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5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1 Contextualização – Exossistema e Macrossistema

A seguir apresentar-se-á a caracterização das famílias que compõem o exossistema das dez famílias pesquisadas e a relação destas características com o macrossistema. Para tanto, serão apresentados os dados das 131 famílias que participaram do estudo Multicêntrico.

5.1.1 Caracterização da População

As características das famílias moradoras de um Bairro no município de Florianópolis foram verificadas a partir dos dados coletados para o Projeto Multicêntrico. Em Florianópolis, o Projeto sofreu alterações e avaliou, até o momento, 131 crianças de zero a seis anos. Além dos instrumentos utilizados para esta pesquisa, com exceção do Genograma familiar, o Projeto Multicêntrico também incluiu o índice de risco psicossocial de Rutter (1987), o índice de risco na qualidade da relação cuidador-criança e o índice de proteção na qualidade ambiental familiar.

As 131 crianças avaliadas distribuíram-se nas seguintes idades, conforme é possível visualizar na Tabela 1.

Tabela 1. Distribuição, de acordo com a idade, do número de crianças de um

bairro de Florianópolis, que participaram do Projeto Multicêntrico.

Idade Número de crianças avaliadas

6m 17 1ano 15 1a6m 10 2 anos 13 2a6m 12 3 anos 11 3a6m 10 4 anos 10 4a6m 10 5 anos 10 5a6m 8 6 anos 5 TOTAL 131

Das famílias participantes (N=131), 21 eram monoparentais: em seis casos, as mães eram solteiras; em 13, eram separadas e, em dois casos, eram viúvas. As 110 famílias restantes tinham como característica a união do casal, o que incluiu uniões legais e consensuais. O número de filhos em cada família variou de um a quatro: 51 famílias possuíam um filho; 54 possuíam dois filhos; 19 possuíam três filhos; e sete possuíam quatro filhos.

A distribuição por classe social seguiu os critérios estabelecidos pela Abipeme (Anexo 4), estando a maioria das famílias localizadas na classe B, conforme mostra a Tabela 2.

Tabela 2. Número de famílias pesquisadas pelo

Projeto Multicêntrico em um Bairo de Florianópolis, distribuídas de acordo com a classe social.

Classes Sociais Número de famílias

A 7 B 70 C 33 D 16 E 5 Total 131

Dentre as crianças avaliadas pelo Teste de Triagem do Desenvolvimento de Denver II, 100 apresentaram desenvolvimento condizente com a idade e 31 apresentaram risco em seu desenvolvimento. Avaliando-se as áreas desenvolvimentais testadas (pessoal-social, linguagem, motor fino-adaptativo e motor-grosseiro), observou- se que a área pessoal-social apresentou o maior número de itens atraso (nove casos), e a área da linguagem teve o maior número de itens cuidado (vinte casos), conforme é possível visualizar na Figura 1:

96 13 9 111 16 4 117 12 2 105 20 6 0 20 40 60 80 100 120 Pessoal- social Motor fino- adaptativo Motor- grosseiro Linguagem Normal Cuidado Atraso

Figura 1. Número de ocorrência dos itens normal, cuidado e atraso de acordo

com as áreas desenvolvimentais do Denver II, obtido no Projeto Multicêntrico

Ao estabelecer uma correlação entre os dados obtidos com o Teste de Triagem do Desenvolvimento de Denver II e os dados obtidos com o Inventário Home, observou- se que, das 54 crianças classificadas como tendo baixo nível de risco pelo Inventário Home, seis apresentaram risco em seu desenvolvimento. Das cinco crianças classificadas como tendo alto nível de risco, três apresentaram, por meio do Teste de Denver II, risco em seu desenvolvimento. Ao considerar a proporção entre o número de crianças presentes em cada uma das classificações do Inventário Home e o número de crianças em risco no seu desenvolvimento, a classificação alto nível de risco apresenta maior número de crianças consideradas em risco pelo instrumento Denver II.

As classes D e E foram aquelas cujas crianças apresentaram, proporcionalmente, maior vulnerabilidade verificada por meio do Inventário Home. Das 78 famílias submetidas a este instrumento, 54 estavam na categoria baixo nível de risco; 19, na categoria médio nível de risco; e 5, na categoria alto nível de risco. Assim sendo, pode- se inferir que a maioria das crianças com idade entre zero e seis anos, residentes no Bairro Córrego Grande, localizado no município de Florianópolis, e avaliadas pelo projeto Multicêntrico possui condições ambientais de desenvolvimento favoráveis no lar. No tocante ao índice de risco na qualidade da relação cuidador-criança presente no Roteiro de entrevista para identificação de riscos e recursos biopsicossociais na história de vida da criança, quatro fatores foram observados: pais adolescentes, pais solteiros, pais com apego mínimo e pais sem técnicas de limites disciplinares. Os fatores pais solteiros e pais sem técnicas de limites foram os que se apresentaram com maior

incidência de risco (14 casos) e o fator pais adolescentes (6 casos) foi o que se apresentou com menor incidência.

No que concerne ao índice de risco psicossocial de Rutter (1987), classificado em baixo, moderado ou severo de acordo com o número de condições adversas às quais a criança está exposta, analisaram-se os seguintes fatores: baixo nível educacional dos pais; habitação superlotada; pais com doença psiquiátrica; história de delinqüência dos pais; problemas conjugais; maternidade/paternidade precoces; rejeição da gravidez; falta de apoio e integração social; desemprego/doença dos pais por mais de um ano; e dificuldades para lidar com os problemas do cotidiano.

Das 131 crianças pesquisadas, 74 apresentaram índice de risco baixo; 45, moderado; e 12, severo. O fator com maior incidência, constatado em trinta e quatro famílias, diz respeito a problemas conjugais referentes a conflitos freqüentes, distância emocional e/ou separação dos pais. Os fatores de menor incidência – detectados em três casos – foram: história de delinqüência dos pais e pais com doença psiquiátrica. A Figura 2 ilustra o número de famílias que apresenta cada um dos fatores:

Figura 2. Índice de risco psicossocial de Rutter (1987) constatado pelo Projeto Multicêntrico em 131

famílias de um Bairro de Florianópolis.

Além dos fatores apresentados, se pesquisaram os fatores de proteção para o desenvolvimento da criança dentre os quais se destacaram: cuidado organizado/rotina, seguido pelo fator de disponibilidade de brinquedos no lar, disponibilidade dos pais e aceitação da criança. Os resultados mostraram que, independentemente da classe social a

34 15 11 9 9 8 7 4 3 3 0 5 10 15 20 25 30 35

Problemas conjugais Baixo nível educacional dos pais

Maternidade/Paternidade Precoce Rejeição da gravidez

Lidar inadequado com problemas Habitação superlotada

Falta de apoio e integração sociais Desemprego/doença por mais de um ano

que pertenciam, as crianças estavam expostas a fatores de risco que poderiam afetar seu desenvolvimento. Mostraram, também, que existiam fatores de proteção no ambiente e na interação com os pais a serem potencializados pelas equipes de saúde.