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3. DIAGNÓSTICO DO PROBLEMA

3.1 Contexto e Realidade Investigada

A instituição pesquisada compõe a Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica, criada em 1909, por Nilo Peçanha, presidente da República na época. Chamadas de Escolas de Aprendizes Artífices, o ensino oferecido por estas instituições era destinado às classes mais baixas. Atualmente, se configuram como importantes centros de acesso às conquistas científicas e tecnológicas. A rede conta com 38 Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia, dois Centros Federais de Educação Tecnológica, 25 Escolas Técnicas vinculadas a Universidades, a Universidade Tecnológica Federal do Paraná e o Colégio Pedro II no Rio de Janeiro, que juntos compõem a Rede Federal de Educação Profissional e Tecnológica, com diversas unidades de ensino em todo território nacional (BRASIL, 2018).

A Rede Federal oferece cursos do ensino médio integrado, cursos técnicos, cursos superiores de tecnologia, licenciaturas, além de especializações, mestrado e doutorado, presenciais e à distância, com a missão de qualificar profissionais, incentivar a pesquisa e contribuir para o desenvolvimento de novos produtos e serviços (BRASIL, 2018).

Dentre os 38 Institutos Federais, destaca-se a instituição pertencente ao estado de Minas Gerais, composta por uma reitoria e dez unidades, sendo sete campi e três unidades avançadas (RELATÓRIO DE GESTÃO, 2018). Cada campus, exceto as unidades avançadas, possui independência administrativa e é chamado de UG. Cada UG é responsável pela geração de registros contábeis no SIAFI, através da execução orçamentária, financeira e patrimonial (BRASIL, 2017).

A instituição é constituída por docentes, discentes, técnico-administrativos e colaboradores terceirizados, que dividem entre si diversas atribuições e funções. Neste cenário, para cumprir sua missão institucional, a entidade dispõe de uma força de trabalho composta por 670 professores (efetivos e temporários), 629 técnico-administrativos em educação e 352 servidores terceirizados que atuam nos serviços de apoio administrativo, transportes, limpeza, copa e cozinha, trabalhadores rurais e serviços gerais (RELATÓRIO DE GESTÃO, 2018).

De acordo com os dados disponíveis na Plataforma Nilo Peçanha, o quantitativo de alunos, em 2017, foi de 12.473 estudantes presenciais matriculados. A oferta a partir do Programa Bolsa-Formação PRONATEC e Rede E-tec Brasil contemplou aproximadamente 4.430 alunos em cursos concomitantes ou subsequentes e MedioTec. No total, foram aproximadamente 16.910 estudantes matriculados (RELATÓRIO DE GESTÃO, 2018).

A instituição tem como atividade principal o fornecimento de uma educação básica, profissional e superior, pública, de caráter científico, técnico e tecnológico, inclusiva e de qualidade, por meio da articulação entre ensino, pesquisa e extensão, visando à formação integral e contribuindo para o desenvolvimento e sustentabilidade regional. Na elaboração do Plano de Desenvolvimento Institucional do período de 2014 a 2019, a instituição apresentou os caminhos estratégicos para alcance de sua missão e visão de futuro e expôs o diagnóstico ambiental, no qual evidencia os pontos fracos e ameaças, bem como as forças e oportunidades para alcance dos objetivos institucionais (RELATÓRIO DE GESTÃO, 2018). Os principais pontos fortes, pontos fracos, oportunidades e ameaças são apresentados no Quadro 4.

Quadro 4 - Análise ambiental: Pontos fortes, Pontos fracos, Oportunidades e Ameaças

PONTOS FORTES OPORTUNIDADES

Qualificação dos servidores: acima da média nacional.

Localização geográfica e logística: proximidade dos campi com a reitoria e com os grandes centros. Ensino: abrange diversos níveis e modalidades,

com verticalização do ensino. Programas de Pesquisa e Extensão.

Regulamentações e institucionalização: construção participativa e democrática da instituição.

Expansão da instituição. Interação com a sociedade.

Avanços da Tecnologia da Informação. Desenvolvimento social e econômico regional. Expansão do ensino, pesquisa e extensão,

promovida pelo governo federal. Possibilidade de parcerias múltiplas.

Possibilidade de se promover a integração e compartilhamento de boas práticas entre as unidades.

PONTOS FRACOS AMEAÇAS

Falta de treinamento para servidores novos. Política deficiente de capacitação e/ ou

qualificação de servidores.

Desconhecimento e/ou descumprimento dos procedimentos legais necessários para o encaminhamento de processos em tempo hábil. Falta de integração entre os campi, para

alinhamento dos procedimentos.

Comunicação interna e externa deficientes. Deficiência na padronização e na regulamentação

de procedimentos e processos institucionais.

Inflexibilidade da legislação sobre a gestão dos recursos públicos.

Falta de identidade e conhecimento da entidade Instituto Federal.

Mudança nos rumos da política educacional no país.

Insuficiência de recursos humanos, materiais, financeiros e de gestão desses recursos.

Política de terceirização dos serviços. Burocratização dos processos licitatórios.

Impossibilidade de contratação do servidor técnico-administrativo substituto.

Fonte: Relatório de Gestão (2018).

Verifica-se algumas fraquezas apresentadas pela instituição, inclusive em suas atividades administrativas, como o descumprimento dos procedimentos legais, a ausência de treinamentos, a deficiência na padronização de procedimentos, dentre outras. Assim, dentre esses procedimentos administrativos a serem executados pelos campi e pela reitoria, que apresentam deficiências, desponta-se a CRG.

A conferência documental exigida pela CRG possibilita maior segurança às atividades realizadas na entidade, uma vez que a conferência pode levantar possíveis indícios de irregularidades e ou improbidades administrativas, caso ocorram. Ademais, a grande rotatividade de servidores que executam a CRG, resulta em fracos desempenhos. Quando o servidor desempenha há mais tempo a função, ele adquire a experiência necessária ao pleno desempenho do procedimento (CASTRO, 2014).

Neste contexto, além de não ser apurada a aplicação de praticamente nenhuma restrição referente à CRG durante o período de 2014 a 2017, conforme indicado na Tabela 3, verifica-se que no registro da CC existem restrições (desconformidades) aplicadas mensalmente. É obrigatória a conferência prévia de toda documentação antes de se aplicar qualquer restrição. Até porque, não é recomendável a aplicação de restrições, sem antes ter havido esforços para solucionar o erro encontrado. Frente a este cenário, infere-se que a CC

realiza a conferência prévia de toda documentação que está sob sua responsabilidade, sendo mais eficaz o seu desempenho. Talvez essa questão se justifique pelo fato de os conformistas contábeis serem contabilistas devidamente registrados no CRC. Ainda que careçam de capacitações, possuem um conhecimento prévio inerente à sua formação.

Ao registrar a conformidade de uma UG, o conformador atesta que ali encontram-se todos os documentos necessários à comprovação das operações por ela realizadas. Esta atividade, no entanto, deve, impreterivelmente, ser precedida de fiscalização que permita à própria UG, providenciar possíveis correções a ela necessárias, em tempo hábil e, com procedimentos que validem tal operação (CASTRO, 2014, p.31).

Portanto, este estudo pretende investigar como está sendo realizado o procedimento de CRG na instituição pesquisada. Infere-se, a princípio, que mesmo sendo a CRG um procedimento instituído por lei, existem gargalos na execução do processo, entre o que a legislação determina e o que está sendo de fato realizado pelo conformista.