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Dentro da corrente Construcionista, o papel do educador e sua prática vêm sendo discutidos a fim de que se busquem novas e eficazes metodologias que permitam a construção do conhecimento e autonomia do aprendiz. Dessa forma, o Construcionismo de Papert enseja a promoção de iniciativas, necessidades, interesses, pesquisa, reflexão, criticidade, incentivo à criatividade e colaboração num processo de aprendizagem repleto de significados. Para os sujeitos que participam do contexto Construcionista, este configura uma alternativa ao tradicional processo de transmissão de conhecimento que se mostra contraditório em relação aos princípios da racionalidade tecnicista.

Nesta perspectiva, há um chamado para abertura pertinente ao professor reflexivo, que se permite lançar mão dos recursos interativos e estimuladores do pensamento, possibilitando-lhes transcender a aplicação de regras ou métodos de ensino, num sistema onde o aluno seja autor de sua aprendizagem e o professor assume o papel de “mediador” desse processo.Fino afirma que a “inovação pedagógica implica mudanças qualitativas nas práticas pedagógicas e essas mudanças envolvem sempre um posicionamento crítico explícito ou implícito face às práticas pedagógicas tradicionais.”(FINO, 2008, p. 277).

Assim, estas são habilidades que um professor precisa ter no seu labor em sala de aula, para saber conduzir ações em que o aprendiz seja agente ativo no processo de construção do conhecimento e não um receptor de saberes. No âmbito desta discussão, surge a tecnologia como um instrumento a ser utilizado no processo de construção dos saberes, como ferramenta de cognição e um dos elementos de mudança que apontam para um novo paradigma em educação que pode promover a aprendizagem na elaboração pessoal do conhecimento. Logo, a escola deve apropriar-se dos recursos tecnológicos para promover situações desafiadoras, sendo esses instrumentos usados para construção de aprendizagens coletivas ou individuais e se torne um fator de inclusão social.

Neste contexto, fica evidenciado que o desenvolvimento tecnológico engessado pela globalização, tem induzido a alteração de valores e novas visões de mundo com novos desafios para os cidadãos, que buscam encontrar maneiras de pensar, inovar, refletir, comprometer-se e agir em todas as áreas da atividade humana. A escola, como uma dessas áreas, recebe reflexos dessas mudanças e as reproduz na forma de assimilação cultural e processos de aquisição de conhecimento, por parte dos que dela se beneficiam dentro de suas subjetividades e consensos, fato que ocorre num mundo de circulação das mais diversas informações com avanços ou retrocessos circulantes.

Segundo Toffler (1973),

Dentro da nossa época, liberamos uma força social inteiramente nova - uma corrente de mudanças tão acelerada que influencia o nosso senso de tempo, revoluciona o andamento da vida cotidiana e afeta o modo mesmo com que “sentimentos” o mundo que nos rodeia. (TOFFLER, 1973, p.10).

Ao refletirmos sobre a possibilidade real de desenvolvimento dos educandos diante das evoluções tecnológicas, enquadramos o uso das TIC como um dos elementos fundamentais para compreendermos o conceito de inovação Pedagógica. No entanto, é essencial esclarecer mais uma vez, que não apenas reformas educacionais, inserção tecnológica ou reformas curriculares, subsidiam ou pressupõem inovação pedagógica, mas a definimos, a partir de situações que oferecem o mínimo de ensino, permitindo ao aluno diferentes momentos que estimulam o máximo de aprendizagem.

Nesta perspectiva, é essencial permitir ao educando a oportunidade de aprender de forma experimental em diferentes vivências pedagógicas que o estimule a construir seu conhecimento a partir das próprias descobertas, dentro de suas reais possibilidades e na medida do que trata Papert, “com um par mais apto”, em “ambientes nutritivos” onde estes

propiciem a capacidade dos educandos em desenvolver suas potencialidades apenas com o auxílio do educador, e não mais sob o seu condicionamento.

Nesse contexto, o psicólogo bielo-russo Lev Semenovitch Vygotsky acreditava que na mente dos aprendizes existe uma “Zona de Desenvolvimento Proximal”, que é a distância entre o nível de desenvolvimento real, que representa a capacidade do aprendiz de resolver problemas individualmente, e o nível de desenvolvimento potencial, que é determinado através daquilo que o aprendiz pode resolver com o auxílio de um instrutor ou outro aprendiz mais experiente, pois o desenvolvimento intelectual das crianças decorre de interações sociais e peculiaridades das condições de vida das mesmas. Sua concepção sobre aprendizado decorre da ideia de que o homem é um ser social que se forma em contato com a sociedade. Para o autor, o desenvolvimento do homem está intimamente ligado a história da sociedade, sendo assim, é impossível separar um do outro.

Assim, a aprendizagem mediada por pares mais experientes ou mais capazes, se mostra como um bom método de evolução do desenvolvimento do aprendiz na produção dos seus conhecimentos. O educador neste contexto, age como impulsionador do desenvolvimento cognitivo ao entregar gradativamente o controle nas mãos dos aprendizes e assim, cada vez mais estes auto-regulam suas tarefas assumindo uma maior responsabilidade cognitiva. Desta forma, é essencial permitir ao aluno a oportunidade de aprender de forma motivada, ao experimentar diferentes situações que o estimule a construir seu conhecimento a partir de suas próprias descobertas e respeitar seus limites e peculiaridades, na criação de contextos de aprendizagem o que é reforçado na ideia de Seymour Papert quando afirma que o professor esteja preocupado em desenvolver momentos ricos em nutrientes cognitivos, contrariando o modelo “castrador da criatividade” que predomina na educação vigente.

Desta forma, fica explicito uma das bases de conceito da inovação pedagógica, que se opõe ao atual sistema educacional, que já não atende as demandas de uma nova preparação dos educandos para um futuro cheio de incertezas. Assim, reduzir a distância entre o real e o ideal, entre a escola e as novas necessidades de aprendizagem num universo de diversidades cada vez maior, requer não só inserção das Tecnologias de informação e Comunicação nos espaços escolares ou um currículo construído não para atender uma classe dominante, mas para refletir criticamente as novas necessidades emergentes de um mundo em constantes e aceleradas mudanças, por meio de “contextos de aprendizagem ricos em nutrientes cognitivos” na construção de aprendizagens significativas, pois apesar de todo avanço vivenciado, não conseguimos testemunhar o êxito da escola em adequar-se

aos avanços da modernidade a que estamos cercados, por conta de alguns entraves que se revelam também na escola pública, conforme descreveremos na sequência.