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Capítulo 4 – Metodologia de Investigação

4.2. Contexto do Estudo: Três Escolas do Município de Díli

O estudo decorreu no município de Díli, um dos 13 municípios administrativos de Timor-Leste e que é a capital deste país. É o maior município do país, localizado na costa norte da ilha de Timor que confina, a nascente, com o município de Manatuto, a sul com o município de Aileu, a poente com o Município de Liquiçá e a norte com o Mar de Savu. Possui 234.026 mil habitantes, conforme o Censo de 2010, e uma área de 372 km².

No município de Díli existe uma direção distrital de educação, que tem o objetivo de coordenar, promover e implementar o programa central do Ministério da Educação e efetuar o controlo financeiro e monitorização da execução da despesa nos estabelecimentos de educação e ensino da sua área de competência. Esta direção também monitoriza a implementação e execução dos programas de ação social escolar, executa as medidas superiormente definidas em matéria de administração e gestão do sistema de educação pré-escolar, ensino básico e secundário, e ainda garante a realização dos exames e demais provas de avaliação de alunos. O diretor de educação do município de Díli (diretor distrital de Díli) autorizou a realização desta pesquisa (Anexo 1), orientada pelas questões de investigação formuladas no capítulo 1.

O estudo decorreu em três instituições do 3.º ciclo do ensino básico em Timor- Leste, localizadas no município de Díli. Foram escolhidas três escolas com tipologias distintas, uma escola pública (Escola Manleuana – EM), uma escola privada (Escola Bebonuk – EB) e uma escola católica (Escola Comoro – EC). Os nomes das escolas são fictícios para assegurar anonimidade e confidencialidade. Estas três escolas foram escolhidas por mim, mas primeiro identifiquei professores de matemática do 3.º ciclo do ensino básico que aceitaram participar no estudo, com base no meu conhecimento dos professores que tinham frequentado a formação do Ministério da Educação focada na

articulação do MPM e do MEM. Como veremos mais à frente, houve uma professora que se voluntariou para participar, apesar de não ter frequentado a formação. Com base nos professores identificados, fui procurar as escolas onde eles trabalhavam para obter autorização do município de Díli e dos respetivos diretores (Anexo 2). Mas sempre com a preocupação de ter três escolas com situações diferentes (católica, pública e privada).

Na figura 4.1 podemos observar a distribuição geográfica dos municípios timorenses. As três escolas selecionadas localizam-se em partes da cidade de Díli com características socioeconómicas relativamente diferentes. A Escola Manleuana, por exemplo, está localizada numa zona da cidade de Díli mais frágil economicamente. As outras duas escolas localizam-se em zonas mais favorecidas e mais seguras da cidade. Nas secções seguintes faz-se uma descrição de cada uma destas escolas.

Figura 4.1 – Mapa de Timor-Leste e dos seus municípios (Atlas 2002).

4.2.1. Escola Comoro

Esta escola foi fundada em 1986, pelo falecido Bispo Dom Alberto Ricardo da Silva e está localizada na parte Oeste da capital. É dirigida por um padre e segue uma educação e orientação fundada por São Paulo, tendo como lema “Duc in Altum”, que significa “Avançar Mar Adentro”. Tem com missão base a educação de seres humanos verdadeiros, poderosos e honestos, seguindo, naturalmente, uma orientação cristã católica.

A Escola Comoro apresenta uma estrutura de organização que compreende um Diretor, com responsabilidade máxima para o 3.º ciclo do ensino básico e ensino secundário, um Adjunto, mais responsável na dinâmica do 3.º ciclo do ensino básico, um representante do Gabinete Apoio Técnico (responsável pelos assuntos financeiros,

cantinas e pequenas reparações no edifício da escola), um Conselho Pedagógico, um Conselho Administrativo, os coordenadores das disciplinas curriculares e um Conselho de Pais. Já a Assembleia da Escola é formada por professores, pela autarquia local, pelos pais e encarregados de educação e pelos alunos. A assembleia assume-se como órgão responsável pela definição das linhas orientadoras da atividade da escola, isto é, aprova as linhas mestras do funcionamento da escola. Organiza várias atividades extracurriculares e encontros regulares ao longo do ano para refletir as possíveis melhorias a desenvolver nesta escola. O financiamento da escola é dividido entre o governo e uma fundação católica, sendo que os alunos também devem pagar propinas. O quadro de trabalhadores compõe alguns funcionários públicos, sendo a maioria professores contratados ou professores estagiários.

Esta escola oferece formação no âmbito do 3.º ciclo do ensino básico (7.º ano a 9.º ano) e ensino secundário (10.º ano a 12.º ano). As aulas para os alunos do 3.º ciclo ensino básico começam às 12h15 e terminam às 18h00.

As instalações da Escola Comoro são cuidadas e bem apresentadas, contemplando uma biblioteca, uma sala de artes, espaços desportivos, uma sala de laboratório de matemática e ciências, e uma sala de informática. Em particular, os professores de ciências e os professores de matemática têm oportunidade para aprofundar conhecimentos das ciências e da matemática na sala de laboratório e na sala de informática, conforme a iniciativa de cada professor. Porém, algumas salas de aulas ainda carecem de mesas.

Nesta escola, há três professores que lecionam a disciplina de matemática, sendo que cada um ensina um ano de escolaridade diferente. Na Escola Comoro existem 18 turmas de 3.º ciclo, no total, sendo cinco de 7.º ano, sete de 8.º ano e seis de 9.º ano. Cada turma é composta por 43 a 45 alunos e, de acordo com a matriz curricular para o 3.º ciclo do ensino básico, o tempo semanal para a disciplina de matemática é de 2t + 3t, sendo que cada tempo tem a duração de 35 minutos. A escola funciona durante a semana, de segunda a sábado.

A cada professor foi associado um nome código, fictício para assegurar anonimidade. A professora que ensina no 7.º ano chama-se Filia, a professora que ensina no 8.º ano é a professora Juda e no 9.º ano temos o professor Jobo.

4.2.2. Escola Manleuana

A Escola Manleuana foi fundada em 2011 e está localizada na capital de Timor- Leste, na parte Sudoeste. A escola é orientada pela Diretora da Escola, que faz a orientação e organização dos membros internos da mesma.

Esta escola tem um regime público. O quadro de trabalhadores é composto por funcionários públicos, professores contratados a tempo parcial, professores voluntários e também professores estagiários. Os custos de pequenas reabilitações e dos operacionais dos exames (concessões escolares) são financiados pelo Ministério da Educação. A escola oferece formação no âmbito do 1.º, 2.º, e 3.º ciclo do ensino básico. As aulas ocorrem na parte de manhã, das 08h00 até às 12h30, para os alunos do 1.º e 2.º ciclo, e da parte da tarde para os alunos do 3.º ciclo ensino básico, das 13h00 até às 17h30.

A Escola Manleuana também tem uma estrutura da organização que compreende uma Diretora de escola, um Adjunto, um representante do Gabinete Apoio Técnico, os coordenadores de 1.º, 2.º e 3.º ciclo, um Conselho Pedagógico, um Conselho Administrativo, um Conselho de Alunos, um chefe do grupo de professores por disciplina e um Conselho dos Pais. Quanto à assembleia da escola, é formada por professores, pela autarquia local, pelos pais e encarregados de educação e pelos alunos. Como referido anteriormente, a assembleia assume-se como órgão responsável pela definição das linhas orientadoras das atividades da escola. Para isso realizam encontros regulares ao longo do ano para discutir as possíveis melhorias para a escola.

As instalações desta escola não são muito adequadas (edifício mais velho, faltam muros, etc.), mas os professores, e em particular os de ciências e da matemática, tomam a iniciativa de ajustar o espaço para os alunos. A partir de um antigo armazém, que não era usado pela escola, reconstruiram um espaço para as atividades práticas de matemática e ciências. Este espaço, com medida (5x4) m2, foi reparado e convertido numa pequena

sala de laboratório. Este espaço é agora usado como local para realização de atividades práticas com os alunos, bem como para armazenar algumas produções dos alunos realizadas em sala de aula (trabalhos, cartazes, etc.).

Na Escola Manleuana, existem três professoras que lecionam matemática. A escola tem 15 turmas do 3.º ciclo do ensino básico. Cada professora ensina um nível de escolaridade diferente (7.º, 8.º e 9.º ano), existindo, em cada nível, cinco turmas. Cada turma tem em média 56 a 62 alunos. De acordo com a matriz curricular para a disciplina de matemática, são lecionados cinco tempos por semana, que se distribuem em 2t+3t ,

sendo o tempo exato de duração na sala da aula de 40 minutos. A escola funciona de segunda-feira a sábado. Os nomes de código das professoras são Célia, que leciona o 7.º ano, Esa, no 8.º ano de escolaridade e Lila no 9.º ano.

4.2.3. Escola Bebonuk

A Escola Bebonuk foi fundada no ano 2000 e também se localiza na capital de Timor, a sul. De forma semelhante às outras escolas é orientada por uma diretora. Esta escola, de status privado, é constituída por professores da função pública, contratados e estagiários. O financiamento é dividido entre o governo e doadores privados, para além das propinas pagas pelos alunos. A escola oferece formação no âmbito do 1.º, 2.º, e 3.º ciclo do ensino básico. As aulas para os alunos do 3.º ciclo do ensino básico ocorrem entre as 12h00 e as 17h30.

A Escola Bebonuk também tem uma estrutura de organização que compreende uma Diretora de escola, um representante do Gabinete Apoio Técnico, dois Coordenadores, uma para 1.º e 2.º ciclo e outra para 3.º ciclo, um Conselho Pedagógico, um Conselho Administrativo, um Conselho dos alunos, um Conselho de Pais e um Conselho de Segurança. Quanto à assembleia da escola, formada por professores, pela autarquia local, pelos pais e encarregados de educação e pelos alunos, assume-se como órgão responsável pela definição das linhas orientadoras da atividade da escola, isto é, aprova as linhas mestras do funcionamento da escola.

As instalações escolares são boas, existindo espaços como a biblioteca, salas de artes, espaços desportivos, sala de laboratório de matemática e ciências e também sala de informática. Nesta escola os professores de ciências e de matemática têm oportunidade para aprofundar os conhecimentos dos alunos, na sala de laboratório e sala de informática.

Esta escola tem maior autonomia para os tempos de ensino e, em vez dos 2t+3t tempos semanais de matemática habituais, nesta escola, a distribuição do tempo é de 45 minutos por dia (225 minutos por semana). Existem dois professores que lecionam a disciplina de matemática, um professor que ensina 7.º ano e 8.º ano, com nome de código Frelio, e outra professora que leciona o 9.º ano, com nome código Elva. O número de alunos por turma varia entre 22 e 25 pessoas. Esta escola funciona de segunda a sexta.