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2.4 CAFÉ DA MANHÃ

2.4.7 Contribuição energética do café da manhã no consumo de energia

O percentual de contribuição energética do CM no consumo diário de energia é uma informação que ainda diverge entre os autores. Para Pereira et al. (2011), deve representar um nível de energia entre 20 e 35% do total das calorias diárias consumidas. Para outros autores, o CM deve ter um teor de energia que atenda a 20-25% do total das necessidades energéticas diárias (CECATO, 2015; GIOVANNINI et al., 2008; MONTEAGUDO et al., 2012; MORALES et al., 2011; VAN DEN BOOM et al., 2006). Já para Marangoni et al. (2009), o consumo regular do CM deve fornecer de 15 a 20% da ingestão calórica diária. Trancoso, Cavalli e Proença (2010) são mais categóricas ao informar que a recomendação brasileira é que o CM garanta em média 25% do total energético consumido durante o dia. Considerando as diversas informações dadas acima, pode-se adotar que existe uma faixa de contribuição de energia do CM que deve variar de 15 a 35% do total calórico ingerido diariamente.

Em termos de medida em calorias, e considerando a primeira edição do Guia Alimentar para a População Brasileira (BRASIL, 2006b) sugere um consumo médio diário de 2000 kcal totais divididas em três refeições, intercaladas por pequenos lanches (CM, colação, almoço, lanche, jantar e ceia), e a contribuição adequada do CM em 25% do valor calórico total segundo Trancoso, Cavalli e Proença (2010), o CM representaria um consumo médio de 500 kcal.

Araújo, Santos e Araújo (2011) realizaram uma pesquisa com o objetivo de analisar se o CM oferecido pelo Projeto Café do Trabalhador, na cidade de Natal, RN, atendia aos aspectos dos conceitos de SAN: quantidade, qualidade e regularidade. Entre outros resultados, os autores descobriram que a contribuição energética média do CM na ingestão diária dos consumidores excedia levemente o valor recomendado pelo Programa de Alimentação do Trabalhador – PAT, que é de 20%, enquanto que o valor médio encontrado foi de 24%. Embora a contribuição energética da refeição CM oferecida pelo Projeto Café do Trabalhador tenha excedido ao do estabelecido pelo PAT, essa ainda continua dentro da faixa de limite sugerida pelos autores citados. Além disso, em se tratando de trabalhadores de baixo aporte econômico e que supostamente podem destinar pouco da sua renda mensal com alimentação, seria interessante oferecer mais calorias na primeira

refeição do dia para compensar uma eventual impossibilidade de realização das demais refeições ou de um deficit calórico delas.

O trabalho realizado por Bispo (2006), cujo objetivo foi traçar o perfil alimentar do CM dos docentes da Universidade de Brasília, separou os participantes em três áreas do conhecimento: Ciências, Saúde e Humanas. Os 284 professores de ambos os sexos apresentaram uma contribuição percentual energética do CM no consumo total de energia que variou de 25% a 36%.

Pinheiro (2006) realizou uma pesquisa semelhante ao estudo anterior, mas com uma amostra de estudantes dos cursos pertencentes à área de saúde da Universidade de Brasília. Foram incluídos 232 estudantes que realizaram a refeição CM com um percentual médio de contribuição energética no VET (valor energético total) de 19,4%.

A autora Silva (2006) também avaliou o CM de 214 adolescentes estudantes do ensino médio em escolas particulares de Brasilia, DF. O resultado apontou para um consumo médio de contribuição energética no VET de 16,5% (n=214), entre os sexos feminino e masculino.

Analisando os resultados dos três estudos, observa-se que os valores relativos ao consumo pelos estudantes apresentaram menores percentuais de contribuição energética no VET (19,4%, n=232 e 16,5%, n=214), demonstrando que possivelmente fatores como a idade, a escolaridade e o estilo vida influenciem neste valor.

O reflexo da contribuição energética do CM no valor calórico total diário é uma questão de debate. Existem atualmente duas vertentes de conhecimentos, sendo que uma acredita que omitir o CM (NICKLAS et al., 1998) ou realizar um CM hipercalórico (COTTON; BURLEY; BLUNDELL, 1992; 1993) não induz à compensação energética das calorias ausentes ou extras nas refeições posteriores, e a outra vertente defende que um CM de maior contribuição energética está associado a um menor consumo diário de energia, por meio de uma menor eficiência da utilização da energia (CASTRO, 2004; 2007).

Essa dupla concepção sobre a participação energética do CM no valor calórico total diário é que motivou a pesquisa de Schusdziarra et al. (2011). Esses autores analisaram o consumo de energia intraindividual de um grupo de 280 obesos e 100 indivíduos com peso normal. Em ambos os grupos, os dados foram analisados levando-se em consideração o consumo de energia no CM e a proporção

da contribuição dessa refeição na ingestão total de energia. O estudo concluiu que a redução do consumo de energia do CM está associada a uma menor ingestão diária total. Dessa forma, a supressão do CM pode ser útil para diminuir a ingestão diária e melhorar o balanço energético durante o tratamento da obesidade (SCHUSDZIARRA et al., 2011).

Um estudo recente (CHOWDHURY et al., 2015) que investigou os efeitos da supressão do CM na ingestão energética das refeições posteriores em 24 adultos obesos, encontrou que a supressão desta refeição não causa ingestão compensatória e nem aumenta o apetite durante o restante do dia.

São muitos os estudos que têm pesquisado a relação entre o consumo ou a supressão do CM, a ingestão energética e/ou o IMC. Mas a análise dos resultados mostra que há uma diversidade de achados que são muitas vezes contraditórios. Isso sugere que há necessidade de mais pesquisas, com controle rigoroso das variáveis envolvidas. Estudos publicados abordando essa questão, com amostra de brasileiros, sejam eles crianças, adolescentes ou adultos, são muito raros.