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2. Contextualização e Dinâmicas

2.1. Enquadramento Biográfico

2.2.3. Contexto Institucional e Funcional

O meu estágio profissional decorreu na Escola Secundária/3 de Oliveira do Douro (ESOD). Esta serve a população de Avintes, Oliveira do Douro e Vilar de Andorinho, no espaço periurbano de Vila Nova de Gaia.

Em termos de caracterização nestas áreas predominam algumas indústrias, o comércio e os serviços, sendo a atividade agrícola pouco significativa e a taxa de desemprego superior à média nacional (10%, em censos 2001) (projeto educativo escolar da ESOD – PEE-ESOD).

Quanto à atividade profissional dos pais e encarregados de educação dos alunos que frequentam a ESOD, realça-se que as respetivas mães trabalham sobretudo como técnicas não qualificadas de serviços e comércio (10,8%), operárias (9%) e empregadas de escritório (8,5%), enquanto os pais

comércio e serviços (15,5%), como empregados de escritório (12,4%), em serviços diretos (15,5%), como empregados de escritório (12,4%).

Pelos dados referentes às habilitações académicas cerca de 21,8% dos encarregados de educação apenas concluíram o 1.º Ciclo do Ensino Básico, 18,8% possuem o 2.º Ciclo, cerca de 14,7% concluíram o 9.º ano, 12,2% o 12.º ano e cerca de 8,5% apresentam formação de nível superior. Verifica-se, ainda, que a taxa de analfabetismo declarado é de 2,2% (PEE - ESOD).

Em termos de instalações, a Escola, apresenta-se, bem conservada, existindo, porém, setores que necessitam de remodelação, para a prática de Educação Física.

Quanto ao espaço destinado a esta disciplina dispõe de um pavilhão desportivo, que em termos de potencialidades para a prática desportiva reúne boas condições (permitindo, por exemplo, que duas turmas pratiquem em simultâneo a disciplina de educação física) e de um campo sintético exterior para a prática de futebol. Porém esta escola não apresenta qualquer pista para a prática de atletismo, o que condiciona, de maneira muito limitadora, o âmbito do ensino desta modalidade. Os recursos materiais e equipamentos desportivos (como bolas das diferentes modalidades, materiais para a execução da modalidade de ginástica, etc.), existentes para a prática desportiva, são em quantidade suficiente e estão, de uma maneira geral, em boas condições.

O pavilhão gimnodesportivo apresenta deficiências construtivas ao nível das condições térmicas, concentrando no inverno um elevado teor de humidade. Os sanitários/balneários funcionam, também, com diminutas condições de conforto. O pavilhão gimnodesportivo foi intervencionado no ano letivo 2001/2002, nomeadamente ao nível do pavimento.

A escola é aberta às oito horas da manhã, decorrendo o período letivo das oito horas e vinte minutos às dezoito horas e trinta minutos. O funcionamento da escola não se resume apenas ao horário letivo, encontrando- se por vezes aberta para além das horas daquele horário, quer para dar formação a adultos em horário pós laboral. Quer para utilização do pavilhão

desportivo, para fins desportivos, para a comunidade não letiva onde esta está inserida, em período noturno.

A ESOD está numa fase de alargamento da sua oferta formativa. No presente ano letivo 2009/2010, para além do 3.º Ciclo do Ensino Básico, no Ensino Secundário, existem os cursos científico-humanísticos de Ciências/Tecnologias e Línguas/Humanidades, os cursos Tecnológicos de Desporto e de Ação Social e um curso profissional de Multimédia. Oferece ainda um curso de educação e formação (CEF) tipo três de comércio, e outros dois cursos CEF de Informática, tipo dois e tipo três, respetivamente. Está, prevista a criação de cursos de educação e formação de adultos (EFA), com duas turmas nível básico e outras duas de nível secundário. Tem um Centro de Novas Oportunidades (CNO), desde a constituição permitida por Despacho de 18 de fevereiro de 2008.

O PEE da ESOD, que define princípios e linhas orientadoras gerais, assentes nas características da comunidade educativa, de acordo com as orientações nacionais. Este enuncia uma “resposta educativa global” da instituição, “define as políticas educativas para aquela comunidade educativa”, é a expressão dos “princípios, orientações e metas a atingir” pela Escola, clarifica “os aspetos de gestão e administração” que permitam cumprir a ideologia político-educativa da mesma, “define e reflete a visão, a ideologia e

as ações da escola”, “cria a matriz de suporte que vai ser concretizada no Projeto Curricular Escolar e no Projeto Curricular de Turma”, é “o tronco comum de onde partem os vários projetos” existentes, tais como: “formação do pessoal docente e não docente, orientações administrativas, organização curricular, ofertas da escola”3.

Graças ao PEE apercebi-me da caracterização desta Escola, permitindo- me ter uma visão ampla e alargada de toda a comunidade envolvente. Desta forma pude compreender e contextualizar melhor o trabalho que estava inerente à realização do meu EP.

O estágio permite à sociedade assistir à passagem do jovem de um estádio de desenvolvimento de aprendizado, para um estádio superior, um estádio de profissional, útil à sociedade.

Enquanto estagiários, estamos em processo de aprender a ensinar, processo este de aquisição de saberes e estratégias que serão construídas não só no estágio mas também durante a sua experiência profissional.

O estágio profissionalizante é a oportunidade única do estudante aspirante a professor, participar no ato educativo na sua versão mais real. Possibilitando a socialização com os seus pares, o que leva segundo Dubar (1997) citado por Miranda, (2010, p. 110) os indivíduos a aprenderem “(…) as

regras práticas dos grupos sociais e envolve a transmissão cultural através de vivência de atividades muito diversas – sendo parcialmente viabilizada pelo ensino e prolonga-se por toda a vida.”, levando segundo diversos autores

Zeichner&Liston, (1985); Zeicnher& Gore, (1990), citados por Miranda (2010, p. 111), à obtenção de “(…) cultura desse grupo, bem como os seus

conhecimentos, modelos, valores e símbolos, integra-se a essa cultura e desenvolve sentimento de pertença a ela, num processo dialético que supõe uma interação contínua entre o indivíduo e a instituição em que se está socializando”.

Esta transição de aluno para professor apresenta a necessidade do novo professor se adaptar às necessidades da instituição que o acolhe, no meu caso, adaptar-me às características da ESOD, tentando adaptar-me ao ambiente e ao movimento profissional e pessoal que circula na instituição de ensino, com o sentido de ser aceite pelos demais professores com mais experiência e tempo de serviço. Situação que creio ter sido imediata por parte do grupo de EF, senti que fomos imediatamente acolhidos.

A minha primeira impressão, quando cheguei à ESOD, foi a de estar em presença, de uma comunidade escolar simpática, acolhedora, dinâmica, inovadora, empreendedora, solidária e cordial.

Sempre fui tratada pelos docentes nas diversas instâncias e técnicos operacionais e administrativos com profissionalismo, companheirismo e cordialidade. Alguns marcam a sua presença pelo elevado dinamismo nas suas

atribuições. Refiro ainda a boa disposição que era apanágio da maior parte dos alunos da escola. Tudo contribui para o prazer diário de ir trabalhar para aquela escola.

Na ESOD existem dois núcleos de estágio de EF, cada núcleo tem um professor cooperante e são as turmas regidas por estes (três turmas cada professor), respetivamente que são atribuídas unitariamente aos alunos estagiários (três alunos por professor cooperante).

No grupo de estágio onde estive inserida, a faixa etária dos componentes variava entre os vinte e dois e trinta e três anos de idade (sendo eu a de mais idade). Os outros dois elementos, Tiago Rocha e Cristina Mendes, eram praticantes de futebol e andebol, respetivamente. As turmas disponíveis para nós foram: uma turma de 7.º ano, o 7.º A; uma segunda do 11.º ano do curso profissional de multimédia, 11.º F, e outra do 12.º ano do curso tecnológico de desporto, 12.º D.

Foi a ESOD, com o meu desempenho naquela turma A do 7.º ano, que mudou a minha visão de Escola, que me transformou e ajudou a crescer. Estará para sempre no meu coração, pois foi ali que pela primeira vez experimentei a atividade docente de forma plena e integrante dos saberes teóricos e práticos inerentes à educação física, como se de um ritual iniciático se tratasse. A felicidade foi plena dada a experiência tão marcante e concretização do sonho.