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Controles e Manejos

No documento Ergonomia, Saúde e Segurança do Trabalho (páginas 47-51)

Começa nesta aula um novo tema dentro da segurança do trabalho. Vamos conhecer os aspectos ergonômicos do funcionamento dos controles, quais maneiras são mais adequadas para o manejo de máquinas e ferramentas e analisar a importância de se ter acesso a todas as informações necessárias aos procedimentos e comportamentos seguros na execução de uma determinada tarefa. Assim, podemos afirmar que estamos tomando medidas preventivas em relação à segurança.

7.1 Introdução

Os princípios ergonômicos estabelecem que as máquinas sejam como prolongamentos do homem/operador. Se esta relação não se dá de forma sinergética a possibilidade de fadiga, falhas, acidentes, doenças aumenta potencialmente. A ergonomia busca estabelecer uma adaptação adequada e eficaz na relação homem-máquina-sistema.

Os equipamentos utilizados hoje pelas indústrias são muito sofisticados exi- gindo do operador maior precisão, atenção e controle dos movimentos a serem executados. Sempre que possível, os movimentos de controle, tanto manuais como pedais devem seguir o movimento natural do organismo hu- mano. Os princípios básicos para que um movimento não afete a saúde do trabalhador é a realização de movimentos rítmicos, seguindo trajetórias cur- vas e contínuas evitando ao máximo paradas bruscas, mudanças repentinas de direção e pressão muito prolongadas por parte de mãos e pés.

Para Iida (2005, p. 224) o ideal é que os controles envolvam movimentos dos dois braços “e estes devem ser feitos simultaneamente em direções opostas e simétricas”. Quando o movimento da máquina não segue o movimen- to natural do corpo, esta incompatibilidade gera um desequilíbrio expresso pelo adoecimento, acidentes e de forma muito visível, pela baixa produtivi- dade do trabalhador.

Os profissionais de segurança do trabalho devem estar atentos e observar quais movimentos são compatíveis entre operador e máquina, pois esta pe- quena análise desencadeia maior confiabilidade por parte do operador no processo e na ferramenta que está utilizando.

Princípios ergonômicos são aqueles que apresentam característi- cas ergonômicas, ou seja, ajustáveis e adaptáveis ao usuário.

A Sinergética

tem como sinônimo

a harmonia. Ocorre através da com- binação de dois ou mais elementos que quando juntos resultam em uma soma maior do que estes mesmos elementos separadamente.

O operador e sua ação de controle constituem a alimentação do sistema e conforme a tarefa a ser realizada pode exigir pouco esforço manual. Podem ser facilmente acionados pelos dedos (interruptores, alavancas, botões gira- tórios), ou o oposto, exigir muito esforço através da operação de manivelas, rodas, alavancas e pedais acionando músculos dos braços ou pernas. Esco- lher de forma correta o tipo e a ordenação dos controles é muito importante para a eficácia da relação homem-máquina-sistema.

Kroemer (2005, p. 130) recomenda algumas orientações:

Os controles devem considerar a anatomia e funcionamento dos membros. Os dedos e as mãos devem ser usados para movimentos rápidos e precisos; braços e pés usados para operações que requerem força.

Controles operados pela mão devem ser facilmente alcançados e presos, a uma altura entre o cotovelo e ombros, e devem ser plenamente visíveis.

A distância entre os controles deve considerar a anatomia do ser humano. Dois botões ou alavancas operados com o dedo devem estar a uma distância mínima de 15 mm; controles operados pela mão devem manter uma distância de, no mínimo, 50 mm.

Para operações de controle contínuo ou discreto, e com pequeno uso de força e movimento, pouco curso e alta precisão, são adequados botões de pressão, interruptores de alavanca e botões giratórios.

Para operações com grande uso de força, durante longo curso e relativa- mente pouca precisão, são adequados interruptores com grandes alavancas, manivelas, rodas de mãos e pedais.

Para esta área da ergonomia os profissionais de design, arquitetura e algu- mas das engenharias (mecânica, elétrica, mecatrônica) auxiliam em muito para uma análise mais minuciosa dos comandos em termos de diâmetro dos botões, cores, empunhaduras, pegas, texturas, formas, tamanhos, localiza- ção, legibilidade, etc.

Um bom exemplo desta contribuição pode ser para com o desenho das pegas (ver Figura 7.1). Ao se projetar uma determinada ferramenta o pro- fissional das áreas mencionadas, deve avaliar o objetivo da mesma com as características de manejo: fino ou grosseiro ou ambos. Assim há como se desenvolver uma ferramenta com uma pega geométrica, ou seja, que se

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Aula 7 - Controles e Manejos

assemelha com a forma cilíndrica, esférica, cone, paralelepípedo; ou, uma pega antropomorfa que apresenta uma conformidade com a anatomia da parte do organismo usada no manejo. Esta segunda pega, geralmente apre- senta depressões, saliências, encaixes para a palma da mão, dedos, pontas dos dedos que se buscam um maior conforto e segurança para quem está utilizando (muletas, bengalas, espátulas).

Antropomorfa: se parece com o ser humano e sua característica externa.

Figura 7.1: Manejo grosseiro e fino da chave de fenda.

Fonte: Iida, 2005, p.247

É importante salientar que sempre que possível utilizar a pega das ferramen- tas para o manejo com as duas mãos aumentando a força ou a precisão ou ambos. A lateralidade do usuário/operador, destro ou canhoto, deve ser ponderada e buscar adaptar as ferramentas projetadas somente para destros desenvolver uma forma de pessoas canhotas também utilizarem com o mes- mo conforto e segurança. E sempre evitar quinas vivas, ou seja, superfícies angulosas, substituindo por superfícies rugosas ou emborrachadas.

Estes “pequenos cuidados” auxiliam muito na redução dos acidentes e o desencadeamento ou agravamento de doenças ocupacionais. Acredito que com esta soma de informações você já esteja percebendo que a ergonomia é uma grande integração de ações em prol do trabalhador/operador. E a participação de muitos profissionais que se preocupam com o bem-estar de quem está executando uma atividade laborativa, independe da hierarquia que ocupa na empresa.

Acesse o site:

http://www.modavestuario.com/65- avaliacaoergonomicadausabilidaded ealgumasembalagensplasticasde20li- trosparaagrotoxicos.pdf

Leia o artigo de Zerbetto, Santos e Silva (2008) sobre Avaliação

Ergonômica da usabilidade de algumas embalagens plásticas de 20 litros para agrotóxicos. O texto

traz uma análise prática da importân- cia das pegas e manuseios. Para você, boa leitura!

Resumo

Nesta aula vimos que ao projetar uma ferramenta é importante se obser- var as pegas para a tarefa que será executada. A lateralidade do operador requer algumas alterações, pois o movimento do corpo deve respeitar este aspecto. É sempre importante frisar que segurança se faz através e detalhes e conscientização das pessoas. Controles e manejos que respeitem a antro- pometria do trabalhador guardam condições mais seguras de trabalho.

Atividade de aprendizagem

1. Faça um levantamento em seu setor de trabalho. Analise os seguintes aspectos:

a) Quantas pessoas são destras, canhotas e ambidestras?

b) Questione com elas qual o nível de conforto na execução das tarefas e se gostariam de fazer alguma alteração. Caso possa, leve o resultado deste le- vantamento para sua chefia e comente com ela sobre a necessidade de pro- gramar melhorias decorrentes da necessidade dos trabalhadores.

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