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Construindo a rede de atenção em Saúde Mental

No documento Saúde Coletiva II CAPSi e CAPS AD (páginas 31-35)

Atividades de aprendizagem

Aula 5 Construindo a rede de atenção em Saúde Mental

Nesta aula tomaremos contato com o conceito de Rede de atenção à saúde mental e como esta pode ser composta por diversos equipamentos chamados pontos de atenção. O aten- dimento ofertado nestes pontos de atenção envolvem desde a promoção do cuidado à saúde mental, as ações na atenção primária, serviços de urgência e emergência, até de média e alta complexidade.

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5.1 Pontos de Atenção a Saúde Mental

A rede de Atenção em Saúde Mental é formada a partir da ação dos serviços de saúde em diferentes níveis de complexidade em conjunto com outros serviços de assistência a comunidade que permitem a constituição da “teia” que tem como objetivo a promoção dos vínculos psicossociais e a qualidade de vida dos indivíduos que possuam transtornos psíquicos, suas famílias e a comunidade. Em seguida veremos as características dos principais pontos de atenção que compõe essa rede.

a) Unidades Básicas de Saúde/Equipes de Saúde da Família

A Unidade Básica de Saúde – UBS é o ponto de atenção central do sistema integrado, tendo como principal função a acessibilidade, e o atendimento da população em seu território, deve oferecer serviços essenciais, coordenação da atenção, com foco na família e na orientação comunitária.

As equipes das UBS podem prestar atendimento aos portadores de Transtor- nos Mentais, a partir da prática de supervisão dos profissionais capacitados pela equipe de saúde mental disponível na rede.

A Estratégia de Saúde da Família é uma estraté- gia de reorientação do modelo assistencial, rea- lizada através da implantação de equipes multi- profissionais em unidades básicas de saúde, que são responsáveis pelas famílias do território de

As equipes atuam com ações de promoção da saúde, prevenção, recupera- ção, reabilitação de doenças e agravos mais frequentes, e na manutenção da saúde desta comunidade. São compostas, no mínimo, por um médico de família, um enfermeiro, um auxiliar de enfermagem e 6 agentes comunitá- rios de saúde.

A atuação das equipes ocorre principalmente nas Unidades Básicas de Saúde, nas residências e na mobilização da comunidade, caracterizando-se como porta de entrada de um sistema hierarquizado e regionalizado de saúde. Cada serviço que compõe o SUS deve estar vinculado a uma grande rede de atenção, que define todos os serviços de acordo com níveis de complexida- de, e direciona as ações de cada um a determinado território de abrangên- cia, ou seja, com área física e população delimitada.

b) Núcleo de Apoio à Saúde da Família – NASF

Os Núcleos de Apoio à Saúde da Família – NASF são unidades de matri-

ciamento com objetivo primordial de assegurar retaguarda especializada,

com uma metodologia de trabalho complementar, para os profissionais e as equipes que atuam junto à população. Deve oferecer também suporte técnico pedagógico a equipes, conforme as necessidades das mesmas, por meio de acompanhamento de casos, discussão clínica e construção conjunta de projetos terapêuticos individuais.

Criados pela Portaria GM 154, de 24.01.2008, constituem duas modalida- des, NASF 1 e NASF 2, com as seguintes características:

NASF 1: composto por, no mínimo, 5 (cinco) profissionais de nível supe- rior: Assistente Social; Professor de Educação Física; Farmacêutico; Fisio- terapeuta; Fonoaudiólogo; Médico Acupunturista; Médico Ginecologista; Médico Homeopata; Médico Pediatra; Médico Psiquiatra; Nutricionista; Psicólogo e Terapeuta Ocupacional. Realiza atividades vinculado a, no mínimo, 8 (oito) e no máximo, 20 (vinte) Equipes de Saúde da Família. • NASF 2: composto por, no mínimo, 03 (três) profissionais de nível supe-

rior: Assistente Social; Professor de Educação Física; Farmacêutico; Fisio- terapeuta; Fonoaudiólogo; Nutricionista; Psicólogo e Terapeuta Ocupa- cional. Realiza as atividades vinculado a, no mínimo a 3 (três) Equipes de Saúde da Família.

Matriciamento ou apoio matricial

É realizado por um ou uma equipe de profissionais com formação em saúde mental e pretende oferecer tanto retaguarda assistencial quanto suporte técnico-pedagógico às equipes de referência na atenção primária a saúde.

c) Ambulatórios

Os Ambulatórios de Saúde Mental são serviços especializados que podem funcionar ligados ou não a uma Unidade Básica de Saúde. Tem por objetivo o tratamento, a reabilitação e reinserção social, como também a promoção da saúde mental. Visam atingir a população em geral, realizando atendi- mento individual e de grupo, consulta, avaliação médico-psicossocial, psi- coterapia, orientação, atendimento familiar, atividades de sala de espera, atividades educativas em saúde, oficinas terapêuticas, visitas domiciliares, atividades comunitárias e outras.

Deve contar com profissionais de várias categorias, com a finalidade de rea- lizar um trabalho em equipe interdisciplinar. Como exemplo de serviços en- contrados nos Ambulatórios de Saúde, podem-se citar terapias individuais, terapias em grupo, atividade educativa com grupos na comunidade e visita domiciliar por profissional de nível superior.

O atendimento ao paciente no ambulatório é periódico, conforme necessi- dade do paciente e orientação do profissional, sempre com ênfase no acom- panhamento familiar.

d) Hospital Dia

O hospital dia é um recurso intermediário entre a internação e o ambulató- rio, desenvolvendo programas de atenção de cuidados intensivos, visando substituir a internação integral. O paciente frequenta o serviço diariamente por 8 (oito) horas diárias. Sua atuação deve estar integrada a uma rede de cuidados de saúde mental.

e) Leitos de Atenção Integral

São todos os recursos hospitalares e de acolhimento noturno, sendo eles: leitos em CAPS III, leitos de Psiquiatria em Hospitais Gerais ou em Hospitais Psiquiátricos.

Esses leitos devem ofertar o acolhimento integral ao paciente em crise e de- vem estar articulados com outros dispositivos de referência para o paciente. São articulados em rede, mas podem estar associados aos leitos de hospitais psiquiátricos de pequeno porte, quando existirem.

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Entende-se como hospital psiquiátrico aquele cuja maioria de leitos se des- tine ao tratamento especializado de clientela psiquiátrica em regime de in- ternação. Os Hospitais Especializados em Psiquiatria são destinados ao aten- dimento de pacientes que necessitem cuidados intensivos, cujo tratamento não é possível ser feito em serviços de menor complexidade.

Estes serviços devem oferecer, de acordo com a necessidade de cada pacien- te, as atividades que vão desde avaliação médico-psicológica e social; aten- dimento individual, atendimento grupal, até a abordagem à família orien- tando sobre o diagnóstico, o programa de tratamento, a alta hospitalar e a continuidade do tratamento.

As Unidades Psiquiátricas em Hospitais Gerais são destinadas a internações de pacientes agudos, a priori de curta permanência, para pacientes sem in- tercorrências, ou para pacientes portadores de transtorno mental com inter- corrências clínicas ou cirúrgicas que necessitem de internação em hospitais gerais. Em determinados hospitais, essas unidades podem ser dedicadas a patologias como psicoses, transtornos do humor, geriátricas, dependência química etc, conforme a demanda e as habilidades dos serviços instalados. O hospital geral oferece uma retaguarda hospitalar para os casos em que a internação se faça necessária depois de esgotadas todas as possibilidades de atendimento em serviços extra-hospitalares ou para atendimento emergen- cial ou de urgência.

f) Unidades de Acolhimento Transitório – UAT

Regulamentado pela Portaria n. 121 de 26 de janeiro de 2012, as Unidades de Acolhimento tem como objetivo, oferecer acolhimento voluntário e cuidados contínuos para pessoas com necessidades decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas, em situação de vulnerabilidade social e familiar e que deman- dem acompanhamento terapêutico, baseado em um projeto terapêutico in- dividualizado desenvolvido em conjunto com Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), em articulação com a atenção básica e com dispositivos intersetoriais (saúde, assistência social, direitos humanos, justiça, educação, e outros).

g) Serviços Residenciais Terapêuticos – SRT

Os Serviços Residenciais Terapêuticos são moradias destinadas a cuidar dos Portadores de Transtornos Mentais, egressos de internações psiquiátricas de A Portaria n. 122/2012 faz parte

do novo Plano de combate ao do Crack. Esta e as demais portarias que compõe o Plano podem ser consultadas no link: http://www.sesa.pr.gov.br/ modules/conteudo/conteudo. php?conteudo=2862.

longa permanência, ou de Hospitais de Custódia que não possuíam suporte social e laços familiares e que viabilizassem sua inserção social.

Muitas pessoas tiveram seus vínculos sociofamiliares perdidos ou seriamente prejudicados, e, muitas famílias não o aceitaram, em um primeiro momen- to, receber de volta os parentes afastados há tantos anos. Neste caso, é de responsabilidade do poder público oferecer a esses pacientes uma moradia, por isso, foram criados os Serviços Residenciais Terapêuticas que fazem parte da estratégia de desinstitucionalização, conforme preconiza a legislação que institui a Reforma Psiquiátrica Brasileira.

No documento Saúde Coletiva II CAPSi e CAPS AD (páginas 31-35)