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Contação de histórias em diferentes ambientes de convivência

4 EDUCAÇÃO POPULAR E EDUCAÇÃO EMOCIONAL

5.3 DIÁRIO DE CAMPO DA PESQUISA

5.3.2 Contação de histórias em diferentes ambientes de convivência

As contações de histórias em diferentes ambientes de convivência, na cidade de João Pessoa (PB), são, na seguinte ordem: no Centro de Educação Física da UFPB, num Hospital público, na ala de internados da Pediatria, e em uma casa de assistência de idosos. Foram realizadas, ainda, atividades numa casa de doenças mentais e numa escola pública do município de João Pessoa (PB), que foram realizadas sem monitoramento.

5.3.2.1 Grupo de capoeira, no Centro de Educação Física da UFPB

No Departamento de Educação Física da UFPF, no espaço chamado ―Igreja‖, um extensionista e aprendiz contou uma história de sua autoria, ―Menino, mestre fujão‖, para um grupo de jogadores de capoeira. Estavam presentes seis jogadores de capoeira, o contador, eu e meu filho de quatro anos.

O local escolhido foi um pequeno quiosque, sem paredes, de aproximadamente 30m², situado em frente à mata que circunda a UFPB, onde os praticantes da capoeira, alunos da universidade, se reúnem duas vezes por semana, para praticar e aperfeiçoar a arte

da capoeira. O exercício aconteceu de maneira clara, segura e passou uma mensagem de luta e resistência. Foi iniciada com a batida de um atabaque, com um canto de capoeira e encerrada com uma chamada para o início dos jogos e da luta.

As pessoas ouviram a história, em silêncio, e pareciam envolvidos na trama formada entre a história e o contador. O som do atabaque criou um clima reflexão e propiciou pausas significativas, quando emoções como a tristeza, a alegria, o sofrimento e a solidão fluíam nas palavras contadas e cantadas ao som do vento e do farfalhar da mata em frente. O público era composto por jovens que aplaudiram. Meu filho de quatro anos, ouviu a história atentamente, e participativo. Alguns transeuntes que estavam passando pelo local pararam para ouvir e ver o evento.

5.3.2.2 Hospital público, na ala de internados da Pediatria

No Hospital público, na ala de internados da pediatria, no sétimo andar, cinco participantes das oficinas de formação inicial de contação de história realizaram diferentes atividades que duraram aproximadamente três horas, iniciando às 9h e encerrando às 12h, com dois momentos distintos: nos quartos de internamento, que tinham de dois a três leitos, e no espaço de convivência infantil, para um público constituído de oito crianças internadas e para seus 12 acompanhantes, sendo eles pais, avós e irmãos das crianças.

No primeiro momento, nos quartos, foram contadas as histórias individualmente: ―João e o Pé de Feijão‖, considerada uma história dos contos de fadas, ―Davi e Golias‖, uma história bíblica, e ―τ Palhaço Espalhafato‖, texto de Ana Maria Machado. As duas primeiras histórias foram contadas de forma direta, sem instrumentos de apoio, já na segunda, ―τ Palhaço Espalhafato‖ usou-se a técnica do varal de histórias, utilizando lâminas impressas e plastificadas, com a ilustração original do livro.

No segundo momento, no espaço de convivência infantil, seis histórias foram contadas: contos de fadas: ―João e o Pé de Feijão‖, ―τs três porquinhos‖ (versão dos Irmãos Grimm, tradução de Ana Maria Machado) ―τ pescador e o gênio‖; ―Davi e Golias‖, uma história bíblica, ―O Palhaço Espalhafato‖, de Ana Maria Machado e o ―τ Menino, o mestre fujão‖ de autoria do próprio contador, recolhida da tradição oral da capoeira.

Nesse segundo momento, as histórias foram contadas e encenadas simultaneamente, num local amplo e preenchido por brinquedos infantis. Enquanto cada um contava sua história, os demais atores eram convidados a encenar os personagens, em

improviso cênico, utilizando-se ainda, como adereços de cenas, os próprios brinquedos já existentes no espaço de convivência.

O público, que estava sentado, assistiu e ouviu as histórias de forma participativa, interagindo com os contadores e pode-se observar grande envolvimento e um clima de prazer e satisfação, por estarem participando do evento.

5.3.2.3. Casa de assistência de idosos em João Pessoa (PB)

A Casa de assistência de idosos em João Pessoa (PB), entidade filantrópica, criada por católicos em 1944, abriga aproximadamente 60 idosos em João Pessoa. No local, recebem tratamento médico, psicológico, fisioterápico e ambulatorial. Funciona com o apoio de voluntários, entre eles médicos e enfermeiros e 20 funcionários contratados.

Aos domingos, um grupo de estudantes do PalhaSUS visita a casa de assistência a idosos. Lá, esses estudantes se maquiam, vestem suas roupas de palhaço e realizam atividades nos diferentes pavilhões que compõem aquela casa. O objetivo dos palhaços cuidadores, além de cuidar, é de levar o riso, a descontração e o conforto, para dezenas de pessoas idosas, em situação de vulnerabilidade social.

Durante aproximadamente duas horas, daquela manhã de domingo, realizamos diversas contações de histórias, nos corredores entre os pavilhões, nas áreas comuns de convivência dos pavilhões e nos quartos, para os assistidos impossibilitados de locomoção. Nas oficinas, preparamos para este ambiente duas histórias: O Palhaço Espalhafato e o Pescador e o Gênio. Além destas, foram contadas outras histórias, improvisadas, de acordo com a necessidade do momento e da requisição dos ouvintes.

Os ouvintes receberam com boa aceitação as histórias que lhes foram apresentadas. É possível destacar a percepção de um alto grau de atenção, muita empatia, e manifestação de alegria e surpresas, nos ouvintes, durante o processo de contação de histórias, reforçando que tais práticas colaboram de maneira significativa para a construção de um clima emocional agradável e descontraído.

5.3.2.4. Outros espaços de convivência.

Não foi possível acompanhar as contações de histórias realizadas na casa de doenças mentais e na escola municipal de João Pessoa, já que estas foram realizadas de forma espontânea. Por não ter acompanhado, não é possível descrever os detalhes dos

espaços de atuação. Segundo o relato dos dois contadores de história aprendizes, as contações foram muito bem recebidas e provocaram diferentes reações, que foram detalhadas durante a realização.