, 1970).

153Para uma aprofundada compreensão das causas e das consequências políticas das vagas emigratórias dos Gonja,

ver: (Fage, 1959). Com o intuito científico de adentrar sobre as tradições de origem dos Gonja, ver: (Boahen, 1966).

154Existe uma minuciosa descrição do papel comercial dos Accanny/Akanny ou Acanij pelo agente holandês Johan

extensa mancha territorial, citemos, pela sua simbólica histórica, eminência política e domínio territorial, as aflorantes sociedade políticas “estatais” de Adanse e Denkyira. Sublinhemos, enquanto nota preambular, que pese embora o facto de estas sociedades políticas “estatais” serem portadoras de um traçado histórico autónomo, a descrição e análise dos seus mitos de fundação, das suas estruturas políticas e administrativas, dos seus referentes cosmogónicos e dos seus esbatimentos territoriais, não deixam de interceptar e de ser interceptadas por uma história política “maior” que é tranversal a todos os “Estados” Akan.

Neste sentido, destacamos que a importância política e simbólica que reveste a sociedade política “estatal” Adanse, assenta na pressuposto histórico de esta ter sido, segundo algumas tradições orais Akan e, de acordo com algumas fontes históricas escritas, o primeiro dos cinco principais “Estados” Akan a ser formado (os outros são, por ordem de senioridade: Akyem, Assin, Denkyira e Asante), simbolizando, deste modo “the first seat of the Akan nation, there God, according to tradition, first began the creation of the world (Reindorf, 1988: 48; Hayford, 1903). Em conformidade com a pesquisa histórica de alguns autores, este mesmo “Estado” de Adanse, que terá sido fundado em meados do século XVI, foi edificado em Adansemanso (a capital), por Ewurade Basa, a quem a divindade Ntoa deu a sumativa e sagrada espada do poder material e espiritual (Afena Kwa) (Daaku, 1969; Boaten, 1971). No entanto, esta diplomática sociedade política “estatal” que havia sido a percursora e a instituidora de muitas das práticas, das dinâmicas e das instituições políticas adoptadas por muitos outros “Estados” Akan, começa, na segunda metade do século XVI, a esmoreçer o seu domínio político e territorial, acabando por sucumbir definitivamente, em 1660, pela força das armas de um novo e poderoso “Estado” que a conquistou e tornou sua vassala: o “Estado” de Denkyira (Ward, 1967; Kumah, 1966).155

Com efeito, fundado pelo clã Agona, o poderoso “Estado” de Denkyira, principia a sua belígera caminhada pela hegemonia política e territorial, por volta da década de 1620, sob o comando militar do seu “timoneiro” político, Mumunumfi, que viria a ser o seu primeiro Denkyirahene (Boahen, 1966). Não obstante o sucesso bélico granjeado por Mumununfi, seria

Gold Coast being the occupiers of a district which can be visited in three or four days from the coast. These people, then are those who, already for many years have annexed the trade along the coast from the Castle De Mina as far as Coromantyn, and are able to thwart their neighbours out of it; so that one trades with no one but them, either at the Mina, Cabo Cors, Congh, Moure, Nnemabo, Achin, or Cormantyn, whereby ‘het, met hun niest en beter is omte gaen’ (it is wise to be on their better side)” (apud Boahen, 1966b: 62).

155Em conformidade com Divine Amenumey, as razões primeiras do declínio político do “Estado” de Adanse,

centram-se em torno da “presence of many European trading companies, Dutch, British, French, etc., and their competition for trade affected the local political situation. Initially, the Europeans demanded gold and ivory in return for the goods they imported to the coast, but later they began to demand slaves. They also began to import firearms, namely, guns and gunpowder which they sold to people or states that could pay for them. A state like Adansi, which survived by the peaceful acceptance of its rule and not by force, found it difficult to withstand the changes caused by the impact of European economic practices and demands on the social and political organisation of the peoples of the Gold Coast” (2008: 29).

sob a égide política dos seus perseverantes, intimoratos e subsequentes Denkyirahene, Boa Amponsem I (1670-1690) e Ntim Gyakari (1690-1701), que as reclamadas pretensões de expansão territorial e as reivindicadas ambições de controlo económico e comercial viriam a ser cumpridas e, diríamos mesmo, a atingir o pináculo político, económico e territorial que jamais algum “Estado” Akan havia conseguido alcançar (Daaku, 1970a).156

De facto, no último quartel do século XVII, como ficou perceptível nos escritos de William Bosman 1702, Denkyira tinha-se tornado num “Estado” tão prestigiado, tão poderoso e tão abastado, que dominava sem qualquer impedimento político ou militar, as imediações territoriais das bacias dos rios Ofin (a Norte), Oda (a Este) e Pra (a Sul). William Bosman deixou-nos a sua sintética descrição do “poderio” político de Denkyira, na última década do século XVII, ao salientar que:

this country, formerly restricted to a small compass of land and containing but an inconsiderable number of inhabitants, is by their valour so improved in power that they are respected and honoured by all their neighbouring nations, all they have taught to fear them except Ashanti and Akim who are yet stronger (apud Reindorf, 1966: 49).

Seria, na sequência do confronto directo das pretensões políticas e das aspirações económicas e territoriais que opuseram o consolidado “Estado” de Denkyira e a emergente Confederação de “Estados” Asante que, em 1701, estes últimos derrotariam militarmente o primeiro e, o tornassem (mais) um desvigorado e tributário “Estado” Akan, ao “serviço” político da armígera “máquina” burocrática Asante (Ward, 1967).

No extremo Sul do Gana, nos territórios pertencentes à Colónia Britânica da Costa do Ouro, dois casos particulares de sociedades políticas “estatais” merecem a nossa atenção descritiva: os “Estados” Fante e os “Estados” Ewe.157 Em função das informações “extraídas”

de algumas fontes históricas orais Fante, afere-se, com alguma contingência histórica, que os Fante viviam nos primórdios da sua existência territorial, em Takyiman, na região Norte de

156Com efeito, segundo Kwame Daaku “at the height of its power, Denkyira, under Boa Amposem, controlled not

only the sources of gold, but all the trade paths that led to the Europeans establishments dotted between Half Assine and Anomabo. All the European companies endeavoured to attract from Denkyira to transact business with them to the exclusion of their rivals. It was with this in view that between 1680 and 1694, Abankeseso, the Denkyira capital, became the resort of messengers from the European companies. Nor did the King remain an inactive participant in the trade. To safeguard his interests and those of its nationals, he appointed his trade consul to the coast” (1970: 6). Acerca dos produtos, dos “operadores” e das relações comerciais estabelecidas na Costa do Ouro, nos séculos XVII e XVIII, ver: (Daaku, 1970b).

157Estes dois grupos etnolinguísticos, revelaram, por razões várias, uma incapacidade histórica e política em

“construirem” um perdurável “Estado” ou uma estável Confederação de “Estados” que aglomerasse sob o comando político de um único soberano, a policefalia de “Estados” que dentro da sua “geografia” política se iam edificando. Sobre a breve “experiência” confererativa Fante (1868-1874), ver: (Hayford, 1903; Kimble, 1963; Arhin, 1966).

Brong Ahafo (Sarbah, 1904; Amenumey, 2008; Flight, 1970).158 Terá sido, segundo alguns relatos históricos escritos, por volta dos finais do século XV, que esta “onda” migratória iniciou o seu percurso rumo ao Sul, sob a orientação política e militar de três históricos sacerdotes- guerreiros: Obunumankoma, Odapagyan e Oson (Cruickshank, 1966). Os segmentos clânicos que promoveram e integraram este preambular êxodo populacional, fundaram, a cerca de 50 milhas da costa, a “cidade-Estado” de Mankessim e, todo um conjunto de outros pequenos “Estados” autónomos com arreigadas pretensões políticas, económicas e territoriais (Nkusukum, Ekumfi, Esikuma, Abeadzi, Abora, Ayan Maim e Gomoa), que no terceiro quartel do século XIX, viriam a formar a efémera e diplomática Confederação de “Estados” Fante (Ward, 1964; Yarak, 2003; Brookman-Amissah, 1972). Com efeito, e não obstante o seu incremento militar e comercial lhes ter permitido emular na região Sul da Costa do Ouro o “traçado” político que os Asante haviam executado a Norte, as invariantes políticas que gravaram a história do declínio dos “Estados” Fante assentam, na perspectiva de Alfred Ellis, no fundamento político (entre outros) de estes terem uma

ungovernable conduct, which constantly kept the country in a turmoil. To the nort-west of Fanti proper was the kingdom of Arbra, which was considered the leading state of Fanti; and to the north was the kingdom of Essikuma, which, thought to some extent influenced by Fanti, still preserved a species of independence. Besides the King of Arbra, there was a King at Mankassim, and another at Anamabo, while several chiefs claimed to rule their own districts independently of all three (1971: 108-109).

As dinâmicas históricas do grupo etnolínguístico Ewe, remetem-nos para complexos processos de migrações forçadas, de fragmentações políticas e de estratégicas alianças intra/inter-étnicas (Ward, 1967; Kludze, 2000). Conforme as tradições orais Ewe, a primeira vaga migratória a ser empreendida por alguns dos seus segmentos clânicos, ocorre em data indefinível e, é diligenciada a partir de uma região designada por Ketu, localizada no delta do rio Níger, para a área geográfica da cidade de Notsie, situada na “Togolândia” francesa (Aduamah, 1966; Fage, 1959; Awoonor, 1990). No entanto, e após alguns anos de coabitação política pacífica fomentada pelo indulgente rei de Notsie, Adela Atogble, o seu filho e sucessor político, Agokoli, inicia, nos derradeiros anos do século XVII, uma incomplacente, persecutória e despótica governação política, cujas repercurssões sociais imediatas se traduziram na inevitável “necessidade” de os primários clãs Ewe (Anlo, Peki, Ho, Asogli, Mina e Tongu) iniciarem um novo e massivo processo migratório (Amenumey, 1969, 1986; Ellis, 1890).

Documentos relacionados