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Racismo ambiental do ponto de vista conceitual é novo, porém, talvez pudéssemos localizar seus vestígios desde a implantação da empresa colonial, o modelo de exportação de larga escala de matéria prima das colônias, bem como a destruição dos territórios e da vida indígena. Dão provas disso no mesmo sentido a reforma Passos, ocor- rida no inicio do século XX, no Rio de Janeiro, que expulsou mora- dores não brancos pauperizados do centro da cidade, empurrando-os para as favelas e subúrbios do Rio, bem como os anos 60 às remoções de favelas no período do governo Lacerda, do antigo Estado da Gua- nabara (atual município do Rio de Janeiro) demonstravam a limpeza étnica racial e de classe desejada para as partes consideradas nobres da cidade. Ao final, todos esses movimentos remontam a um proces- so injustiça racial e ambiental, pois os danos foram entrelaçados, já que meio ambiente e pessoas foram simultaneamente afetados por processos baseados na exploração e desvalorização de vidas humanas e meio ambiente, em nome da elitização e especulação imobiliária.

No entanto, o racismo ambiental como conceito é relativamen- te novo e tem sua origem nos Estados Unidos com a identificação, em fins da década de 70 e inicio de 80, de situações que envolviam um dano coletivo e ambiental localizado em territórios majoritaria- mente negros e de outros grupos étnico/raciais discriminados, uma dessas situações foi a identificação nos Estados Unidos de que a maior parte dos aterramentos sanitários tóxicos se localizavam em comunidades negras empobrecidas. Para fazer uma relação de fatos basta pensarmos nas décadas de existência do aterro sanitário em Duque de Caxias na Baixada Fluminense, território eminentemente negro e pobre, para onde durante anos foi destinado os dejetos do Rio de Janeiro. (HERCULANO, 2008).

No Brasil, o conceito é apreendido na década de 2000, os pri- mórdios se dão na construção e na realização do Colóquio Interna- cional sobre Justiça Ambiental, que ocorreu em 2001, nesse evento encontram-se algumas iniciativas de discussão do racismo ambiental (HERCULANO, 2008). Mas o marco inaugural da discussão é o I Seminário Nacional sobre Racismo Ambiental, realizado em 2005, quando foi explicitado como o racismo ambiental afetava a vida de diferentes territórios e comunidades brasileiras, desde os indígenas e quilombolas, passando por aqueles atingidos por barragens, até as novas modalidades de remoção e expulsão que vem atingindo os mo- radores de favelas e ocupações nas cidades.

Por sua vez, autores como Herculano (2006), Inocêncio (2013) defendem a pertinência deste conceito para a compreensão de um leque de iniquidades e injustiças socioambientais transversalizadas pelo racismo. No entender desses autores essa discussão pode aglu- tinar diferentes grupos e movimentos em nome de uma sociedade mais justa em todas as suas dimensões.

Acreditamos ser oportuno pensar sobre esta dimensão do racis- mo, pois com a atual perspectiva desenvolvimentista, somada ao acon- tecimento de megaeventos, tais como: Olimpíadas, Copa do Mundo dentre outros, as populações negras pauperizadas tanto das cidades-se- de desses eventos como de outros Estados e regiões, têm sofrido direta e indiretamente as consequências do racismo ambiental.

Ainda segundo o Mapa de conflitos causados por racismo am- biental (2007), o Tocantins aparece com várias denúncias relaciona- das à invasão de terras indígenas e conflitos derivados do desrespeito à demarcação de terras indígenas, tendo como violadores o Estado e os latifundiários locais. A construção de hidrelétricas vem atingin- do populações indígenas e ribeirinhas, sendo o Estado e a empresa Vale do Rio Doce os principais violadores. Finalmente, a expansão do agronegócio vem prejudicando reservas indígenas sendo os em- presários do agronegócios principais agressores.

O racismo institucional, outra forma dita atual de racismo, po- deria ser exposto como uma expressão do racismo nas organizações de cunho público e/ou privado. É importante sinalizar que esta ex- pressão está de muitas maneiras imbricada com o Estado e sua orga- nização na prestação de serviços públicos, na distribuição de bens e serviços coletivos etc. Nesse sentido o racismo institucional não pode ser compreendido fora da lógica coletiva das instituições, ocorrendo de maneira difusa e interiorizada nas engrenagens das organizações (EURICO, 2013).

O conceito em si advém dos Estados Unidos e Inglaterra, onde foi empregado para qualificar a ineficiência ou precariedade dos ser- viços dispensados às populações negras e a outros grupos historica- mente discriminados. No Brasil, ele começa a ser utilizado a partir da década de 90, principalmente para discutir o acesso da população negra e outros grupos discriminados à saúde, educação, trabalho, as- sistência social etc. (WERNECK, 2013; EURICO, 2013).

Werneck (2013) coloca que o racismo institucional é uma for- ma de gerar vulnerabilidade a partir das próprias organizações que, ao não viabilizar acesso ou atender de maneira precária a essas po- pulações, contribui diretamente no aumento das desigualdades ét- nico-raciais. Essas duas formas assumidas pelo racismo constituem um desafio para pensar a superação das iniquidades protagonizadas modo hierarquizado das relações raciais.

Considerações Finais

Esse breve passeio pela construção sócio histórica dos concei- tos/ideias de raça, racismo, miscigenação, bem como as expressões do racismo atual como o racismo ambiental e institucional, nos mostram a maneira como raça foi acionada como mecanismo de privilegia- mento, de estabelecimento de poder e aquisição da posse, inclusive sobre o outro. Infelizmente estamos longe de superarmos do ponto

de vista social, aquilo que a biologia ultrapassou a separação dos seres humanos através de critérios fenotípicos.

Podemos dizer que avanços têm ocorrido. O acontecimento da III Conferência Mundial de Combate ao Racismo, Xenofobia e In- tolerâncias Correlatas, onde diversos países ratificaram um protocolo de medidas a serem adotadas de combate ao racismo, nos prova isso. Ao mesmo tempo, em diferentes partes da Europa há um questiona- mento, por parte principalmente da juventude, do seu direito a uma cidadania plena independente da cor de sua pele.

Ainda assim alguns fenômenos demonstram não só a persis- tência, mas a necessidade de uma luta antirracista, o crescimento dos partidos de extrema direita na Europa, a onda conservadora que vem atingindo o Brasil, o assassinato diário de jovens negros moradores da periferia, etc. Os persistentes índices de desigualdade entre negros e brancos no Brasil - e poderíamos certamente sinalizar no mundo - mostram que o racismo enquanto sistema é um dos princípios que hierarquiza as vidas humanas em todas as suas dimensões. Nesse sen- tido faz-se necessário enfrentá-lo, não só a partir de suas expressões mais individualizadas, mas como uma construção coletiva ou antes como uma máquina que leva destruição e espalha morte, enquanto constrói um abismo de desigualdade entre seres humanos.

Tudo começou quando a gente conversava naquela esquina alí

de frente àquela praça veio os homens e nos pararam documento por favor então a gente apresentou mas eles não paravam qual é negão? Qual é negão? o que que tá pegando? qual é negão? Qual é negão? é mole de ver

que em qualquer dura

o tempo passa mais lento pro negão quem segurava com força a chibata agora usa farda

engatilha a macaca escolhe sempre o primeiro negro pra passar na revista pra passar na revista

todo camburão tem um pouco de navio negreiro todo camburão tem um pouco de navio negreiro é mole de ver

que para o negro

mesmo a AIDS possui hierarquia na África a doença corre solta e a imprensa mundial dispensa poucas linhas comparado, comparado ao que faz com qualquer comparado, comparado figurinha do cinema comparado, comparado ao que faz com qualquer figurinha do cinema ou das colunas sociais

todo camburão tem um pouco de navio negreiro todo camburão tem um pouco de navio negreiro (O Rappa, Todo camburão tem um pouco de navio negreiro).

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CAPÍTULO 7

A DIMENSÃO INTERVENTIVA

DO TRABALHO EDUCATIVO:

ELEMENTOS, ETAPAS E

PLANEJAMENTO DO PLANO DE

AÇÃO E DA DOCUMENTAÇÃO

33

Josiley Carrijo Rafael

Introdução

O tempo presente tem nos demonstrado o quão perversa tem sido as relações sociais sob a égide do capitalismo maduro. Inúmeros são os exemplos que podem ser discorridos e problematizados acerca das sequelas apresentadas na vida cotidiana, que cada vez mais esgar- ça a humanidade e a solidariedade do gênero humano.

Para os educadores e trabalhadores sociais em geral, que atuam em políticas que tentam amenizar tais sequelas, recai uma tarefa com- plexa que transcende os afazeres meramente convencionais do dia a dia. Sejam eles pedagogos, educadores das mais diversas formações, psicólogos, assistentes sociais e tantas outras áreas que compõem o es- copo de profissionais que atuam no enfrentamento das mais variadas mazelas que se colocam como grande desafio nas esferas da vida públi- ca e privada, e consequentemente nas instituições os quais fazem parte.

33 Este texto buscou orientar os projetos de intervenção, que foram desenvolvidos pelas/os cursitas do GDE/UFT.

É no desejo por mudanças, por transformações e superação do cotidiano oprimido e opressor que os profissionais se abastecem de indignação, se revestem de conhecimento e da atitude investigativa para propor medidas e intervenções com intuito de vislumbrar novas alternativas de trabalho nessa sociabilidade de profundas alterações.

O presente texto traz uma breve reflexão sobre nossa capacida- de humana e social, que nos particulariza dos demais animais e nos habilita a entender e defender que a vida é um processo cíclico de avanços e recuos, ou seja, entendemos o desenvolvimento humano e nossas relações sociais numa perspectiva sócio histórica, revestida de contradições e lutas por interesses distintos, que hora nos une como classe social e em outros momentos nos isola através do fortaleci- mento do individualismo, da intolerância e do preconceito.

Numa tentativa de tornar a temática central em algo acessível e didático, mas sem perder o rigor acadêmico e crítico, o texto não traz somente um esquema/modelo de passos e etapas para elaborarmos nossos Planos de Ações e nossa Documentação, nossa intenção é pro- vocar você leitor e possível agente de mudança e transformação. Assim, enfatizamos o conceito da práxis transformadora, e a emergente neces- sidade de nos comprometermos com a construção de outro cotidiano, livre de opressão e oposto à todo e qualquer tipo de barbárie. As seções abaixo são sugestões para otimizar o processo de planejamento e ela- boração de estratégias para enfrentamento da realidade.

Conhecer para transformar a realidade: a