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Consumo de Milho pelas Cooperativas no Rio Grande do Sul

2 CARACTERIZAÇÃO DA PRODUÇÃO DE MILHO NO ESTADO DO RIO

3.2 DESTINO DO MILHO BRASILEIRO

3.2.1 Consumo de Milho pelas Cooperativas no Rio Grande do Sul

O cooperativismo é um movimento presente em diversos países e setores, essa técnica é praticada desde a Antiguidade.

As cooperativas agropecuárias são consideradas organizações com possibilidade de contribuir para o desenvolvimento socioeconômico das regiões onde se localizam, especialmente pelo fortalecimento das atividades primárias19.

De todo o milho produzido no Estado do Rio Grande do Sul, uma boa parte é destinada para as cooperativas, uma média aproximada de 30% dos últimos dez anos, na safra de 2000/01 as cooperativas gaúchas receberam 1.736.480 toneladas de milho, o que representa 29% de todo o milho produzido naquele período no Estado. Na safra de 2004/05, quando o Estado foi castigado por uma forte estiagem, a produção total de milho do estado chegou a ser somente de 1.485.040 toneladas, e a cooperativa recebeu 43% da produção de milho.

Tabela 14- Participação das cooperativas de milho recebida pelas cooperativas gaúchas, em mil toneladas

Safra Cooperativas. (A) Var Rio Grande do Sul (B) Var A x B

2000/01 570.460 5.252.287 11% 2001/02 597.666 5% 5.477.134 4% 11% 2002/03 431.919 -28% 4.697.123 -14% 9% 2003/04 589.988 37% 6.338.117 35% 9% 2004/05 753.938 28% 6.103.289 -4% 12% 2005/06 775.372 3% 6.784.231 11% 11% 2006/07 618.008 -20% 6.340.136 -7% 10% 2007/08 653.038 6% 7.371.467 16% 9% 2008/09 736.107 13% 7.912.676 7% 9% 2009/10 480.259 -35% 6.920.200 -13% 7% Fonte: FecoAgro/RS.

A maior produção do cereal encontra-se na safra de 2006/07, porém é nesse período que as cooperativas receberam um dos menores percentuais do milho,

19Cf- Magro, Glenio Pirandal; Spanevello, Rosani Maria. Artigo: Panorama da Diversificação dos

Negócios nas Cooperativas Agropecuárias do Norte Gaúcho, - Universidade Federal de Santa Maria, Palmeira das Missões- RS- Brasil.

chegando a apenas 21%. Já o percentual de soja recebido pelas cooperativas, nos últimos dez anos, chega a 48%, de toda a soja produzida no Estado, considerando também, que a produção de soja é muito maior que a produção de milho.

Não é suficiente a produção de milho gaúcho, para atender a demanda do mesmo, assim tem-se uma entrada nos Terminais Portuários Termasa Tergrasa, conforme a tabela abaixo.

Tabela 15: Imporatação de grãos no Porto Termasa/Tergrasa pelas cooperativas agropecuárias, em toneladas

SAFRA Soja Milho Trigo Arroz Outros Total

2004 589.488,964 57.308,058 587.082,367 1.188,980 1.235.068,369 2005 160.896,965 - 337.369,517 6.061,480 504.327,962 2006 660.862,008 12.045,260 76.568,661 6.924,900 10.740,730 767.141,559 2007 1.218.528,878 83.304,486 276.103,124 3.417,050 18.538,946 1.599.892,484 2008 817.691,872 99.233,630 256.786,980 26.531,770 8.193,960 1.208.438,212 2009 1.002.182,701 70.166,214 395.227,030 5.689,060 2.856,521 1.476.121,526 2010 925.909,892 23.945,771 372.521,028 4.701,020 1.327.077,711 Total 5.375.561,280 346.003,419 2.301.658,707 42.562,780 52.281,637 5.314.868,586 Fonte: FecoAgro/RS.

A maior importação de milho, no Porto Termasa/Tergrasa, em Rio Grande, entre 2004 e 2010, ocorre no ano de 2008, com um volume de 99.233 toneladas. Já em 2006 a entrada de milho pelo Porto foi a menor, chegando na casa das 12.045 toneladas.

Grande parte deste milho é destinada para a fabricação de rações, suínas, bovinas e aviárias, com o aumento do consumo de carnes mundial, nos últimos anos tem-se uma preocupação com o aumento da criação desses animais para atender a demanda exigida.

Assim, o aumento no consumo de carnes, oriundas da produção animal nacional, fortalece o consumo de milho no Brasil. Conforme a tabela a seguir, nota- se o aumento de abates realizado no Rio Grande do Sul, entre o período de 2000 a 2011. Através dela, verifica-se que o abate de suínos aumentou 53,53%, enquanto o abate de aves cresceu 54,41% no período. Duas criações que consomem muito milho na composição de suas rações. Paralelamente, o abate de bovinos foi muito menor, registrando apenas 10% de crescimento nos 10 anos estudados.

Tabela 16: Abate de animais por espécie no Rio Grande do Sul, 2000 a 2011, em cabeças

SUÍNOS OVINOS AVES BOVINOS

2000 3.606.842 197.959 505.308.607 812.001 2001 4.003.548 82.729 540.661.724 640.741 2002 4.745.291 111.180 587.585.218 571.387 2003 4.518.578 70.425 609.894.343 650.344 2004 4.447.965 114.596 616.200.530 958.543 2005 4.826.038 121.172 658.022.979 1.119.720 2006 5.979.428 169.083 639.194.601 1.204.705 2007 6.430.800 202.616 705.236.066 676.624 2008 6.568.745 184.889 779.822.737 705.251 2009 6.657.396 274.281 736.917.342 741.523 2010 6.576.535 238.627 755.756.895 967.855 2011 6.737.567 201.543 780.292.304 895.681 SIPOA/DDA/SFA (RS)

Fonte: Secretaria da Agricultura, Pecuária e do Agronegócio do Estado do RS. Abate sob inspeção Federal , apurados SIPOA/DDA/SFA- Serviço de Inspeção de Produtos de Origem Animal/ Divisão de Defesa Agropecuária/ Superintendência Federal de Agricultura no Rio Grande do Sul, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

Enfim, importante se faz uma rápida observação sobre o comportamento do preço do milho ao produtor gaúcho.

São muitos os fatores que influenciam na formação do preço do milho, sendo que o principal, além do clima, está na relação de ganhos com a soja, já que o cereal é uma cultura de verão e concorre com a oleaginosa por área a ser semeada. A decisão do produtor, em boa parte, é definida pelo comportamento do preço e a relação da produtividade média e a demanda entre as duas culturas. Nota- se que, nos últimos anos do período estudado os preços do milho melhoraram bastante em termos médios, levando os produtores gaúchos a aumentarem a área semeada com o cereal. Vale ainda destacar que, mesmo quando o preço do milho não satisfaz, o produtor procura semeá-lo, pois o mesmo é necessário para a rotação de plantio com a soja, além de servir como importante fonte de alimentação à pecuária em geral.

Tabela 17: Preço médio mensal de milho recebido pelos produtores, 2000 a 2010, em R$ a SC/60 Kg Mês 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 Janeiro 12,24 8,40 11,82 20,75 16,10 17,40 15,08 16,87 23,13 20,43 16,39 Fevereiro 12,09 7,90 11,97 19,17 16,33 17,76 14,09 17,00 22,34 20,27 15,11 Março 11,80 7,68 12,01 18,22 19,36 18,36 12,13 16,96 23,20 17,25 14,72 Abril 10,65 7,76 12,52 17,35 21,94 18,85 11,37 16,30 23,29 16,80 14,81 Maio 11,08 7,96 13,50 16,33 20,54 18,50 11,94 15,66 23,95 18,45 15,04 Junho 11,18 7,98 13,70 15,30 19,20 18,36 12,88 15,62 23,38 18,74 15,74 Julho 11,23 8,80 14,00 14,20 17,74 18,26 12,90 15,89 24,57 17,85 15,99 Agosto 11,48 9,55 14,98 14,27 17,70 18,31 12,81 16,99 21,88 17,10 17,21 Setembro 11,35 10,75 16,31 16,42 17,72 18,08 13,07 19,47 21,11 17,11 19,26 Outubro 11,25 10,81 19,35 16,50 17,00 17,84 14,20 21,21 20,41 17,31 20,35 Novembro 10,81 10,83 23,10 16,92 16,67 17,19 16,24 22,11 19,23 17,24 22,58 Dezembro 9,68 11,40 22,27 17,22 16,64 15,95 17,04 24,35 19,11 16,89 22,74 Média Ano 11,24 9,15 15,46 16,89 18,08 17,90 13,64 18,20 22,13 17,95 17,49 Fonte: Emater/RS.

Pela tabela 17 nota-se, igualmente, que os valores recebidos pelos produtores gaúchos, apresentaram um aumento nominal médio superior a R$ 6,00/saco, ponta-a-ponta, entre o período de 2000 a 2010, sendo que o melhor momento de preço se deu em 2008, quando o saco do produto atingiu a sua maior média no período, fechando em R$ 22,13.

Enfim, há uma relação direta do preço gaúcho com o período de safra e entressafra. Pela tabela 17, nota-se que os preços são melhores geralmente no período de entressafra do produto (setembro a fevereiro). Isso porque os preços do milho dependem bem menos do comportamento dos preços externos e sim do movimento interno de oferta e demanda, além do comportamento da safrinha nacional, que entra no mercado brasileiro no momento em que o Rio Grande do Sul ingressa na entressafra, e a nova semeadura de verão tem início no Estado.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao longo desse trabalho se estudou algumas características da economia do milho, entre o período de 2000 a 2010, comparando a produção com o consumo em particular.

Conclui-se que o milho é muito utilizado, tanto para a fabricação de rações animais, em especial suínos e aves, quanto para a fabricação do etanol (nesse caso, nos EUA). Assim os países que são os maiores produtores são também considerados os maiores consumidores do cereal.

No Brasil, terceiro maior produtor mundial, a cultura se desenvolve, na sua grande maioria, nas pequenas propriedades, sendo que a área plantada cresce lentamente no período estudado, porém, nota-se um aumento significativo na produtividade desse cereal, o que comprova que os agricultores brasileiros vêm investindo em tecnologia.

A produção de milho brasileira ocorre em duas épocas: uma, chamada safra de verão, e a outra chamada de safrinha, que é predominante na Região Centro- Oeste e nos Estados do Paraná e São Paulo.

O milho é praticamente a base das rações animais. Assim, na composição da ração para avicultura de corte 63,5% é milho, na avicultura de postura 59,5%, na suinocultura 65,5% e na pecuária de leite 23% é milho.

O Estado do Rio Grande do Sul é o terceiro no ranking de produção. Devido ao inverno ser mais rigoroso, não se desenvolveu o plantio da safrinha de milho no Estado gaúcho, sendo que a produção ocorre principalmente em pequenas e médias propriedades rurais.

Assim, a produção de milho no Estado do Rio Grande do Sul é basicamente composta pela agricultura familiar, onde a família trabalha na propriedade, sem ajuda de terceiros, sendo as mesmas, em grande maioria (90,3%), proprietária das terras. Entre todas as propriedades, cerca de 54,2% são propriedades pequenas, as quais possuem de 10 a menos de 50 hectares. Nessas, a produção do cereal alcança 66,5% de todo o milho produzido no Estado gaúcho.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Banco de Dados Agregados. Sistema IBGE de Recuperação Automática- Sidra, 2012. Disponível em < http://www.ibge.gov.br/home/ > acesso em 25 de janeiro de 2012.

MDIC, Ministério do Desenvolvimento, Industria e Comercio. Comercio e Serviços. Disponível em < http://www.desenvolvimento.gov.br/sitio/ > acesso em 17 de fevereiro de 2012.

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USDA, United States Department of Agriculture. Disponível em < http://www.ers.usda.gov/Data/Macroeconomics/ > acesso em 20 de fevereiro de 2012.

Anexo A: Produção de Etanol nos Estados Unidos

Tabela 18: Utilização do milho para a fabricação do etanol nos Estados Unidos (milhões de toneladas)

Milho e Etanol-produção-Estados Unidos (milhões de t)

safra Milho Etanol * Etanol/Milho %

2006/07 267,6 76,9 28,7

2007/08 331,2 95,2 28,7

2008/09 307,4 104,1 33,9

2009/10 332,5 91,4 27,5

2010/11 316,2 130,0 41,1

* Volume de milho usado para etanol Fonte: Usda

Anexo B: Artigo do Ministério da Agricultura e Pecuária: Aspectos Econômicos da Produção e Utilização do Milho

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