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CAPÍTULO II 2 Smart City

Oportunidades 1. Posicionamento Geoestratégico da região no contexto e espaço

3.5. Características Ambientais

3.5.1. Contexto Geomorfológico e Geológico

O território do nordeste transmontano está integrado no Maciço Hespérico ou Ibérico, um dos fragmentos do soco hercínio Europeu, resultante dos movimentos orogénicos provocados pela colisão de duas placas tectónicas continentais. À medida que se caminha para oeste a planície dá lugar a um relevo acentuado, ocorrendo grandes diferenças altimétricas, devido ao afundamento do principal sistema hidrográfico. A rede de drenagem é dendrítica e controlada pela litologia das estruturas. Deste modo os rios apresentam-se bem encaixados e com manchas aluvionares restritas.

Sobressaem na Meseta algumas serras de pouca altitude, resultantes da atividade de orogenia alpina, como as de Montesinho, da Nogueira e da Coroa, situadas respetivamente a Nordeste, Sudoeste e Oeste de Bragança. Entre estes relevos correm rios, geralmente em vales profundos, cujos troços retilíneos poderão revelar influência tectónica. A rede hidrográfica torna-se densa, tendo os cursos de água uma orientação alpina ou bética. Motivada pela deslocação da grande falha tectónica, Manteigas – Vilariça – Bragança – França – Portelo, deu- se origem a grandes depressões, como a bacia de Bragança.

Do ponto de vista da geologia os terrenos incluídos na TFT incluem-se nas denominadas Sub- Zona da Galiza Média – Trás-os-Montes e Zona Centro Ibérica subdividindo-se em diversas unidades estruturais das quais se destacam os complexos alóctones superiores, ofiolítico- alóctone intermédio, alóctone inferior, para-autóctone e as unidades autóctones e sub- autóctones (Fig. 3.20).

A zona de Bragança, composta pelos complexos alóctones superiores e intermédio por apresentar características litológicas, estruturais e morfológicas bem marcadas. O maciço de

Bragança-Vinhais é um complexo poli metamórfico que ocupa grande parte da região ocupada pelos concelhos englobados na TFT. Na área sul do concelho, surgem terrenos pertencentes ao alóctone inferior e ao ofiólito do maciço metamórfico de Morais. O Terreno Continental Alóctone é a unidade mais alta do Maciço de Bragança-Vinhais. Este assenta sobre o autóctone através de um carreamento principal e compreende 4 unidades alóctones (Fig.3.20), separadas entre si por três carreamentos principais. Assim de baixo para cima tem-se (R.F.T., 2006):

- O complexo para-autóctone, que inclui metassedimentos de baixo grau metamórfico de idade Silúrica: xistos de grão fino (filitos), grauvaques, quartzitos e chertes.

- O complexo inferior de mantos açoctones, que é caracterizado pela existência de rochas magmáticas onde se incluem riólitos e granitos peralcalinos, assim como paragéneses minerais relíquia de metamorfismos de alta pressão.

- O terreno ofiolítico setentrional, complexo alóctone intermédio, compreende sequencias ofiolíticas típicas, parcialmente desmembradas pela orogenia Varisca e caracterizada por metamorfismo precoce prógrado em fáceis anfibolítica, é constituído essencialmente por xistos anfibólicos.

- O terreno continental alóctone, composto em grande parte por rochas de alto grau metamórfico, ígneas, máficas e últramáficas. As rochas félsicas estão representadas por paragnaisses, que englobam lentes de eclogito.

Figura 3.20 Carta Geomorfológica do distrito de Bragança (Meireles et al., 1999).

Nas bordaduras dos maciços das unidades autóctones e sub-autóctones, constituídas essencialmente por rochas xistentas, surgem diversos afloramentos de rochas graníticas que condicionam o metamorfismo das rochas encaixantes e facultam os relevos típicos desta

natureza “caos de blocos”. Estes afloramentos estão significativamente representados no concelho de Miranda do Douro, onde o rio Douro esculpiu o seu percurso.

O solo é um recurso natural, não renovável há escala humana, que se desenvolve à superfície da Terra por influência de diferentes fatores de formação como: o clima, o material originário, o relevo, organismos e o tempo.

Na TFT um dos fatores de formação do solo mais abundante é sem dúvida o relevo. Existindo um grande contraste entre os relevos vigorosos das serranias e as suaves ondulações planálticas cortadas por uma rede hidrográfica com cursos de água encravados entre vertentes declivosas.

Esta cidade é uma região com materiais geológicos antigos, alguns dos mais antigos do território português, o seu relevo reproduz uma atividade morfogenético, sinal de uma renovada mudança na terra que hoje se pisa.

Bragança situa-se na vasta superfície planáltica do Nordeste Transmontano, pertencente à Meseta Ibérica Norte, com altitudes entre 750 e 900 metros.

O relevo da TFT é sobretudo caracterizado pela dominância de planaltos extensos, sulcados por vales de meandros profundamente entalhados nos xistos, transformando-se as superfícies altas num mar de cabeços separados por uma rede hidrográfica muito densa.

No que respeita os solos, o efeito da temperatura e da precipitação torna-os espessos e pedregosos, onde predominam os solos incipientes, em particular os leptossolos, que assentam sobre rocha dura a 50 cm de profundidade. Os cambissolos ocupam a maior parte da área, são solos pouco evoluídos, que se encontram mais precisamente em declives inferiores a 12%. Os luvidosos, solos evoluídos, e os alissolos cobrem apenas aproximadamente dois quartos do território do concelho, onde os luvidosos são mais frequentes que os alissolos, estes solos mais férteis da região, estando sujeitos a utilização mais intensa.

Nas manchas aluviais que rodeiam as linhas de água, na região a faixas estreitas e descontinuas encontram-se os solos fluvissolos, que detêm um grande potencial para o uso agrícola, sendo ocupados pelas culturas mais intensivas de regadio. Bragança encontra-se cercada por manchas significativas deste tipo de solos.

Nesta região existem outros tipos de solos, mas em pequenas quantidades, aparecendo pequenas manchas ao longo do território, tal como os regossolos, que têm geralmente ocupação agrícola e hortícola em torno das povoações.

Recursos Geológicos

Massas minerais

Do ponto de vista geológico, a TFT apresenta algum potencial em massas minerais com especial destaque para os maciços de Bragança-Vinhais e de Morais e áreas envolventes pelas suas potencialidades em cobre, níquel e cobalto e ainda em bário e talco.

No que se refere a metais preciosos, entre os depósitos mais importantes do território, destacam-se as minas de ouro de França, a da Jariça/Edrosa e toda a faixa que se estende desde Ervedosa e Argozelo. O ouro e a prata surgem normalmente associados ao tungsténio e ao estanho pelo que as respetivas áreas potenciais muitas vezes coincidem.

O território da TFT inclui quatro zonas, em correspondência com a ocorrência de granitos, potencialmente favoráveis à exploração de urânio – faixa fronteiriça envolvendo Pinheiro Novo, Moimenta e a serra de Montesinho, a faixa de Ervedosa, o alinhamento Bragança e a área norte e nascente do concelho de Miranda do Douro.

As reservas de talco presentes nas rochas básicas e ultrabásicas do maciço de Bragança- Vinhais são reduzidas e não são de primeira qualidade, devido à contaminação por óxidos de ferro e cromite.

São identificadas algumas das minas mais importantes, sendo o estanho e o volfrâmio os minerais metálicos mais explorados e com maior dispersão no território da TFT é de salientar, as minas de cromite de Vila Boa de Ouzilhão, únicas no país.

Contudo, a baixa cotação destes minerais e a ausência de renovação tecnológica dos processos de exploração que se baseavam, essencialmente, na mão-de-obra, foram ditando ao longo dos tempos o encerramento e abandono de todas as explorações.

Nos locais que contêm minas abandonadas, os materiais resultantes da exploração mineira podem provocar impactos ambientais de natureza física, paisagística ou química, suscetível de interferir negativamente nos ecossistemas vizinhos e na qualidade de vida do próprio Homem.

A par da reabilitação ambiental deverá ser ponderada a possibilidade de utilizar as infraestruturas e equipamentos ainda existentes na criação mineira, de forma a manter viva a memória de uma atividade que, no passado, foi relevante para a economia da região e nas vidas dos seus habitantes (Pita, 2009).

Depósitos minerais

O grande volume de recursos geológicos explorados da TFT corresponde à extração de rochas e massas rochosas graníticas e calcárias, para a produção de inertes e outros materiais de

construção civil, onde o granito predomina (42%). Igualmente com aplicações na construção, mas com fins ornamentais, destaca-se a exploração da serpentinite ou serpentina (23%) nas rochas ultrabásicas, com grande implantação no mercado devido aos tons esverdeados que apresenta e origem exclusivamente em Bragança. Das pedreiras existentes 30% estão descativadas ou apresentam uma exploração reduzida. Esta situação verifica-se em mais de metade das explorações de calcário que representam atualmente apenas 15% do total de explorações ativas devido, sobretudo, à baixa exploração e/ou encerramento da maioria das pedreiras do concelho de Bragança.

No concelho de Bragança as explorações são em número reduzido, onde predomina a exploração de areias, peridotitos e xistos e na região de Miranda do Douro predominam as argilas e o mármore.

Visto que grande parte das explorações se encontram nos parques naturais, haverá que tomar medidas para precaver os problemas ambientais que lhe estão associados e garantir a sua coexistência num equilíbrio sustentado (Pita, 2009)