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3. ESTUDO DE CASO

3.1. CONTEXTUALIZAÇÃO DA EMPRESA

Como objeto deste estudo de caso, analisa-se o setor de transportes de uma empresa de atuação global na indústria de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos, a qual está presente em mais de 150 países. Para preservar sua identidade e manter o sigilo corporativo no que diz respeito a estratégia, será utilizado o nome fictício de Empresa AZ para menção à empresa analisada.

A Empresa AZ obtém um catálogo extenso de marcas que abrangem diferentes tipos de produtos de higiene pessoal, cosméticos, fragrâncias, dentre outros. A estratégia de negócio da empresa visa abranger diferentes públicos alvo, com um portfólio de marcas com propostas bem definidas e ajustadas ao perfil de cada consumidor. Esse portfólio é dividido em quatro categorias para viabilizar a dedicação de esforços de forma correta considerando a realidade de mercado e canais de distribuição de cada uma delas. Assim, as quatro categorias de marcas são:

público geral, dermocosméticos, artigos de luxo e produtos profissionais.

3.1.1. Estrutura de Distribuição Logística de Empresa

A Empresa AZ busca tornar a beleza acessível, promover sustentabilidade e enaltecer a diversidade. Para que sua atuação no Brasil possa fomentar ações com estes pilares e atender a todo o território nacional, a empresa conta com um portfólio de 23 transportadoras com contratos ativos no ano de 2021 que partem de um único centro de distribuição (CD), o qual localiza-se na região metropolitana do Rio de Janeiro. Este CD centraliza os produtos de todos os departamentos da empresa e a operação logística os direciona aos clientes ditos intermediários, ou seja, distribuidoras, varejistas, perfumarias, farmácias e atacados, as quais realizam as vendas dos produtos aos consumidores finais.

Cabe destacar que, apesar da Empresa AZ utilizar modais alternativos ao rodoviário na distribuição dos produtos aos clientes intermediários, a frequência destes é baixa e, portanto, este estudo considera apenas o modal rodoviário. Essa operação de transporte pode ser feita através de carga direta ou fracionada, de modo que ambas as operações na Empresa AZ são demonstradas de forma simplificada na Figura 5. O fluxo direto refere-se a carga completa, sendo que a remessa é diretamente destinada ao cliente ou ao CD do cliente, enquanto na carga fracionada o caminhão da transportadora entrega também mercadorias de outros clientes e em localidades diversas, sendo direcionada para o CD da transportadora, onde pode permanecer até um prazo pré-estabelecido antes de ser direcionado ao cliente intermediário. Para este estudo, considera-se apenas o modo de operação do fluxo por carga direta, cuja organização logística junto a transportadora depende apenas da Empresa AZ.

Figura 5 - Diferença entre Carga Direta e Carga Fracionada na Empresa AZ

Geralmente, o custo do frete é composto por três parâmetros: peso transportado, valor do produto e distância. Na carga fracionada, o custo do frete é variável conforme a utilização, enquanto na carga direta, cada transportadora possui um valor tabelado, referente a “locação”

do caminhão inteiro. Assim, para determinação do tipo de entrega realizado, avalia-se a operação que provê melhor rentabilidade, isto é, qual gera menores custos. Por exemplo, para cargas com menores volumes e valores é mais rentável operar através da carga fracionada, já que não justificaria fechar um caminhão para esta operação. Em contrapartida, para volumes altos de mercadoria que ocupem totalmente ou a maior parte de um caminhão, torna-se mais rentável utilizar a operação via direta.

O modal de transporte rodoviário na modalidade de carga direta apresenta três limitações que devem ser levadas em consideração quando organiza-se as operações logísticas, sendo elas: peso que cada veículo é capaz de transportar, espaço disponível para a carga e valor assegurado pela seguradora em caso de roubos ou acidentes. Para este último item, é assumido que a variação por estado do valor do seguro não tem influência relevante sobre o valor do frete, podendo ser considerado de forma abrangente para todas as regiões. Isso significa que, para fechar um caminhão, as limitações supracitadas devem ser respeitadas, buscando um equilíbrio que torne a operação rentável.

A organização do transporte por carga direta leva em consideração os tipos de produtos e categorias de marcas, sendo necessário entender o perfil de clientes intermediários, o volume de vendas e o valor das mercadorias a serem transportadas para que as operações logísticas sejam rentáveis. Os produtos das marcas de público geral são itens de higiene pessoal e cosméticos que são mais acessíveis economicamente, sendo, portanto, os produtos com maior volume de vendas da empresa. Os clientes intermediários dessa categoria, de forma geral, são supermercados, farmácias, distribuidoras e e-commerce que possuem seus próprios centros de distribuição, recebendo caminhões de carga direta. Assim, a maior parte das entregas por carga direta são pertencentes a esta categoria.

As marcas da categoria de dermocosméticos abrange produtos de cuidados com a pele, que são, em geral, de tamanho, peso e valor médio. Assim, os clientes intermediários são, principalmente, grandes redes de farmácia e e-commerce. Por este motivo, esta categoria é a segunda maior na utilização da operação de carga direta, entregando diretamente no CD destes clientes.

Em contrapartida, os produtos profissionais são mercadorias vendidas, principalmente, para salões de beleza que, geralmente, não possuem um CD próprio. Entretanto, as cargas diretas são realizadas para e-commerces, distribuidoras e lojas de cosméticos, havendo, porém, um menor número de entregas por carga direta para essa categoria em comparação com as categorias de público geral e dermocosméticos.

Já os artigos de luxo são itens de alto valor e com menor volume de vendas da Empresa AZ, cujos clientes intermediários são, principalmente, lojas de departamento, lojas de cosméticos e e-commerce. As cargas diretas são realizadas em menor quantidade devido ao menor volume de vendas e pelo fato de que a maior parte das operações para esta categoria são feitas através de carga fracionada.

Dificilmente um cliente intermediário recebe produtos de todas as categorias. As grandes redes de farmácia, por exemplo, costumam trabalhar mais com produtos de público geral e dermocosméticos, e algumas lojas de departamento compram apenas os artigos de luxo.

Os e-commerces e algumas distribuidoras, porém, podem trabalhar com produtos de todas as categorias.

Considerando a importância do portfólio de transportadoras nas operações de entrega aos clientes e a necessidade de redução de custo neste aspecto, é proposto o uso de Análise Envoltória de Dados (DEA) com o objetivo de determinar a eficiência que o time de logística está obtendo com cada transportadora nas operações de carga direta. Com este resultado, será possível identificar as melhores condições estabelecidas com o conjunto de transportadoras eficientes para replicar junto àquelas que possuem modos de operação similares, mas não se mostraram eficientes. Dessa forma, com o uso de DEA e a definição dos alvos pelo modelo pode auxiliar na negociação de melhores condições no valor do frete junto a cada transportadora ineficiente.

Assim, pode-se dizer que DEA é aplicável contexto apresentado, uma vez que todas as transportadoras possuem os mesmos parâmetros de avaliação e os níveis de serviço determinados para cada uma delas são os mesmos.

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