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Conto 4: “The Greek princess and the young gardener” (JACOBS, 2001, p 189-200)

Sequência de encaixe

4.4 Conto 4: “The Greek princess and the young gardener” (JACOBS, 2001, p 189-200)

4.4.1 Versão resumida de “The Greek princess and the young gardener”

O rei encontrava-se muito doente e os médicos do reino descobriram que as maçãs que cresciam no pomar poderiam curá-lo. Mas, uma noite, veio um pássaro dourado e roubou uma das maçãs, causando enorme preocupação ao rei, pois delas dependiam sua vida. Assim, repreendeu severamente o jardineiro, que delas deveria cuidar.

O jardineiro tinha três filhos, exímios atiradores de arco e flecha, que foram incumbidos de vigiar a macieira. Na primeira noite, o filho mais velho, que deveria manter as

frutas a salvo, pegou no sono e o pássaro roubou a maçã. Na segunda noite, o mesmo ocorreu com o filho do meio. Na terceira noite, o caçula ficou de vigia e, ao ver o pássaro, atirou sua flecha derrubando uma pena de ouro, mas o pássaro conseguiu fugir.

Assim, o rei decidiu oferecer a mão de sua linda filha e metade do reino a quem lhe trouxesse o pássaro de ouro, vivo ou morto.

O filho mais velho do jardineiro foi o primeiro a partir em busca do pássaro. No caminho, sentou-se para comer e uma raposa lhe pediu comida. O rapaz arremessou uma flecha contra ela. Apesar disso, o animal, em consideração ao irmão mais jovem, ofereceu-lhe um conselho: disse-lhe que ao encontrar uma vila, veria um aposento iluminado, com rapazes e moças dançando e bebendo. Do outro lado, haveria uma casa de família, sendo melhor que ali o rapaz pedisse pouso. O moço fez justamente o contrário, e em meio à diversão, esqueceu-se de prosseguir viagem.

O filho do meio foi então enviado para encontrar o pássaro. Novamente a raposa tentou ajudá-lo, mas o moço não lhe deu atenção, incorrendo no mesmo erro que o mais velho.

Finalmente, o filho caçula do jardineiro decidiu empreender viagem. Ao encontrar a raposa, ofereceu-lhe alimento e ouviu seus conselhos. Pediu acolhida na casa de família e, no dia seguinte, ao seguir viagem, deparou-se novamente com a raposa, que o levou ao reino da Espanha, onde encontraria o pássaro.

Ao chegarem ao palácio do rei, a raposa fez com que os guardas adormecessem, facilitando a entrada do jovem, que deveria encontrar o pássaro de ouro e fugir com ele imediatamente. Ao adentrar um aposento, o rapaz encontrou as três maçãs roubadas transformadas em ouro e o pássaro em uma gaiola de madeira. Mas, ao perceber que havia ali também uma gaiola de ouro vazia, decidiu colocar o pássaro nela. Neste instante, o pássaro emitiu um som agudo que despertou os guardas, e o jovem foi apanhado.

O rei da Espanha ficou furioso ao descobrir o intruso, impondo-lhe a tarefa de trazer ao palácio a égua baia que pertencia ao rei de Marrocos. Se assim o fizesse, além de ter a vida poupada, poderia levar consigo o pássaro de ouro.

O jovem partiu com a raposa para o reino de Marrocos. Ao chegarem ao palácio do rei, foram ao estábulo, onde, por obra da raposa, todos os cavalariços dormiam. Ali estava a égua, que portava uma sela de couro, enquanto que próximo ao animal havia uma linda sela de ouro. Ignorando as advertências da raposa, o rapaz trocou a sela de couro pela de ouro e, imediatamente, a égua soltou um guincho agudo, despertando a todos no palácio. Novamente o rapaz foi apanhado.

O rei de Marrocos disse-lhe que pouparia sua vida e lhe daria a égua baia se em troca lhe trouxesse a filha do rei dos Gregos. Assim, o jovem e a raposa partiram para o reino dos Gregos.

Mais uma vez a raposa cuidou para que todos no palácio adormecessem, mas advertiu o moço de que este deveria pensar muito bem antes de conceder algum favor à princesa.

O herói adentrou o palácio e encontrou a princesa adormecida, por quem se apaixonou de imediato. Despertou-a com um beijo na mão, e disse-lhe que embora fosse obrigado a entregá-la ao rei de Marrocos, faria de tudo para libertá-la. A moça consentiu em partir com ele, mas antes queria despedir-se do pai. O rapaz, com pena, permitiu que ela desse um beijo no pai adormecido, o qual despertou no mesmo instante.

O rei ficou furioso, mas ao ouvir a história toda, decidiu poupar-lhe a vida caso fosse capaz de remover um monte de argila que havia em frente aos muros do palácio. O rapaz aceitou a tarefa, mas quanto mais argila tirava, mais o monte crescia. A raposa veio em seu socorro, mandando-o repousar e, ao amanhecer, o palácio todo comemorou o desaparecimento do monte. Dessa forma, o jovem partiu com a princesa para o reino de Marrocos.

Assim que o rei de Marrocos viu a princesa dos Gregos, permitiu que o rapaz partisse, levando com ele a égua baia. O moço, então, agarrou a princesa e fugiu com ela em sua garupa, retornando ao reino da Espanha.

A raposa esperava-os perto do palácio do rei da Espanha. A princesa ficou com a raposa enquanto o jovem foi entregar a égua baia ao rei. Ao receber em troca o pássaro e as maçãs de ouro, montou novamente a égua e fugiu, levando a princesa e a raposa.

Os três passaram, então, pela vila onde os dois irmãos do jovem estavam vivendo como mendigos e os levaram com eles. Ao chegarem ao local onde a raposa foi encontrada pela primeira vez, esta pediu que lhe cortassem o rabo e a cabeça. O moço, com pena da raposa, não teve coragem de fazê-lo, mas seu irmão mais velho o fez com gosto. A raposa transformou-se no irmão da princesa dos Gregos, que estava sob feitiço.

O príncipe da Grécia casou-se com a filha do rei das maçãs e o herói, com a princesa Grega. O rei das maçãs deu um carro cheio de ouro e prata ao jovem jardineiro, que partiu com a noiva para o palácio do sogro.

4.4.2 Análise morfológica baseada em Propp (2006) e breves observações sobre forma e estilo

4.4.2.1 Sequência apresentação das funções proppianas presentes na narrativa



Situação inicial do conto (antes do surgimento das funções)

O rei tinha uma linda filha, mas um dia adoeceu e os médicos descobriram que as maçãs do pomar forneciam a cura para sua doença.

 , a, M: Proibição e transgressão da proibição (implícitos), afastamento, carência e primeira tarefa difícil imposta ao herói pelo rei dono das maçãs

O jardineiro real deveria vigiar as maçãs do rei – constituindo, implicitamente, uma proibição () de deixar seu posto – mas sua ausência (transgressão da proibição (  e afastamento () )possibilita que um pássaro as roube, constituindo a carência (a). O rei, então, oferece a mão da princesa em troca de quem lhe trouxer o pássaro ladrão, estabelecendo a tarefa difícil (M).

, D, E, F e G: Partida do herói-buscador, primeira função do doador, superação da prova do doador pelo herói, recebimento do meio mágico e deslocamento entre dois reinos

Após o fracasso dos dois irmãos mais velhos, o caçula parte ( ) para encontrar o pássaro de ouro. Na floresta, encontra uma raposa (D), dando-lhe alimento e seguindo seus conselhos (E), passando, assim, na prova do doador. A raposa, acumulando as funções de doador e meio mágico (F), leva o herói ao outro reino (G).

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