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Capítulo 3 – Unidade de Ensino

3.1. Contexto Escolar

3.1.1. Caracterização da Escola

A Escola Secundária de Caneças, onde decorreu a minha prática de ensino supervisionada, é a Sede do Agrupamento de Escolas de Caneças e localiza-se no distrito de Lisboa, numa zona mais periférica e a norte do concelho de Odivelas. A Sede é a única escola do Agrupamento que tem Ensino Secundário, 8.º e 9.º ano de escolaridade, reunindo também cursos profissionais, vocacionais e ensino noturno. Mais especificamente, como ilustrado pelo esquema seguinte (Figura 1), o Agrupamento de Escolas de Caneças é constituído por seis estabelecimentos de ensino: a Escola Secundária de Caneças, a Escola Básica de Castanheiros (que tem oferta formativa a nível do 2.º Ciclo do Ensino Básico e do 7.º ano do Ensino Básico) e quatro escolas Básicas de pré-escolar e 1.º ciclo do Ensino Básico.

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Figura 1 – Agrupamento de Escolas de Caneças

Segundo os dados do Projeto Educativo do Agrupamento de Escolas de Caneças (2015), o contexto social, económico e familiar dos alunos deste Agrupamento é maioritariamente desfavorecido e, num número expressivo dos casos, as habilitações académicas dos pais dos alunos situam-se ao nível do Ensino Básico. Também este documento refere que a população escolar do Agrupamento provém de meios essencialmente suburbanos e rurais, sendo que, aproximadamente, 40% usufrui de apoio económico escolar, designadamente, através da Ação Social Escolar (ASE).

Ao nível da gestão dos casos de indisciplina foi criado o gabinete de Gestão Disciplinar e acompanhamento de alunos. Colabora ainda com o Agrupamento uma equipa de Educação Especial que, segundo os dados dos Projeto Educativo, é “insuficiente para responder ao crescente número de solicitações” (p. 8), o que requer uma permanente análise e reflexão.

3.1.2. Caracterização da Turma

A turma com a qual realizei a prática de ensino supervisionada é constituída por um total de 30 alunos, 16 dos quais são raparigas e 14 são rapazes. No início do presente ano letivo, a média das idades destes alunos, todos de nacionalidade portuguesa, era aproximadamente 12,7 anos. Esta foi a única das turmas do 8.º ano da escola a manter a sua composição desde o ano letivo passado e é descrita por alguns dos professores como “uma das melhores turmas do 8.º ano da escola”. Um dos fatores que parece corroborar esta afirmação é o número de negativas destes alunos no final do 7.º ano. No ano letivo passado, 27 dos 30 alunos da turma transitaram para o 8.º ano sem qualquer negativa, apenas três transitaram com uma negativa – um aluno com nível dois à disciplina de Português, e dois alunos com este mesmo nível à disciplina de Tecnologias da Informação e da Comunicação. No seu percurso académico, apenas cinco dos 30 alunos desta turma tiveram uma retenção – um dos alunos frequentou duas vezes o 6.º ano, enquanto quatro frequentaram por duas vezes o 7.º ano de escolaridade.

Escola Secundária de Caneças Escola Básica de Castanheiros Escola Básica Artur Alves Cardoso Escola Básica Cesário Verde Escola Básica Francisco Vieira Caldas Escola Básica Prof.ª Maria Costa Agrupamento de Escolas de Caneças

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Comparativamente à maioria das turmas da escola, esta turma tem um contexto socioeconómico favorável, já que dos 30 alunos apenas cinco beneficiam da Ação Social Escolar – quatro alunos beneficiam de escalão A e um aluno usufrui de escalão B.

No ano letivo passado, esta turma vivenciou um contexto particular no que diz respeito à disciplina de Matemática já que teve, no total, cinco professores ao longo do ano letivo. Esta situação impediu que fossem abordados alguns conteúdos de 7.º ano, mais especificamente, os subtópicos do domínio Geometria e Medida do PMCEB (MEC, 2013) – como por exemplo o “Teorema de Tales” e os “Critérios de Semelhança de Triângulos”, e ainda tópicos do domínio “Organização e Tratamento de Dados”. Para além do que agora referi, outros tópicos foram trabalhados com alguns constrangimentos temporais.

Segundo os dados fornecidos pela diretora de turma, 57% dos alunos afirma ter ajuda no estudo e todos referem ter acesso a computador e ligação internet em casa. Ainda de acordo com estes dados é possível retirar que para seis alunos desta turma, a disciplina de Matemática é uma das suas favoritas e que, para o mesmo número de alunos, Matemática é a disciplina que menos apreciam.

Um dos alunos da turma tem Necessidades Educativas Especiais, sendo sinalizado com défice de atenção e hiperatividade e, ainda que não requeira adaptações curriculares, tem adequação no processo de avaliação mas com critérios de avaliação bastante semelhantes aos da restante turma. Semanalmente, este aluno tem um bloco de apoio, em diversos conteúdos, com uma professora de Ensino Especial.

Ao nível da assiduidade não existem situações preocupantes a relatar e ao nível da participação, segundo a professora titular da turma, apesar de “não ser uma turma tão espontânea”, demonstra interesse nas aulas e mostra-se trabalhadora nos momentos de trabalho autónomo. Quanto à participação nos segmentos em grande grupo, a turma não é em geral muito participativa, no entanto, existe um pequeno nicho que faz intervenções recorrentemente. Além destes aspetos destaco quatro ou cinco alunos que, habitualmente, são muito pouco participativos.

Relativamente às classificações obtidas pelos alunos na disciplina de Matemática, no final do 1.º período escolar (Figura 2), dos 30 alunos da turma, 11 tiveram classificação de nível dois, 12 obtiveram classificação de nível três, e os restantes sete alunos obtiveram classificação de nível quatro. Ou seja, cerca de 37% dos alunos da turma obtiveram classificação negativa no final do 1.º período escolar.

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Figura 2 – Classificações dos alunos à disciplina de Matemática no final do 1.º período.

No primeiro período, segundo a Diretora de Turma, os alunos não revelaram muito método de estudo nem hábitos de trabalho. Tendo em conta as características da turma, nomeadamente, as classificações finais dos alunos no 7.º ano, a Diretora de Turma referiu que foi notório que os alunos encararam o início do segundo período com mais empenho. No entanto, o panorama global das classificações do primeiro para o segundo período manteve-se semelhante (Figura 3), ainda que o nível dois passasse a ser a classificação predominante na turma.

Figura 3 – Classificações dos alunos à disciplina de Matemática no final do 2.º período.

Assim, verifica-se que, no final do 2.º período (Figura 3), 12 alunos tiveram classificação nível dois à disciplina de Matemática, mais um aluno que no 1.º período.

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13

Nível 2 Nível 3 Nível 4

Classificações a Matemática: 1.º período

Nível 2 Nível 3 Nível 4 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13

Nível 2 Nível 3 Nível 4

Classificações a Matemática: 2.º período

Nível 2 Nível 3 Nível 4

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Um fator que pode ter contribuído para esta situação relaciona-se com os conteúdos trabalhados ao longo do período, já que o domínio da Álgebra representa algumas dificuldades para os alunos e, por esse mesmo motivo, o envolvimento destes nos temas trabalhados diminui consideravelmente. Menos três alunos que no primeiro período tiveram classificação nível três e mais dois alunos tiveram classificação nível quatro.

Mais especificamente, houve alguns alunos com uma evolução positiva do primeiro para o segundo período, ainda que esse facto não seja muito evidente porque outros alunos evoluíram negativamente nesta transição de períodos – tanto quanto às classificações obtidas nas fichas de avaliação sumativa, como ao nível das atitudes e empenho na disciplina de Matemática.

Como evidencia o gráfico da figura 4, no 3.º período escolar houve uma ligeira evolução, positiva, nas classificações dos alunos desta turma, na disciplina de Matemática.

Figura 4 – Classificações dos alunos à disciplina de Matemática no final do 3.º período.

No final do ano letivo, dez alunos obtiveram classificação de nível dois na disciplina de Matemática, o mesmo número concluiu com apreciação nível três e dez alunos finalizaram a disciplina com nível quatro. Comparativamente ao segundo período, houve menos duas classificações nível dois, mais um aluno com classificação nível três e mais um aluno com nível quatro.

Uma vez que, no final do ano letivo anterior, os alunos não obtiveram qualquer classificação negativa a Matemática e como este ano um número significativo de alunos

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11

Nível 2 Nível 3 Nível 4

Classificações a Matemática: 3.º período

Nível 2 Nível 3 Nível 4

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(dez) obteve essa apreciação, penso esta situação merece algum destaque. Observo que o contexto particular desta turma (quanto ao número de professores de Matemática no ano letivo passado) e os conteúdos que não foram estudados pelos alunos (que sobrecarregaram os temas abordados no 8.º ano) podem ter contribuído para este acréscimo de classificações nível dois.

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