CAPÍTULO II 2 Smart City
M. Giffinger e a sua equipa científica da Universidade Técnica de Viena Smart Cities – Ranking of European médium-sized cities
2.4. A Cidade Sustentável
2.4.1. Desenvolvimento Sustentável
O desenvolvimento sustentável pode ser resumido em três palavras: economia, sociedade e ambiente. A noção do desenvolvimento sustentável é baseada na consciência do risco ambiental. No entanto é também um projeto social, que procura conciliar a ecologia, a economia e os fatores sociais, de forma a ter em conta os princípios básicos da lei ambiental: precaução; prevenção; fonte de recursos; “polluter pays” (poluir paga-se); uso da melhor tecnologia disponível.
O conceito da sustentabilidade é baseado em três princípios (Gauzin-Muller, 2002): - Consideração do ciclo de vida dos materiais;
- Desenvolvimento do uso de materiais naturais e fontes de energia renováveis;
- Redução dos materiais e energia utilizados na obtenção de matérias-primas, o uso do produto e da destruição e reciclagem de resíduos.
“Desenvolvimento sustentável significa melhorar a qualidade de vida sem ultrapassar a capacidade de carga dos ecossistemas de suporte” (União Mundial da Conservação, Programa das Nações Unidas). A Figura 2.50 demonstra como funciona o ciclo sustentável:
Figura 2.50 Ciclo do desenvolvimento sustentável (Procaveblog, 2012).
Como forma de promoção da sustentabilidade, foram criados, ao longo dos anos, tratados e acordos, entre diferentes países do mundo, tentando diminuir a poluição e tornar as cidades mais ecológicas e sustentáveis. Por ordem cronológica, têm-se os seguintes exemplos:
- Em 1992, Rio Earth Summit, os Chefes de estado e as suas nações comprometeram-se a explorar formas de conseguir um desenvolvimento que satisfaça as necessidades atuais, sem comprometer a capacidade das gerações futuras.
- Em 1996, tratado de Kyoto, as nações participantes comprometeram-se a diminuir emissões de gás e o efeito estufa, num período de tempo que vai de 1990 a 2008 e/ou 2012. Para manutenção deste acordo, os países industrializados necessitariam progredir em três áreas: redução do consumo de energia; substituir as reservas de energias fósseis por energias renováveis; armazenamento de carbono.
- Século XXI, Agenda 21, recomenda e integra medidas criativas de forma a assegurar o desenvolvimento sustentável. Recomenda a conservação ambiental, tal como, uma sensibilização para o uso de recursos naturais: Proteção da atmosfera terrestre; Integração do planeamento e gestão na “land-use” (uso do solo); Preservação dos ecossistemas mais frágeis; Promoção do desenvolvimento sustentável num contexto rural e agrícola mantendo a biodiversidade; Relacionar o ambientalismo racional com a biotecnologia; Proteção dos oceanos e zonas costeiras; Proteção das reservas de água e a sua qualidade; Tratamento ambiental aceitável dos desperdícios/resíduos, incluindo químicos tóxicos, radioatividade e outros resíduos perigosos, sólidos ou líquidos.
Urbanismo sustentável
O urbanismo sustentável depende das responsabilidades políticas e das capacidades profissionais dos formuladores de políticas, planificadores, arquitetos, técnicos e engenheiros civis. Fazer o melhor uso dos ambientes construídos e naturais, para o benefício económico e social da economia (Gauzin-Muller, 2002). Tem consequências positivas para a vida diária: - Uma cidade mais limpa, menos barulhenta e menos poluída;
- Prioridade dada ao tráfego de pedestres e ciclistas; - Espaços públicos mais acolhedores;
- Melhor qualidade de vida da comunidade e sendo de orgulho cívico.
Para que uma cidade seja sustentável, ou seja viável a longo prazo – o seu impacto prejudicial sobre o meio ambiente deve ser limitado, e as condições de vida e de trabalho dos seus habitantes devem ser agradáveis (Veiga, 2005).
A tabela seguinte apresenta as medidas para um desenvolvimento urbano sustentável:
Tabela 2.3. Medidas para um desenvolvimento urbano sustentável, (Gauzin – Muller, 2002).
Design urbano e tecnológico Comunicação sobre assuntos
ambientais e democracia local
Economia e ambiente Construção de uma arquitetura
ambiental
Participação e responsabilidade
das pessoas em causa Imposto sobre a energia
Gestão da água Informação e consulta sobre o
meio ambiente Imposto sobre a poluição
Gestão do dia-a-dia
Descentralização de poderes administrativos e de tomadas de decisão
Pagamento conforme o consumo Redução de resíduos e
reciclagem
Formação ambiental, consultoria e qualificações
Contabilidade ambiental para as empresas e instituições
Espaços verdes, proteção do ambiente natural
Novos elementos para a cooperação e prosperidade do desenvolvimento e marketing
Modificações em ferramentas de planeamento, normas de construção e legislação Clima urbano, qualidade do ar
Criação de eco estações, os centros locais de comunicação sobre o meio ambiente e cultura
Assistência financeira e incentivos
Proteção do solo e da água Criação de agências de energia, água e resíduos
Estratégias ambientais destinadas aos sectores comerciais e artesanais industriais
Proteção contra o ruído Desenvolvimento de novos modelos de edifícios e bairros
Criação de serviços ambientais, comerciais e centros de atividade
Fornecimento de alimentos e saúde
Criação de empregos no sector ambiental
Para uma cidade se desenvolver ao longo de uma linha sustentável, algumas condições são necessárias (Gauzin-Muller, 2002):
- Compromisso da parte das autoridades eleitas e administrativas;
- Vontade de todas as partes trabalharem juntas, incluindo empresas, associações locais, escolas e universidades;
- Participação ativa dos moradores;
- E uma triagem de experiência profissional, incluindo arquitetos, engenheiros, urbanistas, paisagistas, serviços técnicos eleitos oficialmente.
Nos termos de aplicação dos princípios sustentáveis para a urbanização e planeamento urbano, os objetivos estratégicos são amplamente os mesmos seguidos pela Europa (Gauzin- Muller, 2002):
- Equilíbrio entre desenvolvimento urbano e preservação de terras agrícolas e florestais, tal como espaços verdes para lazer;
- Preservação dos solos, ecossistemas e paisagens naturais;
- Diversidade de usos em áreas urbanas, com um equilíbrio entre espaços de vivência e trabalho;
- Áreas de mistura social (residências ou outras); - Gestão e controlo de tráfego veicular diário; - Proteção da agua e da qualidade do ar; - Gestão de resíduos;
- Controlo de riscos naturais ou técnicos;
- Proteção dos lugares mais excecionais da cidade e conservação do património urbano. É importante o estudo e análise prévia do local antes de intervir, para que o projeto seja contextualizado. O desenvolvimento urbano é um projeto de longo termo.
A Ecologia e a Economia
O movimento ecológico nasce em 1960, iniciado por uma geração que rejeita os excessos da sociedade consumista.
O objetivo de reduzir o consumo de energia e recursos naturais, diminuindo o efeito estufa e emissões de gás e produzir menos resíduos, terá um significante impacto nos sectores de construção e engenharia civil. A aplicação dos princípios do desenvolvimento sustentável é uma resposta mais eficiente que temos, na necessidade de reduzir o efeito estufa e a destruição do nosso ambiente. Assim sendo, a resposta é baseada em três princípios
(Procaveblog, 2012): - Igualdade social - Cautela ambiental - Eficiência económica
Só estes três fatores permitirão o equilíbrio entre arquitetura, tecnologia e custos.