• Nenhum resultado encontrado

2. Contextualização e Dinâmicas

2.1. Enquadramento Biográfico

2.2.5. Modelização e Operacionalização do Estágio

Este EP permitiu-me colocar em prática as aprendizagens adquiridas durante a formação académica, tornando-se na verdadeira oportunidade de trabalhar em contexto real na profissão que escolhi ter, estabelecendo contacto, pela primeira vez, com alunos, com outros professores, e claro, com um estabelecimento de ensino e consequentemente, com uma sala de aula.

Testou e melhorou as competências e capacidades dos estudantes estagiários, tendo-se revelado a minha primeira prova relativa às aquisições formativas antecedentes.

O alicerce desta construção que considero ter sido o meu EP foi o PFI (anexo 4), que elaborei com base nos elementos que já tinha conseguido recolher. Tudo isto só fez sentido depois da construção dos alicerces: o planeamento e a organização das aulas, definindo os objetivos e as estratégias para alcançar as metas.

Tratou-se de uma sistematização da ação na qual foi importante a definição dos objetivos gerais e pessoais do estágio.

Os objetivos gerais foram aqueles que o guia da faculdade tem na sua base.

Quanto aos pessoais, passo a descrevê-los:

• Recolher informação pertinente para a conceção do processo de ensino;

• Conhecer o programa de EF para o 7.º ano de escolaridade;

• Definir objetivos para os vários níveis de planeamento e de acordo com a função didática;

• Conhecer estratégias de envolvimento dos alunos na aula;

• Ter capacidade de identificar as características da turma e conseguir orientar o ensino-aprendizagem para os mesmos;

• Ter a capacidade de conduzir a aula com eficácia, otimizando o tempo potencial de aprendizagem, utilização correta do feedback pedagógico, conciliando uma orientação ativa dos alunos com um bom clima de aula, boa gestão e disciplina na aula;

• Realizar os vários tipos de avaliação;

• Saber lidar com a turma da melhor forma possível, mediante as diferentes situações;

• Com a reflexão, melhorar na ação pedagógica, aula após aula;

• Conhecer melhor as competências e funções do Diretor de Turma, na perspetiva de poder vir a desempenhar esse cargo futuramente; • Intervir em atividades promotoras de estilos de vida saudáveis;

• Promover sinergias entre a comunidade e a escola tendo em conta a caracterização feita;

• Melhorar competências de argumentação e de comunicação quer escritas quer orais;

• Melhorar a capacidade de cooperação com os diferentes intervenientes num clima adequado;

• Conseguir realizar as tarefas a que me proponho no presente projeto, de forma a desenvolver as minhas competências profissionais em termos dos meus conhecimentos, da minha atuação, das minhas reflexões e do meu comportamento social;

• Através da minha atuação pedagógica, conseguir motivar os alunos para a prática desportiva e para que os mesmos possam no futuro adotar estilos de vida ativos;

• Contribuir de forma responsável e significativa para o trabalho de grupo a desenvolver ao nível do Núcleo de Estágio.

Segundo a teoria construtivista de Piaget, “cada indivíduo possui um mecanismo de aprendizagem próprio antes de ir para a escola”. Para este autor, progride a habilidade intelectual interagindo com objetos do meio, sem ensino expresso. A meta é uma exploração ativa, onde se constrói o conhecimento, ao invés de se instruir através de aulas e lendo livros (Norman & Spohrer, 1996; Valente, 1993). Para Bereiter e Scardamalia (1996), a construção do conhecimento é um produto da interação social, onde a educação se baseia num conjunto de problemas motivadores e realistas. Os problemas reais apresentam um grande potencial para o aluno, porque, tipicamente, requerem um grande número de conhecimentos e habilidades para a sua resolução e encorajam o aluno ao mostrar onde o conhecimento é útil (Guzdial et al., 1996).

Assim, entendi o paradigma construtivista na perspetiva de um meio de compreender o mundo sob a circunstância dos que nele habitam, como adequação às metodologias utilizadas na planificação e concretização das aulas do professor de educação física, pois permite uma leitura complexa, rica e profunda da realidade, que implica, como indicam Oliveira e Formosinho, certas perguntas advindas do paradigma, que dizem respeito à epistemologia, à ontologia, à metodologia privilegiada para aceder ao conhecimento e ao objetivo da ciência (Oliveira-Formosinho, 2002).

Na questão epistemológica, segundo Denzin e Lincoln (2006, p. 164) a abordagem construtivista propõe o “compromisso para com o estudo do mundo

a partir do indivíduo em interação”. Por conseguinte, em termos

epistemológicos o conhecimento produzido pelo professor/aluno caracteriza-se por ser “transacional/subjetivista” e as “descobertas criadas” por ele, através de um acumulo de conhecimento conduz a “reconstruções mais informadas e

sofisticadas”, que constituem uma “experiência vicária” (Denzin & Lincoln,

2006, p. 172).

Quanto à questão ontológica, a perspetiva construtivista considera que, nas palavras de Oliveira-Formosinho “a realidade existe enquanto construção

mental, dependendo a sua forma e conteúdo das vivências sociais de cada um”

(Oliveira-Formosinho, 2002, p. 101) situadas num dado espaço e tempo. Desta forma, Denzin e Lincoln (2006, p. 164) encaram que o construtivismo utiliza uma ontologia relativista, dado que se relaciona com “realidades construídas

em planos e locais específicos” e, nesta perspetiva, não há realidade mas

realidades. É o que diariamente experienciamos quando nos apercebemos de que falamos o mesmo para os vários alunos que constituem a turma e cada um apreende o conhecimento de forma diferente.

Relativamente à questão metodológica, a perspetiva construtivista adota uma postura “hermenêutica/dialética” (Denzin & Lincoln, 2006) referindo-se à explicação das vozes (falada ou escrita) dos sujeitos e a procura dos seus sentidos. Sendo que o construtivismo pretende que o sujeito entenda a consistência a partir dos pontos de vista daqueles que nele habitam. Dada a interpretação, o conhecimento é consequência da capacidade de argumentação que os sujeitos sustentam num dado contexto. Num certo sentido, como referem Oliveira-Formosinho, o conhecimento é consequência de comparar e contrastar “as construções individuais, incluindo a do

investigador (professor), de modo que cada um possa confrontar as suas construções com as dos outros no sentido de «realidades de compromisso”

(Oliveira-Formosinho, 2002, p. 101). Percebo que em contexto de turma os assuntos sejam discutidos e avaliados para aprendermos quais as diferentes e diversas interpretações do conteúdo que está a ser lecionado, para no final conseguirmos seguir um caminho comum.

Decorrente do exposto justifico a identificação do paradigma construtivista como pilar norteador do trabalho que desenvolvi neste EP, pela sua base assente numa lógica de compreensão dos processos de intervenção e de mudança, bem como, de entendimento do crescimento, da capacitação

resultaram) de processos colaborativos encaminhados para as respetivas finalidades.

3. Organização e Gestão do