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CAPÍTULO 2 ASPECTOS METODOLÓGICOS

2.2 Contexto da pesquisa

Nossa pesquisa documental foi realizada, entre março de 2013 e dezembro de 2014, a partir de documentos referentes às ações políticas implantadas, no âmbito nacional e na instituição pesquisada, para a promoção do ensino de português para estrangeiros.

A pesquisa de campo foi realizada durante os cursos de PLE oferecidos na instituição pesquisada e, inicialmente, ocorreu em caráter piloto60. Esse curso é oferecido, por meio de um Projeto de Extensão do instituto de estudos linguísticos, aos estudantes estrangeiros em intercâmbio acadêmico, na graduação ou na pós-graduação. Logo após o estudo piloto, a coleta de dados foi realizada, durante o 2º semestre acadêmico de 2013 e o 1º semestre acadêmico de 2014.

O referido projeto, intitulado “Língua Portuguesa e Cultura Brasileira para Estrangeiros”, sob a coordenação de docentes do curso de graduação em Letras dessa universidade, tem se constituído, ao longo dos anos, como um espaço de prática de ensino para os estudantes desse curso. Em consonância com o Projeto Pedagógico do Curso de Letras e com os programas do Setor de RI da instituição, o projeto tem por objetivo geral:

[estreitar] laços políticos e acadêmicos entre a XXX61 e as instituições de ensino conveniadas, e promover a valorização do ensino do Português como Língua Estrangeira, divulgando os cursos de excelência da UFU, promovendo a pesquisa e o ensino da Língua Portuguesa como língua estrangeira por contato de não imersão e preparando os alunos estrangeiros para o uso da Língua Portuguesa em contato com a realidade linguístico- cultural do Brasil em situações de imersão.62

Os objetivos específicos do Projeto de Extensão centram-se tanto no professor em formação quanto no estudante estrangeiro a ser recebido pela instituição. São alguns deles:

- Proporcionar formação metodológica que leve o participante - estagiário ou aluno selecionado para participar do projeto - a uma reflexão crítica sobre o processo de ensino e aprendizagem de PLE, preparando-o para a prática de ensino e o mercado de trabalho;

- Preparar o participante - estagiário - para o ensino de Língua Portuguesa como Língua Estrangeira, a fim de proporcionar aos estudantes estrangeiros

60 O estudo piloto foi realizado para que pudéssemos verificar se os instrumentos da coleta de dados estariam adequados para o alcance de nossos objetivos. Salientamos que nosso projeto de mestrado foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) do qual obtivemos o parecer consubstanciado autorizando a coleta.

61 Código usado em substituição ao nome da instituição na qual a pesquisa foi realizada.

62 Para preservar a identidade da instituição pesquisada não mencionaremos a referência bibliográfica do Projeto de Extensão o qual foi elaborado em 2013.

condições de se expressarem autonomamente nas modalidades oral e escrita da Língua Portuguesa em contexto de não imersão;

- Levar os estudantes estrangeiros à compreensão e à produção de textos orais completos, contendo elementos discursivos de situações cotidianas, à compreensão e produção de textos com diversidade lexical e à percepção e discussão de elementos culturais refletidos no uso da Língua Portuguesa do Brasil;

- Proporcionar espaço para que os alunos que cursaram os componentes curriculares das disciplinas: Metodologia do ensino de Português como Língua Estrangeira e Estágio Supervisionado de Português como Língua Estrangeira desenvolvam pesquisas, reflexões e a prática do ensino de PLE; - Qualificar profissionais para o mercado de trabalho que se encontra em franca expansão (Língua..., 2013, p. 2).63

Desse modo, os professores em formação do curso de Letras da universidade, que cursam ou cursaram as disciplinas: “Estágio Supervisionado de Português em Diferentes Contextos” e “Metodologia de Ensino da Língua Portuguesa em Diferentes Contextos”, normalmente realizam a parte prática, sobretudo no que tange à disciplina do Estágio Supervisionado, atuando no ensino de português como língua estrangeira no curso de PLE do instituto.

Esse curso, criado há mais de dez anos nessa universidade, é semestral e sua carga horária é de 45 horas/aula. As aulas são ministradas duas vezes por semana e têm duração de uma hora e meia cada. Todo início de semestre, é realizado um diagnóstico para se verificar o nível de competência linguística dos estudantes estrangeiros ingressantes e, assim, alocá-los nos níveis do curso: básico 1 (B1), básico 2 (B2), intermediário ou avançado. Os dois primeiros correspondem ao nível elementar A1 do Quadro Europeu Comum de Referência (QECR). O nível B1 é destinado aos estudantes com nenhum conhecimento sobre a língua e o nível B2 serve aos estudantes que foram aprovados no nível B1. Já os níveis intermediário e avançado atendem aos estudantes estrangeiros que obtiveram aprovação nos respectivos níveis, B2 e intermediário, ou que já apresentavam proficiência em português no início do intercâmbio.

Em virtude da greve ocorrida no ano de 2012 nas universidades federais, o calendário acadêmico dos cursos de graduação da instituição em questão teve uma significativa alteração64. Desse modo, sendo o calendário das aulas de PLE concomitante com o calendário dos cursos de graduação da universidade, as aulas de PLE aconteceram, no que se refere ao segundo semestre acadêmico de 2013, de 21 de outubro 2013 a 17 de fevereiro de 2014, e

63 Ibid. 64

Em situações não excepcionais, as aulas dos cursos de graduação e de pós-graduação, na maioria dos calendários acadêmicos das instituições de ensino superior brasileiras, ocorrem normalmente de fevereiro a julho (referente ao 1° semestre acadêmico) e de agosto a dezembro (referente ao 2º semestre acadêmico).

referente ao primeiro semestre acadêmico de 2014, de 6 de maio de 2014 a 20 de agosto de 2014.

Assim, nossa coleta de dados, no 2º semestre acadêmico de 2013, nos meses de janeiro, fevereiro e março de 2014, e em junho, julho e agosto de 2014, referente ao 1º semestre acadêmico de 201465. No 2º sem./2013, realizamos nossa pesquisa em duas turmas de nível B1 e, no 1º sem./2014, em três turmas também de nível B166. A escolha do nível B1 se justifica pelo fato de que pretendíamos identificar, a partir do contato com estudantes que ainda não conheciam a língua, os possíveis impactos da política de ensino de PLE, tal como ela é efetivada no âmbito da instituição pesquisada, no que diz respeito à forma como os alunos entram em contato com a língua portuguesa e desenvolvem o processo de identificação com esse idioma.