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SUMÁRIO

Obs.: As mulheres participantes do Programa Mulheres Mil puderam citar mais de uma opção.

M. Acesso em 12 mai.2014.

3.2.1 Consumo além da televisão

Nota-se que apesar de ser considerado um canal de grande influência no cotidiano brasileiro, a importância da televisão nos lares das mulheres desta amostra caiu consideravelmente, ao contrário das mulheres da amostra ―A‖ (mulheres mil). Algumas décadas atrás muitas mulheres investidas no papel de donas-de-casa (diferente da categoria ―chefe de família‖) que não trabalhavam fora do lar (em empregos formais) destinavam várias horas do dia cuidando dos filhos, da gestão do lar, compras e preparação das refeições. Neste bojo, a televisão oferecia programações voltadas para este público em manhãs e tardes cheias de ―dicas‖ para preparação dos alimentos, confecção de trabalhos manuais e outras atividades correlatas.

Atualmente pode-se ainda observar este tipo de programação na TV, mas em relação à audiência do público feminino, muitas mudanças ocorreram. A inserção das mulheres nos postos de emprego e ensino formais tornou um desafio à conquista deste público, uma vez que ―[...] a polarização do quotidiano em torno da jornada de trabalho reveste, assim, o significado de uma rendibilização do tempo‖ (PAIS, 2003, p.87).

Observam-se ainda dinâmicas em torno da super valorização das rotinas e a exposição de ações de cunho pessoal e até íntimo dos sujeitos. Tais ações seguem no bojo das novas tecnologias, visto que ―[...] a tecnologia nos permite fazer um ‗photoshop‘ das relações, dos momentos da imagem com que nos apresentamos ao mundo‖ (BARBOSA, 2014, p.63). Geralmente os usuários das redes sociais optam pela criação de um ―perfil‖ que pode ser considerado como:

Um espaço individual criado por uma pessoa no Facebook. Qualquer outra pessoa que venha a estabelecer uma conexão com o criador de um perfil poderá publicar comentários no ―mural‘ deste, que consiste em um stream de atualizações cuja publicação é permitida pela pessoa em sua conta (GUNELIUS, 2012, p.129).

Segundo Gunelius (2012, p.77) existem quatro ―Cs‖ básicos relacionados ao marketing e as redes sociais, dentre eles: criação de conteúdo, compartilhamento de conteúdo, atenção aos contatos e construção de comunidades. Assim, busca-se não só um lugar ao sol, mas a conquista do papel central de protagonista de sua condição biográfica, o personagem central dos ―selfies‖ que valorizam e divulgam ações cotidianas nas redes sociais, a exemplo das vidas dos artistas.

Vive-se uma época de grande apelo à exterioridade, na qual o mercado expõe as pessoas às razões de ordem tecnológica, ao consumismo e a uma confusa diversidade de opções. Vive-se a época do espetáculo, dos efeitos especiais, aquela na qual o parecer ser e o possuir em muitos casos sufocam o ser (VERGARA, DAVEL, et al. 2009, p.32).

Soma-se a este fato o stress de continuamente alimentar ―vidas editadas‖, viagens, comemorações, relacionamentos afetivos e outros fatos cotidianos que são proclamados e ―curtidos‖ por aqueles que participam do mundo virtual dos ―incluídos‖, como um escritor que necessita ‗escrever‘ os próximos capítulos de uma novela.

A mudança é compreensível. Quando grande parte das relações é construída a partir de uma base virtual em que todas as nuances de sentimentos são resumidas a uma dúzia de ‗emotions‘, fica muito fácil manter uma distância emocional. No ambiente virtual, basta um clique para excluir os desafetos, bloquear os chatos, deletar comentários que não agradam. Ali é fácil escapar da complexidade e das demandas das relações, numa simplificação que, como resultado nos torna mais e mais solitários (MULLER, 2014, p.15).

Estas dinâmicas têm aberto inúmeras oportunidades para que as empresas possam conquistar nichos de mercado e consumo fortemente segmentados. Torna-se rentável ter acesso a grande número de consumidores com custo relativamente baixo e alta amplitude (local e global) e principalmente fazer uso da inserção do consumidor (usuário da internet) como propagador de produtos e novos estilos de vida. Neste tocante Susan Gunelius, CEO da Key Splash Creative Inc. empresa de marketing e comunicações e uma das mais famosas parceiras do Blog da Revista Forbes esclarece que:

Em vez de investir milhões de dólares em comerciais de TV, veiculados durante o chamado ‗horário nobre‘, você pode investir apenas 30 minutos diariamente para alcançar um público muito mais abrangente ou uma audiência mais qualitativamente segmentada [...]. (GUNELIUS, 2012, p. 225).

À medida que você cria e compartilha mais e mais fantásticos conteúdos on-line, seu público cresce organicamente. Com o passar do tempo, muitos membros dessa platéia irão converter-se em seus seguidores fiéis. Quanto mais você puder envolvê- los com a criação de conteúdos fantásticos, mais provavelmente eles verbalizarão sua apreciação, seus pensamentos e suas opiniões (tanto positivas quanto as negativas) [...] muitos dentre os mais populares especialistas em mídias sociais afirmam que o sucesso que tiveram na rede mundial de computadores adveio, principalmente da consolidação de laços e relacionamentos pessoais com seguidores leais- o que começou com as repostas que eles deram a postagens em blogs, interações em redes sociais e respostas a comentários no Twitter (Ibidem, 2012, p. 36-37).

Assim, a oferta de produtos mediante mensagens, e-mail e conteúdos compartilhados cresceu consideravelmente nos últimos anos, nota-se inclusive a grande quantidade de ofertas que enchem a caixa de e-mail e spams direcionados ao âmbito de interesses dos sujeitos, mesmo que estes não tenham expressado interesse em receber tais mensagens como apresenta as figuras 104, 105 e 106 a seguir.

Figura 104 – Ofertas enchem as caixas dos e-mails. Mensagem enviada para e-mail em 03 set. 2014.

Fonte: e-mail pessoal.

Figura 105– Oferta de produtos via email. Fonte: e-mail pessoal. Acesso em: 25 ago.2014.

Percebe-se inclusive que as agências de publicidade estão interessadas cada vez mais nos âmbitos de interesses dos sujeitos inclusive das mulheres, assim podem segmentar mercados oferecendo produtos que se destinam a suprir necessidades bem específicas.

A coletânea destes dados revela a importância do acesso à informação como fator influenciador de diversas práticas de consumo das mulheres indicando a pré-disposição e a necessidade de estarem atualizadas em relação às novidades tecnológicas que possam otimizar o tempo, ampliar contatos, colaborar com a construção de sociabilidades e, principalmente, que possam auxiliar no desenvolvimento pessoal e profissional.