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3. FUNÇÕES TÍPICAS E ATÍPICAS DOS PODERES

3.3. O controle de constitucionalidade do Poder Judiciário brasileiro

3.3.2. Controle repressivo de constitucionalidade no meio concentrado

Como já dito antes, são vários os meios legais para demonstrar o controle repressivo de constitucionalidade concentrado das normas brasileira, então, neste entendimento, vamos visualizar cada um deles.

O Recurso Extraordinário – RExt.é o último recurso jurídico que pode ter sido proveniente de uma ação iniciada na prima instância, e vêm sendo interpostos reiterados recursos até chegar à Suprema Corte44, esta é a derradeira etapa do controle difuso até chegar o Supremo Tribunal Federal – STF.

O artigo n.º 102 do Texto Maior brasileiro normatiza que compete ao STF, por ter competência originária, processar e julgar, as causas decididas no próprio tribunal ou, em grau de recurso, em última instância, para declarar a inconstitucionalidade de tratados internacionais, bilaterais, comunitário ou leis federais, assim como, poderá declarar constitucional lei ou ato normativo de governo dos Estados Membros contestados em face da Constituição; ou quando julgar válida lei destes Estados contestada em face de lei federal.

Os efeitos da decisão do Recurso Extraordinário da Corte Suprema45 serão, em princípio, só para os litigantes. Contudo, quando o STF declarar a inconstitucionalidade da norma, por decisão definitiva, o Senado Federal será oficiado para, querendo (pois há

43 Aqui se entende que estamos nos referindo ao Supremo Tribunal Federal brasileiro. 44 Aqui se entende que estamos nos referindo ao Supremo Tribunal Federal brasileiro. 45

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independência entre os poderes), mediante uma resolução, suspender a vigência da lei. Nisto, está ofertando os efeitos erga omnie ex nunc por ter a lei perdido seu vigor.

O Mandado de Injunção – MI, normalizado no inciso LXXI do art. n.º 5º da CF/88, tem como objetivo principal a abolição da inexistência ou da inércia da norma legal, que torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania. Em outros termos, busca o melhoramento do ordenamento jurídico com o fim da lacuna, quando decidir a Suprema Corte46 e, num futuro, quando o Congresso Nacional atuar na sua função típica e legislar tal ato, ofertando os efeitos erga omnese ex nunc por ter a lei iniciado seu vigor em todo o território nacional e para todos os cidadãos.

A Ação Direta de Inconstitucionalidade genérica - ADI, normalizada no artigo n.º 102, inciso I, alínea a da CF/88, tem como objetivo principal o banimento da lei ou ato normativo estadual ou federal do ordenamento jurídico. Vale ressaltar que, no artigo n.º 1º do Texto Maior brasileiro, são instituídos os municípios como ente personalizado desta República, e, na interpretação do artigo n.º 102 do supracitado Texto, não há controle concentrado repressivo de constitucionalidade por via de ADI contra leis e atos normativos municipais perante a Suprema Corte47.

O STF analisará a constitucionalidade das leis municipais por ação própria no controle difuso de constitucionalidade, e a lide poderá chegar ao Tribunal pelo Recurso Extraordinário. Entretanto, segundo o artigo n.º 125, §2º, do Texto Maior, os atos das urbes brasileiras poderão ser controlados pelos Tribunais Estaduais quando estes forem contrários à Constituição Estadual.

A Ação direta de inconstitucionalidade interventiva – ADI interventiva, fundamentada no artigo n.º 102, I, da Constituição, tem por objetivo o restabelecimento do respeito aos princípios constitucionais normalizados no inciso VII do artigo n.º 34 da CF/88, que são considerados princípios constitucionais sensíveis, a saber: manter a forma republicana, o sistema representativo e o regime democrático; garantir os direitos humanos e a autonomia municipal, com prestação de contas de todos os entes da federação.

46 Aqui se entende que estamos nos referindo ao Supremo Tribunal Federal brasileiro. 47

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A Ação direta de inconstitucionalidade supridora da omissão ou por omissão – ADO, normatizada no artigo n.º 102, inciso I, alínea “a” do Texto Maior, discute a regulamentação de atos sociais de uma lei, conforme direito expresso na Constituição, e tendo limite por terem sido eles instituídos por uma norma de eficácia limitada, deixando para o constituinte a regulamentação dos atos para o constituído.

Até o momento não foi feito, por sua omissão, e foi solicitada a intervenção do Poder Judiciário na decisão da lide com a regulamentação dos atos sociais. Aquele, em sua decisão, julgando o caso concreto, oficializará o Congresso Nacional para que, querendo fazer, cumpra o seu papel legislativo e institua a norma regulamentadora dos atos da comunidade.

Se a inércia dos fatos for do Poder Executivo, normatiza a Lei n.º 9.868/1999, este deverá cumprir no prazo de trinta dias ou no tempo determinado na decisão judicial para que se cumpra a necessidade do regulamento.

A Ação declaratória de constitucionalidade – ADC – será trabalhada pelo Poder Judiciário, por sua mais alta corte, quando reintegradas decisões de ações, no controle repressivo de constitucionalidade no meio difuso forem declaradas procedentes, sentenciando a inconstitucionalidade da lei, para determinar se a norma faz parte ou não do ordenamento jurídico.

O governo, achando necessário o ingresso da ADC, de lei ou ato normativo federal, solicitará ao STF a declaração erga omnes da norma em querela, para imperar no ordenamento jurídico com perfeição e sem vícios. A sentença será declaratória de constitucionalidade, e ninguém poderá ter mais dúvidas quanto o critério da lei na sociedade.

A Argüição de descumprimento de preceito fundamental – ADPF, normatizada pela Lei n.º 9.882/1999, tem dois objetivos: o primeiro, evitar ou reparar danos a preceito fundamental resultante de ato do Poder Público; o segundo, em caso de controvérsia constitucional sobre lei ou ato normativo federal, estadual, distrital ou municipal.

Canotilho (1941, p. 921) afirma que a dificuldade dos direitos fundamentais como preceito de citação a incluir e expor na reserva de licitude constitucional não proporciona

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amplos problemas numa Carta Magna, como por exemplo tem a CRP, “consagradora de um amplo catálogo de direitos, abrangendo direitos, liberdades e garantias de direitos económicos, sociais e culturais.”

Canotilho não visualiza nenhum problema nas normas de direitos fundamentais, sendo observadas pelo controle de constitucionalidades de seus atos normativos, salvo esta exceção: quando suscitar os direitos fundamentais não formalmente constitucionais, e exemplifica com os direitos constitucionais de leis ordinárias ou de convenções internacionais.

No último capítulo deste trabalho, buscaremos compreender os direitos fundamentais, sua origem, formulação e entendimento de doutrinadores e, no final, concluiremos demonstrando, no nosso entendimento, quem detém a soberania para nortear os direitos fundamentais, se é o Parlamento ou se é o Tribunal Constitucional. Completa-se com uma análise crítica do contexto estudado.

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