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3.1 Apresentação dos dados

3.1.6 Práticas pedagógicas em Educação Ambiental

As observações do ambiente físico do colégio evidenciaram uma consciência clara da ideia de reaproveitamento de materiais diversos, na questão da preservação ambiental, não só pelos materiais expostos, mas também pela preservação do espaço e manifestação de atitudes dos atores envolvidos no estudo. Mas, como as práticas pedagógicas discutidas e planejadas nas reuniões que acompanhamos conduzem a construção dessa consciência? Essa inquietação nos remeteu ao nosso objeto de estudo, e a questionamentos que motivaram a nossa pesquisa, quando nos perguntamos: Poderão ser abertos espaços na soberana rotina instalada pelo ensino tradicional, em prol das inter-relações necessárias a um posicionamento crítico reflexivo do educando, acerca das questões que envolvem a problemática socioambiental? Será que elementos participativos e interativos, se fazem presentes nos processos de aprendizagem em educação ambiental no colégio em estudo? Assim, descreveremos neste bloco as práticas pedagógicas observadas dentro e fora da sala de aula.

Desta forma, no que se refere às ações pedagógicas do projeto de educação ambiental, quando perguntamos sobre o porquê das referidas ações, ainda não estarem na pauta dos trabalhos pedagógicos, a coordenadora me explicou que devido ao projeto FALEM, do programa da Secretaria de Educação, a ser executado pelas escolas municipais, os professores não estavam conseguindo conciliar as ações, pois eram muitas ao juntar os projetos, razão pela qual pretendiam executar as atividades de educação ambiental num momento exclusivo e de forma mais efetiva.

Sugerimos então, que já nesse projeto, FALEM, em que seriam trabalhados gêneros textuais, fossem adaptadas produções literárias que discorressem sobre as temáticas ambientais, para que na retomada das ações de educação ambiental, já pudesse existisse uma reflexão motivacional nas concepções construídas pelos alunos. Acerca dos assuntos relativos ao meio ambiente. Percebemos que alguns professores ousaram sair da orientação pré-estabelecida e envolveram a temática ambiental, apesar do projetoda secretaria trazer nas suas orientações uma temática previamente definida.

Assim, a retomada das atividades de E A, ocorreram com mais intensidade a partir do dia 05 de abril, quando nos convidaram para participar das discussões de reestruturação do projeto, ocasião em que sugerimos algumas ações. Nessa reunião pedagógica o projeto foi discutido dentro do propósito de continuidade do que já vinha sendo executado a cada ano. (Apêndice 3)

Fotografia 6- Reunião Pedagógica com a direção e professores no pátio do colégio. Autor- Suely Rita Maria de Carvalho, 2015.

Nesse contexto, as ações de educação ambiental foram retomadas no transcorrer da segunda unidade. Alguns docentes inicialmente não deram tanta prioridade, pois ainda muito apegados ao cumprimento do currículo, enfatizavam os conteúdos da sua disciplina sem contextualizá-los com as temáticas ambientais definidas, pois conforme planejado, as discussões deveriam envolver questões de preservação no campo dos ambientes individual e coletivo, a exemplo do cuidado com a casa, colégio, povoado, e relativos ao bem estar pessoal enquanto meio ambiente que somos, bem como, o cuidado com o meio ecológico local e suas várias formas de degradação, concernentes ao uso indevido de agrotóxico, extinção de espécies da região, desmatamento e resíduos sólidos, numa prática multi, interdisciplinar e contextual.

Notamos ainda que algumas dificuldades não estavam restritas apenas aos hábitos do sistema de ensino tradicional, além disso, as mudanças no quadro de servidores, a falta de materiais básicos para o funcionamento da escola e merenda escolar, completavam o quadro de desestímulo. Observamos que acompanhávamos um momento de transição um tanto difícil na escola. Mas, tais desafios não impediram que a maioria dos docentes conduzissem de forma fluente, os trabalhos de educação ambiental que aconteceram, apesar das dificuldades, numa dinâmica de criatividade e superação.

Assim, nas últimas semanas do mês de maio, as ações de educação ambiental começaram a ser executadas. Algumas atividades saíram da sala de aula e se desenvolveram

no ambiente externo. Os alunos são motivados a ter uma participação mais interativa. Observamos que as aulas estavam transcorrendo num clima de maior movimentação, animados pela execução de práticas pedagógicas colaborativa dentro e fora da escola em ações de envolvimento da comunidade, ocasião em que os estudantes fizeram uma breve caminhada pelo povoado acompanhados pelo professor, a fim de explicar e orientar aos moradores sobre degradação e preservação, a partir da imagem de um planeta sendo cuidado.

Fotografia 7- Folheto Informativo.

Autor - Suely Rita Maria de Carvalho, 2015.

A partir da frase escrita no folheto distribuído, que ao ser mostrado conduzia o morador abordado a uma reflexão, notamos que essa é uma ação familiar aos moradores, que recebem os estudantes de forma carinhosa, pois apesar de uns poucos olharem com indiferença, mas a maioria conversa, troca informação e segundo expressou um deles “aprendemos muito com essa meninada sabida”.

Fotografia 8- Distribuição dos folhetos informativos.

Em outro momento, ao aproximarmos em uma das sala de aula, a professora de inglês mostrou os cartazes que os estudantes haviam concluído. Traduziram para a referida língua expressões relativas à coleta seletiva, ela informou que havia provocado um momento de curiosidade na tradução das palavras e expressões que remetessem ao que eles mais conheciam, quanto à coleta seletiva e higiene pessoal. Em grupo trocaram ideias e criaram os cartazes, e os alunos que não lembravam eram auxiliados pelos colegas durante o momento de troca de informações sobre as referidas temáticas, partindo da ideia de que somos um meio ambiente importante e os cuidados precisam começar em nós.

Fotografia 9- Cartazes produzidos na aula de Inglês. Autor- Suely Rita Maria de Carvalho, 2015.

No dia seguinte, logo após o intervalo do lanche, percebemos uma movimentação no pátio, em que os alunos colavam jornal nas paredes descascadas pelo tempo. Ao perguntar sobre, o porquê daquela ação, o professor e um grupo de alunos, responderam que no calor de uma conversa sobre degradação ambiental, avaliaram a situação das paredes descascadas do colégio, e resolveram revesti-las com jornal usado, pois segundo argumentou o grupo, “assim fica mais arrumado”, o outro disse: “esconde a parede que está feia e os jornais não serão jogados no lixo”, “vamos reaproveitar pra não degradar” disse um dos alunos animado, outro, rapidamente completou: “com autorização da diretora, ela apoiou a ideia de reaproveitar os jornais produzindo uma colagem na parede”!

Fotografia 10- Reaproveitamento de jornal para melhoria do ambiente escolar.

Autor- Suely Rita Maria de Carvalho. Foi realizada ainda uma gincana ecológica entre as turmas com as seguintes provas: Coletar garrafas plásticas que seriam reaproveitadas na estrutura de novos jardins que a escola vai construir numa outra etapa do projeto de continuidade das ações; responder a questões referentes ao meio ambiente e seu uso sustentável; apresentação de produções de artesanato em material reciclável, produção de texto.

Fotografia 11- Gincana Ecológica.

Autor- Suely Rita Maria de Carvalho, 2015.

Percebemos que esse tipo de atividade tira a escola da rotina e os alunos respondem melhor aos processos de interação e aprendizagem, pois no esforço da competição, eles se

ajudam e cooperam com os colegas para um melhor desempenho do grupo. Segundo argumentou a coordenadora Deusana Simões, “as questões ambientais não podem ser esquecidas, a gente precisa estar sempre voltando às discussões, que são tão complexas e atingem a todos, inclusive a temática do lixo, as vezes esquecemos o certo a fazer, mas é que a cultura do desperdício, do consumismo, do descuido com os resíduos que produzimos é difícil de mudar, vivenciamos certos hábitos no dia a dia em casa, na rua, está nos costumes do cidadão, então pra que haja uma mudança consciente, não podemos fazer um trabalho isolado e esquecer, precisamos estar sempre retomando as discussões”.

Assistimos a uma aula interessante em que o professor com o tema “Amor à natureza” baseada na curta história em quadrinhos “vida de passarinho” conduziu os estudantes em grupo para que estes fizessem uma leitura das imagens do texto. Os alunos trocaram ideias e foram orientados pelo professor a fazer um levantamento de questões e numa roda de conversa trouxeram a temática para a realidade do povoado, daquilo que eles viviam, ficou perceptível o somatório de informações que eles trocaram e as inquietações que surgiram, e para finalizar eles produziram cartaz informativo, conforme imagens seguintes.

Fotografia 12- Produção de Cartaz com frases baseadas no texto "vida de passarinho". Autor- Suely Rita Maria de Carvalho, 2015.

Paralelo a essa atividade, a professora de história, ao ar livre trabalhou sobre o desaparecimento dos animais. Observamos os primeiros momentos onde os estudantes trouxeram alguns depoimentos de casa, em que moradores mais velhos informaram numa breve entrevista dada a alguns estudantes sobre as espécies que existiram na região e já não eram mais vistas. Animados contavam o que haviam perguntado aos familiares, a curiosidade e animação com as informações trazidas eram contagiantes, pois além das

questões mais globais, eles trouxeram a realidade da comunidade para o contexto da discussão, momento de maior empolgação.

Fotografia 13- Troca de informações: relatos da entrevista com a comunidade. Autor- Suely Rita Maria de Carvalho, 2015.

Num outra ação de sensibilização com as turmas, alguns professores conduziram os estudantes para a área externa a fim de que juntos observarem como se encontrava o espaço externo por eles frequentado, e o nível de lixo disperso, ocasião em que coletaram resíduos secos dispersos e mais uma vez puderam refletir suas atitudes de cuidado com o espaço escolar, enquanto meio ambiente a ser preservado e a importância do cuidado individual para com um bem coletivo.

Fotografia 14- Aula de campo na área externa da escola. Autor- Suely Rita Maria de Carvalho, 2015.

3.1.7 TABELA 1- Resumo das aulas de educação ambiental observadas.