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CONTEXTO DE IMPLANTAÇÃO DO PET INDÍGENA NA UFSCAR A UFSCar é IFES fundada em 1968, iniciando suas atividades

Mesa 3: PESQUISA E EXTENSÃO EM TERRITÓRIOS INDIGENAS Objetivo: Discutir a legislação que regula a entrada de

46 Xukuru Xucuru PE 2720 Siasi/Sesai

7.1 CONTEXTO DE IMPLANTAÇÃO DO PET INDÍGENA NA UFSCAR A UFSCar é IFES fundada em 1968, iniciando suas atividades

letivas em 1970. Atualmente, oferece 64 cursos de graduação presencial distribuídos nos campi São Carlos, Araras, Sorocaba e Lagoa do Sino, além de cursos de graduação à distância. Ainda conta com programas de pós-graduação acadêmico e profissional, cursos de especialização e atividades de extensão em diferentes áreas de conhecimento.

A Missão da UFSCar é produzir e tornar acessível o conhecimento por meio da formação de profissionais qualificados e pelo compartilhamento da sua produção científica diferentes segmentos da sociedade. Suas ações são pautadas em dez princípios que expressam compromissos fundamentais, destacando-se a excelência acadêmica, livre acesso ao conhecimento e compromisso social.

Fiel a estes princípios, a UFSCar caminhou em direção aos movimentos de democratização do acesso e inclusão das camadas sociais menos favorecidas no ensino superior, registrando no seu Plano de Desenvolvimento Institucional de 2004 a necessidade de instituir uma política de Ações Afirmativas. Ações Afirmativas são políticas públicas que têm por objetivo corrigir desigualdades raciais presentes na sociedade, acumuladas ao longo dos anos, em segmentos da população com histórico de injustiças e direitos básicos não assegurados. Especificamente no Brasil, as Ações Afirmativas são constitucionais e consideradas políticas essenciais para redução de desigualdades e discriminações existentes em populações mais empobrecidas, com atenção especial às pessoas negras e aos povos indígenas.

Em 2007, a UFSCar instituiu o Programa de Ações Afirmativas (PAA) por meio da Portaria GR nº 695 de 06 de junho, a qual garantiu a reserva de vagas para candidatos(as) que cursaram integralmente o ensino médio em escola da rede pública municipal, estadual ou federal, negros(as) e indígenas. Simultaneamente, o PAA da UFSCar analisou e debateu as peculiaridades de cada um destes segmentos sociais a fim não só de garantir o acesso à Universidade, mas também a permanência e progressão destes estudantes.

Desta forma, em 2008, a UFSCar recebeu os primeiros universitários indígenas, levando em conta quatro aspectos relevantes para o ingresso, os quais foram especificados na Avaliação dos 10 anos do Programa de Ações Afirmativas e do Ingresso por Reserva de Vagas (2007 – 2017):...” a oportunidade dos candidatos indígenas de escolher

dentre todas as opções de cursos de graduação oferecidas pela Universidade; b) a possibilidade de qualquer indígena brasileiro, de qualquer povo, candidatar-se a qualquer das vagas oferecidas; c) a existência de um processo seletivo construído nos moldes dos outros processos da Universidade, mas levando em conta algumas questões relacionadas à garantia constitucional de educação diferenciada aos povos indígenas e, d) a necessidade de comprovação do vínculo do candidato com sua comunidade indígena....”.

Até o ano de 2016, 217 estudantes indígenas ingressaram na UFSCar, pertencentes a 40 etnias indígenas, oriundos de 11 estados brasileiros, sendo as carreiras nas áreas da saúde e da educação as mais procuradas devido à necessidade de profissionais destas áreas em suas comunidades.

Outro ponto que merece destaque na inclusão das populações menos favorecidas no ensino superior foi a incorporação da UFSCar à rede de IFES participantes do Programa Conexões de Saberes: diálogos

entre a universidade e as comunidades populares. Este programa,

coordenado pela Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade do MEC, teve por objetivo possibilitar que universitários pertencentes às comunidades populares desenvolvessem projetos de intervenção e produção de conhecimento em seus territórios de origem, oferecendo apoio financeiro e metodológico para este fim.

Seguindo as políticas estabelecidas pelo MEC, em 2010 começa o processo de junção do Programa Conexões de Saberes com o já solidificado Programa de Educação Tutorial (PET). O PET foi criado em

1979 para apoiar grupos de alunos com potencial, interesse e habilidades destacadas em cursos de graduação por meio de concessão de bolsas e verbas de custeio. O programa baseia-se em grupos tutoriais de aprendizagem que contam com a orientação e supervisão de um professor tutor e visa proporcionar oportunidades para realização de atividades extracurriculares e fortalecimento da formação acadêmica, além de contribuir para amadurecimento dos estudantes como indivíduos e cidadãos. Assim, em 27 de julho de 2010 é publicada a Portaria 976 que estabelece nas IFES a expansão de grupos PET vinculados a áreas prioritárias e políticas públicas de desenvolvimento, bem como a correção de desigualdades sociais e regionais, denominados PET-Conexões de Saberes.

O programa valoriza a diversidade de saberes dos estudantes das Universidades públicas brasileiras ingressantes por ações afirmativas, contribuindo para o protagonismo, inclusão social, progressão e permanência no ensino superior de jovens provenientes das comunidades do campo, quilombola, indígena e em situação de vulnerabilidade social.

Nesse contexto, a elaboração de propostas voltadas à população indígena foi considerada prioritária na UFSCar, uma vez que naquela época estavam sendo oferecidas 57 vagas nos cursos de graduação para estudantes indígenas. Além disso, era real a possibilidade de ampliação dessas vagas pela implantação de novos cursos na Universidade.

Todo esse processo culminou com a criação de cinco grupos PET- Conexões de Saberes na UFSCar, sendo dois deles orientados aos universitários indígenas, a saber, PET Indígena-Ações em Saúde e PET- Saberes Indígenas. Estes grupos PET visaram à valorização do saber tradicional indígena, sendo o PET-Saberes Indígenas voltado à proteção do conhecimento indígena, enquanto o PET Indígena-Ações em Saúde direcionado à formação de agentes que possam contribuir na melhoria das condições de saúde das comunidades indígenas e das comunidades populares munícipio de São Carlos.