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Contributo do PEAASAR 2007-2013 para a execução de outros planos

A afectação de recursos tem de ser efectuada numa perspectiva de maximização dos seus efeitos. Assim, deve ser conferida particular atenção às medidas cujos efeitos indirectos ultrapassam o contexto estrito da sua aplicação, e que assim contribuem de forma significativa para outros objectivos. Neste contexto, devem ser destacadas as medidas a tomar pelo sector que contribuam para os objectivos:

• Do Plano Tecnológico;

• Do Programa Nacional de Política de Ordenamento do Território; • Da Estratégia Nacional de Desenvolvimento Sustentável.

No que respeita ao Plano Tecnológico a tabela seguinte resume a interacção que a execução da Estratégia possibilita.

ÁREA MEDIDAS DO PLANO TECNOLÓGICO CONTRIBUTOS DO PLANO

Agentes de Inovação

Dinamização da participação nacional no 7.º PQ de Investigação e Desenvolvimento 2007-2013

1 – Cooperação das entidades gestoras com as instituições universitárias e de investigação com relevância na água e no saneamento, no sentido da constituição de parcerias tendo em vista o 7.º PQ.

2 – Dinamização da participação nacional na Plataforma Tecnológica da Água e do Saneamento.

Plataforma para a divulgação pública da

ciência e tecnologia 1 – Divulgação das actividades de I&D das entidades gestoras junto das comunidades locais. 2 – Incentivo à criação de secções de Ciência e Tecnologia nos boletins periódicos das entidades gestoras.

Fundo para o desenvolvimento científico e tecnológico, mobilizando recursos privados

Participação activa das entidades gestoras, como utilizadores finais dos resultados de I&D, no financiamento de projectos.

“Clusters” Simplificação e eficiência dos instru-

mentos de Ordenamento do Território

1 – Em termos macro: estabelecimento de condições para um adequado planeamento e gestão dos recursos hídricos, factores decisivos para o desenvolvimento regional.

2 – Em termos micro: o acesso à água e ao saneamento deixam de ser factores limitantes para a actividade económica, sendo que por outro lado fica assegurada a correcta internalização dos custos de utilização do recurso.

Inovação nos serviços em áreas de baixa densidade populacional

1 – Em termos socio-económicos: será de referir quão importante é a qualificação urbana e ambiental, pelo efeito nos objectivos de promoção da coesão territorial e social, e logo na capacidade de atrair e fixar técnicos qualificados.

2 – Em termos tecnológicos: pelo efeito indutor que o exemplo das entidades gestoras pode ter na sua envolvente, p. ex., na adopção progressiva por essas entidades da facturação electrónica.

Recursos humanos

Qualificação 1 – Programas de estágios de técnicos nacionais em entidades gestoras de outros países, com reconhecida competência. 2 – Contratação de assessorias de investigadores e técnicos altamente especializados, para apoiar o desenvolvimento das capacidades existentes.

Internacio‑ nalização

Promover o desenvolvimento económico

em parceria com os países lusófonos 1 – Prestação de serviços (consultadoria, assistência técnica, gestão, impacto ambiental, etc.) ao sector público ou privado de países lusófonos.

2 – Participação em programas especializados, como programas de apoio às organizações não governamentais ou outras entidades sem fins lucrativos (e.g. universidades, associações profissionais e sectoriais), nestes países, em parcerias com entidades locais.

Energia Energias Renováveis 1 – Maximização do aproveitamento da biomassa como fonte de

energia renovável, estudando soluções dedicadas às entidades gestoras e soluções integrando outros sectores.

Eficiência energética 1 – Racionalização dos consumos energéticos, nomeadamente maximização do consumo de energia fora das horas “de ponta”. Esta metodologia implica o desenvolvimento de ferramentas baseadas em modelos matemáticos e integrando tecnologias de informação e comunicação, o que tem efeitos noutras áreas do Plano Tecnológico.

No que respeita ao Programa Nacional de Política de Ordenamento do Território (PNPOT), a Estratégia contribui muito especialmente para o Objectivo 7, relativo à “Definição de um quadro de gestão integrada da água nas diferentes escalas a que se opera o ordenamento do território, articulado com as demais políticas sectoriais e territoriais”.

Entre as medidas associadas àquele objectivo, merecem destaque neste contexto a constituição de reservas estratégicas de água e a coordenação dos planos de recursos hídricos com outros instrumentos de ordenamento do território.

Finalmente, no que respeita à Estratégia Nacional de Desenvolvimento Sustentável (ENDS), verifica-se que a Estratégia contribui expressa e decisivamente para o Objectivo 4, relativo a “Melhor Ambiente e Gestão Sustentável dos Recursos Naturais”.

Efectivamente, os objectivos da Estratégia apresentam um elevado nível de convergência com aquele objectivo da ENDS, que coloca como prioridades:

“Prevenir a poluição e proteger e recuperar as massas de água (…) que constituem reservas de água estra-

tégicas do País, (…) mediante a gestão da procura de água tendo em conta a protecção a longo prazo dos recursos hídricos e o recurso a tecnologias de tratamento de águas residuais, de utilização eficiente da água e de utilização de origens de água alternativas (recirculação, reutilização de águas residuais e dessalinização) que assegurem outras oportunidades de valorização às actividades geradoras da degradação dessas massas de água”;

“Recuperação dos atrasos e realização dos investimentos (…) com o objectivo de servir a generalidade da

população portuguesa com serviços de abastecimento de água e de tratamento de águas residuais de ele- vada qualidade”.

Finalmente, verifica-se ainda que a Estratégia contribui para o Objectivo 1 da ENDS: “Investigação e Desenvolvimento e Melhoria das Qualificações para Preparar Portugal para a Sociedade do Conhecimento”.

Na verdade, as apostas de investigação e inovação preconizadas pressupõem, como pretende a Estratégia, o “reequipamento dos principais centros de I&D, que permitam a Portugal participar em redes de excelência criadas no

âmbito do Espaço Científico Europeu, ou que assegurem uma participação de Portugal em programas científicos e tecno- lógicos europeus ou em organizações científicas internacionais”.

10.1. Enquadramento

Sendo a água um bem da maior importância estratégica, o seu fornecimento às populações em quantidade, qualidade e a um preço socialmente justo, deve ser sempre, em primeira linha, uma responsabilidade do Estado e das autarquias, sem prejuízo dessa responsabilidade ser delegada no sector privado, salvaguardada que seja a necessária conciliação entre os legítimos interesses em presença e as exigências impostas pelas disposições legais comunitárias e nacionais pertinentes.

O sector privado pode desempenhar um papel fundamental em toda a cadeia de valor do sector da água, onde já intervém com maior ou menor intensidade junto de sistemas plurimunicipais e municipais, entidades públicas estatais e indústrias.

Na realidade, uma importante parte da estruturação do sector das águas em Portugal tem assentado nos conhe- cimentos e nas capacidades técnica, económica e financeira de entidades privadas. Somente na gestão dos serviços de água e saneamento é que a intervenção do sector privado tem sido limitada, seja por restrições legais no que concerne aos sistemas multimunicipais, seja por outras razões que foram identificadas anteriormente no caso dos sistemas muni- cipais, onde essa intervenção tem sido relativamente reduzida.

Há que reconhecer que os problemas existentes na vertente em “baixa”, nomeadamente o volume significativo de investimentos a realizar em infra-estruturas, não têm sido, até à data, resolvidos por um recurso significativo ao sector privado por parte das entidades competentes para a prestação destes serviços, sob a forma de concessão ou outra.

Com efeito, em dez anos, foram atribuídas apenas 22 concessões (das quais somente 10 desde a entrada em vigor do PEAASAR 2000-2006), envolvendo um total de 36 municípios.

Para a concretização dos objectivos definidos nesta Estratégia importa clarificar o papel do sector privado na estru- turação dos sistemas em “baixa” e definir os seus níveis de intervenção nos modelos de gestão preconizados, de modo a:

• Contribuir para o desenvolvimento e para a dinamização da economia nacional;

• Criar uma gestão moderna e profissionalizada fora das entidades públicas e dessa forma mais disseminada

na sociedade;

• Clarificar o quadro da intervenção das empresas privadas nesta área de negócio, para que estas possam

definir estratégias;

• Garantir o progresso tecnológico e a aplicação de melhores práticas através da competitividade e

concorrência.

O resultado desta estratégia permitirá uma maior intervenção dos privados, mais clara mas também mais regulada.